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possuem os dois modos de operação (manual e automático). Além disso, os radiogoniômetros podem ser fixos ou portáteis. Os equipamentos fixos (figura 35.13) utilizam antenas de quadro instaladas no tijupá, sendo mais apropri- ados para navios maiores. Uma das vantagens dos equipamentos fixos é que pode ser escolhida para a antena uma posição favorável, tendo em vista a massa metálica e o cam- po eletromagnético do próprio navio, de modo a reduzir e regularizar os desvios. Ademais, o radiogoniômetro com antena de quadro fixa permite que as marcações radiogoniométricas sejam tomadas com conforto, uma vez que o receptor fica instalado no camarim de nave- gação ou passadiço, enquanto o radiogoniômetro portátil deve ser usado no convés aberto. Os veleiros, lanchas e outras embarcações menores normalmente utilizam radiogoniômetros portáteis. Além do modelo mostrado na figura 35.10, outro tipo de equi- pamento portátil de radiogoniometria (figura 35.13a) contém a sua própria agulha mag- nética (bússola) e o nulo (marcação do radiofarol), ao ser encontrado (girando o equipa- mento), é determinado através da simples leitura da agulha do instrumento. Como esta agulha é considerada, para efeitos práticos, isenta de desvios, a leitura corresponde à marcação magnética do radiofarol, bastando corrigi-la do valor da declinação magnética local, para obter-se a marcação verdadeira do radiofarol. Quase todos os radiogoniômetros deste tipo têm um botão para travamento da lei- tura da agulha no momento em que, girando o equipamento, encontra-se, por forma audi- tiva, o nulo. Tal recurso é muito útil quando, com o movimento da embarcação, ou à noite, houver dificuldade para leitura precisa da agulha. Figura 35.12 – Radiogoniômetro Automático com Indicador Analógico (Rosa Graduada) Radiogoniometria 1285Navegação eletrônica e em condições especiais Figura 35.13 – Radiogoniômetro Fixo Figura 35.13a – Radiogoniômetro Portátil com Bússola Radiogoniometria Navegação eletrônica e em condições especiais1286 35.2 PERCURSO DAS ONDAS RADIOELÉTRICAS ENTRE O TRANSMISSOR E O RECEPTOR. DESVIOS DO RADIOGONIÔMETRO As ondas radioelétricas, ao se propagarem do transmissor (T) para o receptor (R), percorrem o arco de círculo máximo entre os dois pontos, que é a menor distância entre eles (figura 35.14a). Contudo, às vezes, devido a fatores abordados no capítulo ante- rior (efeitos da refração da costa, efeito noturno ou perturbação atmosférica), o percurso da onda de rádio é alterado e o sinal alcança o receptor por outro caminho, diferente da ortodrômica, conforme indicado na figura 35.14b, por uma linha tracejada. Quando isso ocorre, há um desvio da marcação radiogoniométrica, representado pelo ân- gulo formado entre as duas direções traçadas na figura 35.14b. Figura 35.14 – Percurso das Ondas de Rádio entre o Transmissor e o Receptor Este desvio, devido a causas externas, não pode ser determinado. O que se pode fazer é evitar tomar marcações radiogoniométricas quando seus efeitos estiverem presentes. A refração da costa, ou efeito terrestre, estudada no capítulo anterior, ocorre quando a onda de rádio cruza obliquamente a linha limite entre a terra e o mar (figura 35.15). A refração resultante introduz um desvio na direção da onda radioelétrica, que pode alcançar 4º a 5º. A refração da costa aumenta com a diminuição do ângulo entre o trajeto da onda de rádio e a linha de costa, além de crescer, também, com o aumento da freqüência. O efeito terrestre é mínimo quando o trajeto da onda de rádio é perpendicular à linha de costa. A refração da costa é minimizada para os radiofaróis marítimos, que, quase sempre, estão situados muito próximos do litoral. Para evitar o efeito terrestre, não se devem tomar marcações que formem ângu- los muito agudos com a linha de costa. Sempre que possível, esse ângulo deve ser maior que 20º. Além disso, deve-se evitar marcar radiofaróis muito interiorizados, tais como alguns radiofaróis