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Práticas educativas em saúde

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Práticas educativas em saúde
UNIDADE I
· Saúde é um completo estado de bem-estar físico, psíquico e social. (OMS)
· Físico: dar ao corpo o direito de descansar quando está cansada.
· Psíquico: liberdade proporcionada ao desejo de cada um na organização da sua vida.
· Social: liberdade de se agir individual e coletivamente na organização do trabalho
Processo saúde-doença
Este processo é influenciado pelas seguintes questões:
· Política
· Economia 
· Ambiental
· Cultural
· Social
· Emocional e espiritual
** Para que você tenha a saúde adequada o ideal é que todos estes quesitos estejam em ordem, caso não, mesmo que você queira ser uma pessoa saudável você não consegue pois existem alguns quesitos que saem da nossa capacidade de atuação.
Educação X Saúde
· O processo ensino-aprendizagem também sofreu mudanças conceituais e procedimentais ao longo da história. 
· Considera a participação e foca na formação crítica e política dos sujeitos envolvidos nesse processo.
· Processo dinâmico e contraditório.
** Ou seja, é um processo que vive em constante mudança, necessário estar sempre se atualizando.
SUS “utopia” X Saúde “utopia”
Quando pensamos no SUS e na Saúde, vemos que ambos estão vivendo uma Utopia.
· Utopia: idéia de algo ser alcançado.
· O que o SUS faz? Ele produz a saúde por meio da construção de ações inovadoras nas práticas cotidianas. Já a Saúde ela traz a liberdade (elemento fundamental) para o alcance dessa meta, ela produz possibilidades de aproximação ao que seria o completo bem-estar físico, psíquico e social.
· A relação entre os usuários e os trabalhadores de saúde constituem, em si, um ato vivo – produzindo novas possibilidades de liberdade e valorização da vida.
· A intervenção profissional na área da saúde ocorre com o corpo vivo e em interação com o social e com o ambiente, a partir de processos de subjetivação
**Isso traz a idéia de que não temos nada igual, somos todos diferentes, tanto o profissional de saúde quanto os usuários. Cada ser age e pensa de formas diferentes, sendo assim não existe algo que atenda a todos, cada um de nós devemos apresentar a nossa necessidade , e com isso eu terei que ter flexibilidade na hora de agir, na hora de conversar.
Formação em saúde
· A formação dos profissionais de saúde tende a enfrentar o corpo vivo apenas ao final da graduação, gerando uma tensão entre a imagem de dessecação do corpo apreendida ao longo da formação e reduzindo a valorização da escuta, do contato e da diversidade. 
· Desafio: transformar os encontros entre os profissionais de saúde e os usuários, ultrapassando a lógica do agir micropolítico para outras dimensões da produção do cuidado, produzindo novas metas e possibilidades de atingir a saúde. 
** O fato de termos contato com os pacientes somente no último ano, talvez irá nos surpreender ou quem sabe até mesmo assustar, pois será aonde perceberemos a importância na relação com o usuário, o olhar, os gestos, a confiança a ser passada, e isso acaba sendo um desafio.
· Existe um Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-saúde), em 2005, integrou instituições de ensino, estruturas de gestão da saúde, órgãos de representação popular e serviços de atenção à saúde.
· Com o objetivo de transformar as diretrizes políticas em trabalho vivo, mais concreto e menos idealizador, e isso é um desafio que passa pela necessidade de mobilizações ético-políticas, técnico-científicas e psicossociais. 
· Essas diretrizes políticas estabelecidas neste programa e curriculares são recentes e pontuais, e ainda não esta esgotado a demanda de discussão sobre este tema.
· Evidenciamos a necessidade de nos voltarmos para os sentidos, os valores e os significados do que e para quem fazemos nossas ações em saúde. 
· As questões de natureza ética e humana têm sido preteridas na formação, algo que antes não nos preocupava tanto, à medida que não se adotam metodologias de ensino que promovam a participação do aluno e a sua responsabilização no processo de formação
Então nos estamos tendo que abordar ainda mais sobre questões éticas, para que saibamos como nos portar diante das situações e das diferenças, inclusive com aquilo que eu acredito como profissional então isso é algo ainda a se conquistar.
Educação permanente
· É um titulo utilizado para aprendizagem no trabalho, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações e ao trabalho. 
· Baseia-se na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar as práticas profissionais e da própria organização do trabalho. 
· Como ela é realizada? Ela é feita a partir dos problemas enfrentados na realidade e leva em consideração os conhecimentos e as experiências que as pessoas já têm.
**Por exemplo: eu trabalho em um local e estou vivenciando uma situação que é um problema e que tanto eu quanto outros profissionais da saúde percebemos que esta precisando de uma ação, uma intervenção, então eu vou começar a ter um processo de educação que seja para os profissionais ou para a população, com o objetivo de melhorar aspectos relacionados a saúde, então eu não irei tratar de assunto que eu acredito e sim aquilo que realmente é necessário, por que a população ou seja o próprio meio já me mostrou que isso é um problema e que temos que intervir, e com isso a educação permanente age desta forma.
Processo saúde-doença
· A saúde e o adoecer são modos pelos quais a vida se manifesta; eles remetem a experiências únicas e subjetivas que não podem ser reconhecidas e significadas integralmente pela palavra. Ou seja, nós sabemos o significado de saúde e doença e o significado disto a cada um de nós, levando em consideração as experiências que cada individuo passou.
· Contudo, é por meio da palavra que a pessoa expressa o seu mal-estar, bem como o médico dá significação às queixas de seu paciente. 
· O fenômeno concreto de adoecer junto das palavras do paciente e do profissional de saúde, situa-se a tensão entre a subjetividade da experiência da doença e a objetividade dos conceitos que lhe dão sentido e propõem intervenções. 
· A saúde não é objeto que se possa delimitar, não pode ser traduzida em conceito científico apenas, mas também como o sofrimento que envolve o adoecer. 
· Com a finalidade de contextualização do processo saúde-doença, ressaltamos a relação dialética entre o biológico e o social, ou seja, consideramos que a reprodução dos grupos sociais nas diversas etapas produtivas deve ser levada em conta na detecção do perfil epidemiológico das classes sociais. 
