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1 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 marc 7 - tosse OBJETIVO 1: INFECÇÕES DE VIA AÉREA INFERIOR QUE CURSAM COM TOSSE. TRAQUEOBRONQUITE AGUDA - Bronquite corresponde à inflamação da parede brônquica associada a diversas condições, como causas: 1) Inflamatórias: asma; 2) Pneumopatias crônicas: displasia broncopulmonar, bronquiectasias, fibrose cística, discinesia ciliar, tráqueo e broncomalácia; 3) Doenças crônicas: desordens da deglutição, refluxo gastroesofágico, cardiopatia congênita e imunodeficiências; 4) Malformações congênitas: anéis vasculares (compressão extrínseca de estruturas de vias aéreas) e hemangiomas (compressão intrínseca); 5) Aspiração de corpo estranho; 6) Infecções: vírus, Chlamydia, Ureaplasma, Mycoplasma pneumoniae, Bordetella pertussis e Mycobacterium tuberculosis. - A bronquite aguda é uma síndrome de etiologia predominantemente viral, sendo a tosse o principal sintoma. - A nasofaringite pode estar associada à bronquite aguda. Assim, associados aos sintomas respiratórios altos (coriza e obstrução nasal), sintomas constitucionais e tosse protraída persistem por uma a três semanas. - O escarro pode ser purulento por causa da descamação do epitélio. A doença é autolimitada. - A tosse, em geral, dura de 5 a 14 dias, melhorando em menos de 14 dias em 75% dos casos. Durante o período da doença, os pacientes costumam apresentar mal-estar e piora da vitalidade e funcionamento social e laboral transitoriamente. Dados limitados sobre os desfechos a curto e a longo prazos mostram que até 20% dos pacientes apresentam sintomas persistentes ou recorrentes durante 1 mês. - Em cerca de 50% dos casos, os pacientes apresentam expectoração purulenta associada; a presença de escarro purulento não tem correlação com achado de bactérias no escarro. - Os pacientes apresentam sintomas de broncoespasmo em 30 a 40% dos casos, com hiper-reatividade de vias aéreas que pode durar até 6 semanas. A febre é um achado incomum e sugere um diagnóstico alternativo. - A traqueobronquite ocorre com uma frequência de 44 casos por 1 mil adultos por ano; a traqueobronquite aguda afeta em torno de 5% dos adultos anualmente. Observa-se uma incidência maior no inverno e no outono em relação ao verão e à primavera. - Os mais comuns influenzavírus A e B, parainfluenza, coronavírus, rinovírus, vírus sincicial respiratório e metapneumovírus. Embora seja possível que bactérias como Streptococos pneumoniae e Moraxella catarrhalis possam causar inflamação traqueal, mas as evidências científicas da existência de traqueobronquite bacteriana aguda são relativamente pequenas - Por sua vez, a bronquite crônica é uma entidade bem definida em adultos e caracteriza-se por tosse produtiva por três meses/ano ou mais durante no mínimo dois anos. Em adultos, cerca de 80% das doenças obstrutivas pulmonares crônicas estão relacionadas à história de tabagismo. - Na infância, os casos de bronquite crônica são encontrados na fibrose cística, displasia broncopulmonar e bronquiectasias. - Os termos bronquite aguda e traqueíte definem um quadro autolimitado, normalmente de 1 a 3 semanas de inflamação das grandes vias aéreas do pulmão, que pode ser estender até os brônquios terciários. - Os pacientes apresentam como sintoma principal tosse com duração usual de 5 dias a 1 semana, que, conforme pontuado, pode durar até 3 semanas. - A maioria dos casos é causada por infecções virais, com os mesmos agentes que causam a bronquite e traqueíte podem também infectar pequenas vias aéreas do pulmão e, ocasionalmente, os alvéolos. - A traqueobronquite aguda deve ser diferenciada da inflamação das pequenas vias aéreas (bronquiolite), que costuma cursar com quadro de broncoespasmo mais proeminente, embora os sintomas de traqueobronquite incluam a produção de expectoração, sibilos e falta de ar. - O diagnóstico de traqueobronquite se baseia na presença de tosse, sobretudo com expectoração, excluindo causas de vias aéreas superiores sem evidência clínica ou radiológica de pneumonia. - O paciente com sintomas com tosse e expectoração sem critérios para definir a presença de síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SRIS) sugere que o diagnóstico é de traqueobronquite, tornando improvável o diagnóstico de pneumonia. - Os critérios de SRIS incluem temperatura inferior a 36ºC ou superior a 38ºC, frequência cardíaca (FC) maior que 90bpm, frequência respiratória (FR) maior que 20RPM ou contagem de leucócitos inferior a 4.000 células/mm3 ou superior a 12.000 células/mm3 ou superior a 10% de formas jovens de neutrófilos como os bastonetes. - O tratamento é basicamente sintomático. BRONQUIOLITE - Bronquiolite é um termo geral usado para descrever uma lesão inflamatória inespecífica que afeta principalmente pequenas vias aéreas e geralmente poupa o interstício. - Os principais tipos são bronquiolite obliterante (também chamada de bronquiolite constritiva), bronquiolite aguda, bronquiolite proliferativa, bronquiolite folicular, bronquiolite respiratória, fibrose intersticial centrada nas vias aéreas e panbronquiolite difusa. - Doença infecciosa que resulta na obstrução inflamatória de pequenas vias aéreas inferiores, mais especificamente, nos bronquíolos. Ocasiona quadro de intensidade variável, com sintomatologia da própria obstrução das vias aéreas. - A bronquiolite acomete mais frequentemente crianças menores de dois anos de idade, principalmente durante o outono e inverno. As apresentações mais graves predominam nos primeiros três https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/traqueobronquite.htm 2 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 meses de vida. Nesta faixa etária é a infecção do trato respiratório inferior mais frequente e a principal causa de hospitalização. - Considerado como o primeiro desconforto respiratório de crianças menores de dois anos, caracteriza-se por um quadro de um a dois dias de febre, acompanhado de rinorreia e tosse que evolui com taquipneia e desconforto respiratório progressivos, com pico no 4º dia de evolução. - Batimento de asa do nariz, retrações e estertores e sibilos podem ser observados, dependendo da gravidade do caso, e ocasionalmente crianças pequenas podem apresentar apneia. - A bronquiolite, devido ao vírus sincicial respiratório, contribui substancialmente para morbidade e mortalidade de crianças com doenças de base, como as portadoras de doença pulmonar crônica da prematuridade, cardiopatias congênitas e fibrose cística. - O vírus sincicial respiratório é de longe