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Sociedade Limitada e Anônima

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30/07/12 Marcelo Camara
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Fundamentos de Direito Empresarial - Unidade 6 - Sociedade Limitada e Sociedade Anônima.
Unidade 6 - Sociedade Limitada
e Sociedade Anônima:
 
 
Ao final desta aula, você será capaz de:
 
-descrever as novas normas para a sociedade limitada e anônima,
-definir a responsabilidade dos sócios na sociedade limitada e nas sociedades por ações e
-explicar as características das sociedades por quotas e das sociedades por ações, a alienação e
penhora da quotas, a deliberação dos sócios na sociedade limitada e nas sociedades anônimas.
 
 
1) Introdução:
 
Nesta aula, você verificará a importância das Sociedades Limitada e Anônima no mundo empresarial. Verá
desde as estruturas de menor complexidade das Sociedades Limitadas, até as de maior complexidade
das sociedades por ações. 
 
Outro assunto a ser abordado é referente à sua alteração sofrida com o Código Civil de 2002, que revogou
o antigo Decreto 3.708, de 1919. Você irá analisar o nosso órgão criado e designado Conselho Fiscal,
suas atribuições e responsabilidades, além da diversidade de quorum para aprovação das matérias
empresariais. Verá, ainda, as normas das Sociedades Anônimas disciplinadas na Lei 6.404/76. 
 
A proposta desta aula é explicar o significado da sociedade por quotas e as sociedades por ações, bem
como a responsabilidade dos sócios na Sociedade Limitada e nas Sociedades Anônimas.
 
 
2) Da Sociedade Limitada:
 
A Sociedade Limitada é considerada uma das sociedades mais usuais no Direito Brasileiro, já que a
responsabilidade dos sócios está restrita ao valor de suas quotas, estabelecendo nítida separação entre o
patrimônio pessoal dos sócios, que não podem ser atingidos pelas obrigações.
 
Seu capital social é a contribuição inicial dos sócios para a formação da sociedade. O ato inicial para a
contribuição do capital social representa uma manifestação de vontade em tornar-se sócio da sociedade,
podendo a subscrição ocorrer de imediato ou em até 180 dias.
 
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Veja agora como são as normas relacionadas às responsabilidades dos sócios:
 
Limitada (art. 1052 do CC)- Cada sócio responde pelo valor de sua quota-parte, mas todos são solidários
pela integralização total do capital social;
 
Ilimitada (1)- O patrimônio dos sócios não pode se alcançado por dívidas contraídas pela sociedade e
 
Subsidiária (art. 1024 do CC)- Enquanto não esgotado o patrimônio social, não pode a execução recair
sobre bens particulares dos sócios.
 
 
 
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(1) Existência de créditos tributários (art. 135, III, CTN);existência de créditos da Seguridade Social (art.
13, Lei 8.620/93) e aplicação da Teoria da Desconsideração.
 
2.1) Direitos e deveres dos sócios nas Sociedades Limitadas:
 
Direitos:
 
Deveres
Participar no resultado social;
 
Integralização do
capital social.
Participar no resultado social;
 
Lealdade
Fiscalizar a administração e
 
Sigilo
Retirar-se da sociedade.
 
Informação.
 
A Administração da Sociedade Limitada compete aos sócios determinados pelo contrato social ou a
terceiros estranhos à sociedade. Assim, o administrador da sociedade limitada poderá ser sócio ou não,
nomeado em contrato ou ato separado.
 
As deliberações dos sócios serão computadas conforme a participação destes na sociedade, podendo ser
realizadas em assembléia ou reunião de sócios.
 
2.2) Deliberações dos sócios:
 
2.2.1) Assembléia – As decisões que comprometerem o funcionamento da sociedade limitada só podem ser tomadas em assembléia, regularmente
convocada (art. 1.071, CC).
 
Esta é obrigatória quando o número de sócios for superior a 10; quando inferior ou igual a 10, os sócios poderão pactuar o contrato que matérias serão
deliberadas em reunião de sócios. Tanto a assembléia como a reunião poderão ser substituídas por um documento f irmado entre os sócios.
 
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A assembléia instala-se em primeira convocação com o quorum de 3/4 do capital social e em segunda, com qualquer número. Assembléia geral pode ser:
 
2.2.1.1) Ordinária: realizada nos quatro primeiros meses ao término de cada exercício anterior;
 
2.2.1.2) Extraordinária: (arts. 1.071 e 1.076, CC): realizada sempre que houver necessidade, para deliberar assuntos de interesse da sociedade.
 
Instalada a assembléia, os sócios deverão observar o quorum de deliberação:
 
-para designação de administrador não-sócio, enquanto não integralizado o capital social: aprovação unânime; após sua integralização: no
mínimo 2/3;
-para destituição de sócio administrador: 2/3;
-para modificação do contrato social, incorporação, fusão, dissolução: no mínimo 3/4;
-nomeação de administrador extra, bem como sua remuneração ou destituição e pedido de concordata: 50% + 1 do capital;
-nos demais casos, na forma da lei: 50% + 1 dos presentes.
 
