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OPERAÇÕES DE CORTE O que é chamado “conformação de chapas metálicas”, na verdade, engloba, além das operações de conformação realizadas em chapas relativamente finas de metal, as operações de corte por cisalhamento de chapas. As espessuras típicas de chapas metálicas estão entre 0,4 mm e 6 mm. Quando a espessura excede cerca de 6 mm, esse produto metálico plano é em geral denominado chapa grossa. Esses metais, tanto em forma de chapas finas ou grossas, usados na conformação de chapas, são produzidos por laminação de planos. A chapa metálica comumente mais usada é a de aço baixo-carbono (0,06% a 0,15%C). O seu baixo custo e a boa conformabilidade, ajustados com resistência suficiente para a maior parte das aplicações, fazem dele uma matéria-prima ideal para esse processo de fabricação. OPERAÇÕES DE CORTE A importância comercial da conformação de chapas metálicas é significante. Considere o número de produtos de consumo e industriais que utilizam peças de chapas metálicas finas ou grossas: carrocerias de carros e caminhões, aviões, vagões ferroviários, locomotivas, equipamentos agrícolas e de construção, utensílios, material de escritório e muito mais. OPERAÇÕES DE CORTE Embora esses exemplos sejam óbvios, porque têm exteriores em chapas metálicas, muitas das suas peças internas são também feitas de chapas finas ou grossas de metais. As peças de chapas metálicas são em geral caracterizadas pela elevada resistência, boa tolerância dimensional, bom acabamento superficial e custo relativamente baixo. Para componentes que devem ser feitos em grandes quantidades, operações econômicas que visam à produção em grande escala podem ser projetadas a fim de processar as peças. As latas de bebidas de alumínio são excelente exemplo. OPERAÇÕES DE CORTE O processamento de chapas metálicas é usualmente realizado à temperatura ambiente (trabalho a frio). As exceções são: quando o esboço é espesso, o metal é frágil, ou a deformação acumulada é muito elevada. Esses são usualmente casos nos quais se deve usar o trabalho a morno, no lugar da conformação a quente. OPERAÇÕES DE CORTE A maior parte das operações de chapas metálicas é realizada em máquinas- ferramentas chamadas prensas. O termo prensa de estampar é usado para distingui-las das prensas de forjamento e extrusão. O ferramental que realiza o trabalho de conformação de chapas é chamado punção e matriz; o termo matriz de estampar é também utilizado. Os produtos de chapas metálicas são chamados estampos. OPERAÇÕES DE CORTE Para facilitar a produção em massa, a chapa metálica é frequentemente alimentada na prensa, na forma de longas tiras ou bobinas. Diversos tipos de ferramentais de punção-matriz e prensas de estampar são apresentados. As seções finais do capítulo apresentam várias operações que não utilizam o ferramental convencional punção-matriz, em que a maior parte delas não é realizada em prensas de estampar. OPERAÇÕES DE CORTE As três maiores categorias de processos de conformação de chapas são: (1) corte, (2) dobramento e (3) estampagem. O corte é usado para separar chapas grandes em peças menores, recortar perímetros das peças e puncionar furos nas peças. Dobramento e estampagem são usados para conformar peças de chapas metálicas nas suas formas desejadas. OPERAÇÕES DE CORTE O corte de chapas metálicas é realizado pela ação de cisalhamento entre dois gumes afiados de corte. Essa ação está ilustrada em quatro passos esquematizados na Figura , em que o gume superior de corte (o punção) se move para baixo além de um gume inferior estacionário (a matriz). À medida que o punção começa a operar no metal, ocorre a deformação plástica nas superfícies da chapa. À medida que o punção se move para baixo, ocorre a penetração, na qual o punção comprime a chapa e corta o metal. Essa zona de penetração