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Primeiros Socorros Complicações dos Traumatismos 1. HEMORRAGIA É a perda de grande quantidade de sangue proveniente de um vaso e que venha a comprometer a estabilidade da hemodinâmica da vítima. A alteração hemodinâmica é caracterizada pela alteração dos batimentos cardíacos e da tensão arterial. 1.1. CLASSIFICAÇÃO - Quanto ao local: Ø Hemorragia interna: Hemorragia na qual o sangramento não é visível, ou seja, não há exteriorização do sangue Acontece em função de lesão de órgão ou vaso importante É uma situação mais difícil de ser diagnosticada, visto que é necessário que o paciente apresente sinais e sintomas Ø Hemorragia externa: O sangue é exteriorizado e facilmente visualizado Devem-se adotar medidas para a interrupção do sangramento De fácil diagnóstico - Quanto ao vaso: Ø Hemorragia arterial: Sangue vermelho vivo (rico em oxigênio e pobre em gás carbônico) Sai em jatos intermitentes (correspondem a sístole cardíaca) e sob grande pressão Ø Hemorragia venosa: Sangue vermelho escuro (pobre em oxigênio e rico em gás carbônico) Sai em filete contínuo (sem pressão) e escorre. OBS: não existe hemorragia capilar, pois uma ruptura nesses vasos não é capaz de ocasionar uma morte. A mesma ocorre, por exemplo, quando existe uma escoriação, onde cada “pontinho” vermelho é sinal de um capilar lesado. 1.2. PERDAS Ø Perdas de até 15% (750 ml) - Não costumam causar alterações - Geralmente são compensadas pelo corpo Ø Perdas entre 15 e 30% (750 – 1500 ml) - Choque hipovolêmico sem hipotensão - Ansiedade - Sede - Taquicardia entre 100 e 120 bpm e taquipnéia - Enchimento capilar lentificado - Pulso radial fraco (falta de sangue periférico, devido a tentativa do corpo de priorizar órgãos nobres) - Pele e suor frios Ø Perdas acima de 30% - Choque hipovolêmico com hipotensão - Alterações mentais (perda de consciência, agitação) - Sede intensa - Pele pálida e suor frio - Taquicardia (superior a 120 bpm) e taquipnéia - Enchimento capilar lento 2. HEMOSTASIA É o procedimento realizado para interromper (estancar) um sangramento ou hemorragia, a fim de evitar o agravamento do quadro da vítima 2.1. TIPOS DE HEMOSTASIA - Temporária: Realizada em primeiros socorros Pode ser realizada por compressão direta ou torniquetes Ø Compressão direta: É o procedimento a ser realizado assim que se observe um sangramento ou hemorragia. Deve-se colocar um pano limpo com luvas e comprimir a região. Uma grande quantidade de casos será solucionada com esse procedimento A depender da extensão e profundidade do corte será necessário que se comprima por mais tempo e com uma pressão maior. O tempo de compressão será aquele necessário para controlar o sangramento e o corpo ative o mecanismo da coagulação formando o coágulo. O local da compressão deverá ser abrangente o suficiente para interromper os sangramentos arteriais e venosos. Ø Torniquete: Se a compressão direta não for o suficiente, deve se realizar o torniquete. O mesmo pode ser improvisado com diversos materiais (gravatas, panos, cintos, bandagens). Deve se evitar o uso de materiais que causem danos a pele (cordas e arames). Deve se evitar também o uso de torniquetes estreitos e em faixa, visto que torniquetes mais largos são mais eficazes no controle da hemorragia. Não se deve folgar o torniquete. Assim, um torniquete colocado no APH deve permanecer até a chegada do doente ao hospital. Torniquetes são usados em cirurgia por até 120-150 min sem lesão significativa. - Definitiva: Será realizada por um médico na ambulância (durante o transporte) ou num hospital. Existem diversos tipos: laqueadura do vaso e a eletrocoagulação ou eletrocauterização OBS: Evisceração e exposição de massa encefálica Em ambos os casos, deve se cobrir a região com um pano umedecido e limpo, que deve estar fixado a superfície corpórea. 3. SANGRAMENTOS Hematêmese: Vômitos com sangue. Pode conter restos de alimento, mas o que chama a atenção é a presença de sangue e/ou coágulos. Proveniente de lesão/trauma no esôfago e/ou estômago ou duodeno. Doenças sem relação com trauma que podem gerar hematêmese: úlcera gástrica, gastrite hemorrágica e câncer de estômago dentre outras. Hemoptise: escarros com sangue. A vítima tosse e escarra sangue. Proveniente de lesão no aparelho respiratório (traqueia, brônquios ou pulmões) Doenças sem relação com trauma que podem gerar hemoptise: a mais comum é a TP (tuberculose pulmonar). Um câncer no pulmão também pode causar sangramento. Melena: é a presença de sangue nas fezes. Surgem manchas escuras chamadas de mancha em borra de café. Nestas manchas encontramos sangue digerido. O sangue passou por todo o processo da digestão e chega ao final do tubo digestivo nas fezes com estas áreas escurecidas. O mesmo sangue que foi vomitado na hematêmese pode descer e surgir nas fezes sob a forma de melena. Enterorragia: é o ato de defecar sangue. O paciente vai defecar e sai sangue vivo que pode pingar no vaso. Pode haver fezes também, mas o que chama a atenção é o sangue. Proveniente do aparelho digestivo baixo (cólon, reto e sigmoide). Doenças sem relação com trauma que podem gerar enterorragia: tumores benignos, tumores malignos, pólipos, divertículos e hemorroidas. Hematúria: é a presença de sangue na urina. Proveniente de trauma no aparelho urinário: rim, ureter e bexiga. A hematúria pode ser macroscópica que é aquela facilmente visualizada ao olharmos a urina e a hematúria microscópica que só é vista ao microscópio ao realizar o exame sumário de urina. Doenças sem relação com trauma que podem gerar hematúria: infecção urinária, tumor renal, cálculo renal, etc. Uretrorragia: sangramento proveniente de lesão traumática na uretra que cursa com saída de sangue espontaneamente sem relação com a micção. A queda a cavaleiro é um bom exemplo de lesão na uretra que causa sangramento. Ocorre quando uma vítima cai sentada lesando a uretra com ruptura e perda sanguínea. Epistaxe: sangramento nasal proveniente de lesão de estruturas do nariz. Ao levar um soco no nariz teremos epistaxe e não rinorragia. Rinorragia: sangramento exteriorizado pelo nariz mas oriundo do SNC Otorragia: sangramento pelo ouvido que pode ter duas etiologias: lesão traumática no CAE (conduto auditivo externo) ou proveniente de lesão no SNC e o sangue é extravasado pelo ouvido. Hemotórax: presença de sangue no tórax em função de lesão traumática. Vide aula de TTA Hemoperitônio: presença de sangue na cavidade peritoneal. O peritônio é a membrana que reveste as vísceras abdominais. Normalmente existe uma pequena quantidade de líquido peritoneal que serve para umedecer as víscera e evitar atrito entre elas. Qualquer líquido ou substância que entre em contato com o peritônio pode causar sinal de irritação peritoneal que se traduz clinicamente por enrijecimento da parede abdominal. O mais comum é o hemoperitônio causado pelo contato com sangue oriundo de um vaso ou víscera lesado. Outas substâncias ou líquidos que podem causar irritação peritoneal: Urina: lesão em bexiga, ureter ou rim Bile: lesão dos canais biliares Suco gástrico: lesão no estômago Suco pancreático: lesão no pâncreas Fezes: lesão de intestino grosso 3.1. SINAIS E SINTOMAS DE SANGRAMENTOS 3.2. O QUE FAZER A NÍVEL DE PRIMEIROS SOCORROS 3.3. COMPLICAÇÕES LOCAIS Equimose: infiltração de sangue nos tecidos após um trauma onde a pele assume uma coloração arroxeada. Difere do hematoma porque no hematoma existe o alto relevo (o famoso “galo”) e na equimose a lesão é na altura da pele. Na equimose são vasos menos calibrosos que são lesados. No hematoma temos vasos maiores rompidos. Panariço: também chamado de panarício ou paroníquia é a infecção dos tecidos ao redor da unha. Muito comum nas pessoas que roemunha ou fazem unha na manicure quando é retirado um “bife” (cutícula). Para evitar que chegue a formar pus como na foto podemos colocar o dedo na água morna para fazer vasodilatação e desinflamar. Abscesso: coleção infecciosa de material purulento geralmente causado por bactérias. É extremamente doloroso (a dor é do tipo pulsátil), fica quente no local, com rubor (avermelhado) e apresenta tumor (alto relevo). O tratamento é feito com a drenagem cirúrgica e uso de antibióticos. Fleumão: ou também chamado de fleimão ou flegmão é uma infecção bacteriana da pele (piodermite). O local fica com rubor, tumor, calor e dor. Não há circunscrição como no abscesso. Existe a presença de pus e tecido necrosado. Linfangite: é a infecção dos vasos linfáticos geralmente causada pelos estreptococos (bactéria). Um tipo de linfangite muito conhecida é a erisipela. Comum nos membros inferiores é causada quando a bactéria penetra por uma porta de entrada que pode ser uma picada de mosquito ou um pequeno ferimento. O tratamento é feito com calor local, analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos. 3.4. COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS Bacteremia: - Presença de bactérias vivas na corrente sanguínea - Não é normal, visto que o sistema imune deve combater e matá-las. Caso isso não ocorra, as mesmas vão se proliferar. Septicemia ou sepse: - Infecção generalizada do organismo por germes patogênicos provenientes de um foco pré-existente, causando um estado grave. - A bacteriemia é um passo anterior à septicemia Gangrena: - Morte de um tecido, seja por falta de irrigação sanguínea ou processo infeccioso. - É necessário a retirada desse tecido. Tétano: - Doença grave não contagiosa causada pelo Clostridium tetani. - Se não for realizada a vacinação ou o tratamento quando a infecção estiver instalada e pode levar a morte. - O nome tétano tem relação com as contrações dolorosas e involuntárias do músculo.
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