· A categoria classe social é a base para uma análise da produção e distribuição das enfermidades. 
Então não somente conhecer o paciente, mas também saber o meio que ele vive, e saber quais a características deste meio, isso vale bastante inclusive para a promoção da saúde, que é quando nós vamos educar os indivíduos para melhorar a saúde, e isso é importante por que nem sempre depende de apenas uma pessoa. 
Vamos usar como exemplo a dengue, não adianta nada eu cuidar para que não tenha água parada, e todos os cuidados necessários e os meus vizinhos não tomarem o devido cuidado também.
Por este motivo é necessário sabermos em qual meio o paciente vive, para que possa ser orientado e a sua comunidade também de forma correta.
Promoção da saúde
· É a relação entre as estratégias de promoção à saúde com as ações de fortalecimento das classes sociais – de acordo com a realidade de cada indivíduo. 
· A atuação do profissional de saúde consiste em focalizar o potencial da pessoa para o bem-estar e encorajá-la a modificar ou fortalecer os hábitos pessoais, o estilo de vida e o ambiente, de modo a reduzir os riscos e aumentar a saúde e o bem-estar. 
· Para isso, o princípio de corresponsabilização nas práticas terapêuticas torna-se fundamental, isso é o que chamamos de processo ensino-aprendizagem.
**Ou seja, ambos tem que ter responsabilidades,nós como profissionais da saúde devemos passar ensinar de forma clara, e os usuários que serão as pessoas que irão decidir pelos atos que irão praticar.
Processo ensino-aprendizagem
· Ele vem de uma díade de educação e saúde. 
· A atuação na promoção da saúde envolve a compreensão de educação em saúde e a realização das práticas educativas em saúde. Voltando no conceito em praticas educativas em saúde, é quando o profissional vai ensinar a população sobre aspectos relacionados a saúde.
· Os profissionais envolvidos podem concretizar as ações de fortalecimento por meio da educação da população, frente aos riscos de agravos à saúde. Conforme a necessidade os profissionais irão informar a existência ou o agravo em situações já existentes.
· A educação é compreendida como mediação básica da vida social de todas as comunidades humanas. 
· O processo ensino-aprendizagem ele vem se modificando, antigamente tínhamos o modelo hegemônico(soberania), onde um professor ou um profissional ele era soberano e este tipo de aprendizado ele não é o adequado, e atualmente nós utilizamos o modelo dialógico, um modelo de dialogar, de conversar, de conhecer o outro e as perspectivas e assim educar.
· Considera o sujeito no processo de aprendizagem, partindo do pressuposto de que os usuários dos serviços de saúde são portadores de saberes acerca do processo saúde-doença-cuidado e de condições concretas do cotidiano. Então eu não venho falar de um determinado assunto pensando que essa pessoa nunca ouviu falar, ainda mais hoje com essas tecnologias, as pessoas tem muito contato com os conteúdos relacionados a saúde, então nós precisamos saber como abordar isso já considerando que essa pessoa já conhece.
Difere de muitas situações reais atuais de atenção à saúde, uma vez que os profissionais de saúde não têm praticado ações de fortalecimento, mas sim a ministração de prescrições comportamentais utilizadas no verbo imperativo: 
“Não fume!”
 “Use o cinto de segurança!”
Dentre outros.
· Em uma reflexão sobre a assistência de enfermagem, temos que o processo de formação acadêmica, tem se baseado, predominantemente, nos conhecimentos de ciências biológicas de forma fragmentada.
· E com isto existiu uma limitação teórica, sugere-se a busca de subsídios que fundamentem um ensino que não apenas reitere as nossas vivências, mas que favoreça a formação profissional de enfermeiros capazes de apreender e praticar um cuidado pautado no pensamento complexo. 
**Ou seja temos que manter a mente aberta para que não seja apenas um processo cientifico e biológico, mas que também englobe o paciente em um todo.
Discussão sobre a educação como uma práxis (processo, ação e reflexão, construção e reconstrução): 
· Técnica (laboral): refere-se ao fato de que a preparação para o mundo do trabalho, se realizada a partir de práticas laborais, torna a aprendizagem mais significativa. É, portanto, por meio da prática que se educa e se aprende.
· Política (sociabilidade): compreende o compromisso em preparar os educandos para o trabalho e, mais do que isso, aprender a viver e sobreviver.
· A evolução das abordagens pedagógicas, acompanhando os diferentes momentos políticos e econômicos, apresentou modelos compreendidos como tradicionais, renovados, por condicionamento e libertadores, sendo estes últimos mais eficazes em seus resultados que os demais. 
· Acrescentamos ainda que, ao dizer anteriormente, de uma prática educativa dialógica e emancipatória, tais características estão inseridas no conceito de educação libertadora.
Educação: uma prática de liberdade e emancipação
· Liberdade = fundamental no processo ensino-aprendizagem.
· Destacamos a importância do diálogo como meio dessa relação entre o educador e o educando em um processo ensino-aprendizagem libertador. 
· A proposta pedagógica de Paulo Freire remete à crítica e à superação dos modelos educacionais hegemônicos. 
· A educação é um caminho para a mudança social, para a formação de sujeitos históricos, atores e autores de seus processos cotidianos de emancipação coletiva e individual. 
Paulo Freire (2005) nos traz elementos importantes para pense ao respeito do diálogo; ele afirma que: 
· Se não há um profundo amor ao mundo e aos homens, não há diálogo.
· Sem humildade também não há diálogo, pois a auto-suficiência impede a aproximação necessária ao diálogo.
· Não há ignorantes totais, nem sábios absolutos, mas sim homens em comunhão que almejam saber mais. 
· É um ato de troca.
· O educador é aquele “que enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa”. (FREIRE, 2005)
A proposta pedagógica de Paulo Freire considera a liberdade, o respeito, a humildade e o carinho pelos educandos como premissas básicas para a educação. Essa concepção foi inovadora na época, visto que, antes, a repressão e o autoritarismo faziam parte da aprendizagem, sendo, hoje, estas concepções equivocadas e que não garantem o aprendizado dos educandos, muito menos a troca de conhecimentos. 
