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Anamnese do Sistema Digestório

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–
 
Anamnese (aná = trazer de novo e mnesis = 
memória) significa trazer de volta à mente todos 
os fatos relacionados com a doença e a pessoa 
doente. 
A anamnese é classicamente composta pelos 
seguintes tópicos: identificação, queixa principal, 
história da doença atual (HDA), interrogatório 
sistemático ou sintomatológico (IS), antecedentes 
(pessoais e familiares), hábitos de vida e história 
psicossocial (condições socioeconômicas e 
culturais). 
A identificação é o perfil sociodemográfico do 
paciente que permite a interpretação de dados 
individuais e outros aspectos relacionados a ele. 
São elementos obrigatórios da identificação do 
paciente: nome, idade, sexo, cor/etnia, estado 
civil, ocupação, escolaridade, religião, 
naturalidade e procedência e grau de 
confiabilidade. 
O que não pode faltar? 
• O registro do nome do paciente deve ser 
completo, sem abreviações. 
• A idade é quantificada em dias ou meses, 
no caso de crianças abaixo de 1 ano de 
idade, e em anos, no caso de indivíduos 
acima de 1 ano de vida. 
• O registro do sexo biológico é feito como 
masculino ou feminino. No entanto, o 
gênero pode diferer do sexo biológico e 
também deve constar na identificação. 
• O registro da cor/etnia deve basear-se na 
autodeclaração do paciente e recomenda-
se usar a seguinte nomenclatura: cor 
branca, cor parda, cor preta, etnia 
indígena, etnia asiática, entre outras. 
• A ocupação refere-se à atividade produtiva 
que o paciente exerce no dia a dia. É 
importante também referir o local e as 
condições de trabalho. 
• A escolaridade e a religião são infor-
mações importantes da identificação, uma 
vez que interferem diretamente na vida do 
paciente e na sua relação com 
determinadas situações e doenças. 
• A naturalidade é o local onde o paciente 
nasceu e a procedência refere-se ao local 
de residência atual do paciente. 
 
Neste item, registra-se a queixa principal ou o 
motivo que levou o paciente a procurar o médico, 
repetindo, se possível, as expressões por ele utili-
zadas. 
É uma afirmação breve e espontânea, geralmente 
um sinal ou um sintoma, nas próprias palavras da 
pessoa, que é o motivo da consulta. Geralmente, 
é uma anotação entre aspas para indicar que se 
trata das palavras exatas do paciente. 
Cada sintoma principal deve ser bem 
caracterizado e deve incluir os 7 atributos de um 
sintoma: (1) localização; (2) características; (3) 
quantidade ou intensidade; (4) cronologia, in-
clusive início, duração e frequência; (5) a situação 
em que ocorre; (6) os fatores que agravam ou 
aliviam o sintoma; e (7) as manifestações 
associadas. 
Principais queixas do sistema digestório: 
➢ 
Define-se disfagia como dificuldade à deglutição. 
A disfagia que ocorre nas duas primeiras fases da 
–
 
