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Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) Prof. Márcio Cortez Definição © Afecção crônica decorrente do fluxo retrógado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago ou órgãos adjacentes a ele, acarretando um espectro variável de sintomas e/ou sinais esofageanos e/ou extra-esofageanos, associados ou não a lesões teciduais © Acomete 12% da população brasileira © O refluxo pode ser ácido ou básico dependendo de onde for sua origem © Secreção cloridropéptica → ácida © Secreção duodenal → básica © Episódios de refluxo são normais © Entretanto, não se pode ter repetidos episódios de refluxo, visto que com essa frequência podem gerar outras complicações clínicas de maior grau de complexidade © Refluxo noturno → Esofagite Fisiopatologia Esfíncter esofágico inferior (EEI) → papel fundamental: impedir o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago → é uma entidade fisiológica única → é identificada claramente como uma zona de alta pressão durante a avaliação manométrica Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Importante lembrar © O EEI é uma estrutura cilíndrica que fica na transição entre o esôfago e o estômago e que tem por função, fechar-se logo após a passagem do alimento e relaxar-se para o alimento passar do esôfago para o estômago © A incompetência dessa função do esfíncter, causa o refluxo gástrico, e a principal consequência deste é a ESOFAGITE, que consiste em erupções nas paredes do esôfago Quando acontece o refluxo? São 2 condições básicas 1. A pressão intraesofagica é baixa demais e então a pressão intragastrica maior faz que o conteúdo passa no sentido contrario 2. O esfíncter esofágico interior e incompetente apresenta relaxamento espontâneo não associado a uma onda peristáltica do corpo esofágico © Tem que ter integridade da estrutura esofagiana para que não ocorra DRGE, se há hérnia de hiato por exemplo, favorece o surgimento da DRGE pois dificulta a contratura muscular Importante lembrar © A esofagite ocorre quando em contato de ácido gástrico (substância ácida), pepsina (substância básica) e sais biliares (substância básica) © Eles causam inflamações na mucosa esofágica © Não necessariamente precisam estar em forma liquida, em alguns casos podem estar na forma gasosa e causar inflamações Situações que condicionam refluxo gastroesofágico © Relaxamento transitório do EEI © Baixa pressão de repouso © Aumentos transitórios na pressão intra-abdominal (como uma gestação ou a presença de uma ascite) Obs.: Principal barreira de proteção é o Esfíncter Esofagiano Inferior Hérnia de Hiato Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL © 80% dos pacientes com refluxo importante possuem hérnia de hiato por deslizamento Hérnia de hiato por deslizamento → junção cardioesofagica + fundo deslocados para dentro do mediastino posterior ( tudo aquilo do estomago que foi para a cavidade torácica acima do diafragma) → nada mais é do que o deslocamento da transição esofágica gástrica de dentro da cavidade abdominal, para dentro do mediastino posterior → o conteúdo que normalmente passa por dentro da hérnia é a junção cardio-esofágica (cárdia do fundo do estômago) e o fundo do estômago → quando existe essa herniação, o esfíncter sai da localização habitual e migra lá pra dentro do mediastino posterior Importante lembrar © As hérnias NÃO são pré-requisitos para diagnóstico de DRGE © É possível ter pacientes que tem DRGE, mas não tem hérnias, assim como é possível ter pacientes herniados que não tenham DRGE Hérnia tipo I (por deslizamento) © A junção gastroesofágica não é mantida na cavidade abdominal pela membrana frenoesofágica © Linha Z deve estar a nível do pinçamento diafragmático, porque ela separa a mucosa do esôfago e do estômago, quando não está e existe um espaço entre a linha Z e o pinçamento, esse espaço é a hérnia © Um esfíncter hipotônico é incapaz de realizar o fechamento total necessário e há o refluxo © Nesse tipo de hérnia é característico haver alargamento de hiato Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Curiosidade © Na endoscopia existe uma manobra específica denominada de U-turn, também conhecida como a retrovisão © Refere-se a uma rotação 180 graus na qual torna visível a parte posterior pela qual o instrumento já havia passado, já que não existe uma câmera traseira © Atualmente, consegue-se identificar as lesões mais freqüentes desta área, tais como: divertículo, leiomioma, câncer, alargamento do hiato nas hérnias hiatais, varizes e outras afecções variadas. Modernamente esta manobra, em associação com acessórios adequados, permite a realização de diversos procedimentos diagnósticos e principalmente terapêuticos. Hernia tipo II (por rolamento ou paraesofágica) →junção gastroesfagica encontra-se ancorada no abdome → o defeito hiatal geralmente grande fornece espaço para vísceras migrarem para dentro do mediastino → hiato alargado, além do esôfago da passar outras vísceras como o fundo do estomago, colo, baço ascendendo ao diafragma → pressão relativamente negativa pela expiração, faz com que o tórax gere essa pressão negativa e haja a migração de vísceras do abdome para o fundo do tórax → normalmente o órgão que migra é o estômago, mais especificamente o fundo do estômago Hérnia do tipo III © É uma combinação das duas hérnias, tanto a junção gastroesofágica quanto a víscera livre dentro do mediastino posterior Importante lembrar © Nenhuma dessas hérnias são necessárias para fechar o diagnóstico de DRGE ou indicação cirúrgica © Isso irá depender do tamanho dela, bem como dos sintomas do paciente Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Quadro clinico DRGE Pirose → dor retroesternal e epigástrica em queimação → piora pos prandial e no decúbito → melhora com agua e ortostase → simula angina → sem irradiação para costas → não é caracteristicamente descrita como sensação de pressão, o que a diferencia da angina ou da cólica biliar Regurgitação → retorno de alimentos digeridos indica progressão da doença Anemia e vômitos → principalmente em lactentes enquanto o esfíncter encontra-se imaturo Disfagia → fase avançada → edema inflamatório (estenose esofágica) Outros sintomas © Dor abdominal, tosse, rouquidão, eructação, meteorismo, broncoaspiração, sibilância, bolo na garganta Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Diagnóstico DRGE Exames de imagem © Seriografia esôfago- gastroduodenal (neste exame de imagem o paciente ingere constrate líquido e é então possível fazer diversas radiografias em sequência) © Avalia com precisão estenose © Avaliação grosseira da motilidade esofágica Endoscopia © Endoscopia digestiva alta com biopsia © Permite ver a presença e o grau da esofagite © Padrão ouro para identificar lesões no esôfago © Importante porque além de documentar a presença destas lesões, lhes permite fazer a biopsia das mesmas © A doença crônica pode gerar metaplasia daquela área do esôfago afetada pelo suco gástrico © Tem valor na sua habilidade para excluiroutras doenças, especialmente tumores, e em documentar a presença de lesão péptica no esôfago Classificação das lesões Existem duas classificações mais importantes para a DRGE: 1. Savary-Miller 2. Los Angeles (mais usada na prática) Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Classificação de Savary-Miller Grau 1: uma única erosão acima da mucosa gastroesofágica Grau 2: múltiplas lesões não circunferenciais acima da mucosa gastroesofágica Grau 3: lesões circunferenciais acima da mucosa gastroesofágica Grau 4: mudança crônica com ulceração na mucosa esofágica Grau 5: esôfago de Barret com mudança histológica confirmada Classificação de Los Angeles – esofagite Grau A: uma ou mais soluções de continuidade da mucosa, não ultrapassa 5 mm e não se estende de uma prega a outra Grau B: uma ou mais soluções de continuidade, com mais de 5 mm Grau C: lesões continuas (quebra da mucosa) que se comunicam entre elas, mas engloba menos de 75% da circunferência Grau D: lesões continuas, praticamente todas se comunicam, envolvendo pelo menos 75% da circunferência – ligado a estenose Manometria esofágica → principal indicação