Educação
· Educar vem do latim educere, que significa conduzir. É preciso então, entender que a proposta educativa do tipo condutivista, na promoção da saúde, deve ser abandonada em favor da proposta informativa, porque as pessoas não devem ser “educadas”, mas, ao contrário, com a ajuda da informação e dialogando com a informação técnica, devidamente decodificada, conduzir a sua vida. “Em vez de educar conduzindo, é preciso informar o cidadão de modo claro, transparente...”. (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2007)
Este conceito é muito importante, pois nos mostra claramente como nós devemos agir diante uma conversa com o paciente, e ele conduzir.
A organização política dos serviços de saúde no Brasil
· 1970: cenário – curativo, individual, restrito aos contribuintes previdenciários, não democrático, reducionista (centrado na patologia), não universal e fragmentado.
· Intensas discussões que tiveram como marco o Movimento da Reforma Sanitária: a sociedade criticava e lutava pelas mudanças nas práticas e na organização dos serviços de saúde. 
· Em 1986, a VIII Conferência Nacional de Saúde foi baseada nessas discussões e a nova Constituição Brasileira, em 1988, instituiu o Sistema Único de Saúde – SUS.
· SUS = modelo de atenção à saúde que surgiu como um ideal contra-hegemônico buscando garantir a cobertura universal e igual, com a participação do setor privado.
· Princípios doutrinários de universalidade, equidade e integralidade. 
· Apesar de todos os avanços, o SUS é um sistema de saúde em desenvolvimento, que permanece na luta para garantir a cobertura universal e equitativa
· A participação do setor privado no mercado é crescente e as interações entre os setores público e privado criam as contradições e uma competição injusta, culminando em ideologias e objetivos opostos, a exemplo do acesso universal contrário à segmentação do mercado. 
· Isso gera resultados negativos na equidade, no acesso aos serviços de saúde e nas condições de saúde.
· Restrições no financiamento federal, na infraestrutura e nos recursos humanos relacionados ao setor de saúde = desafios políticos. 
Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS)
· A PNEPS foi instituída pela Portaria GM/MS n. 198, de 13 de fevereiro de 2004 e foi alterada pela Portaria GM/MS n. 1996, de 20 de agosto de 2007, que dispõe sobre as novas diretrizes e estratégias para a implantação desta. 
· Traz a proposta de constituir o SUS em uma rede-escola, modificando o pensamento do ensino transmitido de modo unidirecional, dos detentores do conhecimento para os trabalhadores de saúde, mas considerando o espaço concreto de trabalho como um local de ensino-aprendizagem compartilhado. 
· Constitui a estratégia que viabiliza as transformações do trabalho na saúde para que este seja local de atuação crítica, reflexiva, propositiva, compromissada e, tecnicamente, competente.Comunicação humana: instrumento essencial para a prática educativa
· Sabemos que a comunicação destaca-se como o principal instrumento para que a interação e a troca aconteçam e, conseqüentemente, o processo de cuidar, no seu sentido mais amplo, tenha espaço para acontecer. 
· Segundo Mendes (1994), “os componentes da comunicação formam o clima e a nutrição para a compreensão”. 
· Communicare significa “pôr em comum”. 
· A comunicação interpessoal pode ser definida como um conjunto de movimentos integrados que calibra, regula, mantém e, por isso, torna possível a relação entre os homens (SILVA, 2001).
· Segundo Watzlawizk, Beavin e Jackson (1967), não se comunicar é impossível; mesmo na inatividade ou no silêncio tudo tem o valor de mensagem; “a comunicação é o princípio natural que une um ser a outro”. (RUESCH, 1987) 
Comunicação: 
· Verbal – palavras expressas por meio da fala ou da escrita.
· Não verbal – desenvolvida através de gestos, silêncio, expressões faciais, postura corporal, entre outros. (SILVA, 2006)
· Ao compreendermos a educação em saúde como um elemento de cuidado humano, percebemos, logo, a importância de uma comunicação com qualidade para que haja uma atenção efetiva e de qualidade. 
· Waldow (1998) refere-se à possibilidade do mundo da tecnologia avançada (máquina) substituir esse instrumento próprio do ser humano, lembra que o afago e o aperto de mão que oferecem o apoio e o suporte, bem como o olhar carinhoso e amigo parecem não ser mais necessários. 
Será que a máquina exerce o papel semelhante ao dos seres humanos? Ela supre as necessidades?
· Com ou sem intenção, sempre há a transmissão de mensagens uma vez estabelecida a interação. Não existe um fluxo de comportamento numa só direção. 
· A comunicação é um processo pautado em compreender e compartilhar mensagens enviadas e recebidas; estas mensagens exercem influência no comportamento das pessoas que vivenciam essa interação. 
Como estamos nos comunicando no exercício da nossa profissão?
· Uma pesquisa desenvolvida com crianças cegas e surdas desde o nascimento e que, apesar de nunca terem aprendido por imitação, pois nunca puderam olhar o rosto da mãe, elas demonstram as emoções da mesma maneira que nós, que enxergamos. Seus olhos brilham e sorriem quando estão felizes, choram quando estão tristes, ficam vermelhas e desviam a direção do olhar quando estão com vergonha, levantam as sobrancelhas e abrem mais os olhos e, conforme o grau de surpresa, também a boca. 
· As emoções básicas são expressas da mesma maneira em qualquer ser humano. 
Será que temos consciência das nossas expressões não verbais? 
Será que estamos atentos às expressões não verbais das pessoas com quem nos relacionamos?
Toda comunicação tem duas partes: 
· O conteúdo – o fato, a informação que queremos transmitir.
· O sentimento – como estamos nos sentindo quando nos comunicamos com a pessoa. 
· “... quando nos comunicamos com as pessoas não temos apenas o compromisso de passar um conteúdo, uma informação, pois toda comunicação envolve um sentimento, ou seja, o que é que sentimos quando ficamos diante do outro”. (SILVA, 2002, p. 74).