é geralmente cerca de um terço da espessura da chapa. À medida que o punção continua a andar no metal, inicia-se a fratura na peça de trabalho, nos dois gumes de corte. Se a folga entre o punção e a matriz estiver adequada, as duas linhas da fratura se encontram, resultando na completa separação do metal em duas partes. OPERAÇÕES DE CORTE Cisalhamento de chapas metálicas entre dois gumes de corte: (1) antes do contato do punção com a peça de trabalho; (2) deformar plasticamente a superfície da peça; (3) o punção avança e penetra na chapa provocando uma região com grande deformação por cisalhamento; e (4) a fratura é iniciada nos lados opostos dos gumes de corte, que irão separar a chapa. Os símbolos v e F indicam o movimento e a força aplicada, respectivamente, t é a espessura do esboço, lf é a folga. OPERAÇÕES DE CORTE As bordas cisalhadas da chapa têm aspectos característicos mostrados na Figura. No topo da superfície de corte, há uma região chamada zona de deformação. Ela corresponde à depressão feita pelo punção no metal antes do cisalhamento. É onde a deformação plástica inicial ocorre no metal. Logo abaixo da zona de deformação, pode-se observar uma região relativamente plana chamada zona de penetração, que é resultante da penetração do punção no metal, provocando grande deformação por cisalhamento, antes de iniciar a fratura. Abaixo da zona de penetração, está a zona fraturada, uma superfície relativamente rugosa na borda de corte em que o movimento contínuo de descida do punção provocou a fratura do metal. Por fim, no fundo da borda da chapa, está a rebarba, um canto vivo na borda decorrente do alongamento do metal durante a separação final das duas partes. CISALHAMENTO, RECORTE E PUNCIONAMENTO As três operações mais importantes em conformação de chapas que cortam o metal pela ação de cisalhamento, já descrita, são: o cisalhamento, o recorte e o puncionamento. O cisalhamento é uma operação de corte de chapas metálicas ao longo de uma linha retilínea entre dois gumes de corte, como mostrado na Figura (a). O cisalhamento é de modo comum usado para cortar chapas grandes em seções menores para operações posteriores de conformação de chapas. É realizado em uma máquina chamada guilhotina, ou tesoura de esquadriar. A lâmina superior da guilhotina é usualmente inclinada, como mostrado na Figura (b), para reduzir a força necessária ao corte. O recorte envolve o corte de uma chapa metálica ao longo de um contorno fechado em um único estágio para separar a peça do metal ao redor, como mostrado na Figura (a). A parte que é removida é o produto desejado na operação e é chamada esboço. O puncionamento é similar ao recorte, exceto que este produz um furo, e a peça separada é apara, chamada geratriz. O pedaço de metal remanescente é a peça desejada. A distinção entre as duas operações está ilustrada na Figura (b). CISALHAMENTO, RECORTE E PUNCIONAMENTO ANÁLISE DO CORTE DE CHAPAS METÁLICAS Os parâmetros de processo no corte de chapas metálicas são: a folga entre o punção e a matriz, a espessura do esboço de partida, o tipo de metal e sua resistência mecânica, e o comprimento do corte. Vamos definir esses parâmetros e algumas das relações entre eles. Folga A folga lf em uma operação de corte é a distância entre o punção e a matriz, como mostrado na Figura (a). As folgas típicas em convencionais trabalhos de prensas variam entre 4% e 8% da espessura do metal t. A folga recomendada pode ser calculada pela seguinte equação: �� = �� ∗ t em que lf é a folga, mm; af é a tolerância da folga; e t é a espessura do esboço, mm. A tolerância da folga é determinada de acordo com o tipo de metal. Por conveniência, os metais são classificados em três grupos listados na Tabela 14.1, com a correspondente tolerância para cada grupo. Esses valores de folga calculados podem ser aplicados nas operações convencionais