o agente etiológico mais frequente, porém outros agentes, como o adenovírus, o parainfluenza, o influenza, o micoplasma, a clamídia, o ureaplasma e o pneumocystis, são causas menos comuns. - As principais alterações fisiopatológicas da bronquiolite estão relacionadas às alterações inflamatórias dos bronquíolos. O vírus desencadeia uma sequência de reações inflamatórias locais relacionadas com a resposta imunológica, caracterizando-se por uma obstrução inflamatória dos bronquíolos, afetando significativamente a passagem de ar. Além disso, ocorre uma alteração na ventilação/perfusão, com consequente hipoxemia, retenção de CO2 e acidose respiratória. - A maioria dos pacientes é tratada ambulatorialmente com sintomáticos. - Sinais e sintomas: Inicia com um pródromo de sintomas leves de vias aéreas superiores (rinorreia + espirros + coriza), pode apresentar febre (38,5-39 oC) e tosse seca ou produtiva. Com o quadro instalado, o paciente cursa com tosse paroxística, dispneia, taquipneia e irritabilidade. - As principais complicações geralmente acontecem no período mais crítico, que compreende as primeiras 48-72 horas. As principais complicações são: acidose metabólica, hipoxemia e falência respiratória. As complicações da fase aguda compreendem: insuficiência respiratória,pneumotórax, atelectasias, infecção bacteriana secundária. - O diagnóstico é clínico, baseado nos sinais e sintomas + exame físico referidos acima. Porém, em quadros com maior gravidade, alguns exameslaboratoriais e a radiografia de tórax podem ser solicitados, mas não necessitam ser realizados de forma rotineira. - Hemograma: linfocitose e, na infecção por Adenovirus pode haver leucocitose intensa com reação leucemoide. - Gasometria arterial: para diagnóstico e acompanhamento da insuficiência respiratória. Pode apresentar hipoxemia (queda de PaO2), diminuição, normalidade ou elevação da PaCO2, já que o dióxido de carbono é um gás altamente difusível e, nos quadros iniciais, pode ocasionar alcalose respiratória compensatória, evoluindo posteriormente para acidose respiratória. - Radiografia de tórax: As radiografias não devem ser realizadas de forma rotineira para a avaliação de lactentes e crianças com bronquiolite. - Embora controvertido, pode ser realizado um teste terapêutico com beta2 agonista inalatório, que pode ser eficaz em até 30% dos pacientes. - Os corticoides são de indicação empírica e controvertida. Crianças com sinais de hipoxemia em ar ambiente, taquipneia moderada, história de apneia, desconforto respiratório moderado ou doença de base devem ser tratadas em ambiente hospitalar. - Tratamento preventivo com palivizumab deve ser indicado aos pacientes portadores das patologias de base que agravam a evolução dos casos de bronquiolite. - O tratamento será de suporte, com a utilização de sintomáticos. Os quadros leves e moderados são, frequentemente, tratados em unidade ambulatorial, sendo importante a garantia de uma boa hidratação, controle da febre e da frequência respiratória, além de fracionamento da dieta com volumes reduzidos, em virtude da presença de taquipneia. - A terapia de suporte consiste em manter uma hidratação adequada, oxigenoterapia se necessário e monitorar a progressão da doença. Aguda - Bronquiolite infecciosa aguda em adultos foi relatada em pacientes com Mycoplasma pneumoniae, vírus sincicial respiratório, sarampo, influenza, coqueluche, parainfluenza e adenovírus. - A apresentação clínica da bronquiolite em adultos é mal definida. Geralmente, uma doença respiratória superior precede o início dos sintomas respiratórios inferiores de tosse, dispneia aos esforços, febre, taquipneia e sibilância. - A tomografia computadorizada (TC) mostrou espessamento da parede brônquica, nódulos centrolobulares e / ou um padrão de árvore em brotamento. - O diagnóstico é geralmente clínico, com base no ambiente e nos resultados de imagem. O tratamento é amplamente de suporte ou, quando disponível, direcionado à doença subjacente (por exemplo, Mycoplasma, influenza). - Ocasionalmente, esta síndrome aguda pode progredir para bronquiolite obliterante. Obliterante - Bronquiolite obliterante, também conhecida como bronquiolite obliterativa, refere-se à síndrome clínica associada com lesão das pequenas vias aéreas causada por um espectro de exposições inalatórias, infecciosas e de drogas, e também após transplante de pulmão ou células hematopoiéticas. 3 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 - A síndrome clínica é tipicamente caracterizada por dispneia, limitação do fluxo de ar que não é reversível com broncodilatador inalado e uma radiografia de tórax que mostra pulmões normais ou hiperinsuflados. - Uma ampla gama de agentes e processos de doença pode causar lesão pulmonar que leva à bronquiolite obliterante. Infecção com vírus sincicial respiratório, adenovírus ou Mycoplasma pneumoniae; e tratamento com busulfan , ouro ou penicilamina . A inflamação pulmonar associada à artrite reumatóide e outras doenças reumáticas também pode causar bronquiolite obliterante. - As manifestações clínicas da bronquiolite constritiva geralmente incluem dispneia e tosse, às vezes com produção de expectoração. Os sintomas são geralmente lentos e progressivo ao longo de semanas a meses. - Quando há suspeita de bronquiolite obliterante com base em sintomas de tosse e dispneia que não são bem explicados por asma ou DPOC, os exames mais úteis são imagens do tórax, geralmente uma tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) com imagens inspiratórias e expiratórias e pulmonares teste de função com capacidade de difusão e oximetria ambulatorial. INFECÇÕES EM PACIENTES COM BRONQUIECTASIAS - As bronquiectasias são uma doença incomum, mas potencialmente de grande morbidade e mortalidade. Associa-se com exacerbações infecciosas, dispneia, tosse e hemoptise. - Na maioria dos casos, as bronquiectasias são uma desordem adquirida dos brônquios e bronquíolos, caracterizada por destruição e dilatação patológica das paredes brônquicas de forma irreversível. Apresenta muitas manifestações clínicas em comum com a doença pulmonar obstrutiva e se caracteriza por visitas hospitalares frequentes com necessidade de internação. - Seu diagnóstico é usualmente realizado clinicamente baseado em achados como tosse crônica e expectoração espessa e em achados tomográficos demonstrando espessamento brônquico e dilatação luminal dos brônquios. - O processo fisiopatológico envolve os brônquios e bronquíolos e os pacientes apresentam histologicamente inflamação transmural com liberação de mediadores