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Professora: Zélia Luiza Pierdoná Aula 7 Novas fontes - § 4º do art. 195 da CF e emendas à Constituição Direito Previdenciário - Custeio Coordenação: Dr. Wagner Ballera 01 "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br A Constituição Federal de 1988 instituiu um sistema de proteção social denominado seguridade social, a qual compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Para garantir tais medidas protetivas, a Constituição prevê meios que correspondem ao financiamento da seguridade social, cuja responsabilidade, conforme o caput do art. 195, é de toda a sociedade de forma direta e indireta. A forma indireta é efetivada por meio dos recursos que as pessoas jurídicas de direito público interno destinarão dos seus orçamentos, compostos de receitas provenientes da tributação, a qual é suportada pela sociedade. Por isso, é que essa forma de financiamento é denominada "indireta". As parcelas dos recursos dos concursos de prognósticos promovidos pelo poder público também constituem financiamento indireto. Já na forma direta de financiamento, a participação da sociedade efetua-se por meio do pagamento das contribuições sociais, as quais estão arroladas nos incisos do art. 195 e no art. 239, ambos da Constituição Federal, além de outras fontes, que poderão ser instituídas por intermédio da competência residual, prevista no § 4º do art. 195 ou de previsão decorrente do poder constituinte reformador. O custeio da seguridade social deve ser compreendido no contexto do modelo de proteção social adotado pela CF de 1988. Conforme afirmamos acima, a atual proteção social é assegurada por meio da seguridade social, a qual compreende a previdência, a assistência e a saúde. No modelo anterior, o financiamento estava relacionado à remuneração do trabalho, contribuindo tanto o empregador como o trabalhador, constituindo-se em modelo de seguro social. A remuneração era o fator de produção que tinha maior expressão econômica. No entanto, esse quadro mudou, decrescendo o fator trabalho em face do aumento do capital, diminuindo proporcionalmente a receita sobre aquele fator. Assim, considerando as mudanças econômicas e a ampliação do sistema protetivo, a CF/88 estabeleceu o princípio da diversidade de bases de financiamento (art. 194, parágrafo único, VI). Diversificar significa utilizar outras bases, além da remuneração do trabalho, uma vez que esta somente já não é 02 suficiente para custear a totalidade dos benefícios de seguridade (conforme já referimos, no ordenamento anterior tínhamos a previdência social, com a Constituição de 88, o sistema protetivo foi ampliado para seguridade social, abrangendo, além da previdência, saúde e assistência). Para tanto, necessita de outros sinais de riqueza. A própria Constituição Federal já diversificou, ao preceituar, nos incisos do art. 195 e no art. 239, bases de cálculo distintas. Mas, além disso, permitiu diversificação ainda maior, pois prevê que se institua novas fontes, com base na competência residual prevista em seu art. 195 § 4º. Também têm sido utilizadas emendas constitucionais como instrumento para aumentar as bases de financiamento, e não apenas a competência residual mencionada ampliando a competência da União para instituir outras contribuições. O constituinte derivado já as utilizou quando atribuiu competência à União para instituir a contribuição provisória sobre movimentação financeira (Emendas Constitucionais nº 12/96, nº 21/99, 37/2002 e 42/2003); bem como, no caso da contribuição do importador (PIS/PASEP importação e COFINS - importação EC nº 42/2003). Esse mecanismo de ampliação da competência tributária, por meio de emendas tem sido criticado pela doutrina, como é o caso do Professor Roque Antônio Carrazza, que sustenta a impossibilidade da utilização dessa espécie normativa. o No entanto, o STF entende possível a mencionada ampliação via poder constituinte reformador. A seguir analisarmos as outras fontes, tanto a já prevista na Constituição (§ 4º do art. 195 competência residual) como a possibilidade da edição de emendas à constituição, o que inclusive já foi concretizado, conforme referido acima. Competência residual Além das bases já pressupostas na Constituição, o § 4º do art. 195 prevê a competência da União para instituir outras fontes de custeio da seguridade social, o mencionado dispositivo assim preceitua: "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br Art. 195 (...) § 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I". Parte da doutrina sustenta que "outras fontes" significa outras contribuições, enquanto que outros argumentam tratar-se de fonte diversa de contribuições, principalmente impostos, haja vista a determinação de observância dos requisitos estabelecidos no art. 154, I, da Constituição Federal. Discordamos disso, uma vez que o art. 167, IV, também da Constituição, proíbe a vinculação da receita dos impostos. Por outro lado, o que distingue as contribuições das demais espécies tributárias é justamente sua finalidade, o que nos leva a concluir que as "outras fontes" de que trata o artigo somente poderão ter natureza de contribuições de seguridade social. O STF, no Recurso Extraordinário nº 258470/RS, entendeu como necessário, para