deglutição é chamada de bucofaríngea, alta ou de 
transferência, e a disfagia da terceira fase da 
deglutição, de disfagia esofágica, baixa ou de 
transporte. 
A disfagia bucofaríngea pode ser facilmente 
reconhecida: o alimento permanece no todo ou 
em parte na cavidade bucal após a tentativa de 
deglutição, podendo haver aspiração para a árvore 
traqueobrônquica, seguida de tosse, ou 
regurgitação nasal. 
Na disfagia esofágica, o paciente tem a sensação 
de parada do bolo alimentar no esôfago, embora 
não possa localizar precisamente o nível da 
obstrução. Ela pode ocorrer devido a uma 
obstrução de natureza orgânica ou a alterações 
motoras; 
➢ 
A odinofagia, dor que surge com a ingestão de 
alimentos, pode ocorrer como sintoma isolado, 
porém comumente está associada à disfagia. O 
caráter da dor é variável, sendo referida como dor 
urente, em punhalada, constritiva ou 
espasmódica. A dor urente representa grau mais 
intenso da pirose e é frequente na esofagite 
péptica, sendo exacerbada pela ingestão de 
alimentos ácidos ou condimentados. 
Nos distúrbios motores esofágicos, a odinofagia se 
deve a contrações musculares de maior 
intensidade no esôfago distal ou a lesões 
associadas da mucosa. 
➢ 
Significa obstrução esofágica completa, que, em 
geral, se deve a impactação do bolo alimentar e 
representa uma emergência médica. 
➢ 
A fagofobia é o medo de deglutir, que pode 
ocorrer em casos de histeria, tétano, raiva e 
paralisia faríngea. Geralmente desencadeado por 
medo de aspiração de alimentos ou comprimidos. 
➢ 
Comumente referida pelo paciente 
como azia, queimor ou queimação, é o principal 
sintoma do refluxo gastresofágico. Na maioria das 
vezes, é de localização retroesternal, sendo 
percebida no nível do apêndice xifoide, podendo 
propagar-se para a região epigástrica, para ambos 
os lados do tórax ou, mais comumente, em direção 
ascendente, até o nível do manúbrio esternal. 
Ocorre, quase sempre, após as refeições e pode 
ser desencadeada por determinados alimentos 
como frituras, bebidas alcoólicas, café, frutas 
cítricas e chocolate, ou pela posição de decúbito. 
Acompanha-se, às vezes, de regurgitação de 
pequenas quantidades de líquido de sabor azedo 
ou amargo. 
A pirose constante sugere insuficiência do 
mecanismo impediente do refluxo, cujas causas 
mais comuns são o relaxamento transitório do 
esfíncter inferior do esôfago, a hérnia hiatal e a 
hipotonia do esfíncter inferior do esôfago. 
➢ 
A dor esofágica “espontânea” distingue-se da 
odinofagia por não depender do ato de ingerir 
alimento, podendo, todavia, com ela coexistir. A 
dor espontânea pode ser causada por mudanças 
do pH intraluminal, atividade motora anormal ou 
processos inflamatórios ou neoplásicos da parede 
esofágica. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: De modo geral, a 
disfagia que se manifesta somente para sólidos é 
sugestiva de obstáculo mecânico, ao passo que a 
disfagia que ocorre tanto com alimentos sólidos 
como líquidos indica alteração da motilidade 
esofágica. É importante considerar a evolução da 
disfagia. Nas obstruções de natureza orgânica, a 
disfagia é intermitente nas membranas e anéis, e 
progressiva nas neoplasias e nas estenoses 
pépticas. Nos distúrbios motores do esôfago, a 
disfagia é intermitente no espasmo difuso e 
progressiva no megaesôfago ou acalasia. Disfagia 
transitória pode ser provocada por processos 
inflamatórios. 
 
