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As Causas da Guerra e as Condições para a Paz -Aula 02

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Esta aula fará a discussão das causas da guerra 
ao longo da história, fazendo comparação com 
o Reino Animal e utilizando de abordagens 
antropológicas, econômicas, sociais e políticas. 
Também são discutidos fatores que reduziram 
a recorrência das guerras e será feita uma 
apresentação da teoria e método de análise da 
Teoria da Guerra de Clausewitz bem como de 
outros métodos de pesquisa e ensino dos 
Estudos Estratégicos. 
 
TEMA 1 – GUERRA NO REINO 
ANIMAL 
Causas da guerra no reino animal 
•Recursos 
•Parceiros e melhores condições de reprodução 
•Status e prestígio 
•Controle de território 
•Uso da força no reino animal 
•Luta, fuga e submissão 
•Demonstração de força e baixa 
letalidade 
•Incursões e choques assimétricos 
 
A guerra não é um traço exclusivo do ser 
humano. De insetos a chimpanzés, existe a 
recorrência de guerras entre grupos de uma 
mesma espécie. Existem quatro motivações 
para as guerras no Reino Animal: 
• Recursos – Comida, água e abrigo são 
elementos principais, entre outros, que 
garantem a sobrevivência de um indivíduo ou o 
grupo que ele compõe. 
• Parceiros e melhores condições de reprodução 
– Espécies nômades, em ambientes escassos, 
tendem a ter maior dificuldade de buscar 
parceiros em grupos distintos. 
• Status e prestígio – Relaciona-se à 
distribuição de maior disponibilidade de 
recursos e oportunidades de reprodução aos 
líderes alpha de grupos e entre grupos que 
convivem em uma mesma área. 
• Controle de território – A somatória particular 
das causas anteriores levou algumas espécies à 
elaboração de características de estratégicas 
particulares de controle de território, variando 
muito entre grupos e indivíduos, mas que 
tendem à redução de conflitos e seus custos. 
 
TEMA 2 – GUERRA E POLÍTICA 
Uso da força entre humanos 
•Estratégia de sobrevivência e socialização 
empregada com formas de cooperação e 
competição. 
•Fatores ambientais, culturais e econômicos 
•Cálculos e variações contextuais 
 
•Guerras na Pré-História 
 •Áreas de caça e extração de comida 
 •Parceiros e melhores condições de 
criação de gerar descendentes 
 •Disputas internas e externas eram 
endêmicas 
 •Taxa de mortalidade: 25% 
 
•Guerra entre grupos agrícolas sedentários 
 •Redução da frequência de disputas 
internas 
 •Elevação do custo geral de 
disputas 
 •Estratificação x relação 
parasitária 
 •Aumento da frequência de disputas 
externas 
 •Ganhos se tornaram maiores 
 •Possibilidade reduzida de fuga 
 •Controle de recursos x relações 
tributárias 
•Taxa de mortalidade: 5%-10% 
•Guerra entre Estados 
•Estados tendem a perder eficiência 
•Taxas crescentes de extração e 
mobilização sociais 
•Acomodação, expansão e ruptura 
•Estado constitucional fez a cooperação se 
tornar mais recompensadora 
•Redução de taxas de mortalidade de 5% 
a 1% 
 
•Objetivos políticos = status quo 
 •Positivos (alteração) e negativos 
(manutenção) 
 