locais, edema de mucosa (bronquiectasias cilíndricas), ulceração e depressão com neovascularização de arteríolas brônquicas (bronquiectasias císticas), distorção da arquitetura brônquica devido à obstrução e/ou infecção. - Para o seu aparecimento são necessárias duas condições: Infecção; Prejuízo da drenagem ou obstrução de vias aéreas ou defeito imunológico que facilite o aparecimento da infecção ou dificulte sua resolução. - As bronquiectasias podem se apresentar com um processo local ou focal obstrutivo, afetando um segmento ou um lobo pulmonar, ou um processo difuso com envolvimento de ambos os pulmões. Os quadros localizados em geral são associados a pneumonias de repetição na infância, com curso na maioria das vezes benigno. - A obstrução das vias aéreas por um corpo estranho ou lesão intraluminal como um tumor ou mesmo obstrução extraluminal predispõe ao aparecimento das lesões brônquicas com aparecimento de bronquiectasias. Em adultos com alteração de consciência pode ocorrer aspiração e pneumonias pós-obstrutiva que predispõe ao aparecimento de bronquiectasias. - Outras imunodeficiências como deficiência de IgA, de subclasses de IgG ou a imunodeficiência comum variada podem também evoluir com bronquiectasias. Quadro clínico - Os pacientes apresentam quadros brônquicos com tosse produtiva, com escarro mucopurulento, eventualmente com hemoptises intermitentes, pleurite e dispneia. - A tosse é presente em 98% dos casos, com expectoração purulenta diária em 78% dos casos, já dispneia e sibilância ocorrem em cerca de 75% dos pacientes em quadros infecciosos agudos causando exacerbação, mas sibilância ocorre em 20-35% fora de quadros infecciosos. - Estertores podem ocorrer em 70% dos pacientes e roncos em cerca de 40-45% dos casos. Dor torácica pleurítica, por sua vez, é descrita em 50% dos casos. Baqueteamento digital era frequentemente descrito em séries antigos, mas em séries atuais parece ocorrer em apenas 3% dos casos e provavelmente ocorre quando aparecem shunts pulmonares associados. - Hemoptise maciça pode ser a manifestação principal, muitas vezes após uma infecção respiratória, melhora do quadro e resolução da hemoptise com uso de antibióticos é frequente. Exames Complementares - A radiografia de tórax é anormal na maioria dos doentes, demonstrando espessamento brônquico e opacidades eventuais, mas a extensão da doença não é avaliada adequadamente apenas pela radiografia torácica. - Tomografia de tórax de alta resoluçãoé o padrão-ouro para o diagnóstico, permite avaliar a sua extensão, o exame ideal é com cortes finos e os principais achados incluem dilatação de vias aéreas, constrições varicosas, espessamento de parede brônquica e formação de bronquiectasias cilíndricas e eventualmente enfisema pulmonar localizado. - A broncoscopia é bem indicada para avaliação de etiologia das bronquiectasias, podendo descobrir neoplasias concomitantes e avaliar pacientes com novo quadro infeccioso. - Prova de função pulmonar é semelhante à encontrada em pacientes com DPOC e 40% dos pacientes apresentam broncoconstrição quando realizado teste de broncoprovocação. - Outros exames incluem as pesquisas de subclasses de IgG que podem avaliar deficiência de IgG. Dosagem de alfa-1 antitripsina (pode ser realizado rastreamento com eletroforese de proteínas, pois a alfa-1 antitripsina representa cerca de 80% da alfa-1), também deve ser realizada a pesquisa de fator reumatoide. O hemograma é indicado também na avaliação de todos os pacientes. Tratamento - O tratamento primeiramente envolve o manejo da causa da bronquiectasia, assim pacientes com aspergilose broncopulmonar alérgica podem ser tratados com glicocorticoides e antifúngicos. Alguns pacientes têm bronquiectasias secundárias à infecção por micobactérias que devem ser tratadas. Nos pacientes com imunodeficiências pode ser necessário o uso de imunoglobulina venosa hiperimune. https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/bronquiectasias.htm 4 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 - O diagnóstico de exacerbações agudas é baseado em critérios clínicos. Infecção bacteriana é responsável pela maior produção de escarro, aumento da purulência; dispneia com ou sem queixas sistêmicas deve-se acrescentar que a definição de exacerbação aguda nesses pacientes é mais difícil do que em pacientes com DPOC, pois o expectorado é cronicamente purulento. O tratamento depende do quadro geral do doente, com antibiótico parenteral em formas graves e via oral em doentes com quadro geral estável. - Quinolonas respiratórias como levofloxacina, moxifloxacina ou ciprofloxacina são, em geral, a terapia de escolha inicial. A duração em geral é de 7-14 dias em pacientes sem complicações ou com história de poucas exacerbações. Doentes que não melhoram ou que pioram após 48 a 72 horas de terapia devem colher escarro para avaliar a flora e seu perfil de resistência. Para pacientes com micro-organismos resistentes, como Pseudomonas aeroginosa, a preferência é de 14 dias de antibioticoterapia. - Hospitalização é indicada para tratamento de exacerbações que apresentem critérios que incluem: Frequência respiratória > 25 i.r.m; Hipotensão; Febre persistente; Hipoxemia (SaO2 < 92%); Falha em melhorar com antibioticoterapia oral Tratamento Cirúrgico e Transplante - A cirurgia tem papel limitado e pode ser útil quando as bronquiectasias são localizadas, ou quando há uma má-formação, ou uma área restrita de estenose, etc. Por outro lado, o transplante de pulmão é indicado em doentes com bronquiectasias extensas e graves. As principais indicações para tratamento cirúrgico são: 1) Remoção de pulmão destruído, parcialmente obstruído por tumor ou corpo estranho; 2) Redução de episódios infecciosos; 3) Redução de expectoração extremamente purulenta e viscosa; 4) Eliminação de vias aéreas com episódios de hemoptise de repetição; 5) Remoção de área suspeita de colonização por Micobacterium avium ou Micobacterium tuberculosis multirresistente. PNEUMONIAS ADQUIRIDAS NA COMUNIDADE - Pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é a infecção do trato respiratório inferior causada por agentes adquiridos na comunidade ou com surgimento em até 48 horas após admissão hospitalar. Estão excluídos dessa definição aqueles que apresentam internação hospitalar por mais de 2 dias nos últimos 90 dias; residem em casa de repouso; receberam antibióticos endovenosos e/ou quimioterapia nos últimos 30 dias e tratam-se em clínicas de hemodiálise. - Manifesta-se clinicamente na comunidade ou em até 48h da