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DIREITO CIVIL IX – 2° BIM. 1° SEM./20 REGIMES DE BENS ENTRE CÔNJUGES Arts. 1.639/1.688 Introdução: A partir do Título II, do Livro Direito de Família, o Código Civil, que até o tópico anterior tratou das questões familiares de ordem pessoal, passa a cuidar, agora, das relações patrimoniais no âmbito da família, definindo regras a respeito dos regimes de bens entre os cônjuges, alimentos, bem de família, etc., ou seja, as questões de caráter pecuniário e patrimonial que incidem nas relações familiares. O primeiro desses temas regulados pelo Código Civil dispõe sobre os regimes de bens, que ora passamos a analisar. Conceito: Os regimes de bens constituem o conjunto de normas e princípios jurídicos que disciplinam as relações econômicas entre os cônjuges, enquanto perdura o casamento. São diretrizes que conduzem e regulam as relações pecuniárias que dizem respeito ao patrimônio dos cônjuges. Através dessas diretrizes, serão definidas as questões relativas ao domínio dos bens dos cônjuges, sua administração e comunicação. Se o casamento terminar por divórcio ou outras causas, as regras quanto à comunicação dos bens deverão observadas para se definir a forma de partilhar o patrimônio. Obs.: Inicialmente, antes da apreciação das questões materiais previstas na legislação, creio ser útil o entendimento de algumas expressões que serão utilizadas ao longo do assunto. Vejamos: BENS COMUNS: Usa-se para nomear os bens que pertencem a ambos os cônjuges, por força do regime que escolheram. A expressão vem da palavra “comunicação”, que aqui significa COMUM, no sentido de apontar que determinado bem é de propriedade de ambos os consortes (comum a ambos, portanto), em igualdade de proporções. Exemplo: cônjuges casados pelo regime da comunhão parcial de bens. Na constância do Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce casamento, é comprada uma casa por um ou por outro cônjuge, ou por ambos em conjunto. Esse bem pertencerá a ambos, em 50% para cada um. BENS PARTICULARES: Como a própria designação indica, temos aqui o contrário da definição do item anterior. Bens particulares seriam aqueles pertencentes a um só dos cônjuges, sem que o outro tenha parte, isto é, são bens que “não se comunicam”. Isto também se dá em razão das regras do regime que foi escolhido por eles ao casarem. Exemplo: cônjuges casados pelo regime da comunhão parcial de bens. Na constância do casamento, um deles recebe uma casa de herança. Esse bem pertencerá apenas ao cônjuge herdeiro, sem que o outro tenha qualquer parte da casa. PACTO ANTENUPCIAL: Para se casar sob determinados regimes, é necessário que antes do matrimônio os pretendentes se dirijam a um cartório de notas para que seja lavrado o pacto antenupcial, por escritura pública, no qual eles definirão a escolha do regime, documento esse que deverá ser levado ao cartório do registro civil (onde irão se casar), para compor a documentação prevista no art. 1.525, CC. Adiantando, no regime da comunhão parcial, que é tido como o regime oficial, não se exige esse pacto, sendo este apenas obrigatório nos regimes da comunhão universal, separação convencional e participação final nos aquestos. ESPÉCIES DE REGIMES: - Comunhão Parcial de Bens – É o mais utilizado entre as pessoas que se casam, considerado por muitos como o regime “mais justo”, pois nele só se comunicam (pertencerá aos dois) os bens adquiridos durante o casamento, a título oneroso (comprados, normalmente). Acrescente-se que nesse regime, havendo bens particulares, serão estes passíveis de sub-rogação. O que é isso? Por exemplo, quando José casou com Maria, sob esse regime, ele já tinha uma casa, adquirida enquanto solteiro. Segundo a regra acima, esse é um bem particular de José, que não entra na comunhão com Maria. Se José, durante o casamento, vender essa casa e comparar outra, esse novo imóvel continuará pertencendo só a ele, pois foi sub-rogado no lugar do outro (substituído). Porém, para que essa regra prevaleça, é necessário que José, no documento de aquisição da nova casa, faça constar que o dinheiro utilizado na