 
Entre humanos, vem existindo um 
desenvolvimento particular dessas quatro 
causas citadas anteriormente. 
A principal causa de guerras entre grupos 
humanos nômades caçadores coletores era, em 
primeiro lugar, por áreas de caça e 
disponibilidade de vegetais de mais alto valor 
nutricional e, em segundo lugar, por parceiros 
e melhores condições de gerar descendentes. 
Principalmente em condições ambientais 
precárias, isso produziu alta recorrência de 
choques e entre 10 e 20% dos membros de 
bandos nômades morriam por morte violenta. 
Já guerras causadas por status e território 
passaram a ser cada vez mais dominantes, ao 
passo que os seres humanos foram assumindo 
caráter sedentário e se organizando em 
formações sociais mais complexas e 
institucionalizadas. 
Por um lado, as disputas por parceiros e 
melhores condições tornaram-se raras. 
Por outro lado, as disputas por recursos entre 
sociedades tornaram-se de maior risco, mas, 
também, de mais difícil evasão. 
Como consequência, desenvolveu-se mais 
disputas pela distribuição de recursos entre 
sociedades e controle direto de fontes de 
recursos. 
No geral, houve a redução da recorrência de 
guerras e de taxas de mortalidade humana para 
entre 5 e 10%. 
As principais causas para aumento da 
recorrência de guerras entre sociedades 
complexas e organizadas como Estados têm 
sido em ambientes de escassez e disputas pelas 
estruturas de distribuição de recursos e relação 
predatória de um grupo/Estado sobre os 
demais. 
Por isso, a identificação e análise das causas e 
dos propósitos das guerras – e de como elas 
podem ser encerradas – demandam a análise 
política e sociológica do contexto político entre 
os beligerantes e ainda das instituições políticas 
e sociais de cada uma das partes. 
Do ponto de vista da Teoria da Guerra de 
Clausewitz podemos resumir que os grupos 
políticos iniciam guerras tendo como propósito 
positivo de alteração ou propósito negativo de 
manutenção de status quo político, que pode 
variar do direito de propriedade e uso de 
recursos à hierarquia de indivíduos e grupos 
dentro de uma estrutura política ou mesmo sob 
a constituição dessa estrutura. 
Dependendo de quão grave for essa alteração e 
suas consequências para as sociedades, a guerra 
pode ter maior ou menor gravidade. 
Se as perdas por um lado forem identificadas 
como insuportáveis, haverá resistência 
enquanto se tiver forças para tal. 
Por isso, guerras ilimitadas são concluídas 
apenas quando um dos lados estiver prostrado, 
indefeso e sem capacidade para resistir. 
Como exemplos, pode-se citar: a Guerra do 
Peloponeso (431 a.C. – 404 a.C.), a Guerra dos 
Trinta Anos (1618 – 1648) e as Primeira (1914 
– 1918) e Segunda Guerras Mundiais (1938 – 
1945). 
Entretanto, se as perdas de um dos lados não 
forem tão graves e não significarem 
necessariamente ganhos automáticos do outro 
lado, haverá menos resistência e poderá ocorrer 
um acordo ou entendimento negociado. 
Como exemplos, pode-se citar: a Guerra dos 
Sete Anos (1756 – 1763), a Guerra da Coreia 
(1950 – 1953) e a Guerra das Malvinas (1982). 
As causas que levam à guerra podem fazer com 
que um mesmo caso ascenda de uma guerra 
limitada para ilimitada e vice-versa. 
Além das possibilidades de alteração de 
objetivos políticos e seu valor, isso ocorre 
sempre que existe a participação de um novo 
beligerante. 
É importante se atentar para três aspectos da 
relação entre guerra e política: 
• Nenhuma guerra é final 
• As guerras variam de um caso para outro 
• As guerras não se limitam ao Estado e 
envolvem grupos sociais e não estatais 
 