internação. - A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) grave, que requer internação hospitalar para tratamento, é associada a elevada mortalidade nos anos subsequentes ao evento, mesmo em pacientes jovens sem morbidades associadas. O custo das admissões hospitalares por PAC também é elevado, especialmente daquelas que requerem internação em unidade de terapia intensiva. - Os pulmões são constantemente expostos a partículas e microrganismos que estão presentes nas vias aéreas superiores e, por microaspiração, chegam ao trato respiratório inferior. O desenvolvimento da infecção indica deficiência da defesa do hospedeiro, exposição a agente altamente virulento ou inoculação excessiva do agente. Além da microaspiração, a disseminação hematogênica é outro mecanismo fisiopatológico presente, principalmente na infecção por Staphylococcus aureus. - Embora inúmeros patógenos possam causar a PAC, os mais frequentes são em número limitado. Os agentes etiológicos variam de acordo com a localidade, características do paciente e gravidade da PAC. Streptococcus pneumoniae era o agente responsável por 95% dos casos de pneumonia na era pré-antimicrobiano. - Apesar de permanecer como o principal agente causador dessa entidade, sua frequência decaiu após uso da vacina antipneumocócica para adultos e da pneumocócica conjugada para crianças, além da redução da taxa de tabagismo. - Outras bactérias que causam PAC são Haemophilus influenza, Staphylococcus aureus, Moraxella catarrhalis, Pseudomonas aeruginosa e outros bacilos Gram-negativos. Os agentes atípicos, Mycoplasma pneumoniae e Chlamydophila pneumoniae, além das espécies de Legionella completam os principais agentes bacterianos das PAC. - O vírus sincicial respiratório (VSR) foi o agente mais importante na faixa etária até 5 anos, e o Rhinovírus entre 5 e 17 anos de idade. Microaspiração Macroaspiração: falhas no reflexo de fechamento da glote e no reflexo da tosse, aspira conteúdo gástrico e esofágico para o pulmão, pneumonite química que pode evoluir para pneumonia bacteriana. 5 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 - Algumas características do hospedeiro podem aumentar a chance de PAC por agentes específicos. Quadro clínico - Os pacientes com PAC geralmente apresentam-se com início agudo ou subagudo de febre (78%), tosse (82%) com ou sem expectoração e dispneia (40 a 90%). Outros sintomas comuns, como dor torácica, dor pleurítica e escarro com hemoptoicos, além de sintomas inespecíficos, como mialgias, anorexia e fadiga, podem estar presentes. - Os achados de exame físico como taquipneia, taquicardia, hipotensão, crepitações localizadas e sinais sugestivos de consolidação podem estar presentes em frequência e combinação variáveis, e são sugestivos de pneumonia. - É importante notar que os pacientes idosos frequentemente não apresentam febre, tosse ou mesmo dispneia. Podem apresentar-se com quadro clínico inespecífico, como desorientação, mudanças abruptas da capacidade funcional e descompensação de uma doença previamente estável, como diabetes, DPOC ou insuficiência cardíaca e dor abdominal. Diagnóstico - O diagnóstico da pneumonia baseia-se em achados clínicos (febre, tosse, expectoração, dor torácica) e achados de exame físico (estertores crepitantes, sinais de consolidação, taquipneia, taquicardia) confirmados pela radiografia de tórax, já que nenhum conjunto de sinais e sintomas é acurado o bastante para predizer com alto grau de certeza a presença de pneumonia. Em idosos, os sinais e os sintomas podem ser mais sutis e menos específicos. - A radiografia de tórax também é importante para avaliação da gravidade, identificação de complicações e diagnóstico diferencial. - É importante dar atençãoaos pacientes imunossuprimidos (principalmente os neutropênicos) que podem apresentar-se inicialmente sem alterações radiológicas. - Padrões radiológicos incluem consolidação lobar, focos de consolidação, opacidades intersticiais e cavitação. Não é possível afirmar com segurança o agente etiológico baseando-se no padrão radiológico da radiografia de tórax. - O diagnóstico etiológico ainda é difícil, embora novos métodos tenham aumentado o diagnóstico etiológico para até 80% dos pacientes. No entanto, esse novo arsenal de testes não está amplamente disponível e sua relação de custo-efetividade não foi testada e pode ser alta, especialmente em países em desenvolvimento. - Portanto, a pesquisa do agente etiológico fica reservada para os casos graves ou naqueles em que, pelos dados epidemiológicos e clínicos, imagina-se que o resultado possa mudar o tratamento empírico padrão. Para esse grupo de pacientes, cultura de escarro, hemoculturas e pesquisa urinária para antígenos de Legionella (positivas em até 75% dos casos de infecção por Legionella pneumophila sorotipo 1) e pneumoco (positividade de até 88% em pneumonias com bacteremia), bem como reação em cadeia de polimerase (PCR) para pesquisa de vírus respiratórios da comunidade devem ser realizados. - A cultura de escarro é positiva em até 80% dos casos de pneumonia por S. pneumoniae quando coletada antes ou até 12 horas após o início da terapia antimicrobiana, porém a positividade das hemoculturas não ultrapassa 25%. - Todos os pacientes com PAC que apresentem derrame pleural puncionável devem ser submetidos à toracocentese. O material deve ser submetido à coloração de Gram e cultura, além das análises bioquímicas. - A broncoscopia com lavado broncoalveolar não é necessária na maioria dos casos de PAC, ficando reservada sua indicação para PAC em pacientes imunocomprometidos ou nos casos em que houver falha terapêutica. - Além dos exames para diagnóstico etiológico, exames laboratoriais adicionais são geralmente recomendados para pacientes que necessitam de hospitalização. Entre eles, hemograma, ureia, creatinina, sódio, potássio, glicemia, enzimas hepáticas, bilirrubinas e gasometria arterial. Exames Complementares Radiologia - Solicitar para todos os pacientes com suspeita de pneumonia. RX tórax PA e P – infiltrado pulmonar novo. Se RX normal e suspeita de PAC permanece – repetir RX em 48h. Marcadores inflamatórios e hemograma - Devem ser solicitados para os pacientes que serão tratados em ambiente hospitalar. Não são obrigatórios para pacientes que serão tratados em domicilio. Proteína C Reativa (PCR) >100 mg/L: Pneumonia é altamente provável < 20mg/L em paciente com >24 h sintomas: Pneumonia é improvável Pró-calcitonina: solicitar quando houver dúvida se o diagnóstico é realmente de pneumonia. Bioquímicos - Considerar a realização de outros exames conforme indicação clínica do paciente (ex: glicemia para avaliar DM descompensado) Investigação etiológica - A investigação etiológica de pneumonia deve ser realizada em todos os pacientes que forem internados. Cultura de escarro: o escarro deve ser imediatamente encaminhado para semeadura após colhido. Na interpretação é importante notar se o escarro é representativo (>25 polimorfonucleares e < 10 células epiteliais por campo. Hemocultura: devem ser colhidas 2 amostras, de locais de punção diferentes, porém podem ser realizadas simultaneamente. 