compra é proveniente da Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce venda de um bem particular. A isso se dá o nome de cláusula de sub- rogação. Se ele não fizer essa ressalva expressamente, o novo bem pertencerá aos dois. A esse respeito, complemente-se que também pode ocorrer que o novo imóvel adquirido por José seja de valor superior ao que ele vendeu. Nesse caso, o valor auferido na venda continua sendo somente de José, mas o que ultrapassar, será comunicável. Exemplo: A casa que José já tinha foi vendida por R$ 200.000,00; a que ele comprou, custou R$ 300.000,00. Assim, temos um excedente de R$ 100.000,00, que entrará na comunhão. Portanto, do novo imóvel, José terá a fração de R$ 250.000,00 e Maria a de R$ 50.000,00. - Comunhão Universal de Bens – Já foi o regime oficial e o mais usado no Brasil até o final dos anos 1970, quando entrou em vigor a Lei do Divórcio (Lei 6.515/77). Ainda é utilizado numa parcela pequena dos casamentos que se realizam, mas depende da lavratura de pacto antenupcial (ver abaixo). Nesse regime, com algumas poucas exceções, de todos os bens que cada um tiver, o outro terá a metade. Bens que já se possuía antes de casar, bem como aqueles que forem adquiridos durante o casamento por qualquer dos consortes, seja a título oneroso ou gratuito (herança e doação). Tudo pertencerá a ambos, meio-a-meio, ou seja, a comunhão atinge a universalidade dos bens, provindo daí a expressão “universal”. Não é incorreto, entretanto, denominá-lo também como “comunhão total”. - Regime da Separação Convencional de Bens – Radicalmente contrário às duas espécies acima definidas, no regime de separação, como se percebe, não há comunhão alguma, parcial ou total, pois neste caso cada um dos cônjuges terá o seu próprio patrimônio, sobre o qual ao outro não é reconhecido qualquer direito. Portanto, aqui se tem a “separação total” dos bens de cada um em relação ao outro, sejam tais bens adquiridos anterior ou posteriormente ao casamento, seja a título oneroso ou gratuito. Também depende de pacto antenupcial, no qual os pretendentes convencionam (ajustam), que entre eles não haverá relações patrimoniais, salvo aquelas decorrentes do sustento da família (arts. 1.687 e 1.688). Obs.: A jurisprudência tem entendido que as regras acima deverão ser observadas, sempre que os cônjuges convencionarem esse regime e, na Ryasumaro Realce prática, aturarem de forma a não desvirtuar os seus princípios. Assim é, por que, apesar da convenção realizada, ocorrerem situações de fato que fogem à regra geral do instituto, sendo que em casos tais os termos do pacto antenupcial poderão ser mitigados (desconsiderados) em prol de um princípio maior do direito, que veda o enriquecimento à custa de outrem ou sem causa justa. Exemplo: Manoel, fazendeiro, casou com Joelma, professora, e estabeleceram o regime da separação. Durante o casamento, Manoel influenciou Joelma a pedir demissão do seu emprego, tendo ela, daí em diante, passado a ajudar o marido nos seus negócios. Iam juntos às fazendas dele, onde ela fazia comida para os peões; era ela quem cuidava dos assuntos bancários do marido, etc. Num belo dia, Manoel requereu o divórcio de Maria, alegando no processo que haviam se casado no regime da separação convencional de bens, conforme pacto antenupcial juntado aos autos, argumentando ao juiz da causa que, por essa razão, não haviam bens a partilhar. Ocorre que o patrimônio de Manoel, durante o casamento, foi duplicado, sendo que Maria, como visto acima, teve papel decisivo nesse aumento patrimonial. Nessas condições, segundo a jurisprudência pacífica,Maria poderá contestar as alegações de José e requerer ao juiz a partilha dos bens que aumentaram no patrimônio do marido durante o casamento, pois, de fato, o casamento deles não seguiu os princípios da separação. Se ela comprovar a efetiva ajuda ao marido, o juiz determinará a partilha dos bens adquiridos durante o casamento, como se eles tivessem casados pela comunhão parcial. Creio que todos entenderam, mas não custa ilustrar: Quando Manoel se casou com Maria, seu patrimônio era de R$ 10.0000.000,00. Por ocasião do