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Catharina Gusmão 19.2 - FDUFBa Tanatologia Forense Medicina Legal (MED142) Introdução: - Área da Medicina Legal que estuda a morte e suas repercussões jurídicas - O conceito da morte sofreu uma evolução histórica: ® Morte clínica: cessação total e irreversível das funções vitais ® Morte circulatória: cessação dos batimentos cardíacos (antigamente) ® Morte encefálica (atualmente) - Repercussões da morte: Código Civil – Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; - Morte: Resolução CFM nº 2.173/17 “Perda completa e irreversível das funções encefálicas, definida pela cessação das atividades corticais e de tronco encefálico, caracteriza a morte encefálica e, portanto, a morte da pessoa” - Documento Médico-Legal: atestado de óbito (preenchimento vária de acordo com a causa da morte) Lei dos Registros Públicos – LEI nº 6.015/1973 Capítulo IX – Do Óbito Art. 77 Nenhum sepultamento será feito sem certidão, do oficial de registro do lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte. Fenômenos Cadavéricos: - Em algumas situações, há suspeição de que o individuo esteja morto, porém para realmente se diagnosticar a morte é necessário observar os fenômenos de certeza de morte Fenômenos cadavéricos abióticos (ausência de vida): - Imediatos: ® Perda de consciência ® Parada cardíaca ® Parada respiratória ® Perda da sensibilidade ® Perda da mobilidade ® Perda do tônus muscular OBS: Os sinais imediatos não são sinais de certeza de morte, tratando-se de sinais presuntivos. Catharina Gusmão 19.2 - FDUFBa - Consecutivos: ® Rigidez cadavérica (rigor mortis): aumento do teor do ácido lático (sequência de aparecimento: músculos da cabeça 2h, membros superiores 4h, tronco 6h, membros inferiores 8h) ® Livor mortis: hipóstase e livores cadavéricos (sangue que migra para uma única posição devido a gravidade) – surgimento: 2 a 3 horas; fixação: 8 a 12 horas ® Algidez cadavérica (algor mortis): resfriamento do corpo ® Desidratação cadavérica Fenômenos cadavéricos transformativos (acontecem com o cadáver após a morte): - Destrutivo: ® Autólise: células perdem a configuração normal (desintegração) ® Putrefação: fase de coloração (mancha verde – 20 a 24h), fase gasosa (proliferação bacteriana – aumento do volume corporal + circulação póstuma de Brouardel), fase de liquefação ou coliquiativa (tecido começa a se liquefazer), fase de esqueletização ® Maceração: descolamento da pele, porém o corpo não entra no fenômeno de putrefação (na maioria dos casos ocorre em recém-nascidos dentro do útero – natimorto –, corpo em meio líquido, etc.) - Conservadores: ® Mumificação (natural ou artificial): ocorre geralmente em locais de clima quente, seco e solo arenoso, ocasionando numa rápida desidratação do corpo ® Saponificação: ocorre em locais de clima úmido, solo argiloso e local impermeável ao ar atmosférico Cronotagnose: ® Algidez – resfriamento do corpo ® Hipóstase – livores ® Rigidez cadavérica ® Fauna cadavérica ® Pressão intraocular ® Conteúdo gástrico ® Cristais do sangue putrefeito ® Crioscopia sanguínea OBS: Comoriência – importante para sucessões CC: Art. 8 Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos Catharina Gusmão 19.2 - FDUFBa Laudo cadavérico - Quesitos Médico-Legais: 1) Qual a causa da morte? 2) Qual o instrumento ou meio empregado na produção da lesão ou lesões mortais? 3) Houve emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou que tenha resultado perigo comum? 