Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Andressa – P2B – 2020.2 O s t e o a r t r i t e d e J o e l h o A Osteoartrite (AO) é uma doença articular, está ligada ao envelhecimento: o fator determinante do processo osteoartrítico é o desequilíbrio entre degradação e reparação. Nesse sentido, a OA pode ser entendida como uma insuficiência cartilaginosa decorrente de fatores mecânicos, genéticos, hormonais, ósseos, metabólicos, que acarretam uma degradação do tecido cartilaginoso com a consequente remodelação óssea e algum grau de inflamação sinovial. • Osteoartrite idiopática - doença localizada ou generalizada. A osteoartrite localizada mais comumente afeta as mãos, pés, joelhos, quadril e coluna vertebral. Outras articulações são menos comumente envolvidas e incluem o ombro, a articulação temporomandibular, sacroilíaca, o tornozelo e articulações do punho. Considera-se que há osteoartrite generalizada quando há o envolvimento de três ou mais articulações. • Osteoartrite secundária – Condições específicas → maior risco. São elas: trauma; distúrbios congênitos ou de desenvolvimento; doença de deposição do cálcio pirofosfato (CPPD); outros acometimentos ósseos articulares, incluindo osteonecrose, artrite reumatoide, artrite gotosa, artrite séptica e doença óssea de Paget; outras doenças, como diabetes melito, acromegalia, hipotireoidismo e neuropatia de Charcot. E p i d e m i o l o g i a O envelhecimento populacional é uma realidade mundial: em 2050, aproximadamente 18% da população brasileira será constituída por indivíduos com mais de 65 anos e com uma expectativa de vida de 81,3 anos. Assim, a OA já se tornou um problema de saúde pública, que atingirá cada vez mais indivíduos no Brasil1, o que poderá complicar ainda mais o já sobrecarregado sistema previdenciário e de saúde. A prevalência da OA aumenta com a idade; ela é pouco comum abaixo dos 40 anos e mais frequente após os 60 anos. Aos 75 anos, 85% das pessoas têm evidência radiográfica ou clínica dessa enfermidade, e destas, 30 a 50% se queixam de dor crônica. Em geral, é predominante no sexo feminino, mas há localizações preferenciais por sexo. F i s i o p a t o l o g i a A cartilagem recebe a maior atenção no estudo da OA devido à destruição encontrada em espécimens patológicos e estudos de imagem, assim como devido a imensa quantidade de processos biológicos nela ativados. Eventos chave que ocorrem na cartilagem incluem o desbalanço metabólico e o surgimento de sinalizadores de degradação, estimulados por cascatas de citocinas, e a produção de mediadores inflamatórios. - Ruptura expõe cartilagem e gera resposta inflamatória atacam a cartilagem. - Começa como uma agressão mecânica e termina com uma inflamação. Quando a OA se inicia na própria cartilagem, a alteração básica pode estar na matriz colágena e de proteglicanos ou nos condrócitos. O desarranjo da rede colágena repercute nos proteoglicanos e vice-versa em virtude da íntima correlação funcional entre esses componentes da matriz extracelular. Os condrócitos são a maior fonte de enzimas degradadoras na OA, liberando metaloproteinases (colagenase, estromelisina, gelatinase), serinoproteases e tiolproteases, substâncias muito atuantes no catabolismo da cartilagem. A homeostase da cartilagem se estabelece por meio do equilíbrio entre agentes que atuam no seu anabolismo e catabolismo. Um desequilíbrio entre eles, com predominância dos agentes catabólicos, determina a degeneração cartilaginosa. Principalmente a interleucina 1 (IL-1), mas também a interleucina 6 (IL-6) e o fator de necrose tumoral (TNF), desempenham papel muito importante na síntese de proteases. Fatores de crescimento contrabalançam o efeito das citocinas, por meio do estímulo da síntese dos componentes da matriz ou de inibidores das enzimas degradadoras. Entre os fatores de crescimento com ação na cartilagem estão o fator de crescimento fibroblástico (FGF, fibroblast growth factor), o fator de transformação do crescimento (TGF, transforming growth factor) e o fator de crescimento insulínico (IGF, insulin growth factor). O inibidor tecidual de metaloproteases (TIMP, tissue inhibitor of metalloproteases) e o inibidor da atividade de plasminogênio (PAI- 1) são os mais importantes inibidores da ação das metaloproteases, mas há também inibidores naturais de IL-1 e a participação de citocinas anti-inflamatórias (IL-4, IL-10 e IL-13). A plasmina é responsável, em parte, pela ativação de colagenase e estromelisina. Observa-se que há, na OA, um aumento do ativador de https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527735285/epub/OEBPS/Text/chapter18.html?create=true#ch18ref1 Andressa – P2B – 2020.2 plasminogênio (u-PA) e uma diminuição do nível do inibidor da atividade de plasminogênio (PAI-1), o que faz a plasmina aumentar. Os condrócitos ativados passam a produzir o óxido nítrico (NO), que exerce vários efeitos catabólicos: inibe a síntese de colágeno e proteoglicanos, ativa metaloproteases, inativa o TIMP, diminui a expressão do antagonista do receptor de IL-1 (IL-1ra), inibe a proliferação de condrócitos, interfere na sinalização de integrinas e induz a apoptose de condrócitos in vitro. A apoptose provoca redução da população de condrócitos. Diversos tipos de agravos ou sobrecarga, ao atuarem sobre o condrócito, são capazes de induzir uma resposta catabólica mediada por citocinas que induzem a síntese e a ativação de enzimas com especificidade para componentes estruturais da matriz da cartilagem. Fragmentos de colágeno, proteoglicanos e outras moléculas, por sua vez, também podem acelerar a liberação de citocinas que agem sobre a sinóvia promovendo sua inflamação e a amplificação da resposta inicial. Estabelece-se, assim, um círculo vicioso que acelera cada vez mais a degradação da cartilagem. M a n i f e s t a ç õ e s C l í n i c a s Em ordem de prevalência, as queixas são de dor, crepitação, deformidade, limitação de movimentos, aumento de volume e rigidez após repouso. Sabe-se que os principais fatores de risco para artrite de joelho são, em ordem: sobrepeso, obesidade, lesão prévia de joelho, ser do sexo feminino, apresentar artrite de mãos e ser tabagista. Obesidade: níveis aumentados de leptina sérica basal (hormônio produzido pelos adipócitos), criando uma via metabólica inflamatória que aumenta a incidência de osteoartrite Fatores de risco como gênero, idade, trauma, uso excessivo, genética e obesidade contribuem para iniciar o processo de lesão nos diferentes componentes da articulação. Já é bem estabelecido que a sinóvia, o osso e a cartilagem são os três principais tecidos atingidos pelos mecanismos patológicos da OA. Os sinais mais importantes que caracterizam a OA são: • Rigidez matinal de curta duração da articulação (30 min) • Pontos dolorosos nas margens da articulação; • Sensibilidade exagerada na articulação; • Tumefação articular inchaço; • Crepitações (atritos); • Derrame intra-articular; • Movimentos restritos e dolorosos; •atrofia muscular periarticular; • Instabilidade articular D I A G N Ó S T I C O Radiografias convencionais continuam sendo o método mais simples e adequado para se estabelecer o diagnóstico de OA, determinar sua extensão e gravidade, monitorizar sua progressão e escolher os candidatos à cirurgia reconstrutora. De acordo com estudos de necropsia, as alterações estruturais da OA são quase universais. Consistem em perda da cartilagem (visualizada como perda do espaço articular nas radiografias) e osteófitos (formação óssea em forma de gancho: “bico de papagaio”). Dor protocinética inicia/piora durante movimentos, melhora em repouso. Ex: subir/descer escadas. Andressa – P2B – 2020.2 Esclerose subcondral é uma doença que afeta os ossos e as articulações das pessoas com osteoartrite. Causa dor articular e imobilidade decorrente de aumento de massa e densidade ósseas em uma camada finaembaixo da cartilagem das articulações. J O E L H O A OA do joelho, também chamada de gonartrose, é a localização