de recorte e puncionamento de furos para determinar os tamanhos apropriados do punção e matriz. ANÁLISE DO CORTE DE CHAPAS METÁLICAS A abertura da matriz deve sempre ser maior que o tamanho do punção (obviamente). Adicionar o valor de folga ao tamanho da matriz ou subtraí-lo do tamanho do punção depende se a peça a ser cortada é um esboçoou uma apara, como ilustrado na Figura para uma peça circular. Por causa da geometria da aresta cisalhada, a dimensão externa da peça cortada a partir da chapa será maior que o tamanho do furo. Logo, os tamanhos de punção e matriz para um esboço circular de diâmetro Dp são determinados por: ANÁLISE DO CORTE DE CHAPAS METÁLICAS ANÁLISE DO CORTE DE CHAPAS METÁLICAS https://www.youtube.com/watch?v=jHkuSB6R8aY OUTRAS OPERAÇÕES DE CORTE DE CHAPAS METÁLICAS Além das operações de cisalhamento, recorte e puncionamento, existem várias outras operações de corte de chapas. O mecanismo de corte em cada caso envolve a mesma ação de cisalhamento discutida anteriormente. OUTRAS OPERAÇÕES DE CORTE DE CHAPAS METÁLICAS Corte de Tiras com e sem Aparas (Cutoff e Parting) O corte de tiras sem aparas é uma operação de cisalhamento na qual os esboços são separados a partir de uma tira metálica, por meio do corte em sequência dos lados opostos da peça, como mostrado na Figura (a). Uma nova peça é produzida a cada corte. As características dessa operação que as distinguem de uma operação convencional de cisalhamento são (1) as arestas de corte não são necessariamente retas, e (2) os esboços podem estar encaixados na tira de modo a evitar formação da apara ou retalho de corte. OUTRAS OPERAÇÕES DE CORTE DE CHAPAS METÁLICAS O corte de tiras com apara é constituído de corte de uma tira de chapa metálica por meio da ação de um punção com duas arestas de corte, que se ajustam aos lados opostos do esboço, como mostrado na Figura (b). Isso pode ser necessário visto que o contorno da peça pode ter uma forma irregular que impeça o perfeito ajuste dos esboços na tira metálica. O corte de tiras com apara é menos eficiente que o sem aparas, pois resulta em desperdício de material. OUTRAS OPERAÇÕES DE CORTE DE CHAPAS METÁLICAS Ranhuramento, Perfuração e Entalhamento: O ranhuramento é um termo às vezes usado para uma operação de puncionamento que remove uma parte alongada ou um furo retangular, como ilustrado na Figura (a). A perfuração envolve o puncionamento simultâneo de um padrão de furos em uma chapa de metal, como na Figura (b). O padrão de furo é usualmente para fins decorativos, ou para permitir a passagem de luz, gás ou fluidos. OUTRAS OPERAÇÕES DE CORTE DE CHAPAS METÁLICAS Para obter o contorno desejado de um esboço, porções de uma chapa metálica são com frequência removidas por entalhamento ou semientalhamento. O entalhamento envolve o corte de uma peça de metal a partir da lateral da chapa ou da tira. O semientalhamento remove uma porção do metal do interior da chapa. Essas operações estão ilustradas na Figura (c). O semientalhamento pode parecer, aos olhos do leitor, como uma operação de puncionamento ou ranhuramento. A diferença é que o metal removido pelo semientalhamento cria uma parte do contorno do esboço, enquanto, no puncionamento ou ranhuramento, criam buracos no esboço. OUTRAS OPERAÇÕES DE CORTE DE CHAPAS METÁLICAS Aparamento: O aparamento é uma operação de corte, realizada em uma peça conformada, para remover o excesso de metal e estabelecer dimensões desejadas. O termo tem o mesmo significado básico aqui que no forjamento. Um exemplo típico na estampagem de chapas é o aparamento da porção superior de um copo obtido por estampagem profunda para alcançar as dimensões finais do copo. OPERAÇÕES DE DOBRAMENTO Dobramento em conformação de chapas é uma operação definida pela deformação do metal em torno de um eixo reto, como mostrado na Figura abaixo. Durante a