Quatro finalidades da comunicação não verbal: 
1. A primeira é complementar a comunicação verbal. Por exemplo, quando dizemos “bom dia”, sorrindo para o outro e olhando nos seus olhos. 
2. A segunda é contradizer o verbal. Por exemplo, quando dizemos “muito prazer” e apertamos a mão do outro com medo ou nojo de tocar. 
3. A terceira é substituir o verbal. Por exemplo, o meneio positivo da cabeça, olhando para a outra pessoa e dizendo não verbalmente “estou te ouvindo”, “estou atenta a você”. 
4. A quarta finalidade do não verbal é a demonstração dos nossos sentimentos. (SILVA, 2002)
Comunicação não verbal: 
· Paralinguagem: qualquer som produzido pelo aparelho fonador que não faça parte do sistema sonoro da língua usada. 
· Cinésica: linguagem do corpo/movimentos. 
· Proxêmica: é o uso que o homem faz do espaço. 
· Tacêsica: é tudo que envolve a comunicação tátil. 
· Características físicas: são a própria forma e a aparência do corpo.
Saber ouvir: 
· “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.” 
· A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz, não fosse digno de consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. 
· Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade.
A habilidade de escutar: 
· Para escutar, é necessário esvaziar a mente, é necessário a humildade para valorizar o que o outro tem a dizer. Isso não é algo comum e simples, em especial em um mundo repleto de ruídos, informações e pressa. 
· O desafio é o estabelecimento de relações conscientes e reflexivas. Desenvolvendo as habilidades de comunicação, que é, em si, o elo que une um ser ao outro.
		
Unidade II
Modelos pedagógicos na educação em saúde
O pensamento pedagógico surge a partir da reflexão sobre a prática da educação, a fim de sistematizar e organizar a prática em função de determinados fins e objetivos.
** Ou seja para que seja analisado os modelos pedagógicos é necessário que seja conhecida a história da pedagogia, tanto no Brasil quanto no mundo. 
Evolução dos pensamentos pedagógicos Oriental 
Taoísmo – pedagogia mais antiga – vida tranqüila e pacífica, ensino dogmático (verdade absoluta) e memorizado. 
Chinesa – sistema hierárquico e obediência.
 Hindus (ex.: Índia) – contemplação e reprodução da cultura das castas.
Egípcios – uso de bibliotecas e criação das casas de instrução (ensinamentos de leitura, escrita, história dos cultos, astronomia, música, medicina, entre outros). 
Hebreus (Judeus) – educação rígida e minuciosa, com técnicas de repetição, a partir do cristianismo seus métodos influenciaram a cultura ocidental.
Grego 
Berço da cultura, civilização e educação ocidental – grandes filósofos.
Pautava‐se em ginástica para o corpo, filosofia para a mente e artes para a moral e os sentimentos. 
Sócrates: crença de que o autoconhecimento é o início do caminho para o verdadeiro saber.
Platão: educação como arte de conversão no sentido de vislumbrar o Bem, o divino. 
Aristóteles: aprendemos fazendo.
Romano 
Caráter utilitário e militarista, focado na disciplina e justiça. 
Na escola os castigos eram severos, os culpados (por erros) eram açoitados por varas.
Com o domínio de Roma sobre a Grécia, a filosofia de educação grega também influenciou os romanos.
Medieval 
Cristo = grande educador – parábolas, diálogo, linguagem popular e erudita (culta). 
Império Árabe (predomínio islâmico) levou ao Ocidente.
Os estudos medievais compreendiam gramática, dialética e retórica, além de aritmética, geometria, astronomia e música. Na Idade Média há destaque para a criação das universidades. 
A educação (grego e romano) era excludente, assim, os escravos, mulheres e crianças não recebiam, apenas a elite, que incluía a nobreza e o clero.
Renascentista 
Revalorização da cultura greco‐romana, tornando a educação mais prática, incluindo a educação do corpo e a substituição dos métodos mecânicos por procedimentos mais agradáveis. 
Em reação à Reforma Protestante, a Igreja Católica criou o índice de livros proibidos e organizou a Inquisição, também criou a Companhia de Jesus, com ação dos jesuítas. 
A educação jesuítica privilegiava os dogmas, a conservação das tradições em uma educação cientifica e moral, em detrimento de uma abordagem humanística.
Moderno 
Nova forma de produção econômica (cooperação) opondo‐se ao modo feudal.
Questionamento do que é a verdade – tudo o que fora ensinado até então era considerado suspeito – predomínio da razão e do método. 
Destaques: telescópio (Galileu Galilei); circulaçãodo sangue (William Harvey); distinção entre fé e razão (Francis Bacon); matemática (René Descartes). 
Fim do predomínio do latim.
Permanecia a dicotomia entre trabalho intelectual e trabalho manual. 
Luta popular pelo acesso à escola e educação religiosa dedicando‐se à educação popular.
Iluminista 
Nova era na educação, com o resgate da relação entre educação e política.
Não vislumbrar mais a criança como um adulto em miniatura.
Para Kant, o homem é o que a educação faz dele através da disciplina, didática, formação moral e da cultura. 
Manteve‐se nesse período a diferenciação de educação popular (para trabalhar) da educação para a classe dirigente (para governar).
Interatividade 1
Opção B
Positivista 
Refere‐se à concepção burguesa de educação.
Destaque: Augusto Comte.
Cabe explicitar que o positivismo nasce como filosofia e segue como ideologia e que a contribuição positivista na educação refere‐se ao valor dado à ciência, ao que é passível de comprovação concreta e quantificação. 
Socialista 
Surge do movimento popular pela democratização do ensino.
Gramsci criticava a divisão de ensino clássico e profissional e apontava o trabalho como um princípio antropológico e educativo. 
Para Karl Marx a transformação educativa deveria ocorrer paralelamente à revolução social.
Escola Nova 
Propunha que a educação fosse instigadora da mudança social e, ao mesmo tempo, se transformasse, já que a sociedade também estava em mudança. 
Destaques: Montessori – foco nas experiências sensoriais; Piaget – desenvolvimento da inteligência na criança. 
Embora esse movimento “escolanovista” não tenha relação direta com o tecnicismo pedagógico, teve grande preocupação com os meios e técnicas educacionais.