 
TEMA 3 – CONDIÇÕES PARA A 
GUERRA: SOCIEDADE E ECONOMIA 
Bases econômicas e sociais do poder militar 
-Produção do poder militar 
▪ Poder latente 
o População, riqueza, tecnologia 
▪ Conversão de poder 
o Ação coletiva, vontade política, 
autonomia, cálculo e execução 
-Uso do poder militar 
▪ Condições relativas, gramática dos 
meios, percepção e reação 
-Conversão de poder potencial em concreto 
▪ Ambiente/geografia 
▪ Recursos 
o Materiais 
o Humanos 
o Técnicos 
-Capacidade de ação coletiva 
▪ Vontade política 
▪ Coesão, aptidão e características 
culturais 
▪ Gestão e uso dos recursos 
A preparação e condução da guerra – 
particularmente no caso de Estados-nacionais 
modernos – estão assentadas na política 
econômica de extração de recursos da 
sociedade e sua conversão para meios de uso da 
força. 
Isso quer dizer que as decisões de pelo que e 
como lutar levam em conta cálculos 
econômicos e sociais. 
Isso significa que as políticas de guerra e defesa 
dependem de políticas econômicas nacionais, e 
que políticas econômicas internacionais não 
podem ignorar a utilidade ou ocorrência de 
guerras. 
Isso explica como a guerra é fator importante 
no pensamento econômico clássico quando da 
formação dos Estado-nacionais e, 
contemporaneamente, nas Relações 
Internacionaise Economia Política 
Internacional. 
Entretanto, embora guerras possam trazer 
ganhos econômicos nacionais, isso não quer 
dizer que sua preparação sempre produza 
desenvolvimento econômico e que amplas 
alianças militares gerem integração econômica. 
Uma relação mais bem corroborada é que o 
provimento de segurança – nacional e 
internacional – permite maior expansão 
econômica. 
 
TEMA 4 – TEORIA DA GUERRA DE 
CLAUSEWITZ: UMA SÍNTESE 
Teoria da Guerra de Clausewitz 
-Finalidade 
• Formação do oficial e condições de 
julgamento 
• História: experiência e laboratório 
• Teoria: parâmetros ao julgamento 
-Capítulo 1, Livro 1 
Conceito de guerra 
-“A guerra é um ato para compelir nosso 
oponente a fazer nossa vontade” 
-Os dois tipos de guerra na realidade 
• Guerra ilimitada 
• Guerra limitada 
A Teoria da Guerra de Clausewitz teve sua 
síntese expressa no primeiro capítulo do 
primeiro livro do Da Guerra. 
Lá é apontado que essa teoria envolve a 
correspondência entre um conjunto de axiomas 
que conformam a definição do fenômeno do 
uso político da força, e categorias analíticas que 
conformam as considerações necessárias para 
análise crítica e julgamento individual da 
conduta da guerra. 
A definição original de guerra é ser “um ato de 
força, a fim de obrigar o opositor a submeter-se 
à nossa vontade” (Clausewitz, 1976, p. 75). 
Porém, essa atribuição cognitiva da guerra não 
pode perder o domínio essencial em que esse 
fenômeno se dá: as relações humanas. 
Guerra, portanto, é um choque de vontades 
humanas, sendo apenas resolvido pelo uso da 
força. 
Essas vontades se expressam e se relacionam 
por meio de paixões, razão, criatividade e sorte. 
• As motivações de uma guerra são produzidas 
pelas paixões e engajamento das sociedades às 
causas da guerra e ao sentimento mútuo de 
hostilidade. Porém, essas paixões são voláteis e 
podem ser moldadas por instituições. É esse 
tipo de relacionamento que determina se uma 
guerra é ilimitada ou limitada e se pode 
transitar de um caso para o outro. 
• As causas de uma guerra e suas orientações se 
dão pelas estimativas e projeções de um 
Estado, sobre as condições domésticas e 
internacionais e as probabilidades e custos 
envolvidos. 
• O desenrolar das guerras se dá entre 
comandantes e forças armadas em um ambiente 
de atrito e confusão, e as condições de força 
entre opositores sempre são diferentes e de 
difícil discernimento. Por isso, criatividade e 
sorte podem trazer novas possibilidades e 
condições decisivas para o encerramento da 
guerra. 
Além disso, deve-se ter o entendimento de que 
as condições objetivas de condução da guerra – 
em formas defensivas e ofensivas – são 
distintas, pois envolvem meios para quem está 
na defesa (uso da geografia, população e 
fortificações), pouco prováveis de existirem 
para quem ataca. 
As correlações entre todos esses fatores 
apontam para a impossibilidade de planos 
perfeitos ou forças armadas plenamente 
adequadas para todas as guerras. 
Consequentemente, cada guerra demanda 
considerações próprias e formulações que 
devem ser constantemente atualizadas e 
reavaliadas. 
 
