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1 A estenose hipertrófica do piloro é uma doença dos bebês causadas pela hipertrofia do piloro, que pode progredir para uma obstrução quase completa da saída gástrica, levando a vômitos fortes. EPIDEMIOLOGIA É a mais comum das malformações gástricas, ocorrendo em cerca de 2 para cada 1000 nascidos vivos. Sua incidência é maior em membros de uma mesma família, sendo três a quatro vezes mais frequente em homens que em mulheres. Aproximadamente 30 a 40% dos casos ocorrem em filhos primogênitos. ETIOLOGIA A etiologia é desconhecida, sendo conhecidos alguns fatores como: hipertrofia muscular primária, alterações na maturação das células ganglionares e resposta às concentrações elevadas de gastrina circulante, ausência de síntese do óxido nítrico no tecido pilórico. Fatores de risco: Tabagismo materno durante a gravidez aumenta o risco. Alimentação com mamadeira, em vez da normal. Suscetibilidade genética relacionado ao agrupamento de genes da Apolipoproteína A1 (APOA1). Uso de antibióticos macrolídeos, como a eritromicina e a azitromicina, principalmente quando administrados em crianças menores de duas semanas de idade. FISIOPATOLOGIA O esfíncter pilórico é formado por uma camada muscular circular espessada e uma muscular própria, consistindo em anéis de músculo liso mantidos em um continuo estado de contração. O efeito desse estado contrátil permanente é uma zona de alta pressão que separa o estômago do intestino. Assim, a estenose hipertrófica do piloro (EHP) é caracterizada por uma hipertrofia progressiva da musculatura pilórica, causando estreitamento e alongamento persistente do canal pilórico. Esse estado inicial do ciclo de espasmo, obstrução e hipertrofia na EHP pode estar relacionada a deficiências na síntese do óxido nítrico e a uma maior reatividade neural. A obstrução local pode ser explicada pelo edema na submucosa pilórica, associado a redundância das pregas longitudinais da mucosa pilórica. A hipersecreção gástrica pode ser o motivo das alterações da camada mucosa e submucosa que representam o início da EHP. 2 Acredita-se que alterações primárias da inervação do sistema nervoso entérico, associadas a ausência de óxido nítrico sintase (ONS) e células intersticiais de Cajal, sejam teorias que possam explicar a fisiopatologia dessa estenose. O óxido nítrico é uma substância instável cuja formação é catalisada pela enzima óxido nítrico sintase a partir da L-arginina, sendo um dos principais responsáveis pelo relaxamento da musculatura lisa do trato gastrointestinal. A isoforma dessa enzima é encontrada tanto no sistema nervoso central como no sistema nervoso periférico. No TGI há atividade dessa enzima detectada no plexo mioentérico e nos planos musculares. Pessoas que possuem alteração do locus do gene da ONS ocorre a hipertrofia da camada circular da musculatura do piloro com aumento do tamanho do estômago. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Apresentação Clássica: Lactente de 3 a 6 semanas que desenvolve vômitos pós-prandiais imediatos que são não- violentos e fortes (em jato). Após esse vômito o bebê exige ser alimentado novamente. Ao exame físico é possível palpar uma massa na região epigástrica (sinal da oliva), especialmente com a criança relaxada e o estômago vazio, além disso percebe-se o bebê desidratado. A criança deixa de ganhar peso e torna-se constipada e com distensão abdominal. Associações Clínicas: - A hiperbilirrubinemia é uma das associações clínicas mais frequentes com a EHP, sendo conhecida como síndrome icteropilórica. - A má rotação do intestino médio foi observada em alguns bebês com EHP. - Outra minoria descreveu uma associação entre EHP e um frênulo mandibular ausente ou hipoplásico, bem como hipermobilidade articular. DIAGNÓSTICO História Clínica: - O vômito na EHP é tipicamente forte e em jato, tendo a ocorre imediatamente após a alimentação. - Aumento de apetite. - Baixa produção de urina sugerindo desidratação. - História familiar de estenose pilórica. - Administração de antibióticos macrolídeos para a mãe ou bebê. - Exposições a cuidadores com doença diarreica. 3 Palpação da “oliva”: O piloro hipertrofiado é palpável em 50 a 90% dos bebês com EHP, sendo patognomônico da doença em 99% dos casos. Esse sinal é sentido como uma massa firme na borda lateral do músculo reto abdominal no quadrante superior direito do abdome, aproximadamente do tamanho e forma de uma azeitona. Outros achados clínicos Ondas peristálticas podem ser observadas progredindo no abdome superior da criança, da esquerda para direita, antes do vômito. Deve ser avaliado o abdome quanto a distensão e ruídos intestinais. Avaliar o estado nutricional, avaliando peso e comprimento. Avaliar membranas mucosas e turgor cutâneo para verificar a hidratação. Observar se tem icterícia, que pode ocorrer em pacientes com EHP ou síndrome icteropilórica. Testes laboratoriais: São apropriados para avaliar a desidratação e a depleção de eletrólitos, incluem os exames como o hemograma e um painel de eletrólitos. - Eletrólitos: pacientes com início recente geralmente apresentam resultados laboratoriais normais. Aqueles com sintomas prolongados tendem a ter cloreto e potássio sérico baixo e bicarbonato elevado (alcalose hipoclorêmica). Pode haver hipernatremia e hiponatremia. - Nitrogênio da ureia no sangue e creatinina para avaliar a desidratação e insuficiência renal. - O hemograma deve ser normal na forma não complicada, e resultados anormais não excluem a EHP, mas devem levantar suspeita de outra causa de vômito, como infecção. - Bebês com icterícia devem ser avaliados para bilirrubina total e conjugada. Exames de Imagem Em geral, a ultrassonografia é o procedimento de escolha para lactentes com características clínicas típicas de estenose pilórica. - US: a EHP é caracterizada por um sinal clássico de “alvo” (anel hipoecoicos do músculo pilórico hipertrofiado em torno da mucosa ecogênica centralmente localizada) em vista transversal. As medidas mais comumente usadas são a espessura (3 a 4mm), comprimento (15 a 19mm) e diâmetro (10 a 14mm) do músculo pilórico. Radiografia: as principais alterações de EHP são dilatação gástrica marcante, inexistência de bulbo duodenal cheio de ar, escassez ou ausência de ar no intestino delgado e grosso, conteúdo gástrico espumoso e moteado, pneumatose gástrica. 4 TRATAMENTO O tratamento definitivo da estenose hipertrófica do piloro é a cirurgia, chamada de piloromiotomia. A operação clássica é a de Ramsted que envolve uma incisão longitudinal do piloro hipertrófico com dissecção romba ao nível da submucosa; alivia a contrição e permite a passagem normal do conteúdo do estômago para o duodeno.
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