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Maria Carolina B. de Castro DOENÇAS NUTRICIONAIS • Relativamente comum a casuística, principalmente em pets mantidos em cativeiro em ambiente doméstico. • Deve-se ter noção dos diferentes processos digestórios de cada espécie. • O requerimento nutricional de cada espécie é a base para que se estabeleça dietas e busque os microelementos necessários para manter cada paciente. • A ausência de nutrientes necessários leva as células a deficiências, alterações metabólicas e estruturais, e por consequência a funcionalidade dos órgãos. • Importante identificar os animais, taxonomia, saber o que e como o animal come, se é mantido em cativeiro ou vida livre. • Identificar o comportamento alimentar de cada animal. • Os cardápios e dietas em cativeiro são estabelecidos a partir do conhecimento dos hábitos alimentares na natureza. • A extrapolação de dietas de espécies do mesmo grupo em alguns casos ocorre. • O grande desafio é alimentar a nutrir o animal em cativeiro, transferir para o cativeiro a qualidade das exigências nutricionais encontradas na natureza. • Preservar o máximo possível as características do comportamento alimentar. • Avaliar sempre no cativeiro o gasto e a necessidade energética do animal, bem como grau de atividade e movimentação, fase evolutiva em que o indivíduo está (filhote, adulto, senil) e se está em fase de reprodução. Deficiências calórico-proteicas • Baixo consumo de alimentos (poucas calorias, poucos aminoácidos). • Observam-se efeitos específicos para cada tecido e generalizados conforme a demora na correção da dieta. • Animal não se desenvolve direito. • Decréscimo progressivo das funções do sistema imune. Doença ósseo metabólica Síndrome metabólica relacionada aos seguintes fatores: • Dietas inadequadas com prolongada deficiência de cálcio. • Fornecimento de fonte proteica com relação cálcio e fósforo desequilibrada (carne bovina, por exemplo). • Deficiência de vitamina D na dieta. • Exposição inadequada à luz ultravioleta. • Doença primária renal, hepática ou intestinal. • Acontece com aves, répteis e mamíferos. • Animal tomando sol por meio de uma vidraça filtra os raios UV, então a síntese da vitamina D acaba não sendo tão eficiente. OSTEODISTROFIAS Osteopenias - Osteoporose: Perda de tecido ósseo devido a produção de tecido osteoide reduzida. Diminuição de proteínas → diminuição de produção de tecido osteoide → diminuição do tecido ósseo. - Raquitismo: Comum em filhotes. Diminuição da mineralização de tecido osteoide, como consequência da deficiência de vitamina D → alterações na cartilagem de crescimento. - Osteomalacia: Não mineralização dos tecidos osteoides decorrentes da falta de fósforo ou deficiência de vitamina D → baixa deposição de hidroxiapatita. Alteração de consistência e textura dos ossos, ficam parecidos com ossos de borracha. - Osteodistrofia fibrosa: Desmineralização com retirada de cálcio dos ossos mediada pelo paratormônio → tecido ósseo preenchido por tecido conjuntivo fibroso. É o Hiperparatireoidismo nutricional secundário. Mais frequente em filhotes mantidos em cativeiro. Osteomegalias • Ligadas a manejo incorreto (falta de exercício), supernutrição e crescimento exagerado, filhotes com dieta com excesso de cálcio. • É mais comum em aves. - Condrodistrofia: desvio angular das patas, afeta mais aves (anseriformes, galiformes, ratitas. Ocorre o encurtamento e espessamento da tíbia, desvio de tendão gastrocnêmio fora dos condilos da articulação tibiotarsica. • Na doença ósseo metabólica, um dos principais sinais é a fragilidade óssea. Acabam ocorrendo fraturas espontâneas (galho verde), arqueamento dos ossos largos (úmero, fêmur), mandíbula flexível ou mandíbula de borracha (répteis e primatas), alterações ósseas na coluna vertebral (escoliose, cifose e lordose), paralisia e relutância em movimentar-se, tetania hipocalcêmica, diminuição da radiopacidade óssea nos exames radiográficos. • Em répteis, os sinais clínicos observados são alterações no formato e amolecimento da carapaça e plastrão, e iguanas demonstram mais mandíbula de borracha. • Em mamíferos, os sinais clínicos observados são catarata e estrabismo, deformidade das pernas (cruzamento), deformidade na coluna vertebral e ossos da bacia, manifestações dolorosas à palpação de articulações, claudicação e achinelamentos, fratura em galho verde. • Em aves, os sinais clínicos observados são semelhantes a répteis e mamíferos. Elas são bem sensíveis à essa síndrome. A queda na produção de ovos e muda de penas é evidente. Ocorre mais em aves com alimentação alta em gordura, sementes oleoginosas como girassol. Alterações radiológicas • RX é fundamental pra fechar o diagnóstico de doença óssea metabólica. • Varia por idade, espécie, grau de deficiência, tempo de deficiência, presença de doença concomitante. • Ocorre diminuição da densidade cortical. • Alterações observadas em quadros avançados da doença (fraturas espontâneas, dificuldade