–
 
O caráter da dor varia em função da doença-base. 
➢ 
Entende-se por regurgitação a volta do alimento 
ou de secreções contidas no esôfago ou estômago 
à cavidade bucal, sem náuseas e sem a 
participação dos músculos abdominais. A 
regurgitação de pequena quantidade de líquido, 
pela manhã, é chamada de pituíta. 
➢ 
A hematêmese ou vômito com sangue caracteriza 
a hemorragia digestiva alta, assim entendida 
aquela em que a sede do sangramento se localiza 
desde a boca até o ângulo de Treitz (transição 
duodenojejunal). 
A causa mais comum de sangramento são as 
varizes do esôfago. Na maioria das vezes é 
volumosa e contém sangue, ainda não alterado 
por ação do suco gástrico. 
Hematêmese de menor volume, de origem 
esofágica, pode ocorrer no câncer do esôfago e 
nas úlceras esofágicas. 
➢ 
É o sintoma mais frequente das doenças do 
estômago e duodeno. A dor visceral do estômago 
e do bulbo duodenal é percebida na linha mediana 
do epigástrio, poucos centímetros abaixo do 
apêndice xifoide. Esta é a localização indicada pela 
maioria dos pacientes com úlcera péptica. 
Também a exibem, menos frequentemente, 
pacientes com gastrite e câncer gástrico. 
➢ 
Trata-se de um grupo heterogêneo de sintomas 
localizados no andar superior do abdome, na 
maior parte das vezes na região epigástrica, 
atribuídos a alterações gastroduodenais. 
Pode ser definida pela presença de um ou mais dos 
seguintes sintomas: plenitude pós-prandial, 
saciedade precoce, epigastralgia e queimação 
epigástrica. Tais manifestações podem ou não vir 
acompanhadas de outros sintomas 
gastrintestinais, como eructações, náuseas e 
vômito. 
Podem ser causados por doenças estruturais 
(gastrite, úlcera péptica, neoplasias), metabólicas 
(gastroparesia) e funcionais (quando nenhuma 
causa orgânica reconhecível justifica a 
sintomatologia).➢ 
Plenitude pós-prandial é a sensação de 
persistência prolongada de alimentos no 
estômago após uma refeição, gerando 
desconforto. 
A saciedade precoce é definida como a sensação 
de que o estômago está cheio logo após o início de 
uma refeição, impedindo que seja terminada. 
Podem estar presentes de forma isolada ou 
acompanhando a dor epigástrica. 
➢ 
São manifestações comuns das doenças do 
estômago e do duodeno. 
As náuseas são definidas como uma sensação 
desagradável relacionada à necessidade iminente 
de vomitar, localizada no epigástrio ou na 
garganta. O vômito é caracterizado pela expulsão 
forçada do conteúdo gástrico ou intestinal pela 
boca, associado à contração dos músculos 
abdominais e torácicos. 
A ocorrência de vômitos acompanhando as crises 
dolorosas não denota necessariamente obstrução 
do trato de saída do estômago. 
Quantidades elevadas de bile no vômito sugerem 
obstrução intestinal alta. Quando há sangue 
(hematêmese), isto denota sangramento a 
montante do ângulo de Treitz e pode 
corresponder a hemorragia proveniente de úlcera 
péptica ou câncer gástrico. 
É importante enfatizar que náuseas e vômito 
frequentemente têm origem extradigestiva. De 
fato, podem ser causados por doenças sistêmicas 
tão diversas como intoxicações exógenas, 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA DOR: O 
diagnóstico diferencial deve ser feito com dor de 
origem não dispéptica, como litíase biliar, 
pancreatite, tumor de pâncreas, parasitoses, 
isquemia mesentérica e doenças não abdominais 
como infarto agudo do miocárdio e pneumonia. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: A dor esofágica pode 
ser confundida com dor cardíaca da insuficiência 
coronariana. A avaliação clínica pode necessitar de 
exames como a endoscopia digestiva alta e a 
manometria, bem como uma completa investigação 
cardiológica, tendo em vista que ambas as condições 
podem coexistir, sobretudo em pacientes idosos. 
–
 
afecções do sistema nervoso central, infarto do 
miocárdio, litíase e insuficiência renal, infecções 
de diferentes naturezas e hipertireoidismo. 
➢ 
A diarreia é a manifestação mais comum das 
doenças do intestino delgado, definida como 
aumento do teor líquido das fezes, 
frequentemente associado ao aumento do 
número das evacuações e do volume fecal (maior 
que 200 g em 24 horas). 
 