divórcio, o patrimônio dele havia saltado para R$ 20.000.000,00. Dos R$ 10.000.000,00 acrescidos, Maria terá direito a R$ 5.000.000,00. (10% disso são seus, querido(a) aluno(a), que foi o(a) advogado(a) de Maria. KKKK. Já pensou, quinhentinha...). - Regime da Separação Obrigatória de Bens – A palavra “obrigatória” decorre da lei, pois algumas pessoas não têm o direito de escolher o regime em que irá se casar. Estão elencadas no art. 1.641, CC, sendo também chamadas de causas de separação “legal” de bens. Funciona igualmente à separação convencional vista acima, mas não por convenção dos nubentes e sim por imposição de lei. Exemplo: a pessoa que for se casar e contar com 70 anos ou mais, não poderá escolher um regime de bens, pois, obrigatoriamente, deverá se casar no regime da separação. Ryasumaro Realce Também aí se enquadram os demais casos previstos no citado art. 1.641, especialmente aos nubentes que desrespeitarem as causas suspensivas do casamento (art. 1.523). Obs. 1: Existem muitos questionamentos judiciais a respeito dessa obrigatoriedade de adoção do regime da separação aos maiores de 70 anos, mas ainda não se tem um posicionamento definitivo da jurisprudência sobre o tema. Mesmo porque, o que a legislação visa nesse particular é a proteção do idoso. Imagine-se um senhor de 75 anos que irá se casar com uma mulher de 20..., ou de uma senhora de 72 se casando com um jovem de 25 (Como cantaria o Leonardo: “É o amor, que veio como tiro certo no meu coração...” KKKK). Brincadeira à parte, não sou preconceituoso, mas é de desconfiar, não é mesmo? Especialmente, se o cônjuge jovem for um quebrado e o idoso cheio da grana. Obs. 2: No que diz respeito ao regime da separação obrigatória, qualquer que tenha sido o motivo de sua imposição (art. 1.641), a jurisprudência já assentou entendimento, há muito tempo, que os bens adquiridos pelo esforço comum, durante o casamento, seriam comunicáveis (Súmula 377, STF). Desse modo, a separação obrigatória estaria equiparada à comunhão parcial, se o casamento terminar. - Regime da Participação Final nos Aquestos – (Aquestos são os bens adquiridos onerosamente, durante o casamento). Esse regime é o de menor importância entre todos, por que sua utilização pratica é quase zero. Eu, particularmente, nunca atuei num caso onde esse fosse o regime adotado pelos cônjuges. Ele é, de certa forma, de muito difícil aplicação efetiva, pois contempla regras quase inexequíveis. É chamado de regime misto, pois durante o casamento funciona como se fosse regime de separação, mas se o casamento acabar (daí a palavra “final” em seu título), funcionará como se fosse comunhão parcial. Foi criado em 2002, quando da chegada do atual CC, mas não “decolou”, como, na época, já previa Silvio Rodrigues, saudoso e eminente civilista, que o chamou de regime “nati morto”, ou seja, nasceu morto. E foi profética a previsão do referido professor, pois até hoje, como dito acima, é de utilização quase nula. Mas vamos entender seu funcionamento. Durante o casamento, cada um dos cônjuges terá seu próprio patrimônio, não havendo qualquer comunicação, bem como cada qual deles poderá livremente administrar Ryasumaro Realce seus bens. Mas se o casamento terminar (divórcio), far-se-á a tal participação nos aquestos. Em tese, não seria a situação de difícil equacionamento. Porém, nestes tais aquestos devem ser compreendidos todos bens adquiridos onerosamente por cada um dos cônjuges durante o casamento, inclusive aqueles que eles já não possuem mais (vejam o art. 1.675). E aí está a dificuldade. Imagine-se num casamento de 30 anos, como calcular o valor de um bem alienado por um deles há 20 anos passados? Em termos práticos seria o seguinte: Mário e Joana se casaram por esse regime e acabaram se divorciando. Nesse caso, deverão ser levantados os valores de todos os bens que possuem e já possuíram para fazer a tal participação. Chegou-se aos seguintes números: Mário angariou R$ 100.000,00 e Joana R$ 150.000,00, durante o casamento, a título oneroso. Joana deverá pagar R$ 25.000,00 a Mário, para que sejam equiparados os patrimônios, ficando ambos com R$ 