Crítico 
Na segunda metade do século XX surgem críticas à educação e a afirmação do quanto essa educação reproduz a sociedade. 
Algumas teorias que abordam o sistema de ensino como função ideológica: 
 Escola enquanto aparelho ideológico do Estado (Althusser);
Escola enquanto violência simbólica (Bourdieu e Passeron).
Brasileiro 
A partir da Escola Nova houve autonomia nacional, derrubando o pensamento religioso medieval. 
1924: Associação Brasileira de Educação; 1938: Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos.
Católicos e liberais representavam grupos diferentes = grupos dominantes.
Com o pensamento pedagógico progressista é que se coloca o papel da educação na transformação social, formação do cidadão crítico e participante das mudanças sociais.
O pensamento pedagógico brasileiro
Paulo Freire: nasceu em 1921 e foi um dos maiores educadores do século XX. 
Sua idéia central é pautada na concepção dialética: educador e educando aprendem juntos em uma relação dinâmica, na qual a prática, orientada pela teoria, reorienta essa teoria, tornando‐se um processo de constante aperfeiçoamento. 
Pela educação, é possível alcançar a autonomia intelectual do cidadão para intervir sobre a realidade. 
A educação é compreendida como ato político.
Alguns defendem mais a autonomia da escola, outros, maior intervenção do estado. 
O pensamento pedagógico brasileiro é rico e está em movimento, não é possível reduzi-lo a esquemas. 
A perspectiva atual é de discussão sobre a educação pós-moderna e multicultural.
Interatividade 1
Opção E
A promoção da saúde e os modelos de educação em saúde
Profissionais da saúde 
· Responsáveis pela promoção da saúde e prevenção de doenças.
Promoção da saúde
· “[...] processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle desse processo”. 
· (Carta de Ottawa, de 1986, 1ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde)
· Focaliza o potencial da pessoa para o bem‐estar e encoraja a modificar hábitos pessoais, estilo de vida e ambiente, de modo a reduzir os riscos e aumentar a saúde e o bem‐estar.
· Para isso, o princípio de corresponsabilização nas práticas terapêuticas torna‐se fundamental.
Processo saúde-doença
· Visa maximizar as possibilidades de saúde e evitar a doença.
· As direções propostas pela OMS para a promoção da saúde incluem a necessidade da redução das desigualdades sociais e construção de uma comunidade ativa (SANTOS; WESTPHAL, 1999).
Liberdade
· A essência da promoção da saúde é a escolha e, portanto, a liberdade.
· Na “velha” saúde pública, a educação em saúde tinha um único enfoque, o da prevenção de doenças (conceituação biomédica de saúde).
· A “nova” educação em saúde prepara o indivíduo para a luta por uma vida mais saudável.
· O indivíduo deve ser estimulado a tomar decisões sobre a sua própria vida, uma noção de autonomia que cria um ideal de autogoverno (OLIVEIRA, 2005, p. 424).
· Com isso, a nova ética social envolve, obrigatoriamente, novas formas de relações --> pautada não mais em normas a necessidade de uma nova relação de educação em saúde normas e regras a serem cumpridas, mas em uma dinâmica de diálogo.
· Capacitando-o em emancipar o indivíduo na sua livre busca pela saúde, subsidiado, necessariamente, com estruturas políticas, econômicas e sociais pertinentes.
O modelo preventivo de educação em saúde
· A educação, em saúde tradicional, é permeada pelas tradições da biomedicina.
· Objetivo: prevenção de doenças.
· Considera o adoecer um ato de escolha individual, pois os hábitos insalubres são vistos como consequência de decisões individuais equivocadas.
· Ignora fatores socioculturais e individuais: circunstâncias ambientais, valores culturais. (OLIVEIRA, 2005).
O modelo radical de educação em saúde
· Meta: liberdade/autonomia; busca muito mais a mudança social do que a transformação pessoal.
· Objetivo: promover o envolvimento dos indivíduos nas decisões relacionadas à sua própria saúde e naquelas concernentes aos grupos sociais aos quais eles pertencem.
· Supõe-se que indivíduos conscientes sejam capazes de se responsabilizar pela sua própria saúde, bem como articular intervenções no ambiente que resultem na manutenção da sua saúde (OLIVEIRA, 2005).
· Há que se respeitar a possibilidade das pessoas educadas optarem por agir de uma forma não saudável (WEARE, 1995).
Modelos de educação em saúde: reflexo do contexto histórico
Idade Média:
· Acreditava‐se na ideia da educação em saúde; recomendando‐se que o regime alimentar fosse correto, as práticas de higiene adequadas e as horas de sono prolongadas, o que contribuiria para o aumento na longevidade dos indivíduos (PELICIONI; PELICIONI, 2007).
· A tríade educação, saúde e suas práticas é influenciada diretamente pelos acontecimentos políticos (SILVA et al., 2010).
Interatividade 3
Opção C
Educação em saúde
· É uma prática social, contínua, sistemática e permanente, que envolve a capacitação do indivíduo na aquisição de uma consciência crítica a respeito de seus problemas de saúde. Parte da reflexão acerca das dificuldades vivenciadas no dia a dia, buscando‐se soluções coletivas ou individuais, com vistas à transformação da realidade em estudo (Fundação Nacional de Saúde, 2007).
Pedagogia tradicional
· Paradigmas educacionais em discussão: encontram‐se em vigência até os dias de hoje (LEÃO, 1999).
· Prática que, desconsidera o saber dos aprendizes e coloca o educador como único detentor do saber válido, não permitindo que o indivíduo procure por melhores condições de vida e saúde a partir de suas experiências (CHAGAS et al., 2009).
· Dominação do profissional de saúde sobre os usuários (SANTOS, 2011).
· Concepção “bancária”: conteúdos muitas vezes desconectados da realidade dos indivíduos. Educandos são meros objetos que recebem pacientemente, memorizam e repetem (FREIRE, 2005).
· O educador é o que educa; os educandos, os que são educados.
· O educador é o que sabe; os educandos, os que não sabem.
· O educador é o que pensa; os educandos, os pensados.