operação de dobramento, o metal na parte interna do plano neutro está comprimido, enquanto o metal na parte externa do plano neutro está tracionado. Essas condições de deformação podem ser vistas na Figura (b). O metal é deformado plasticamente de modo que a curvatura recebe deformação constante após a remoção das tensões que provocaram o dobramento. O dobramento produz pequena ou nenhuma variação de espessura da chapa de metal. DOBRAMENTO EM V E DOBRAMENTO DE FLANGE As operações de dobramento são realizadas usando ferramental composto de punção e matriz. Os dois métodos usuais de dobramento e ferramental correspondentes são o dobramento em V, realizado com uma matriz com formato em V; e o dobramento de flange ou flangeamento, realizado com uma matriz de deslizamento. Esses métodos estão ilustrados na Figura abaixo. Dois métodos usuais de dobramento: (a) dobramento em V e (b) dobramento de flange; (1) antes e (2) depois do dobramento. Símbolos: v = movimento, F = força aplicada ao dobramento, Fh = força de aperto. DOBRAMENTO EM V E DOBRAMENTO DE FLANGE No dobramento em V, a chapa é curvada entre um punção e uma matriz em forma de V. Ângulos de dobramento que variam de ângulos muito obtusos até ângulos muito agudos podem ser feitos com matrizes em V. O dobramento em V é em geral usado em operações de baixa produção. Ele é com frequência realizado em uma prensa viradeira mecânica, e as correspondentes matrizes em V são relativamente simples e de baixos custos. O dobramento de flange ou flangeamento envolve um carregamento em balanço da chapa de metal. Uma almofada de pressão é usada para aplicar uma força de aperto Fm para manter a peça contra a matriz, enquanto o punção força a peça a escoar e dobrar-se em torno do raio de adoçamento da matriz. Na montagem mostrada na Figura (b), o dobramento de flange é limitado a curvaturas de 90º ou menores. Matrizes de deslizamento mais complexas podem ser projetadas para ângulos de dobramento maiores que 90º. Devido à almofada de pressão, as matrizes de deslizamento são mais complexas e custosas que as matrizes em V e são geralmente usadas para trabalhos de alta produção. DOBRAMENTO EM V E DOBRAMENTO DE FLANGE ANÁLISE DO DOBRAMENTO Alguns dos importantes termos no dobramento de chapas estão identificados na Figura abaixo. O metal de espessura t é dobrado através de um ângulo chamado ângulo de dobramento α. Isso resulta em uma peça de chapa metálica com um ângulo incluso de α', em que α + α' =180º. O raio de curvatura R é normalmente especificado no interior da peça, em vez de no eixo neutro, e é determinado pelo raio do ferramental usado para realizar a operação. A curvatura é feita sobre a largura w da peça de trabalho. ANÁLISE DO DOBRAMENTO A compensação para o retorno elástico pode ser obtida por vários métodos. Dois métodos usuais são o dobramento por excesso de curvatura e o dobramento de fundo. No dobramento por excesso de curvatura, o ângulo do punção e o raio são fabricados ligeiramente menores que o ângulo especificado na peça final, de modo que a chapa retorne elasticamente ao valor desejado. O dobramento de fundo envolve compressão da peça no fim do curso, deformando-a plasticamente na região do raio de curvatura. (1) durante a operação, a peça é forçada a tomar o raio Rt e o ângulo incluso αb' = determinado pela ferramenta de dobramento (punção no dobramento em V); (2) após a remoção do punção, a peça retorna elasticamente ao raio R e ângulo incluso αb'. Símbolo F é a força aplicada de dobramento. ESTAMPAGEM A estampagem é uma operação de conformação de chapas usada para produzir peças na forma de copos, caixas ou outras formas complexas curvadas e côncavas. Ela é realizada pelo posicionamento de uma peça de chapa metálica sobre a cavidade de uma matriz e, então, empurrando-a em direção à abertura com um punção, como na Figura abaixo. O