é o pré operatório de cirurgia anti refluxo (estudar a motibilidade – vigor de contração, efetividade) → informações sobre a função do corpo esofágico e do EEI → usa um tubo flexível com dispositivos sensíveis a pressão (preenchidos por água ou por sólido) organizados em intervalos de 5 cm → pressão normal do EEI (12 a 30 mmHg) → é analisado comprimento total, comprimento intra abdominal, distância do esfíncter em relação as narinas Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Atividade peristáltica © Percentagem de deglutições iniciadas a cada canal com sucesso (normal > 80% de peristalse) © Amplitude da onda peristáltica: a amplitude é simplesmente a média das pressões geradas no esôfago distal durante as ondas peristálticas transmitidas de forma efetiva © A mobilidade esofágica não efetiva (MEI) é definida como menos de 60% de peristalse ou amplitudes menores que 30mmHg, geralmente sendo associada com DRGE importante Monitorização por PH 24H (pHM) © PHmetria de 24H © Padrão ouro para diagnostico e quantificação do refluxo acido → Parâmetros de DeMeester a) Numero total de episódios de refluxo acido (pH<4) b) Episodio de refluxo mais longo c) Numero de episódios com duração maior que cinco minutos d) Grau de refluxo na posição ereta e) Grau de refluxo na posição decúbito dorsal © Um escore geral é obtido, conhecido como escore de DeMeester © Se inferior a 14,7 significa refluxo patológico → Indicado para avaliação dos sintomas atípicos da doença © Dor torácica não cardíaca © Sintomas respiratórios © ORL © Rouquidão Monitorização do PH por cápsula telemérica © Phmetria sem cateter (pHSC) © Cápsula telemérica de 2,5 cm que registra dados por 48 horas, sem necessidade de uma sonda NASAL, e fornece os parâmetros de DeMeester © Entretanto tem alto custo e causa um leve desconforto torácico Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Impedanciophmetria prolongada (IMP-ph) © Avalia o refluxo não acido © Baseia-se na medida da resistência elétrica entre os pares de eletrodos © Caracteriza a natureza do refluxato – o que a diferencia dos demais métodos que so veem o PH © Física (liquido – gasoso – misto) © Química (acido e não acido) © Principal indicação é a persistência dos sintomas com a medicação Diagnostico diferencial © Colelitiase © Angina do peito © Diverticulite © Úlcera © Acalasia Complicações © Esofagite © Esôfago de Barret © Pneumonia © ASMA Esôfago de Barret © Ocorre em 10-15% dos pacientes com esofagite © Prevalência maior em homens 50-70 anos © Metaplasia que substitui o epitélio escamoso do terço distal do esôfago por epitélio colunar (pirose mais branda) © O adenocarcinoma do esôfago é encontrado em 10% dos pacientes com epitélio de Barret Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Critérios diagnóstico de Barret © Extensão mínima de 3 cm acima da JEG © Pode ser em placas (confinado aos 10cm distais do esôfago) © Histologicamente pode ser intestinal, juncional ou fundico-gástrico Importante lembrar © Displasia de alto grau = adenocarcinoma Tratamento clinico DRGE Medidas dietéticas e posturais © Evitar deitar-se após as refeições © Elevar a cabeceira da cama sobre blocos de 10-15cm © Refeições de pequeno volume e maior frequência Medicamentos © Procineticos (metoclopramida/bromoprida) © Bloqueadores dos receptores H2 © Inibidores de bomba de prótons (IBPs) Indicações cirúrgicas para DRGE © Sintomas persistentes ou recorrentes © Incompetência do EEI © Presença de estenose © Para estenoses mais leves pode ser feita dilatação endoscópica © Procedimento mais efetivo é a fundoplicatura de NISSEN que eleva em média 10 mmHg na P do EEI Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Maria Eduarda Alencar Santos 4 período - UNL Fundoplicatura de NISSEN Etapa 1 → Dissecção dos pilares diafragmáticos → Tração distal do estomago Etapa 2 → Descolamento da grande curvatura gástrica Etapa 3 → Descolamento do saco herniário Etapa 4 → Deslocamento e reforço dos pilares Etapa 5 → Confecção da válvula gastro-gástrica a 360 graus
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