aeronáuticos que, embora constem da Lista de Auxílios-Rádio, estão relativamente afastados da linha de costa. Radiogoniometria 1287Navegação eletrônica e em condições especiais O efeito noturno deve-se às rápidas alterações que ocorrem na ionosfera, nas faixas E e F, especialmente por ocasião dos crepúsculos, mas, também, durante a noite (embora em menor escala). Assim, o efeito noturno, apesar do nome, é mais marcante nos crepúsculos ves- pertino e matutino. Devido a ele, nesses períodos as ondas radioelétricas são menos pre- cisas no que se refere à sua direcionalidade. Sendo causado por variações ionosféricas, o efeito noturno está relacionado às ondas celestes, ou ondas refletidas, não ocorren- do dentro da distância de silêncio, onde só chegam ao receptor ondas terrestres. Os principais sintomas do efeito noturno são: 1. O mínimo de sinal (que indica a direção da estação transmissora) muda constan- temente de posição na rosa de marcação do radiogoniômetro; 2. o mínimo de sinal apresenta-se bem definido, porém deslocado da verdadeira direção; 3. o mínimo apresenta-se indefinido, cobrindo uma faixa muito larga, que pode alcançar 20º; e 4. há excesso de ruído na recepção e grande variação da intensidade do sinal, que, por vezes, se desvanece completamente. Para evitar o efeito noturno, não se devem fazer marcações radiogoniométricas nos períodos de cerca de 1 hora em torno do ocaso e do nascer do Sol (de meia hora antes a meia hora depois desses fenômenos) e, durante a noite, só tomar marcações usando ondas terrestres, ou seja, estando o navio, no máximo, de 25 a 30 milhas da estação transmissora. Figura 35.15 – Refração da Costa Haverá um desvio na direção do sinal quando se propa- ga obliquamente sobre a terra (formando um ângulo muito agudo com a linha da costa) Refração mínima Radiofarol Radiogoniometria Navegação eletrônica e em condições especiais1288 Além disso, para minimizar o efeito noturno, deve ser tomada a média de várias lei- turas da marcação radiogoniométrica, pois, normalmente, o erro em direção introduzido pelo efeito noturno é variável para um e para o outro lado do valor verdadeiro da mar- cação da estação transmissora. Por esta razão, pode-se compensar em parte o efeito no- turno tomando a média de várias leituras. Certos fenômenos meteorológicos (ou perturbações atmosféricas) afetam o es- tado elétrico da atmosfera, produzindo desvios na direção das ondas de rádio, cujos valo- res não podem ser previstos. Estes fenômenos se evidenciam por ruídos na recepção e variações na intensidade do sinal recebido. Nestas circunstâncias, não devem ser toma- das marcações radiogoniométricas. Além dos desvios acima explicados, a onda de rádio sofre influência do campo ele- tromagnético do próprio navio onde está instalado o radiogoniômetro. Os radiogoniômetros instalados a bordo estão expostos a perturbações, de forma semelhante às agulhas mag- néticas. A massa metálica do navio e sua distribuição com relação à antena de quadro introduzem um desvio na direção das ondas radioelétricas. Este desvio, devido a causas internas, pode ser determinado e é denominado desvio do radiogoniômetro (Drg). Tal como o desvio da agulha magnética, o Drg também varia com a marcação rela- tiva da estação transmissora. Ademais, varia, ainda, com a condição de carga do navio (pois a massa metálica será função do calado) e com a freqüência da onda recebida (o desvio aumenta com o aumento da freqüência). Em geral, quando se instala um radiogoniômetro a bordo, os técnicos buscam colocar a antena em local livre de perturbações magnéticas, tratando, também, de com- pensar os desvios identificados. A operação de reduzir ou eliminar os desvios denomina- se compensação do radiogoniômetro. Entretanto, é normalmente impossível eliminá-los totalmente, restando desvios residuais, que devem ser considerados na obtenção das mar- cações. A operação de determinar os desvios residuais denomina-se calibragem do radiogoniômetro. A compensação é da alçada de técnicos