6 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 Teste rápido para influenza: solicitar em suspeita de etiologia viral; se possível, swab para pesquisa de H1N1. Não atrasar o tratamento para colher o exame. Pesquisa de Legionella, com antígeno urinário: solicitar nos primeiros 5 dias de evolução do quadro, principalmente nos pacientes com quadros graves. Método invasivo de cultura: considerar realização se o paciente estiver intubado ou traqueostomizado. Diagnóstico Febre > 4 dias Dispneia/taquipneia FC > 100 bpm Tosse seca ou produtiva com escarro purulento Idosos podem apresentar sintomas inespecíficos: confusão mental, delirium, inapetência ou descompensação de doenças de base. Sinal mais comum é taquipneia. Sinal focal ao exame físico do tórax (crepitação é o mais comum) Estratificação de risco - Praticamente todas as decisões quanto à escolha do tratamento, exames diagnósticos a serem feitos e local de tratamento da PAC baseiam-se na avaliação inicial da gravidade da PAC. A gravidade de um episódio de PAC é estimada por meio de critérios baseados em dados de história, exame físico e exames complementares. - Os critérios já foram amplamente validados em ensaios clínicos e são recomendados nas diretrizes de diferentes sociedades de pneumologia e doenças infecciosas. Dois são os principais: FINE (ou PSI – pneumonia severity index) e CURB-65. Ambos avaliam a necessidade ou não de internação. - O escore de FINE é composto de duas etapas. Na primeira, se não houver um fator de risco, o paciente é definido como classe I de risco e não necessita de maior exploração complementar. Se na primeira etapa existir algum fator de risco presente, passa-se para a segunda, que considera dados clínicos, laboratoriais e a radiografia de tórax. Para cada um desses dados, o paciente recebe uma pontuação e, em função do total de pontos atingidos, os pacientes são separados nas classes II a V. - Com o valor obtido do Quadro 5, classifica-se a PAC em cinco classes de gravidade. Essa classificação leva em conta o risco de óbito em cada classe e, portanto, ajuda na decisão do local de tratamento. - O escore CURB-65 é um índice que, assim como o escore de FINE, permite identificar os pacientes com pneumonia e baixo potencial de gravidade. Ele é bastante simples e avalia objetivamente a presença de cinco fatores: C = confusão mental; U = ureia > 50 mg/dL; R = respiração (FR > 30); B = pressão arterial (PAS < 90 mmHg e/ou PAD < 60 mmHg); 65 = idade maior que 65 anos. - É dado um ponto para cada fator presente. Pacientes com escore 0 ou 1 (se apenas a idade pontuar) podem ser tratados ambulatoriamente, enquanto indivíduos com escores maiores devem ser internados. - É importante notar que a decisão do local de tratamento da PAC deve sempre estar subordinada ao julgamento clínico, principalmente diante de situações não previstas nesses escores de gravidade. Em suma, pacientes de baixo risco (PSI de I a III ou CURB- 65 de 0 a 1) podem ser tratados ambulatoriamente, na ausência de alterações graves dos sinais vitais (em relação ao PSI) ou comorbidades graves (no caso do CURB-65) e se não houver 7 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 impedimentos sociais e condições que impeçam a ingestão correta das medicações. Tratamento - O aspecto mais importante a ser considerado na escolha do esquema do tratamento empírico da PAC é a gravidade da apresentação clínica inicial, principal determinante do local de tratamento do paciente: ambulatorial, hospitalar ou em unidade de terapia intensiva. Também influencia de modo significativo nessa escolha a presença de comorbidades e de condições de risco para agentes particulares. - Os pacientes com PAC sem necessidade de internação são tratados com antibióticos escolhidos empiricamente, baseados no patógeno mais provável. De acordo com o consenso das sociedades americanas de tórax e de doenças infecciosas (IDSA/ATS), os antibióticos indicados para pacientes previamente hígidos e sem condições de risco específicas devem ser os macrolídeos (azitromicina ou claritromicina). Entretanto, alguns consensos europeus, como o britânico e o sueco, mantêm a escolha da amoxicilina como droga de tratamento empírico para PAC não complicada. - A presença de comorbidades significativas ouuso prévio de antibióticos nos últimos 3 meses aumentam a probabilidade de infecção por germes resistentes. Antibióticos da mesma classe dos antibióticos usados previamente devem ser evitados para tratamento de uma nova infecção. - O tratamento empírico para pacientes internados deve ser instituído baseando-se nos patógenos mais prováveis, tendo em vista as comorbidades e as condições específicas. Se houver isolamento do patógeno, a terapia deve ser direcionada. - A terapia com corticosteroides sistêmicos tem se mostrado útil em pacientes em choque séptico e insuficiência suprarrenal relativa. O papel da corticoterapia na PAC grave ainda é incerto. No entanto, recentemente estudos mostraram benefício do uso de corticosteroides em PAC grave. Estudo prospectivo em pacientes com PAC grave mostrou que a infusão contínua de hidrocortisona por 7 dias diminuiu o tempo de internação hospitalar e a mortalidade. - O tratamento deve ser administrado por pelo menos 5 dias e não deve ser interrompido antes de o paciente atingir os critérios de estabilidade clínica e estar afebril por 48 ou 72 horas. Tratamentos mais longos podem ser necessários no caso de patógenos menos comuns, como Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus. - Com a antibioticoterapia adequada, alguma melhora do quadro clínico deve ser observada nas primeiras 48 a 72 horas. Deve-se avaliar o padrão da febre, frequência respiratória, frequência cardíaca, oxigenação, pressão arterial e estado clínico geral. - O tempo para resolução do infiltrado pulmonar à radiografia de tórax é variável, podendo geralmente oscilar entre 4 e 12 semanas. A melhora clínica não precisa ocorrer paralelamente à melhora radiológica. Alguns pacientes podem apresentar sequelas radiológicas