de mobilidade). • Alteração dos padrões ósseos trabeculares. • Em casos pouco acentuados não deve ser a principal pesquisa diagnóstica, mas não deve ser descartada. Tratamento • Corrigir a dieta, o manejo alimentar. • Correção dos níveis de cálcio e fósforo e vitamina D na dieta. • Promover exposição adequada a luz ultravioleta. • Determinar etiologia de possíveis doenças renais ou hepáticas. • Suplementação de vitaminas e minerais. Vitamina A • Hipovitaminose ou Hipervitaminose. • As funções da vitamina A são: manutenção estrutural de células epiteliais, formação da rodopsina ou púrpura visual, manutenção de imunocompetência (síntese de glicoproteínas), participação na atividade osteoblástica. Hipovitaminose A • Nos epitélios, aparecem sinais clínicos de metaplasia escamosa (pele, mucosa intestinal e conjuntival, epitélio respiratório e glândulas salivares). • Nos olhos, aparecem sinais clínicos de xenoftalmia (ressecamento, neovascularização da córnea, opacidade, infecções). • Tratamento está na correção da dieta, investigação de composição e qualidade da dieta, prevenção de infecções secundárias e administração de suplemento de vit A. Aves • Sinais clínicos de imunidade humoral e celular baixas, infecções respiratórias (sinusite, coriza), problemas reprodutivos, estomatites, falha no empenamento, arrancamento de penas. Répteis • Sinais clínicos de edema de estruturas anexas aos olhos (podem aparecer caseos subpalpebrais), anorexia, emaciação, estomatites, infecções respiratórias, imunossupressão. Hipervitaminose A • Normalmente é iatrogênica. • Superdosagem de vitamina A pode ser tóxica para quelônios. • Leva a desprendimento de escamas, fragilidade da epiderme, eritema e vesículas. • Em mamíferos, observa-se dermatopatias com maior frequência. Hipovitaminose B • Hipovitaminose B1 (tiamina) acontece em cativeiro muitas vezes pelo consumo de peixe congelado (possui uma enzima chamada tiaminase que inativa a tiamina). - Sinais clínicos: Emagrecimento, anorexia, transtornos gastrointestinais, sinais neurológicos (paralisia muscular, opistótono, incoordenação, tremores musculares. - Diagnóstico diferencial: Traumas e doenças neurológicas - Tratamento: Suplementação com vitamina B1, injetável ou oral. Hipovitaminose C • A vitamina C é necessária para diversas reações enzimáticas, como hidroxilação da prolina em colágeno). • Alguns animais tem a capacidade de sintetizar a vitamina C a partir da glicose (rins e fígado), porém a maioria dos primatas, roedores e aves são incapazes. - Sinais clínicos: Fragilidade do tecido gengival (hemorragias), predisposição a infecções secundárias, anemia, redução de ferro sérico, fragilidade da derme e epiderme (diminuição da síntese de colágeno). • Em lagartos e serpentes, quando se vê estomatiteulcerativa, normalmente entra com vitamina C. • Em mamíferos primatas, pode apresentar escorbuto (leva a fragilidade de células vascular e consequentemente hemorragia gengival), anemia, perda de tecido ósseo, fratura patológica, exoftalmia. Hipovitaminose K • Prestar atenção especial aos tamanduás, que apresentam deficiência de vitamina K. Um dos sinais que sugere é hemorragia difusa nos membros, focinho e ao redor dos olhos. • Importante nos processos de coagulação sanguínea. • Deve fazer suplementação. Gota úrica • Resultantes finais do metabolismo proteico, ácido úrico e sais de urato em excesso no organismo do animal, cristalizam-se e depositam-se em diferentes tecidos. • Gota úrica visceral, articular e periarticular. • São encontrados no saco pericárdico, rins, fígado, baço, pulmões, tecido subcutâneo, articulações, espaço periarticular e outros tecidos moles. • Em répteis, pode ter esse quadro com deposição nas vísceras quando há um desequilíbrio de temperatura e umidade (ectotermia). Síndrome do fígado gorduroso • Leva a perda de função do fígado. • Ocorre muito em psitacídeos e quelônios, além de anatídeos. • Etiologia são múltiplas, mas principalmente excesso de gordura nos hepatócitos por causas diversas (insuficiência hepática, dieta rica em gorduras). Urolitíase • Herbívoros (cervídeos, camelídeos e girafas). • Sinais clínicos relacionados à espécie acometida, além do número, tipo e localização do cálculo no trato urinário. • Lobo guará é particularmente acometido por urólito de cistina. Hemocromatose • Maior morte em ranfastídeos. • Acúmulo de ferro formam grânulos de hemossiderina no fígado. • Dietas com alta concentração de ferro. • Sinais clínicos inespecíficos. • Existem relatos em mico leão. Síndrome do emagrecimento progressivo • Ocorre em diferentes espécies (callithriquídeos). • As vezes relacionada a doença celíaca. Obesidade • Primatas do velho mundo e felinos. • Acúmulo de tecido adiposo. • Dieta inadequada e inatividade física no cativeiro. • Distúrbios articulares, osteoartrites, discopatias, diabetes, hipertensão, dermatopatias. • Pode levar a distúrbios reprodutivos.
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