· O educador é o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam docilmente.
· O educador é o que disciplina; os educandos, os disciplinados.
· O educador é o que opta e prescreve sua opção; oseducandos, os que seguem a prescrição (FREIRE, 2005, p. 68).
· O educador é o que atua; os educandos, os que têm a ilusão de que atuam.
· O educador escolhe o conteúdo programático; os educandos, jamais ouvidos nesta escolha, se acomodam a ele.
· O educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos; estes devem adaptar‐se às determinações daquele.
· O educador, finalmente, é o sujeito do processo; os educandos, meros objetos. (FREIRE, 2005, p. 68).
Pedagogia de participação
· “[...] tomar parte; assumir o que é seu de direito; ser sujeito e ator; assumir o controle social”
· Finalidade da educação em saúde é a transformação, o que contribui firmemente para a consolidação dos princípios e diretrizes do SUS: universalidade, integralidade, equidade, descentralização, participação e controle social.
· Respeitando‐se ambos os saberes, científico e popular, que permanentemente se reconstroem (Funasa, 2007).
· Libertação da situação opressora: respeito, confiança, solidariedade e responsabilidade (DAMASCENO; SAID, 2008).
Promoção da saúde X Educação em saúde
· A educação em saúde representa um dos principais pilares da promoção da saúde e uma maneira de cuidado que leva ao desenvolvimento da consciência crítica e reflexiva para a emancipação dos sujeitos ao possibilitar a produção de um saber que leva as pessoas a cuidarem melhor de si e de seus familiares (SANTOS; PENNA, 2009).
· A educação tem o papel de conscientizar, objetivando a modificação de uma realidade indesejada, utilizando‐se da liberdade e do diálogo para se passar de uma visão ingênua a uma consciência crítica. (CHAGAS et al., 2009; FREIRE, 2005).
Não há docência sem discência, ensinar exige:
· Rigorosidade metódica; pesquisa; respeito aos saberes dos educandos.
· Criticidade; estética e ética; a corporificação das palavras pelo exemplo; risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação.
· Reflexão crítica sobre a prática; o reconhecimento e a assunção da identidade cultural.
Ensinar não é transferir conhecimento, ensinar exige:
· Consciência do inacabamento.
· Reconhecimento de ser condicionado.
· Respeito à autonomia do ser educando.
· Bom senso; curiosidade; apreensão da realidade.
· Alegria e esperança; convicção de que a mudança é possível.
· Humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores.
Ensinar é uma especificidade humana, ensinar exige: 
· Competência profissional e generosidade. Comprometimento.
· Compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo; liberdade e autoridade.
· Tomada consciente de decisões; saber escutar.
· Reconhecer que a educação é ideológica.
· Disponibilidade para o diálogo.
· Querer bem aos educandos.
Interatividade 4
Opção A
UNIDADE III
Planejamento e execução de uma ação educativa
· A ação educativa ocorre freqüentemente a partir de uma situação-problema. 
· A ação educativa faz parte da prática do profissional de saúde em todo momento e em todo lugar.
Qual a situação ou agravo de saúde que, no momento, mais preocupa os profissionais de saúde e a população? Por quê? 
Qual a temática a ser abordada?
· Quando apenas as equipes de saúde pensam e decidem o que deve ser feito, isto é um planejamento centralizado.
· Ele é mais rápido, permite o controle pelo gestor de saúde e atende às necessidades de natureza epidemiológica, mas frequentemente não reflete as necessidades mais sentidas da população e nem sempre permite a participação social no controle e fiscalização das ações.
· O planejamento participativo ocorre onde a população, junto com a equipe de saúde, discute seus problemas e encontra as soluções para as suas reais necessidades.
· Uma ação educativa problematizadora e participativa, numa perspectiva de mudança, pressupõe que a população compartilhe de forma real de todos os passos da ação: planejamento, execução e avaliação.
· A população deverá participar “tomando parte” nas decisões, assumindo as responsabilidades que lhe cabem, compreendendo as ações de caráter técnico realizadas ou indicadas.
· Neste processo, as respostas aos problemas não são preparadas e decididas pelos profissionais, mas são buscadas a partir da análise e reflexão entre técnicos e população sobre a realidade concreta, seus problemas, suas necessidades e interesses na área da saúde.
· Esta ação conjunta pressupõe um processo dialógico, bidirecional e democrático, que favorecerá não só a transformação da realidade, mas também dos próprios profissionais e da população.
· Um dos princípios do planejamento participativo é a flexibilidade, que permite a reformulação das ações planejadas durante sua execução.
Elaboração de um projeto educativo
· Planejamento é um processo ordenado que necessita de etapas estabelecidas em uma ordem lógica.
Diagnóstico
· Coleta de dados;
· Discussão;
· Análise e interpretação dos dados;
· Estabelecimento de prioridades.
Coleta dos dados
· Analítico‐descritiva: na qual não há diálogo, equivale a uma fotografia de determinado momento; normalmente não identifica as reais necessidades da população.
· Participativa: é realizada a partir de observações dos participantes e reuniões comunitárias; nesse caso, a coleta de dados não é separada da intervenção. Um risco que se corre nessa situação é o imobilismo, uma vez que não se podem resolver todos os problemas que envolvem questões sociais e econômicas.
· O diagnóstico de uma situação na área da saúde implica no conhecimento dos fatores de caráter demográfico, epidemiológico, de organização dos serviços de saúde, das instituições da comunidade, bem como de aspectos socioeconômicos e de infraestrutura da localidade/município.
· Estes dados permitem a identificação dos problemas de saúde dentro de um contexto de saúde coletiva.
· Sua identificação e análise crítica irão sugerir caminhos para o planejamento das ações de saúde. 
· Diagnóstico situacional precisa ser transformado em diagnóstico educacional, considerando os envolvidos e o contexto da situação.
· Descrever o problema.
· Caracterizar a população-alvo e/ou a instituição estudada.
· Descrever os dados levantados, com análise dos resultados ou situações identificadas.
· Apresentar propostas ou sugestões para resolução dos problemas de natureza pedagógica.