definitivas, como estrias fibróticas, deformações vasculares ou brônquicas, obliteração de seios costofrênicos e bronquiectasias. - Casos de pacientes que não obtiveram melhora clínica após 72 horas do início do tratamento ou que pioraram nas primeiras 48 horas são considerados como falha terapêutica. - A vacinação contra pneumococo (23-valente não conjugada) e influenza é a principal forma de prevenção contra PAC. Todas as pessoas com 50 anos de idade ou mais, risco aumentado de complicações, contatos intradomiciliares de pessoas de alto risco e profissionais de saúde devem receber anualmente a vacina do vírus inativado da influenza. A vacinação contra influenza está associada à diminuição de pneumonia, de hospitalização e de morte. EXACERBAÇÃO DE DPOC, ASMA E DOENÇAS INTERSTICIAIS PULMONARES (DPI) - A exacerbação da DPOC é definida como evento no curso natural da doença caracterizado por intensificação da dispneia basal, associado ou não a tosse e alteração do escarro. Apresenta caráter agudo e exige mudanças na medicação de uso habitual. - As infecções respiratórias são as principais causas de exacerbação da DPOC; um terço das causas das exacerbações não são identificadas. - Exacerbações consistem na piora sustentada da condição clínica do paciente de início agudo (dispneia, tosse e/ou expectoração), quando comparada ao período estável, não sendo relacionada à variação diária que ele apresenta, determinando necessidade de mudança na medicação habitual, com aumento considerável do custo socioeconômico. - São mais frequentes nos indivíduos mais graves e naqueles com maior número de exacerbações prévias e geralmente provocam piora transitória da função pulmonar, sendo necessárias várias semanas para recuperação. Estão associadas a aumento da inflamação nas vias aéreas, sendo as causas mais frequentes infecção respiratória, em geral restrita à mucosa brônquica, e poluição do ar. - Na maioria das vezes, a infecção não apresenta febre, leucocitose e alterações radiológicas, que, dessa forma, não são imprescindíveis para o início da antibioticoterapia. Sua principal característica é uma alteração no aspecto e/ou na quantidade de 8 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 expectoração, podendo se tornar purulenta, associada ao aumento da dispneia. - Entre as causas infecciosas, as bactérias representam dois terços e os vírus um terço dos casos. Os principais agentes bacterianos são Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae e Moraxella Catarrhalis. - Entre os vírus, os mais frequentes são rinovírus, influenza, sincicial respiratório e adenovírus. - Os principais objetivos no tratamento da exacerbação são: melhorar oxigenação, com o objetivo de manter saturação de pulso da oxiemoglobina entre 90 e 92%; reduzir resistência das vias aéreas mediante o uso de broncodilatadores, corticosteroides sistêmicos e fisioterapia respiratória; nutrição adequada. - Doenças como TEP, ICC e insuficiência coronariana podem associar-se a piora dos sintomas da DPOC, mas devem ser avaliadas como diagnósticos diferenciais. - O aumento da expectoração e a mudança nas características da secreção sugerem processo infeccioso das vias aéreas. - Pacientes com comorbidades, DPOC grave ou muito grave, exacerbações frequentes (>3/ano) e uso de antibióticos nos últimos 3 meses apresentam risco aumentado para Pseudomonas aeruginosa. - O tratamento deve ser mantido por 5 a 10 dias. Exames Complementares Oximetria de pulso e gasometria arterial; se menor 90%, realizar gasometria arterial Radiograma de tórax: na suspeita de pneumonia ou para avaliação de diagnósticos diferenciais, como pneumotórax Hemograma: se suspeita de pneumonia, policitemia ou para paciente internados Cultura de escarro: se não houver resposta ao tratamento inicial, para pacientes ambulatoriais e para todos os que forem internados Tratamento Oxigênio: Recomenda-se o uso da menor FiO2 (Litros/minuto) a fim de manter SpO2 90% ou PaO2 > 60 mmHg. Após 30 minutos da instalação, os gases arteriais devem ser avaliados para certificar que não houve retenção de CO2. Broncodilatadores de curta ação: Em geral, realizam-se 3 ciclos de medicações na primeira hora do tratamento. Para pacientes adultos, recomenda-se: a) Inalação: SF 0,9%.................. 3 ml Fenoterol................. 10 gotas Ipratópio.................. 40 gotas ou b) Aerossóis Salbutamol spray...... 4 puffs* e Ipratrópio spray........ 4 puffs* - Após o primeiro tratamento, novos ciclos poderão ser realizados, dependendo da resposta clínica do paciente. Depois da dose inicial, o Ipratrópio deverá ser repetido a cada 4 horas. - Fenoterol e Salbutamol podem ser realizados de hora em hora, conforme resposta clínica e efeito colateral das medicações. - Terbutalina endovenosa só está indicada para pacientes cuja via inalatória está indisponível. Corticosteróides: O uso de corticóides sistêmicos é indicado rotineiramente nas exacerbações, pois reduz as taxas de internações e recaídas, além de acelerar a melhora do VEF1 e da PaO2. Usar Prednisona 40mg/dia (ou equivalente) por 5 a7 dias. Hidrocortisona ou metilprednisolona endovenosa por até 72 horas, seguida de prednisona (ou equivalente) por via oral, completando- se 10 a 14 dias Antibióticos: Devem ser prescritos quando: Pacientes apresentam os três sintomas cardinais: piora da dispnéia, aumento do volume do escarro e escarro purulento Apresentam apenas dois dos sintomas, sempre incluindo escarro purulento Pacientes necessitam de ventilação mecânica - Pacientes com comorbidades, DPOC grave ou muito grave, exacerbações frequentes (>3/ano) e uso de antibióticos nos últimos 3 meses apresentam risco aumentado para Pseudomonas aeruginosa. Indicação de hospitalização Acidose respiratória Presença de comorbidades descompensadas Necessidade de suporte ventilatório Pacientes que apresentam dispneia grave e não responderam adequadamente ao tratamento broncodilatador inicial Alterações no nívelde consciência Instabilidade hemodinâmica ASMA - A asma é uma doença heterogênea, geralmente caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas. Ela é definida pela história de sintomas respiratórios, tais como sibilos, dispneia, opressão torácica retroesternal e tosse, os quais variam com o tempo e na intensidade, sendo esses associados à limitação variável do fluxo aéreo. - Asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores na qual ocorre participação de muitas células e elementos 9 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 celulares. A inflamação crônica está associada à HRB, que leva