2.3) Conselho fiscal:
 
Composto, no mínimo, por três membros e respectivos suplentes, sócios ou não, eleitos em assembléia ordinária para apreciar as contas dos
administradores e deliberar sobre o balanço patrimonial e o resultado econômico. Constitui órgão facultativo.
2.4) Dissolução da sociedade limitada:
 
A sociedade limitada pode ser dissolvida:
 
-por vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este, e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que
será prorrogada por prazo indeterminado;
-por consenso unânime dos sócios;
-por deliberação por maioria absoluta dos sócios, na sociedade por prazo indeterminado;
-por falta de pluralidade de sócios não reconstituída no prazo de 180 dias;
-por extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar (art. 1.087, CC ).
 
3) Da Sociedade Anônima:
 
É regida pela Lei 6.404/76, usualmente utilizada para constituição de sociedade que necessita de grandes
investimentos. Por disposição legal (art. 2 da LSA), será sempre mercantil, independentemente de seu
objeto social.
 
Seu Capital Social divide-se em ações, as quais representam valores mobiliários, que limitam a
responsabilidade do acionista.
 
O limite desta é o preço de emissão.
 
3.1) Classificação da Sociedade Anônima:
 
-Sociedade aberta;
-Sociedade fechada.
 
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3.2) Sociedade anônima aberta (art. 4 da LSA):
 
Os valores mobiliários (2) estão em negociação no mercado de valores mobiliários, a cargo do mercado
de balcão ou das bolsas de valores. Já na fechada, seus valores mobiliários não estão em negociação
nesses mercados.
 
3.3) Classificação do mercado de capitais da Sociedade Anônima:
 
Mercado primário - Opera a subscrição de valores mobiliários emitidos pela companhia;
Mercado secundário- Opera a compra e venda de ações por intermédio das bolsas de valores;
Mercado de balcão - Opera emissão de valores mobiliários de companhia aberta, perante
terceiros, por meio de um banco. Integra tanto o mercado primário como o secundário;
Bolsa d valores - Pessoa jurídica de direito privado cuja função é ampliar o volume de negócios
nos mercados de capitais, operando a compra e venda de ações ou de outros valores mobiliários.
 
3.4) Da Constituição:
 
A Sociedade Anônima poderá ser constituída por escritura pública ou particular, devendo em ambos os
casos atender a certos requisitos. Veja quais são:
 
-Subscrição, de pelo menos, duas pessoas de todas as ações em que se divide o capital social;
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(2) A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é responsável por supervisionar e controlar o mercado de
capitais no Brasil. É uma autarquia federal, regulada pela Lei 6.385/76.
- Realização inicial de 10% (no mínimo), do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro;
- Efetivaçãodo depósito (3) da parte do capital em dinheiro no Banco do Brasil ou em outro
estabelecimento bancário autorizado pela CVM.
 
3.5) Das Ações:
 
As ações representam uma parcela do capital social da companhia (Sociedade Anônima – S/A).
 
Aquele que adquirir uma ação será considerado acionista.
 
As ações possuem valores mobiliários, emitidos pela própria companhia com a finalidade de captar
investidores.
 
3.6) Classificação quanto à natureza:
 
a) Ordinárias – Atribuem a seu titular os direitos comuns de um acionista, isto é, o direito a voto na
assembléia geral;
 
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b) Preferenciais – Atribuem a seu titular certa vantagem, como o direito a dividendos mínimos de 10%
acima dos atribuídos às ações ordinárias;
 
c) De fruição – São utilizadas para a amortização das ordinárias ou das preferenciais. A amortização
consiste na distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem redução do capital social, dos
direitos a que fazem jus, em caso de liquidação da companhia.
 
3.7) Classificação quanto à forma:
 
a) Nominativas – Ações em que se declara o nome de seu proprietário em livro de registro de ações
nominativas;
 
b) Escriturais – Nelas não há emissão de certificado. São mantidas em conta de depósito, em nome de
seus titulares, junto a uma instituição financeira;
 
3.8) Principais valores mobiliários:
 
a) Partes beneficiárias – Sem valor nominal e estranhas ao capital social, dão direito de crédito eventual
contra a companhia na participação nos lucros, não podendo ser superior a 10%;
 
b) Debêntures – Conferem a seu titular direito de crédito contra a companhia emissora, podendo ser
conversíveis em ações;
 
c) Bônus de subscrição – Conferem o direito de preferência em subscrever novas ações;
 
d) Commercial papers – São idênticos às debêntures, diferenciando-se pelo vencimento: o commercial
paper vence em 30 a 180 dias; a debênture, em 8 a 10 anos, em geral.
 