Exemplo:
Situação/problema de saúde: dengue
· Coleta de dados analítico‐descritiva.
· Coleta de dados participativa.
· Analítico‐descritiva: fotografia instantânea, retratando uma situação num determinado momento. Não há diálogo na relação profissional de saúde e população.
· Participativa: população e profissionais interagem em um trabalho conjunto, buscando e identificando os problemas e suas causas e discutindo soluções alternativas. É um trabalho educativo, com troca de experiências, valorização do conhecimento técnico-científico e popular. A vivência de cada participante é levada em conta e todos, em um trabalho conjunto, contribuem para mudanças na situação, visando à saúde coletiva.
· Coleta de dados;
· Discussão;
· Análise e interpretação dos dados; 
· Estabelecimento de prioridades.
Plano de ação
· Título/tema do trabalho;
· Descrição do problema;
· Característica geral do município, instituição e da população-alvo;
· Diagnóstico educativo; apresentação e análise dos dados;
· Projeto educativo;
· Justificativa;
· Objetivos: geral; específicos;
· Conteúdo programático;
· População-alvo;
· Metodologia;
· Avaliação;
· Recursos: humanos; materiais; financeiros;
· Cronograma/quadro de atividades.
Diagnóstico educativo
· Esta etapa corresponde à organização, análise e apresentação dos dados coletados para identificação dos problemas de natureza pedagógica, incluindo propostas e/ou sugestões para a sua resolução.
· Ainda pode indicar sugestões para encaminhamento dos problemas de organização de serviços e outros que possam interferir na operacionalização das ações educativas.
Projeto educativo
· O primeiro passo é justificar o porquê da necessidade de açõeseducativas estruturadas, reportando ou repetindo as conclusões e outros aspectos identificados no diagnóstico situacional e educativo.
· É importante explicitar que as ações de saúde nem sempre alcançam o objetivo pretendido sem essa intervenção.
· A proposta pedagógica é a de desenvolver nas pessoas, grupos e/ou população, a consciência das causas e consequências dos problemas de saúde e, ao mesmo tempo, criar condições para atuar no sentido da mudança.
Justificativa
· A justificativa da ação educativa pauta‐se no diagnóstico realizado
· Na essência das justificativas contempla‐se que a proposta pedagógica tem como finalidade desenvolver nas pessoas, grupos ou populações a consciência das causas e consequências dos problemas de saúde e, ao mesmo tempo, criar condições para atuar no sentido da mudança.
Exemplo:
· Devido a este bairro da cidade de São Paulo apresentar problemas com lixo diariamente e devido ao aumento do número de animais nessa região, após reuniões com a população, verificou-se a necessidade de educar a população quanto aos cuidados com o depósito e coleta de lixo a fim de reduzir doenças relacionadas a essa prática.
Objetivos
· Temos dois tipos de objetivos: o geral e os específicos.
· O objetivo geral expressa a decisão, ação pretendida com a intervenção educativa, envolvendo equipe de saúde, usuários, grupos comunitários e/ou população em geral.
· Os objetivos específicos são passos para alcançarmos o objetivo geral. Eles indicam o que precisamos fazer para alcançá-lo.
Exemplo: Em uma unidade básica de saúde foram atendidos, em um espaço de tempo relativamente pequeno, vários casos de queimadura em crianças. Os profissionais de saúde, em conjunto com a comunidade, planejaram um programa educativo com os seguintes objetivos:
Objetivo geral
· As mães e/ou responsáveis por crianças deverão adotar práticas para eliminar as situações que oferecem risco de queimaduras no ambiente domiciliar.
Objetivos específicos
As mães e/ou responsáveis por crianças deverão:
· Identificar os diversos tipos de acidentes.
· Identificar o número de casos e a gravidade dos acidentes por fogo e chama
· Relacionar formas para prevenir, no domicílio, situações favoráveis aos acidentes por fogo e chama.
· Observar o ambiente doméstico, descobrindo locais, situações e hábitos familiares que possam ser causa de acidentes por fogo e chama, tomando as medidas necessárias para mudá‐los e/ou eliminá‐los.
· A redação de objetivos de maneira operacional pode ser facilitada seguindo alguns critérios. 
· Devem ser redigidos em termos da população-alvo e não em termos de quem pretende intervir para mudar algo. Exemplo: As gestantes deverão enumerar...
· Em termos de quem pretende intervir. Exemplo: Levar as gestantes a enumerar...
· Deve incluir sempre uma ação, que é expressa por um verbo e se referir a algum objeto ou conteúdo. Exemplo: citar, ingerir, mencionar, identificar (o quê?).
· Os dois elementos básicos da redação de objetivos de maneira operacional são, portanto, ação e conteúdo. Exemplo: As gestantes deverão enumerar (ação) cinco causas de anemia (conteúdo).
Conteúdo programático
· Prevê para cada objetivo específico o que deverá ser desenvolvido para seu alcance
· Exemplo: Os pais ou responsáveis pelas crianças matriculadas na UBS deverão identificar as vacinas que compõem o esquema básico de vacinação.
Conteúdo programático:
· O que é vacina?
· Vacina BCG.
· Vacina Sabin.
· Vacina tríplice.
· Vacina antissarampo.
· Vias de administração, idade, doenças que previnem.
Metodologia
· Esse “como, com quem, de que forma” refere‐se à metodologia a ser utilizada, envolvendo todos os recursos e estratégias necessárias.
· População-alvo; recursos humanos, materiais e financeiros; cronograma/quadro de atividades.
· Explicitar a opção pedagógica que deverá direcionar a intervenção educativa, justificando-a. O importante é que ela seja identificada com clareza, bem como a escolha das técnicas pedagógicas e ludopedagógicas previstas em todas as ações de intervenção. A opção é única; as técnicas poderão ser diversificadas.
População-alvo
· Devemos pensar com quem iremos desenvolver a ação, isso é fundamental para atingir o objetivo desejado.
· Caracterização do grupo que participará das atividades, em termos de idade, escolaridade, sexo e outros atributos considerados.
· Um mesmo conteúdo pode ser desenvolvido de formas distintas, conforme o público-alvo.