125.000,00. José Márcio de Almeida, assim sintetiza o tema: Consideram-se aquestos não apenas os que restarem no momento da dissolução da sociedade conjugal, mas todos os bens adquiridos durante o tempo em que durou o casamento e os respectivos valores se tiverem sido alienados. Deve-se realizar, portanto, uma apuração de natureza contábil. Obs.: O regime em referência não se confunde com o regime da comunhão parcial, pois neste o casal, em se divorciando, irá partilhar o patrimônio (comum) existente no momento do divórcio, adquirido de forma onerosa durante o casamento. Na participação final dos aquestos, além desses, há que se considerar também os que os cônjuges não mais possuem. Enfim, é de quase nenhum uso o regime em questão e que muito pouco deve preocupar vcs. CÓDIGO CIVIL: Agora, passemos aos dispositivos legais que regem o assunto como um todo. Faremos comentários daqueles de maior importância, não sendo considerado para fins de prova o que aqui não for referido. Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. § 1 o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce § 2 o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas. RESUMINDO: - Como o patrimônio é tido por lei como “direito disponível”, o Código estabelece que os nubentes podem ajustar suas relações dessa natureza da forma como desejarem. Isto quer dizer que podem, não só escolher livremente o regime pelo qual pretendem se casar, mas também lhes oferta a possibilidade de modificar as próprias regras legais, segundo os seus interesses. Exemplo: A e B se casam sob o regime da comunhão universal, no qual se comunicam os bens provenientes de doação. Se quiserem, podem estipular que os bens que cada um receber por doação, não entrará na comunhão. - As normas do regime escolhido entram em vigor na data do casamento e deixam de valer se o casamento se desfizer. Mesma regra se aplica na separação de fato. Ilustremos acerca do § 1°, do art. 1.639: Zeca e Dora vão casar pelo regime da comunhão universal, tendo feito o pacto antenupcial. O casamento será daqui a 15 dias e eles resolveram romper (não haverá mais casamento). Nesse caso, o pacto não produz qualquer efeito, pois o casamento não se realizou. - É possível, durante o casamento, os cônjuges fazerem a alteração do regime que escolheram quando se casaram. Entretanto, essa modificação só será possível com autorização judicial, não dependendo somente da vontadedas partes. - Sendo a comunhão parcial o regime oficial, como dito acima, se não for feito pacto para a escolha de outro regime, ou se o pacto for nulo, aplica- se no caso concreto as regras da comunhão parcial. - Quando do requerimento para abertura do processo de habilitação, os cônjuges poderão escolher um dos regimes previstos em lei, salvo se for o caso de regime de separação obrigatória. Para a escolha da comunhão parcial, basta a simples declaração nesse sentido ao oficial do cartório do Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce registro civil. Se, porém, a escolha for pelo regime de comunhão universal, separação convencional ou participação final nos aquestos, os nubentes deverão providenciar o pacto antenupcial, por escritura pública, que deverá ser lavrada no cartório de notas e depois levada ao cartório do registro civil. O artigo 1.641, acima já comentado em parte, dispõe sobre os casos de aplicação do regime de separação obrigatória, ou seja, nos casos previstos nesse artigo, os cônjuges não terão direito de escolha, impondo-se o regime da separação. Em suma, essa imposição se aplica àqueles que desrespeitarem as causas suspensivas (art. 1.523), às pessoas maiores de 70 anos e em todo caso em que o juiz tiver de autorizar um casamento (Ex.: menor com 16 anos quer se casar; a mãe concorda e o pai não. O caso será submetido ao juiz; se este autorizar, o fará com a observância de o regime deverá ser o da separação). Entre os artigos 1.642 e 1.646, o Código trata de questões de menor importância, regulando, regra geral, situações relativas à administração dos bens e assunção de obrigações. Tem relevo esse último tópico, pois, com exceção do regime da