- MECANISMOS DA DIARREIA: 
■ Aumento da pressão osmótica do conteúdo 
intraluminal (diarreia osmótica). O acúmulo de 
substâncias não absorvíveis no intestino delgado 
pode determinar retardo da absorção de água e 
eletrólitos ou passagem de líquidos do meio 
interno para o lúmen intestinal. Este tipo de 
diarreia aparece quando há defeito na digestão 
ou na absorção de nutrientes, como se observa 
na síndrome de má absorção e na deficiência das 
dissacaridases (lactase, frutase ou sacarase) ou 
na ingesta de nutrientes mal absorvidos, como 
magnésio, manitol, sorbitol. 
■ Aumento da secreção de água e eletrólitos 
pela mucosa intestinal (diarreia secretora). Este 
mecanismo ocorre mais comumente quando há 
estímulos à síntese de monofosfato de adenosina 
(AMP) cíclico intracelular, por ação de 
enterotoxinas bacterianas (Vibrio cholerae, 
Escherichia coli) e por alguns medicamentos 
(teofilina, prostaglandinas). Pode ocorrer ainda 
por ação hormonal, como nos tumores 
neuroendócrinos produtores de serotonina ou 
peptídio vasointestinal ativo (VIP). 
■ Aumento da permeabilidade da mucosa 
intestinal (diarreia exsudativa). Alterações 
inflamatórias, neoplásicas ou isquêmicas na 
mucosa intestinal resultam em passagem 
anormal de líquidos do meio interno para o 
lúmen do intestino delgado. São exemplos a 
diarreia das doenças inflamatórias e dos linfomas 
difusos do intestino delgado. 
■ Alteração da motilidade do intestino delgado 
(diarreia motora). Este mecanismo ocorre 
quando há uma alteração capaz de modificar o 
padrão normal do trânsito no intestino delgado. 
São exemplos o hipertireoidismo e a diarreia 
funcional, condições nas quais o trânsito pelo 
intestino delgado é acelerado. 
É importante diferenciar a diarreia verdadeira de 
diarreia paradoxal (ocorre especialmente em 
idosos, em que pequenas porções de fezes líquidas 
extravasam ao redor de um fecaloma) e 
incontinência fecal (incapacidade de controlar a 
eliminação de fezes). Sempre que tiver 
oportunidade, o médico deve examiná-las 
pessoalmente. 
A determinação da duração do processo diarreico 
é muito útil, em especial para estabelecer o 
diagnóstico etiológico. 
São classificadas como agudas quando duram 
menos de 14 dias (e tendem a ter etiologia 
bacteriana, viral, alérgica ou por toxina), crônicas, 
se duram mais que 1 mês (tendem a ser não 
infecciosas), e subagudas, entre 15 e 30 dias. 
- CARACTERÍSTICAS SEMIOLÓGICAS DA 
DIARREIA: 
Os dados relativos ao volume, consistência e 
aspecto das fezes, bem como à frequência das 
evacuações, são fundamentais para que se 
conclua se há acometimento exclusivo ou 
predominante do intestino delgado. 
Nestes casos, as dejeções costumam ser 
volumosas e amolecidas, quando não 
francamente líquidas ou semilíquidas. 
O volume aumentado das fezes pode ser aparente, 
quer em cada evacuação, quer quando se calcula 
o volume de 24 horas. Sua frequência está 
aumentada, mas dificilmente alcança a que se 
observa nas afecções inflamatórias das porções 
mais distais do intestino grosso. 
São comuns as modificações do aspecto das fezes, 
que podem estar mais claras, brilhantes, leves e 
espumosas. 
As evacuações podem se acompanhar da 
eliminação de grande quantidade de gases, o que 
confere um caráter “explosivo” às dejeções. 
Muitas vezes são precedidas de cólicas 
abdominais, de localização periumbilical, ou de 
dor difusa, a qual predomina no hemiabdome 
direito. 
A presença de sangue sugere etiologia 
inflamatória, assim como a presença de pus. 
Dejeções líquidas, sem características invasivas ou 
–
 
aspecto de esteatorreia sugerem etiologia 
secretora ou osmótica, sendo que a segunda 
melhora com jejum e a primeira, não. 
➢ 
Em condições normais, o aumento do consumo de 
lipídios não acarreta a elevação da gordura fecal, 
traduzindo a enorme capacidade do organismo de 
promover a digestão e a absorção dos nutrientes, 
em geral, e das gorduras, em particular. 
A esteatorreia é definida como o aumento da 
quantidade de gordura excretada nas fezes (mais 
de 7 g de gordura ou 9% do consumo, em 24 
horas). 
Essa condição pode ser decorrente de vários 
mecanismos, os quais se relacionam com má 
absorção exclusiva do componente lipídico da 
alimentação ou de todos os macronutrientes: 
hidratos de carbono, proteínas e gorduras. Pode 
ser completamente inaparente, o que é mais 
provável de acontecer quando o aumento da 
excreção fecal de gorduras é de pouca monta. 
➢ 
A dor abdominal é sintoma comum das doenças 
do intestino delgado. 
Na caracterização semiológica da dor abdominal, 
é importante considerar a localização, a 
irradiação, a intensidade, o modo de início, as 
variações cronológicas, os fatores de melhora e de 
piora e as manifestações associadas. 
Quando a dor tem origem exclusiva no intestino, 
sem que haja participação peritoneal, a sua 
localização é, em geral, imprecisa, sendo indicada 
pelo paciente em algum ponto próximo da região 
umbilical. 
Quando há comprometimento dos segmentos 
mais distais do íleo, ela se localiza um pouco 
abaixo da cicatriz umbilical, entre o mesogástrio e 
o hipogástrio. Se sua origem for no íleo terminal, é 
percebida no quadrante inferior direito. Quando 
decorre de uma peritonite restrita, sua localização 
corresponde ao local da sede do processo 
inflamatório. 
Por fim, quando há peritonite generalizada, ela é 
sentida difusamente por todo este local. 
 