4) Houve emprego, pelo agente, de algum recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima? Necropsia - Trabalho árduo, nem sempre bem interpretado e aceito pela comunidade - Tipos de necropsia: ® Necropsia médico-legal ou forense: morte em caso de violência ou duvidosos (irá gerar um laudo médico-legal) ® Verificação de óbito: morte não violenta, sem acompanhamento médico ® Necropsia hospitalar ou clínica: pacientes internados em decorrência de doenças - Objetivo da necropsia: ® Identificar a causa do óbito: causa natural (doença ou envelhecimento) ou morte violenta (ação externa) - Função da Necropsia Clínica: ® Esclarecimento de casos sem diagnóstico ® Controle de qualidade do diagnóstico e do tratamento ® Reconhecimento do efeito do tratamento na evolução da doença ® Reconhecimento de novas doenças e novos padrões de lesão ® Fonte de informação para a Secretaria de Saúde ® Material para ensino ® Material para pesquisa científica - Função da Necropsia (Serviço de Verificação de Óbito) ® Esclarecimento de casos sem diagnóstico ® Fonte de informação para a Secretaria de Saúde ® Reconhecimento de epidemia e novas doenças - Função da Necropsia Forense: ® Causa mortis médico-jurídica - Não pode se deixar de considerar o trauma que representa a necropsia para os familiares do morto. A eles, toda atenção e respeito devem ser dados, incluindo a preocupação em não mutilar o cadáver Catharina Gusmão 19.2 - FDUFBa Código de Processo Penal Art. 162 Nos casos de morte violenta, bastara o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver a necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante. A autópsia será feira pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes deste prazo, o que declararão no auto Art. 165 Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos devidamente rubricados Técnica de necropsia: a) Exame externo: ® Identificação do morto: peso, estatura, impressões digitais, deformidades, cicatrizes, tatuagens, vestes, estado de conservação dos dentes (identificação, odontologia forense) ® Condições do corpo ® Fenômenos cadavéricos b) Exame interno ® Abertura das cavidades: craniana, torácica e abdominal ® Tipos de incisão: - Medidas de Segurança ® Instrumental adequado ® Roupa adequada ® Seguir a técnica: cuidado com os ossos e com o instrumental ® Equipe treinada ® Não ter pressa Catharina Gusmão 19.2 - FDUFBa Destino do corpo: Cadáver: ® O corpo após a morte com a extinção da pessoa natural ® Destino do cadáver ® Exumação ® Crimes contra o respeito aos mortos ® Normas sobre a doação de órgãos Destino: - Inumação: simples ou após a necropsia ® O ato natural e cultural de enterrar o corpo (sepultá-lo), desde que confirmada a realidade da morte e após trâmites exigidas pela legislação vigente ® Lei dos Registros Públicos, Capítulo IX – Do Óbito, Art. 77, parágrafo 1º ® Exumação: ato de desenterrar o cadáver, podendo ser administrativa (devido a capacidade do cemitério) ou judicial (perícia na exumação, havendo necessidades de formalidades para a solicitação e execução) OBS: CPP – Perícia na exumação Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará o auto circunstanciado - Cremação: ® Prática milenar ® Diferenças culturais ® Procedimentos: câmara de cremação (após 24 horas do falecimento) ® Corpos não identificados não devem ser cremados ® Lei dos Registros Públicos, Capítulo IX – Do Óbito, Art. 77, parágrafo 2º - Ensino e pesquisa ® Lei 8501 – 30/11/1992:A lei visa disciplinar a destinação do cadáver não reclamado para fins de ensino e pesquisa nas escolas de Medicina (no prazo de 30 dias) - Criogenia: ® Tipo de congelamento do cadáver (Estados Unidos) ® Congelamento do corpo inteiro ou do encéfalo ® No Brasil: preservação de células tronco Catharina Gusmão 19.2 - FDUFBa OBS: Código Penal – Capítulo II Dos crimes contra o respeito aos mortos Art. 209 Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária Art. 210 Violação de sepultura Art. 211 Destruição, subtração ou ocultação de cadáver Art. 212 Vilipêndio a cadáver Código Civil Art. 7 Morte presumida (em casos da ausência do corpo em situações de alta probabilidade de morte: naufrágios, incêndios, terremotos, etc.)
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