a episódios recorrentes de sibilos, dispneia, opressão torácica e tosse, particularmente à noite ou no início da manhã. Esses episódios são consequência da obstrução generalizada ao fluxo aéreo, que é variável e reversível espontaneamente ou com tratamento. - A asma é uma doença perene e com recorrência dos sintomas. Até o presente momento, não tem cura, entretanto, pode ser tratada e a maioria dos pacientes obtém controle da doença. A perenidade indica a necessidade de um tratamento de manutenção. - A principal característica fisiopatogênica da asma é a inflamação brônquica que está presente em todos os pacientes com asma, mesmo naqueles com início recente, pouco sintomáticos ou assintomáticos. - O processo inflamatório é decorrente da interação entre células inflamatórias, mediadores e células estruturais das vias aéreas. A mucosa brônquica inflamada torna-se hiper-reativa a vários estímulos inespecíficos. - Entretanto, em mais de 90% das crianças e em cerca de 60% dos adultos a asma é alérgica, com resposta mediada por imunoglobulina E (IgE), desencadeando reações imediatas poucos minutos após a exposição ao alérgico, que se seguem por reações tardias, constituindo a resposta inflamatória crônica característica da perenidade da doença. - A inflamação promove redução do calibre das vias aéreas por edema da mucosa e presença de secreção, além de HRB com contração exagerada da musculatura brônquica. Esse processo é resultado da interação entre fatores genéticos, ambientais e adquiridos (obesidade, ansiedade etc.) que estimulam e mantêm a inflamação brônquica, responsável pelos sintomas. DPI - As doenças pulmonares intersticiais (DPI) são afecções heterogêneas, que acometem o parênquima pulmonar de maneira difusa e que são agrupadas por conta de achados clínicos, radiológicos, funcionais e histológicos semelhantes. - Fazem parte desse grupo condições de diversas etiologias, como infecções, doenças autoimunes, toxicidade pulmonar por drogas e de origem actínica, e idiopáticas. Incluem-se ainda entre as DPI diversas formas de bronquiolite, doenças de preenchimento alveolar e vasculites pulmonares. - As DPI são afecções raras, com um amplo número de causas, cujos diagnóstico e tratamento permanecem um desafio mesmo para os especialistas. - As principais causas conhecidas incluem as pneumoconioses, infecções induzidas por fármacos, as colagenoses e as doenças associadas ao tabaco. Estão incluídas no grupo das doenças tabaco- relacionadas a pneumonia intersticial descamativa a bronquiolite respiratória associada à DPI, a fibrose pulmonar combinada a enfisema, a histiocitose pulmonar de células de Langerhans (HPCL) e a fibrose associada ao tabaco. - As pneumonias intersticiais idiopáticas constituem um grupo heterogêneo de doenças pulmonares de causa desconhecida, decorrentes de lesão do parênquima pulmonar, resultando em graus variáveis de inflamação e fibrose. - Fazem parte desse grupo a fibrose pulmonar idiopática (FPI), a pneumonia intersticial não específica, a pneumonia in-tersticial aguda, a pneumonia organizante criptogênica e a pneumonia intersticial bronquiolocêntrica. - A investigação diagnóstica de um paciente com DPI inclui a obtenção de uma história e realização de exame físico detalhado, exames radiológicos, especialmente radiografia e tomografia computadorizada de tórax de alta resolução, avaliação da função pulmonar, outros exames complementares e, quando necessários, lavado broncoalveolar e biópsia pulmonar por via transbrônquica, cirúrgica ou guiada por tomografia. - Nenhum desses elementos isoladamente é suficiente para uma conclusão diagnóstica, que deve ser determinada a partir da integração das características clínicas, radiológicas, funcionais e histopatológicas. - A principal manifestação é a dispneia frequentemente progressiva, que deve ser avaliada quanto à duração e graduação, sendo importante para se determinar a gravidade da doença e para acompanhamento. Tosse habitualmente seca está presente muitas vezes. - Dor pleurítica sugere presença de processo inflamatório pleural, que pode ocorrer nas doenças causadas por fármacos ou relacionadas às colagenoses, ou pneumotórax, como na linfangioleiomiomatose (LAM) e HPCL. Hemoptise e escarro hemoptoico podem ocorrer nas vasculites pulmonares, na LAM e na presença de neoplasia. - Sintomas compatíveis com colagenoses, como dor, edema e rigidez articular, fenômeno de Raynaud, fotos-sensibilidade, olhos secos e boca seca, dificuldade para deglutir, engasgos com alimentos, pirose e regurgitação, além de fraqueza muscular, devem ser sistematicamente pesquisados. Deve-se lembrar que o acometimento pulmonar pode preceder os sintomas extrapulmonares em meses ou anos. - O quadro clínico habitualmente tem evolução subaguda ou crônica, em meses ou anos, mas algumas condições, como pneumonia intersticial aguda, pneumonia eosinofílica aguda, pneumonia organizante, lesão por drogas e PH, podem apresentar evolução aguda. OBJETIVO 2: CONSEQUÊNCIAS DO CRACK NA SAÚDE BIOPSICOSSOCIAL DO INDIVÍDUO. - O crack é resultante da mistura aquecida entre a cocaína mais o bicarbonato de sódio ou utiliza-se amônia. Por ser de forma de pedra a mesma tem que ser aquecida para ser fumada, sendo que seus efeitos são devastadores, porque basta algumas vezes consumida para o indivíduo se torne um dependente, a dependência se dá devido a uma grande compulsão ou fissura para utilizar a droga. - A fumaça tóxica do Crack atinge o pulmão, vai à corrente sanguínea e chega ao cérebro. É distribuído pelo organismo por meio da circulação sanguínea e, por fim, a droga é eliminada pela urina. Sua ação no cérebro é responsável pela dependência. - Algumas das principais consequências do uso da droga são: doenças pulmonares, algumas doenças psiquiátricas, como psicose, paranoia, alucinações e doenças cardíacas. - A consequência mais notória é a agressão ao sistema neurológico, provocando oscilação de humor e problemas cognitivos, ou seja, na 10 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 maneira como o cérebro percebe, aprende, pensa e recorda as informações. Isso leva o usuário a apresentar dificuldade de raciocínio, memorização e concentração. - O uso da substância psicoativa aumenta a chance de outros transtornos mentais, podendo mimetizar, atenuar ou piorar sintomas. No caso específico do crack, é comum sua associação a transtornos de humor, personalidade, conduta e déficit de atenção. - De um modo geral, o crack não escolhe gênero, classe social, idade, tampouco raça. Embora o uso prevaleça entre os grupos com maior