A irradiação da dor para outros locais depende do 
mecanismo etiopatogênico e da intensidade da 
estimulação dolorosa. Quando é motivada por 
distensão das paredes do intestino ou por 
contração vigorosa da sua musculatura, a dor é 
irradiada para o dorso somente se o estímulo for 
muito intenso.Quando há peritonite restrita, 
produzindo dor que se localiza em um ou outro 
quadrante inferior do abdome, pode haver 
irradiação para a base da coxa, 
independentemente da intensidade do estímulo 
doloroso. 
 
A avaliação da intensidade da dor nem sempre é 
fácil, dado o seu caráter subjetivo. Depende da 
sensibilidade de cada pessoa e da natureza e da 
intensidade do processo patológico. Influem 
também os estados físico e emocional do 
paciente, se há outros sintomas e o efeito de 
medicamentos usados. Alguns indicadores da 
intensidade da dor são: mudanças importantes na 
vida do paciente, diminuição da capacidade de 
exercer as atividades usuais, interesse em 
procurar tratamento sintomático ou atendimento 
–
 
médico e necessidade de uso de analgésicos 
injetáveis. 
A ocorrência de manifestações autonômicas, 
como náuseas, vômito, sudorese, palidez cutânea 
e inquietude, indica dor abdominal intensa. 
É preciso se lembrar de obter dados sobre a 
natureza ou caráter da dor. A dor visceral, 
originada da distensão ou da contração das 
paredes musculares do intestino, costuma ser 
descrita como tendo caráter de “distensão” ou 
“torção”. Quando há alterações inflamatórias, 
congestivas ou isquêmicas, é possível que se 
apliquem as designações “constrição” ou “peso”. 
Sensações semelhantes a “queimação” ou 
“pontada” podem ser empregadas quando há 
participação do peritônio perivisceral no processo 
inflamatório. 
O modo de início, abrupto ou vagaroso, pode 
auxiliar na descoberta da natureza do processo 
patológico. A duração de todo o quadro, 
permitindo sua caracterização como agudo, 
subagudo, crônico, redicivante, guarda relação 
direta com a evolução das várias doenças do 
intestino delgado. 
Contribuem, também, para o reconhecimento das 
causas de dor abdominal as modificações deste 
sintoma em função das mudanças de posição do 
paciente. Quando a dor é gerada exclusiva ou 
predominantemente em segmentos do intestino, 
sem que haja comprometimento do peritônio, o 
paciente tende a movimentar-se intensamente, à 
procura de posições mais confortáveis, fletindo o 
tronco ou comprimindo o abdome com as mãos. 
De modo diferente, quando a dor provém de 
inflamação do peritônio, o paciente tende a ficar 
imóvel e quieto, pois os movimentos de flexão do 
tronco ou a compressão do abdome com as mãos 
costumam piorar a dor. O mesmo acontece com a 
tosse ou a movimentação brusca para sentar-se ou 
mudar de posição. 
Outros dados de interesse são os efeitos da 
alimentação sobre a dor e a ocorrência 
concomitante de vômitos, distensão abdominal, 
meteorismo e modificações na eliminação de 
gases e fezes. 
Quanto à alimentação, deve-se ficar atento para o 
fato de que, na maioria das vezes, há diminuição 
significativa da vontade de comer durante os 
episódios de dor, independentemente da causa 
que os origine. Quando está diretamente 
relacionada com o comprometimento do tubo 
digestório, a alimentação pode desencadear ou 
agravar a dor, o que nem sempre ocorre quando 
ela advém de inflamação peritoneal ou de uma 
afecção não ligada ao tubo digestivo. 
➢ 
Em grande número de doenças do intestino 
delgado, em especial nas associadas à má 
absorção, pode ocorrer um conjunto de sintomas 
indicativos de repleção abdominal, provocados 
por aumento do conteúdo gasoso do tubo 
digestivo. Estes sintomas, em geral, apresentam-
se junto com diarreia, esteatorreia ou dor 
abdominal, mas também podem ocorrer 
isoladamente. 
- SINTOMAS DISPÉPTICOS: 
Sintomas dispépticos são sensações 
desagradáveis, de natureza variada, atribuíveis às 
porções proximais do tubo digestório (estômago e 
duodeno). Frequentemente, ocorrem em 
associações diversas que incluem eructações, 
desconforto ou dor localizados no epigástrio, 
saciedade precoce, plenitude ou empachamento 
pós-prandial e náuseas, acompanhadas ou não de 
vômito. 
Estes sintomas são produzidos por vários 
mecanismos etiopatogênicos, destacando-se o 
aumento do conteúdo líquido do intestino 
delgado, má absorção ou deficiência de propulsão, 
e excesso de gases pela fermentação bacteriana 
de açúcares não absorvidos. 
➢ 
A hemorragia digestiva, embora não seja 
manifestação comum das doenças do intestino 
delgado, tem importância no diagnóstico 
etiológico e no prognóstico do paciente. 
A hemorragia digestiva, embora não seja 
manifestação comum das doenças do intestino 
delgado, tem importância no diagnóstico 
etiológico e no prognóstico do paciente. 
Quase sempre o sangramento no intestino 
delgado provoca aumento do teor líquido das 
fezes. Daí ser comum a associação de melena com 
amolecimento das fezes e aumento do número de 
evacuações ou com diarreia exuberante. Junto 
–
 