esboço metálico deve usualmente ser fixado para baixo, contra a matriz, por meio da ação de um prensa-chapas. As peças comumente fabricadas por estampagem incluem latas de bebidas, cápsulas de munição, pias, panelas de cozinha, e painéis externos de automóveis. https://www.youtube.com/wa tch?v=Wmqz6ZfQlbc ESTAMPAGEM (a) Estampagem de uma peça na forma de um copo: (1) início da operação antes que o punção entre em contato com a peça de trabalho e (2) próximo ao fim de curso do punção; e (b) peças de trabalhos correspondentes: (1) esboço de partida e (2) peça estampada. Símbolos: lf = folga, De = diâmetro doesboço, Dp = diâmetro do punção, Rm = raio de adoçamento da matriz, Rp = raio de adoçamento do punção, F = força de estampagem, Fm = força de aperto do prensa-chapas. MECÂNICA DA ESTAMPAGEM A conformação de uma peça na forma de um copo é a operação básica de estampagem, com dimensões e parâmetros ilustrados na Figura anterior. Um esboço de diâmetro De é estampado na cavidade de uma matriz por meio da ação de um punção com diâmetro Dp. O punção e a matriz devem ter raios de adoçamento, definidos por Rp e Rm. Se o punção e a matriz tiverem cantos vivos (Rp e Rm = 0), uma operação de puncionamento de furo (e não seria uma operação muito boa) seria realizada no lugar de uma operação de estampagem. Os lados do punção e da matriz são separados por uma folga lf Essa folga na estampagem é cerca de 10% maior que a espessura do esboço de partida: lf = 1.1 t MECÂNICA DA ESTAMPAGEM O punção move-se para baixo e aplica uma força F para realizar a conformação do metal, e uma força de aperto Fm é aplicada pelo prensa-chapas, como mostrado no esquema. À medida que o punção desce em direção à sua posição final, a peça de trabalho experimenta uma sequência complexa de tensões e deformações quando esta é gradualmente conformada na forma definida pelo punção e pela cavidade da matriz. Os estágios no processo de deformação estão ilustrados na Figura abaixo. À medida que o punção começa a empurrar a peça de trabalho, o esboço é submetido a uma operação de dobramento. A chapa é somente curvada sobre os raios de adoçamento do punção e da matriz, como na Figura (2). O perímetro externo do esboço move-se em direção do centro neste primeiro estágio, porém muito pouco. MECÂNICA DA ESTAMPAGEM Logo que o punção continua a descer, uma ação de endireitamento ocorre no esboço que foi previamente curvado sobre o raio da matriz, como mostra a Figura (3). O metal no fundo do copo, assim como ao longo do raio do punção, foi movido para baixo com o punção. O metal que foi curvado sobre o raio da matriz, porém, deve, agora, ser endireitado a fim de ser puxado através da folga e formar a parede cilíndrica do copo. Ao mesmo tempo, mais metal deve ser adicionado para substituir aquele empregado na parede do copo. Este novo metal vem da borda externa do esboço. O metal nas porções externas do esboço é puxado em direção à abertura da matriz para reabastecer o metal previamente curvado e endireitado, que, agora, dá forma à parede cilíndrica. MECÂNICA DA ESTAMPAGEM Durante esse estágio do processo, o atrito e a compressão exercem papéis importantes no flange do esboço. Para que o material no flange se mova em direção à abertura da matriz, é preciso vencer o atrito entre a chapa e as superfícies do prensa- chapas e da matriz. No início, predomina a condição de atrito estático, até que o metal começa a deslizar; então, uma vez iniciado o escoamento do metal, o processo fica controlado por uma condição de atrito dinâmico. A intensidade da força de aperto aplicada ao prensa-chapas e as condições de atrito nas duas interfaces de contato são fatores determinantes quanto ao êxito desses aspectos tribológicos na operação de estampagem. Lubrificantes ou misturas são geralmente usados para reduzir as forças de atrito. MECÂNICA DA