Exemplos:
· Mães e/ou responsáveis por crianças;
· Professores e alunos da escola de primeiro grau;
· Usuários da UBS.
Recursos humanos
· Citar os profissionais que estarão envolvidos na intervenção educativa.
Recursos didáticos
· Apostilas, manuais, normas técnicas etc.
Recursos materiais
· Listar todo o material necessário: pincel atômico, giz, cartolina, cola, tesoura, papel sulfite, fita crepe, papel pardo, pintura a dedo etc.
Recursos audiovisuais
· Fita de vídeo, transparências, slides, álbum seriado, pranchas e outros instrumentos didáticos artesanais.
Equipamentos
· Retroprojetor, videocassete, projetor de slides, cavalete para álbum seriado etc.
Recursos financeiros
· Caso seja necessária a compra de materiais, detalhar preço unitário e o total de material a ser adquirido, tanto de consumo como permanente.
Cronograma/quadro de atividades
O programa educativo será executado:
Diariamente?
Uma vez por semana?
Duas vezes por semana?
Qual a carga horária?
Em que local?
Avaliação
Resolvemos ou atenuamos o problema?
Níveis de avaliação
· A reação: nível de satisfação dos participantes frente à programação.
· A aprendizagem: compreende o grau de assimilação e retenção dos conteúdos abordados (testes/provas).
· Impacto do treinamento no trabalho, no comportamento ou no cargo: conceito de transferência que corresponde à aplicação correta, no ambiente de trabalho, de conhecimentos, habilidades ou atitudes adquiridas.
· Alguns estudos vêm desenvolvendo instrumentos de avaliação direcionados à área da saúde.
· Contudo, o fundamental é saber que a avaliação deve ocorrer em todas as etapas do plano de ação.
Plano de ação
· Título/tema do trabalho;
· Descrição do problema;
· Característica geral do município, instituição e da população-alvo;
· Diagnóstico educativo; apresentação e análise dos dados;
· Projeto educativo;
· Justificativa;
· Objetivos: geral; específicos;
· Conteúdo programático; 
· População-alvo;
· Metodologia;
· Avaliação;
· Recursos: humanos; materiais; financeiros;
· Cronograma/quadro de atividades.
Exemplo
Título/tema do trabalho
· Ações Educativas em Saúde para prevenção e controle de doenças diarreicas no Bairro Vila Itaim, zona leste do município de São Paulo.
Descrição do problema
· Nos últimos 3 meses ocorreram 135 casos de diarreia no bairro Vila Itaim, após um alagamento que durou semanas. De acordo com os dados da vigilância que avalia a qualidade da água e do alimento, verificou-se que a água estava contaminada e tinha pelo menos cinco bactérias que causavam doenças relacionadas à diarreia.
Justificativa
· De acordo com os dados epidemiológicos que afirmaram um aumento no número de casos de diarreia no bairro Vila Itaim e sabendo que as formas mais comuns de transmissão da diarreia ocorrem por meio de água e alimentos contaminados, há necessidade de realizar uma intervenção junto à população do bairro, a fim de educá-los quanto ao consumo de água potável, alimentos seguros e limpeza dos locais acometidos pelo alagamento.
Objetivo geral
· Orientar a população sobre os problemas relacionados à transmissão de diarreia e como preveni-los, evidenciando o consumo de água e alimentos com qualidade e higiene.
Objetivos específicos
· Orientar a população sobre as formas de transmissão das doenças diarreicas. 
· Informar a população sobre a qualidade da água e dos alimentos consumidos.
· Orientar a população sobre os cuidados que eles devem ter em casa para manter a água e alimentos com boa qualidade e manter limpos os lugares atingidos pelo alagamento, prevenindo as doenças diarréicas.
População-alvo· População do bairro que frequenta o programa Hiperdia.
· A escolha dos pacientes do Programa Hiperdia se deu pelas características desse público, mulheres e homens que realizam atividades domésticas e passam mais tempo em casa. 
· Local: na ESF Vila Itaim.
Período de realização
· O Projeto de Intervenção foi realizado no período de novembro de 2019 a janeiro de 2019, sendo contínuo, em encontros mensais, dentro do calendário do programa Hiperdia.
Etapas de elaboração do projeto de intervenção
· Sensibilização da equipe multidisciplinar.
· Elaboração do material educativo.
· Definição do público-alvo.
· Realização das atividades.
Metodologia e recursos
· Decidiu-se realizar campanhas educativas por meio de roda de conversa com a equipe multidisciplinar e a população. Dessa forma, a população foi orientada e teve oportunidade de expor suas dúvidas, por meio da integração entre equipe e população. 
· As atividades ocorreram na ESF Vila Itaim durante os encontros do programa, com a colaboração de membros da equipe de Controle de Vetores, NASF, Agentes Comunitários de Saúde e Vigilância Sanitária. No total, 80 pessoas participaram das atividades.
· A fim de facilitar a compreensão da população, utilizou-se um banner explicativo, com fotos do próprio bairro, mostrando a deficiência no saneamento básico e os problemas de saúde relacionados a doenças diarreicas. Ainda, foram utilizadas perguntas simples durante a roda de conversa, como forma de interação, na qual os participantes responderam e interagiram com a equipe, gerando discussões importantes acerca da temática (debate). Dessa forma, as respostas foram anotadas para posterior avaliação da ação.
Metodologia e recursos 
Perguntas:
1. Quem já teve diarreia? Procurou atendimento médico? Sabe por que teve este problema? 
2. Você sabe das consequência do alagamento para sua saúde? 
3. Você sabe como evitar doenças diarreicas?
4. Você sabe o motivo pelo qual o número de casos de diarreia aumentou nos últimos meses?
Plano de ação
· Título/tema do trabalho; 
· Descrição do problema;
· Característica geral do município, instituição e da população-alvo; 
· Diagnóstico educativo; apresentação e análise dos dados; 
· Projeto educativo;
· Justificativa;
· Objetivos: geral; específicos;
· Conteúdo programático;
· População-alvo;
· Metodologia;
· Avaliação;
· Recursos: humanos; materiais; financeiros;
· Cronograma/quadro de atividades.

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