 
 
 
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(3) O valor da efetivação em dinheiro poderá variar conforme objeto da companhia.
3.9) Acionista:
 
É o titular de ação de uma companhia emissora. Seu dever principal é o de pagar o preço de emissão das
ações que subscrever.
 
Direitos essenciais dos acionistas
 
a) participação nos lucros sociais;
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a) participação nos lucros sociais;
b) participação no acervo da companhia, em caso de liquidação;
c) fiscalização da gestão dos negócios sociais;
d) direito de preferência na subscrição de novas ações ou valores mobiliários;
e) direito de retirada ou recesso.
 
3.10) Órgãos da sociedade anônima:
 
3.10.1) Assembléia geral:
 
Constitui um órgão deliberativo dos acionistas, podendo ser:
 
a) ordinária: realizada nos quatro primeiros meses do exercício seguinte, consiste basicamente em aprovar
as contas relativas ao exercício social, encerrado em 31 de dezembro do ano anterior (art. 132, CC);
 
b) extraordinária: realizada a qualquer momento, conforme o quorum de instalação (art. 135, CC).
 
3.10.2) Quorum:
 
O quorum de instalação da assembléia em primeira convocação será de 1/4 do capital votante, ou de 2/3
no caso de constar da ordem do dia a reforma do estatuto social, e em segunda, qualquer número. O
quorum de deliberação é a maioria, exceto quando a lei determina quorum qualificado (arts. 136 e 129,
LSA).
 
3.10.3) Diretoria:
 
É um órgão executivo composto, no mínimo, por dois membros, acionistas ou não, eleitos pelo conselho de
administração ou pela assembléia geral, cuja finalidade, de modo geral, é representar legalmente a
sociedade.
 
3.11) Conselho de administração:
 
É um órgão deliberativo composto, no mínimo, por três membros acionistas, eleitos pela assembléia geral
com a finalidade de agilizar a tomada de decisões (art. 140, LSA). É obrigatório nas sociedades anônimas
abertas, de capital autorizado ou de economia mista (arts. 138, § 2º, e 235, LSA).
 
3.11.1) Administradores:
 
Nessa condição inserem-se os membros da diretoria e do conselho fiscal (art. 145, LSA), e devem ser
pessoas físicas residentes no país, desde que legalmente não impedidas (art. 146, LSA). Assim, são
deveres dos administradores:
 
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a) diligência ou cuidado com os negócios da sociedade;
b) lealdade;
c) informação;
d) sigilo.
 
3.11.2) Conselho fiscal:
 
É composto por, no mínimo, três membros e, no máximo, cinco, acionistas ou não (arts. 161 e 162, LSA).
Sua função é convocar, fiscalizar, denunciar e examinar os documentos da administração.
 
3.11.3) Demonstrações financeiras:
 
Ao fim de cada exercício, compete à diretoria elaborar:
 
a) balanço patrimonial;
b) demonstração dos resultados;
c) demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
d) demonstração das origens e aplicações de recursos.
 
3.11.4) Dissolução:
 
A dissolução da companhia poderá ocorrer:
 
a) de pleno direito;
b) por decisão judicial;
c) por decisão de autoridade administrativa competente.
 
3.11.5) Liquidação:
 
A liquidação da companhia pode ser:
 
a) extrajudicial: determinada pelos órgãos da sociedade;
b) judicial: determinada por decisão judicial.
 
3.12) Extinção:
 
A sociedade se extingue:
 
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a) pelo encerramento da liquidação que se segue à dissolução;
b) pela incorporação;
c) pela fusão;
d) pela cisão com versão de todo o patrimônio para outras sociedades;
e) após a sentença declaratória de encerramento da falência.
 
3.13) Modificação na estrutura da S/A
 
a) Transformação – Ocorre quando a sociedade passa de um tipo societário para outro (art. 220, LSA).
b) Incorporação – Ato pelo qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em
todos os direitos e obrigações (art. 227, LSA).
c) Fusão – Operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma nova, que lhe sucede
em todos os direitos e obrigações (art. 228, LSA).
d) Cisão – Ato em que a companhia transfere parcelas de seu patrimônio para uma ou mais sociedades
(constituídas para esse fim ou já existentes), extinguindo-se a primeira cindida, se houver versão de todo o
seu patrimônio, ou dividindo-se seu capital, se parcial (art. 229, LSA).
4) Síntese. Nesta aula, você:
 
-identificou as sociedades limitadas e anônimas;
-examinou o grau de responsabilidade dos sócios das sociedades limitadas/anônimas;
-conceituou quotas e ações, e a possibilidade da sua circulabilidade com ou sem anuência dos
demais sócios;
-identificou as duas formas de deliberação: em reunião ou em assembléia, indicando as
características de cada uma delas, além da diversidade de quorum nas decisões das matérias
empresariais.

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