ESTAMPAGEM Além do atrito, a compressão na direção circunferencial também ocorre na extremidade da borda do flange do esboço. À medida que o metal nessa região do esboço é puxado em direção ao centro, o perímetro externo do flange torna-se menor. Visto que o volume do metal se mantém constante durante a deformação plástica, a espessura do esboço no flange é comprimida na direção circunferencial e torna-se mais espessa com a redução do seu perímetro externo. Isto sempre resulta em enrugamento na porção do esboço remanescente no flange, sobretudo quando se conforma chapas finas, ou a força do prensa-chapas é muito baixa. Essa é uma condição que não pode ser mais corrigida, uma vez que ocorreu enrugamento. Os efeitos de atrito e compressão estão ilustrados na Figura (4). MECÂNICA DA ESTAMPAGEM A força de aperto aplicada pelo prensa-chapas é agora vista como um fator crítico na estampagem profunda. Se ela for muito baixa, ocorrerá o enrugamento. Se ela for muito alta, impedirá que o metal escoe de forma adequada em direção à abertura da matriz, resultando em estiramento e possivelmente em rasgamento da chapa metálica. A determinação apropriada da força de aperto envolve cuidadoso balanço desses fatores conflitantes. MECÂNICA DA ESTAMPAGEM O movimento progressivo de descida do punção resulta em escoamento contínuo do metal causado pela estampagem e compressão do esboço. Ademais, ocorre afinamento da parede do copo, como mostrado na Figura (5). Na operação de estampagem, força sendo aplicada pelo punção se opõe à deformação plástica do metal do esboço e ao atrito deste com as interfaces de contato. Uma parcela da deformação inclui o estiramento e o afinamento do metal assim que ele é puxado através da abertura da matriz. Até 25% de afinamento pode ocorrer na parede lateral do estampo, em uma operação de estampagem realizada com êxito, a maior parte próxima ao fundo do copo. ANÁLISE DA ESTAMPAGEM É importante dispor do conhecimento das limitações da quantidade de deformação que pode ser realizada em uma operação de estampagem. Isto é sempre auxiliado por medidas básicas, que podem ser facilmente calculadas para uma dada operação. Ademais, as forças de estampagem e as forças do prensa-chapas são importantes variáveis de processo. Enfim, o tamanho de partida do esboço deve ser igualmente determinado. ANÁLISE DA ESTAMPAGEM Uma terceira medida na estampagem profunda é a razão espessura-diâmetro t/De (espessura do esboço de partida t dividida pelo diâmetro do esboço De). Usualmente expressa em porcentagem, é desejável que a razão t/De seja maior que 1%. Assim que t/De decresce, a tendência de ocorrer enrugamento aumenta. Nos casos em que esses limites da razão de estampagem, redução e razão t/De são excedidos no projeto de uma peça estampada, o esboço deve ser conformado em dois ou mais estágios, às vezes com recozimento entre os estágios. Determinação do Tamanho do Esboço: Para obtenção das dimensões finais do estampo de forma cilíndrica, é necessário o diâmetro correto do esboço de partida. Ele deve ser grande o suficiente para fornecer material necessário às dimensões desejadas do copo. Ainda, se existe material em excesso, a operação resultará na criação de sucata desnecessária. Para outras formas de estampos diferentes de copos cilíndricos, existe o mesmo problema de estimativa do tamanho do esboço de partida, porém somente a forma do esboço pode ser outra, que não a circular. ANÁLISE DA ESTAMPAGEM ANÁLISE DA ESTAMPAGEM O seguinte método é aceitável para estimar o diâmetro do esboço de partida em uma operação de estampagem profunda que produz uma peça cilíndrica (por exemplo, um copo e formas mais complexas desde que possuam simetria axial). Considerando que o volume do produto final é o mesmo que o volume do esboço metálico de partida, então o diâmetro do esboço pode ser calculado a