vulnerabilidade biopsicosociocultural, atingindo de forma importante a periferia das grandes cidades, qualquer indivíduo, independente da sua condição, não está livre do contato com o crack. - Uma pequena porção de crack produz alterações no sistema nervoso central que dura alguns minutos, devido ao uso abusivo crack pelos jovens, com frequência os mesmos têm paradas cardiorrespiratórias ou as vezes vão a óbito por overdose. - Uma vez que um indivíduo inicia o uso da droga, começa a apresentar muitas vezes uma mudança em seu comportamento mostrando-se agressivocom seus familiares, começa a perder peso e também há uma redução significativa em seu apetite. - A marginalização do usuário se deve ao isolamento social, a falta de interesse com o próprio corpo, quebra de laços afetivos com familiares, atos anti sociais como furto, mentiras, estes fatos o levam a ficar sozinho e sendo dependente totalmente das drogas sem nenhuma perspectiva de vida. - As complicações psiquiátricas são frequentes, ocorrendo em 35,8% dos casos, destacando-se, entre elas, episódios de pânico, depressão e psicose. Os sintomas psicóticos (delírios paranoides, alucinações) podem desaparecer espontaneamente após algumas horas (ao final da ação da cocaína), mas agitações extremas podem necessitar de sedação. - As complicações cardiovasculares decorrentes do uso de cocaína são as mais frequentes entre as não psiquiátricas, sendo a angina do peito a que atinge maior taxa, presente em 10% dos usuários. - Quanto às complicações pulmonares decorrentes do uso agudo de crack, os sintomas mais comuns, que se desenvolvem horas após o uso, são: dor torácica, dispneia, tosse seca ou com eliminação de sangue e/ou material escuro (resíduos da combustão) e febre. Hemoptise ocorre em 6% a 26% dos usuários. Derrames pleurais também podem estar presentes. OBJETIVO 3: ATENDIMENTO SOCIAL E DE SAÚDE DOS INDIVÍDUOS EM SITUAÇÃO DE RUA. SAÚDE - A população em situação de rua tem aumentado nos últimos anos no Brasil, e entender a percepção deles sobre cuidado e saúde é o primeiro passo para atender de forma humanizada as suas necessidades e para criar o vínculo entre essa população e o serviço de saúde. - Os moradores de rua podem sofrer alguns agravos na saúde devido aos seus hábitos de vida, tais como: doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), hepatites, tuberculose, dermatoses, escabiose, uso abusivo de álcool e outras drogas e agravos em saúde mental. - Devido aos riscos que os homens, mulheres e crianças se expõem ao morar na rua, a abordagem das equipes de saúde tem que ser mais específica. Para oferecer esse tipo de atenção e para ampliar o acesso das pessoas em situação de rua aos serviços de saúde foi criado pelo Ministério da Saúde em 2010/2011, o Programa Consultório na Rua como um projeto piloto. O programa além de garantir esse acesso, fortalece a rede de atenção à saúde dos municípios por meio da integração dos diversos níveis de atenção. - O Consultório na Rua age como ponte entre o morador de rua e o serviço de saúde e tem como objetivos principais a promoção da saúde, prevenção de agravos, redução de danos e manutenção da saúde da pessoa que vive na rua, para que ele/ela desenvolva autonomia no cuidado e tenha direito a um atendimento humanizado e universalizado. - O Consultório deve contar com uma equipe multidisciplinar que tenha um olhar diferenciado e que entenda o morador de rua como um cidadão de direitos, sem julgar sua vida e suas escolhas. - O enfermeiro exerce o papel não só assistencial e gerencial, mas também o papel de educador e facilitador. Ele deve ter uma visão integral do indivíduo e desenvolver ações que promovam à saúde do morador de rua por meio de orientações, mantendo sempre o contato com o paciente para que o mesmo se sinta confortável a procurar o serviço quando sentir necessidade. - A transição do Consultório de Rua para Consultório na Rua é muito mais que uma alteração puramente semântica. Está em questão o campo de ação, sendo desfocada a saúde mental e ampliando-se as ações voltadas para a saúde geral da população em situação de rua. - Nessa nova configuração, ressalta-se a importância da manutenção da perspectiva da redução de danos, considerada como um forte elemento da base dos antigos Consultórios de Rua e agora também fortalecida como uma diretriz da atenção básica, como preconiza a Política Nacional de Atenção Básica. Dessa forma, o Consultório na Rua desenha-se como estratégia e ponto de atenção da Rede de Atenção Psicossocial, que deve incorporar a redução de danos de forma transversal em sua prática. - Garantia da atenção integral à saúde das pessoas em situação de rua mesmo sem familiares ou responsáveis e adequação das ações e serviços existentes, inclusive unidades móveis, assegurando a equidade e o acesso universal no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com dispositivos de cuidados interdisciplinares e multiprofissionais; - Fortalecimento das ações de promoção à saúde, com ênfase na Estratégia Saúde da Família sem Domicílio, assegurando acesso à prevenção e ao tratamento de doenças, principalmente, aquelas com alta incidência na população em situação de rua, como tuberculose, doenças sexualmente transmissíveis/AIDS, hanseníase, problemas dermatológicos e ortopédicos (traumas), saúde mental, como também aquelas decorrentes do uso abusivo de álcool e outras drogas; ASSISTÊNCIA SOCIAL - Estruturação da rede de acolhida, temporária de acordo com a heterogeneidade e diversidade da população em situação de rua e, em consonância, com o Sistema Único de Assistência Social, os conceitos preconizados na Política Nacional de Assistência Social e com as demais políticas, particularmente, aquelas estruturantes (Trabalho, Habitação, Saúde e Educação) que possibilitem processos de saída das ruas; 11 SANNDY EMANNUELLY – 6º PERÍODO 2021.1 – Produção e sistematização de dados e informações com vistas a assegurar qualidade na prestação dos serviços e parâmetros para a definição do quadro de pessoal para a rede de atendimento; - Estabelecimento de padrão básico de qualidade, segurança e conforto a ser adotado na estruturação e reestruturação da rede de acolhida temporária, no âmbito do SUAS. - Adequação dos serviços que acolhem as pessoas em situação de rua, favorecendo o acesso à Educação e ao trabalho, com flexibilização de normas relativas a horários, alimentação/refeições e higienização, guarda de pertences, incluir estacionamento de carroças, lavanderia, canil, dentre outras;
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