com a mudança da cor e da consistência, costuma 
haver modificação do aspecto das fezes, que ficam 
mais viscosas e aderentes. Nesse caso, os 
pacientes se referem à eliminação de “graxa” ou 
“cola” pretas. Quase invariavelmente, a melena 
apresenta outra característica peculiar: o odor 
pútrido. 
Menos comumente, a hemorragia no intestino 
delgado expressa-se por enterorragia, isto é, 
eliminação de sangue vivo pelo ânus. Mesmo 
quando o sangramento no intestino delgado se 
expressa por enterorragia, é provável que apareça 
também melena ou que o aspecto do sangue 
eliminado sugira algum grau de digestão. 
➢ 
A febre é manifestação comum nas doenças 
infecciosas, inflamatórias e neoplásicas do 
intestino delgado. Na maioria das vezes, 
apresenta-se junto com diarreia ou dor 
abdominal, mas, em certos casos, constitui 
manifestação isolada, precedendo em semanas ou 
meses o surgimento destas. 
A febre pode se associar ao quadro de hemorragia 
digestiva alta, e nesse contexto é frequentemente 
ignorada ou mal interpretada. Ela resulta, 
provavelmente, da absorção de substâncias 
pirogênicas produzidas pela digestão de sangue 
extravasado para o lúmen do tubo digestório. 
Febre alta, de início súbito, associada a mal-estar 
pode acompanhar a diarreia aguda, de curso 
benigno e autolimitado, cuja causa são as 
infecções bacterianas ou virais. Nas salmoneloses, 
a febre inicia-se vários dias após o aparecimento 
da diarreia, ou mesmo após esta ter cessado. 
Febre alta, junto com dor abdominal aguda e 
intensa, é quase constante na inflamação 
peritoneal própria da diverticulite ou dos períodos 
de reagudização da doença de Crohn. 
Febre baixa, episódica, coincidindo ou não com 
piora de outras manifestações, como a diarreia, 
pode ocorrer nas doenças celíaca, de Whipple, de 
Crohn e nos linfomas. Nestas neoplasias, em 
particular, a febre pode aparecer somente à noite 
e ser acompanhada de sudorese profusa. 
 
 
 
➢ 
A perda de peso é uma alteração comum nas 
doenças do intestino delgado, estando 
relacionada com alimentação deficiente, má 
absorção ou aumento do consumo metabólico. 
São essenciais informações corretas e detalhadas 
sobre a alimentação do paciente em relação à 
evolução do emagrecimento. A anamnese deve 
enfocar o apetite, a disposição para comer e as 
características da alimentação, incluindo 
quantidade e qualidade dos alimentos, número, 
tipo e horário das refeições. Quando as 
informações sugerem redução da ingestão, 
convém verificar se existem razões aparentes, tais 
como alterações do estado emocional, sintomas 
que se agravem pela alimentação, uso 
concomitante de medicamentos e falta de 
alimentos. 
➢ 
As doenças do intestino delgado podem provocar 
anemia, manifestada por palidez da pele, astenia, 
fraqueza muscular, fadiga ou cansaço, sonolência, 
irritabilidade, vertigens, zumbidos e percepção de 
“moscas volantes”. 
A anemia pode decorrer de deficiência de ferro, 
vitamina B12 e/ou folatos, desnutrição proteica, 
depressão “tóxica” da eritropoese e hemorragia 
digestiva. 
➢ 
É um sinal muito comum nas diversas doenças 
pancreáticas. A dosagem da bilirrubinemia mostra 
predomínio da fração direta, indicando colestase 
extra-hepática. 
Pode ser discreta e fugaz na pancreatite aguda, 
principalmente na forma edematosa,por uma das 
seguintes razões: (1) obstrução do colédoco 
terminal, determinando a icterícia e a própria 
pancreatite; (2) edema do tecido pancreático, 
comprimindo o colédoco intrapancreático e 
causando a icterícia ou contribuindo para o 
aumento da obstrução. 
Pode ser de grande intensidade, acompanhada 
de prurido, colúria e, às vezes, acolia fecal. Nesta 
eventualidade, a causa, quase sempre, é uma 
obstrução do colédoco terminal provocada por 
–
 