partir da igualdade entre o volume do esboço de partida e o volume final do produto para obter como solução o diâmetro De. Para facilitar os cálculos, assume-se frequentemente que ocorre um afinamento desprezível de espessura na parede do estampo. OUTRAS OPERAÇÕES DE ESTAMPAGEM Nossa discussão teve foco em uma operação convencional de estampagem de copo, que produz uma forma cilíndrica simples em um único estágio e usa o prensa- chapas para facilitar o processo. Vamos considerar algumas variações dessa operação básica. OUTRAS OPERAÇÕES DE ESTAMPAGEM Reestampagem: Se a mudança desejada de forma pelo projeto da peça for muito severa (razão de estampagem muito alta), a conformação completa da peça poderá ser realizada em mais de um estágio de estampagem. O segundo estágio de estampagem, e qualquer outro estágio de estampagem que for necessário, recebe a denominação reestampagem, ilustrada na Figura abaixo.OUTRAS OPERAÇÕES DE ESTAMPAGEM Uma operação semelhante é a estampagem reversa, na qual uma peça estampada é posicionada com a face interna para baixo, de modo que a segunda operação de estampagem produza uma configuração como mostrada na Figura abaixo. Embora possa parecer que a estampagem reversa produziria uma deformação mais severa que a reestampagem, na verdade é mais fácil para o metal. A razão é que o esboço metálico na estampagem reversa é curvado na mesma direção nas partes externa e interna dos raios de adoçamento da matriz; enquanto, na reestampagem, o metal é curvado nas direções opostas nos dois raios de adoçamento. Por causa dessa diferença, o esboço experimenta menor encruamento na estampagem reversa, e a força de estampagem é inferior. OUTRAS OPERAÇÕES DE ESTAMPAGEM Estampagem de Outras Formas: Muitos produtos necessitam de formas diferentes de copos cilíndricos. A variedade de formas de estampos inclui caixas quadradas e retangulares (como as pias), copos escalonados, cones, copos com fundos esféricos no lugar de planos, e formas curvadas irregulares. Cada uma dessas formas apresenta problemas técnicos singulares de estampagem. Eary e Reed [2] fornecem uma discussão detalhada da estampagem desses tipos de formas. DEFEITOS DE ESTAMPAGEM A estampagem de chapas metálicas é uma operação mais complexa que o corte ou o dobramento, e mais coisas podem dar errado. Diversos defeitos podem ocorrer em um produto estampado, alguns dos quais nós já fizemos alusão. Segundo uma lista de defeitos comuns, com os aspectos esquematizados na Figura abaixo: Defeitos comuns em peças estampadas: (a) enrugamento pode ocorrer tanto no flange ou (b) na parede, (c) rasgamento, (d) orelhamento e (e) riscos na superfície. DEFEITOS DE ESTAMPAGEM (a)Enrugamento no flange. O enrugamento em uma peça estampada consiste em uma série de rugas, que se formam radialmente no flange não estampado da peça de trabalho devido a tensões compressivas que conduzem à instabilidade. (b)Enrugamento na parede. Se e quando um flange enrugado for estampado em um copo, essas rugas aparecerão na parede vertical do copo. (c)Rasgamento. O rasgamento é uma trinca aberta na parede vertical, usualmente próximo ao fundo do copo estampado, devido a elevadas tensões trativas que causam afinamento e fratura do metal nessa região. Esse tipo de falha poderá também ocorrer quando o metal for puxado sobre um canto vivo da matriz. DEFEITOS DE ESTAMPAGEM (d)Orelhamento. É a formação de irregularidades (chamadas orelhas) na borda superior de um copo obtido por estampagem profunda, provocadas pela anisotropia plástica da chapa metálica. Se o material da chapa for perfeitamente isotrópico, não ocorrerá a formação de orelhas. (e)Riscos nas superfícies. Riscos ou arranhões superficiais poderão ocorrer no estampo se o punção e a matriz não forem lisos ou se a lubrificação for insuficiente.
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