a criação de novas contribuições, apenas o requisito formal. Assim, basta a utilização de lei complementar, não sendo condição a inovação da base de cálculo e fato gerador, podendo, inclusive utilizar como base de cálculo e fato gerador situações já previstas para impostos. A novidade quanto aos dois itens referidos deve ser considerada em relação às contribuições de seguridade social. No entanto, ressaltamos que mencionada restrição é aplicada ao exercício da competência residual e não em relação ao PIS e COFINS, pois estas já estão pressupostas na Constituição (art. 195, I, "a" e art. 239). A competência prevista no § 4º do art. 195 da CF já foi exercida, quando da instituição da contribuição da empresa sobre os rendimentos pagos a administradores, trabalhadores autônomos e avulsos Lei Complementar nº 84/96. Porém, após a edição da Emenda Constitucional nº 20/98, as mencionadas contribuições passaram a ter como fundamento de validade o inciso I, alínea "a", do art. 195 e não mais seu § 4º, motivo pelo qual, a revogação da Lei Complementar nº 84/96 pela Lei nº 9.876/99 não viola a Constituição Federal. Emendas à Constituição Além da competência prevista no § 4º do art. 195 da Constituição Federal poderá ser autorizada a "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis(arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 03 04 criação de outras fontes, por meio da competência reformadora, já que o Congresso Nacional está investido do denominado "poder constituinte derivado", que lhe autoriza editar emendas à Constituição, desde que observados os requisitos estabelecidos no art. 60 da CF e não violados os preceitos do § 4º do mesmo artigo, que são as chamadas cláusulas pétreas. . A mencionada competência foi exercida para autoriza a instituição da CPMF (EC nº 12/96 e outras que a prorrogaram) e o PIS/PASEP-importação e COFINSimportação (EC nº 42/2003). A EC nº 42/03 acrescentou um novo inciso ao art. 195, nas ditas contribuições ordinárias - inciso IV "do importador". Com base na nova competência, foi editada a Medida Provisória nº 164/2004, a qual foi convertida na Lei nº 10.865/2004. Assim, foi instituída a contribuição para os programas de integração social e de formação do patrimônio do servidor público incidente na importação de produtos estrangeiros ou serviços PIS/PASEP - importação e a contribuição social para o financiamento da seguridade social devida pelo importador de bens estrangeiros ou serviços do exterior COFINS importador. Entendemos que essa previsão atribuída pela emenda constitucional referida, a qual ampliou a competência para instituir contribuições para a seguridade social, é o reverso da imunidade sobre receitas decorrentes de exportação, instituída pela EC nº 33/01, prevista no art. 149, § 2º, I, da CF. A CPMF - contribuição provisória sobre movimentação financeira, por sua vez, foi instituída com base na EC nº 12/96. Em razão de sua provisoriedade foi prorrogada três vezes. As Emendas Constitucionais nº 12/96, 21/99, 37/02 e 42/03 acrescentaram, respectivamente, o art. 74 aos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias ADCT, atribuindo competência à União para instituir a contribuição provisória sobre movimentação ou transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira CPMF; o art. 75, também aos ADCT, que prorrogou a cobrança dessa contribuição por trinta e seis meses; o art. 84 aos ADCT novamente prorrogou sua cobrança até 31-12-2004; e, finalmente, o art. 90, também prorrogou a contribuição ora em discussão até 31-12-2007. No §1º desse último dispositivo prorrogou a vigência da lei instituidora (Lei nº 9.311, de 24-10-96) e, no §2º determinou que a alíquota será de trinta e oito centésimos por cento até a data final da prorrogação. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br A destinação constitucional à saúde, determinada no § 3º do art. 74 dos ADCT, especifica a natureza jurídica da contribuição, uma vez que saúde é uma das áreas componentes do sistema de seguridade social, o que demonstra tratar-se de uma contribuição para a seguridade social. A EC nº 21/99, além da saúde, destinou recursos da CPMF também para a previdência, e a EC nº 37/02 destinou para a três áreas componentes da seguridade social, uma vez que, além da saúde e previdência, destinou recursos para o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, portanto à assistência social. A EC nº 42/03 apenas a prorrogou, tendo, com isso, mantido a destinação da EC nº 37/02. Como o Congresso Nacional detém competência para editar emendas à constituição, após a sua edição, ela passa a ser texto constitucional; portanto, não mais se trata de outras fontes, na forma do § 4º do art. 195 da Constituição de 1988, mas de uma competência nominada. Isso equivaleria a acrescentar um novo inciso ao art. 195 da Constituição, o que inclusive corrobora o entendimento da necessidade de observância das regras estabelecidas no artigo referido. No caso específico da CPMF, o mencionado procedimento não se justifica, dada a provisoriedade da referida contribuição, apesar de ter sido prorrogada pelas Emendas Constitucionais nº 21/99, 37/02 e 42/03. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 05
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