TEMA 5 – MÉTODO DOS ESTUDOS 
ESTRATÉGICOS 
Apontam-se quatro grupos principais de 
métodos. 
Métodos analíticos e de mensuração de 
poder militar 
•Fatores quantificáveis e qualitativos 
•Instituições x efetividade militar 
•Estimativas relativas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
•Economia de defesa 
• Apoio à decisão e avaliação de 
atividades de defesa 
• Modelagem, simulação e jogos de 
guerra 
o Planejamento 
o Desenvolvimento e 
experimentação 
o Educação e treinamento 
5.1 Métodos analíticos e de mensuração de 
poder militar 
Envolve relacionar fatores quantificáveis, 
como geração de riqueza e tecnologia, e fatores 
qualitativos, como Estado, cultura, estruturas 
sociais, instituições, geografia e ambiente 
político regional. 
A análise do poder militar refere-se a 
diferenciar instituições (sociais) militares, 
capacidades militares potenciais, em termos de 
recursos, e sua efetividade, em termos de 
qualidade do emprego das forças combatentes. 
5.2 Reconstrução histórica para 
aprendizado e análise da guerra 
A análise crítica é composta por quatro 
componentes: 
a. A contextualização do caso histórico, de 
acordo com as características das 
instituições políticas, sociais e militares, 
de seus líderes e comandantes e 
condições econômicas e técnicas de 
apoiar a guerra., 
b. A análise dos fins, ou sobre qual seria a 
utilidade política da guerra para as 
partes envolvidas. 
c. A análise dos meios e métodos 
empregados, em que são inferidos os 
planos de guerra, campanha e 
enfrentamentos do caso delimitado. 
d. A avaliação da correspondência entre 
fins e meios. 
5.3 Economia de defesa 
Refere-se à utilização de dados e métodos para 
apoiar a decisão e avaliação de atividades 
relacionadas à política de defesa, a gestão de 
forças armadas e outras políticas públicas 
necessárias para as duas primeiras. 
5.4 Modelagem de combate 
É uma ferramenta ampla, com várias 
possibilidades e que serve ao planejamento 
estratégico e militar; possibilitando o 
desenvolvimento de armamentos, sistemas e 
doutrinas, além do treinamento de oficiais e 
combatentes. 
Pode envolver métodos estatísticos e 
quantitativos, simulações computacionais e 
jogos de guerra. 
 
NA PRÁTICA 
Pensar sobre a guerra também é uma 
habilidade 
•Exercício intelectual constante 
•Leituras, filmes e jogos 
A assimilação desse arcabouço é mais fácil e 
enriquecedora pela sua constante utilização. 
Por isso, recomenda-se que, sempre que 
possível, se assista a um filme histórico, 
contemporâneo ou mesmo de fantasia e super-
heróis, criando o hábito de fazer 
questionamentos, como: 
• Por que os lados lutam? 
• Qual a importância dada por cada um deles? 
• Quais as expectativas de sucesso que as partes 
tinham no início? 
• Qual o nível de preparação de cada parte? 
•As decisões de atacar ou defender fazem 
sentido? 
• A conclusão se deu por meio de um lado 
concedendo ao outro voluntariamente ou não? 
FINALIZANDO 
Fenômeno e conhecimento sobre a guerra 
Os Estudos Estratégicos lidam com fenômenos 
específicos que demandam conhecimentos com 
conteúdo e metodologias adequadas. 
Necessidade de equilíbrio e ponderação na 
conversão de conhecimentos e métodos de 
outros campos. 
Necessidade de demarcação entre 
conhecimento puro e conhecimento aplicado. 
Esta aula buscou caracterizar os elementos 
centrais do tipo de conhecimento produzido 
pelos Estudos Estratégico. 
Outros campos do conhecimento convergem 
para definir as causas e fatores de 
desdobramento das guerras, mas 
principalmente conceitos e métodos próprios 
de como compreendê-la e produzir 
conhecimento prático para incremento da 
formulação, execução e avaliação de políticas 
de defesa.

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