cistos ou neoplasias localizadas na porção cefálica 
do pâncreas, ocasionada por fibrose desta área, 
como na pancreatite crônica. 
 
O Interrogatório Sistemático (ou interrogatório 
sistêmico ou revisão dos sistemas) documenta a 
presença ou ausência de sintomas comuns rela-
cionados com cada um dos principais sistemas 
corporais. A principal utilidade prática do IS reside 
no fato de permitir ao médico levantar pos-
sibilidades e reconhecer enfermidades que não 
guardam relação com o quadro sintomatológico 
registrado na HDA. 
Associados ao sistema digestório: 
• Alterações do apetite: Polifagia ou 
hiperorexia; inapetência ou anorexia; 
perversão do apetite (geofagia ou outros 
tipos). 
• Sialorreia: Excessiva produção de secreção 
salivar. 
• Halitose: Mau hálito. 
• Dor: Dor de dente, nas glândulas salivares, 
na língua (glossalgia), na articulação 
temporomandibular. Trismo. 
• Ulcerações/Sangramento: Causa local ou 
doença do sistema hemopoético. 
Parede abdominal 
• Dor: Localização e outras características 
semiológicas. 
• Alterações da forma e do volume: 
Crescimento do abdome; hérnias; 
tumorações. 
Estômago 
• Dor: Localização na região epigástrica; 
outras características semiológicas. 
• Náuseas e vômitos: Horário em que 
aparecem; relação com a ingestão de 
alimentos; aspecto dos vômitos. 
• Dispepsia: Conjunto de sintomas 
constituído de desconforto epigástrico, 
empachamento, sensação de 
• distensão por gases, náuseas, intolerância 
a determinados alimentos. 
• Pirose: Sensação de queimação 
retroesternal. 
Intestino delgado 
• Diarreia: Duração; volume; consistência, 
aspecto e cheiro das fezes. 
• Esteatorreia: Aumento da quantidade de 
gorduras excretadas nas fezes. 
• Dor: Localização, contínua ou em cólicas. 
• Distensão abdominal, flatulência e 
dispepsia: Relação com ingestão de 
alimentos. 
• Hemorragia digestiva: Aspecto “em borra 
de café” (melena) ou sangue vivo nas fezes 
(enterorragia). 
Cólon, reto, ânus 
• Dor: Localização abdominal ou perianal; 
outras características semiológicas; 
tenesmo. 
• Diarreia: Diarreia baixa; aguda ou crônica; 
disenteria. 
• Obstipação intestinal: Duração; aspecto 
das fezes. 
• Sangramento anal: Relação com a 
defecação. 
• Prurido: Intensidade; horário em que 
predomina. 
• Distensão abdominal: Sensação de gases 
no abdome. 
• Náuseas e vômitos: Aspecto do vômito; 
vômitos fecaloides. 
Fígado e vias biliares 
• Dor: Dor contínua ou em cólica; localização 
no hipocôndrio direito; outras 
características semiológicas. 
• Icterícia: Intensidade; duração e evolução; 
cor da urina e das fezes; prurido. 
• 
–
 