periférica mais comum e predomina entre 50 e 60 anos, sendo mais frequente no sexo feminino. Desalinhamentos da articulação, como joelho valgo e varo, são frequentemente responsáveis pelas formas secundárias. Está amplamente demonstrada a ligação entre gonartrose e obesidade, sobretudo nas mulheres. Profissões que exigem flexão prolongada e repetitiva dos joelhos também constituem fator de risco para seu desenvolvimento. São atingidas tanto a articulação femoropatelar (mais precocemente) como a femorotibial (medial ou lateral). Os sintomas variam em função da gravidade das lesões: a dor, a princípio, aparece quando a articulação é utilizada mais intensamente; à medida que o processo se agrava, ela surge após pequenos esforços e até mesmo em repouso, sendo característica, muitas vezes, a queixa de dor ao se levantar de uma cadeira, com melhora após alguns passos. Nos casos mais graves, verifica-se limitação da mobilidade articular, calor e derrame. A limitação da extensão do joelho e a bilateralidade do processo são causas significativas de incapacidade. Andressa – P2B – 2020.2 T R A T A M E N T O S - Não medicamentoso: exercícios/fisioterapia/fortalecimento muscular/ redução de peso - Tratamento farmacológico: • Fármacos sintomáticos de curta duração: analgésicos, anti-inflamatórios não hormonais [AINHs] e opioides. • Fármacos de ação lenta na AO: nesse grupo incluem-se os fármacos sintomáticos de ação lenta e aqueles com potencial modificador do curso de doença Condroprotetores a associação de sulfato de glucosamina e sulfato de condroitina reduziu a perda de espaço articular medida por radiografia em pacientes com OA de joelhos e teria preservado a cartilagem avaliada por ressonância magnética, comparada ao uso de placebo. Farmacoterapia O paracetamol é o analgésico não opioide mais utilizado, seguro contra eventos gastrointestinais e cardiológicos quando comparados aos anti-inflamatórios convencionais e COX-2 seletivos. Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são recomendados para pacientes com quadro de artrite e devem ser utilizados pelo menor período de tempo possível. Os anti-inflamatórios são preferidos pelos pacientes quando comparados ao paracetamol se questionados quanto à redução da dor e melhora do status geral de suas articulações. ibuprofeno, diclofenaco A injeção intra-articular de corticosteroides está indicada especialmente nos pacientes com eixo do joelho neutro, sem sintomas mecânicos em que um período curto de alívio sintomático é necessário benzetacil Condroproteção: O sulfato de glucosamina, 1.500 mg diários, reduz a dor e diminui a progressão do estreitamento articular quando comparado ao placebo. Seu mecanismo de ação parece reduzir a síntese de metaloproteinases pela cartilagem hialina, além de promover down regulation nos receptores para a interleucina-1 e óxido nítrico, além de aumento da síntese de proteoglicanas, glicosaminoglicanas e ácido hialurônico. Viscossuplementação: A injeção de ácido hialurônico é uma opção que proporciona não só mudança nas propriedades físicas do líquido articular, mas também tem efeitos analgésicos. É fundamental realizar a aspiração do líquido articular antes de injetar a solução. No quadril, deve ser feita com auxílio do intensificador de imagens. OBS: Suplemento alimentar colágeno hidrolisado: estimula a produção de glicosaminoglicanos Anti-inflamatório de longa duração: Colágenos não hidrolisado: Imunomodulador: quando passa pelo intestino impede que o sistema imune reconheça o colágeno e diminui a inflamação. ‼Tratamento envolve várias coisas... PRIMEIRA LINHA: fisioterapia fortalecimento muscular SEGUNDA FASE: Se tiver dor fisioterapia + analgésico analgésico sempre, anti-inflamatório apenas em crises Em crise fisioterapia + analgésico + anti-inflamatório Joelho com derrame injeção de triancinolona e volta para a primeira linha: fisio+analgésico Joelho sem derrame: ácido hialurônico lubrificante TERCEIRA FASE: Cirurgia
Compartilhar