Os antecedentes avaliam a condição de saúde 
passada e presente do paciente, conhecendo 
fatores pessoais (fisiológicos), patológicos e fami-
liares que influenciam seu processo saúde-
doença. 
Nos antecedentes pessoais é feito o registro dos 
principais acontecimentos considerados 
fisiológicos daquele indivíduo, como gestação e 
nascimento, desenvolvimento neuropsicomotor e 
desenvolvimento sexual. 
Nos antecedentes patológicos, investiga-se as 
doenças sofridas pelo paciente: começando-se 
pelas mais comuns na infância (sarampo, varicela, 
coqueluche, caxumba, moléstia reumática, 
amigdalites) e passando às da vida adulta 
(pneumonia, hepatite, malária, pleurite, 
tuberculose, hipertensão arterial, diabetes, 
artrose, osteoporose, litíase renal, gota, entre 
outras). 
Além disso, são investigadas alergias, cirurgias 
prévias (registrar a data, o tipo de cirurgia, o 
diagnóstico que a justificou e o nome do hospital 
onde foi realizada), histórico de traumatismo 
(indagar sobre o acidente em si e sobre as 
consequências deste) e transfusões sanguíneas 
(anotar número de transfusões, quando ocorreu, 
onde e por que). 
Para pacientes do sexo feminino, registra-se a 
história obstétrica da mesma: número de 
gestações (G); número de partos (P); número de 
abortos (A); número de prematuros e número de 
cesarianas (C). Para pacientes do sexo masculino, 
questiona-se o número de filhos. 
Encerra-se a investigação dos antecedentes 
patológicos questionando sobre as imunizações 
do paciente (qual vacina; época da aplicação/ 
doses) e os medicamentos em uso (nome, 
posologia, motivo, quem prescreveu). 
Os antecedentes familiares começam com a 
menção ao estado de saúde (quando vivos) dos 
pais, irmãos, cônjuge e filhos. Não esquecer dos 
avós, tios e primos do paciente. Se tiver algum 
doente na família, esclarecer a natureza da 
enfermidade. Em caso de falecimento, indagar a 
causa do óbito e a idade em que ocorreu. 
Pergunta-se sistematicamente sobre a existência 
de enxaqueca, diabetes, tuberculose, hipertensão 
arterial, câncer, doenças alérgicas, doença arterial 
coronariana, acidente vascular cerebral, 
dislipidemias, úlcera péptica, colelitíase e varizes, 
que são as doenças com caráter familiar mais co-
muns. Quando o paciente é portador de uma 
doença de caráter hereditário (hemofilia, anemia 
falciforme, rins policísticos, erros metabólicos), 
torna-se imprescindível um levantamento 
genealógico mais rigoroso e, nesse caso, recorre-
se às técnicas de investigação genética. 
 
Este item documenta o estilo de vida do paciente 
e suas hábitos de vida e é importante para 
abordagens terapêuticas não-farmacológicas. Os 
principais tópicos abordados são: 
Alimentação: discriminar sua alimentação 
habitual, especificando, tanto quanto possível, o 
tipo e a quantidade dos alimentos ingeridos. 
Ocupações anteriores: questionar e obter 
informações tanto da ocupação atual quanto das 
ocupações anteriores exercidas pelo paciente. 
Atividades físicas: questionar qual tipo de 
exercício físico realiza; frequência; duração; e 
tempo que pratica. 
Tabagismo: tipo, quantidade (carga tabágica), 
frequência, duração do vício; abstinência (se já 
tentou parar de fumar). 
Álcool: tipo de bebida e a quantidade 
habitualmente ingerida, frequência, duração do 
vício; abstinência (se já tentou parar de beber). 
 
Este item aborda as condições socioeconômicas e 
culturais do indíviduo e tem como objetivo 
principal, conhecer melhor o paciente fora do 
contexto da doença. As principais áreas abordadas 
–
 
são: habitação, família e relações pessoais, 
condição socioeconômica, lazer, entre outros. 
É comum iniciar essa parte da anamnese com 
questionamentos sobre as condições de moradia: 
se mora em casa ou apartamento, se a casa é feita 
de alvenaria ou não, qual a quantidade de 
cômodos, se conta com saneamento básico (água 
tratada e rede de esgoto), com coleta regular de 
lixo, se abriga animais domésticos, entre outros. 
Em seguida, aborda-se a questão familiar: 
relacionamento entre pais e filhos, entre irmãos e 
entre cônjuges. Neste momento, pode-se 
perguntar também sobre outras redes de apoios 
que o paciente possa vir a ter. 
Por fim, costuma-se indagar sobre o trabalho do 
paciente: situação profissional, rendimento 
mensal, se há dependência econômica de paren-
tes ou instituição. Além disso, pode-se perguntrar 
sobre o grau de escolaridade, religiosidade, 
tradições e crenças, comportamentos e hábitos 
alimentares.

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