comunhão universal, onde se comunicam bens e obrigações, nos demais casos cada cônjuge é responsável pelas dívidas que contrair, a não que se comprove que a referida dívida beneficiou a ambos os cônjuges. O artigo 1.647, de grande importância, estabelece algumas limitações aos cônjuges, no que toca, especialmente, a alienação e oneração (dar em garantia) de bens imóveis. Apenas no regime da separação convencional, cada cônjuge poderá livremente alienar e gravar seus bens, sem que o outro tenha que autorizar. Nos demais regimes, o cônjuge que pretenda dispor de um bem imóvel, dependerá de expressa autorização do outro, ainda que esse bem seja de propriedade exclusiva do cônjuge vendedor (bem particular). É a chamada “outorga uxória”. Exemplo: lembram da casa que José já tinha antes de casar com Maria, naquele exemplo citado acima? Então, eles são casados no regime de comunhão parcial e a casa é só dele. Mesmo assim, para fazer aquela venda, ele precisou da autorização da esposa. Se essa autorização for negada pelo cônjuge, o outro poderá recorrer ao juiz para suprir a outorga (art. 1.648), sendo que o magistrado deferirá o pedido se concluir que a recusa é injusta. Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Obs.: Há uma exceção ao caso. No regime de participação final nos aquestos, se os cônjuges, no pacto antenupcial, ajustarem pela dispensa da outorga, essa não será necessária aos negócios de tal natureza que cada um tiver que realizar (art. 1.656). Também deverão os cônjuges estar reciprocamente autorizados para prestar fiança ou aval, postular ou se defender em juízo sobre direitos inerentes a imóveis. Vamos, agora, ao ponto crucial do assunto. Analisar e entender os artigos 1.658, 1.659, 1.660, 1.661 e 1.662 (comunhão parcial); 1.667, 1.668 e 1.669 (comunhão universal), que tratam, de forma efetiva, quais são os bens que se comunicam, ou não, nos citados regimes. Quanto aos regimes da participação final nos aquestos e separação convencional, iremos ficar com o que já foi acima expendido, que considero ter sido o suficiente. Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes. (São comunicáveis apenas os bens adquiridos após o casamento, salvo as exceções abaixo) Art. 1.659. Excluem-se da comunhão (PARCIAL): I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; (Acima, já nos referimos ao caso. Os bens que o cônjuge já tinha antes de casar, continua sendo só dele, bem como aqueles que receber por herança ou doação. Relembre-se que os sub-rogados também continuam a pertencer àquele dos cônjuges que já possuía o bem substituído. Como no caso do José, do nosso exemplo, onde só entrou na comunhão o valor que acresceu). II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; (Este dispositivo apenas complementa o anterior). III - as obrigações anteriores ao casamento; (Mais que óbvio. Se um dos cônjuges vem para o casamento com dívidas contraídas antes do matrimônio, não seria lógico o outro ter responsabilidade quanto às mesmas). IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; (Um exemplo melhor esclarece a situação: o marido, dirigindo seu veículo Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce de forma imprudente, causa acidente, provocando danos a terceiro. Somente o marido, é claro, responderá pela obrigação – indenização – decorrente desse ato ilícito. Porém, se o ato ilícito do marido trouxer algum proveito para a mulher, esta então estará obrigada). V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; (Tratam-se de bens de caráter personalíssimo, que a lei exclui da comunhão. Coisas de uso pessoal e livros, nada a comentar, diante da condição intimista desses objetos. Quanto aos instrumentos de trabalho, temos, por exemplo, o equipamento do consultório do dentista, o caminhão do caminhoneiro, etc.) VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; (Proventos seriam considerados o salário, os honorários profissionais, ou seja, tudo que a pessoa aufere em razão da sua profissão. Tais numerários não fazem parte da comunhão, podendo cada qual deles despender (gastar) com o que quiser sem que ao outro deva satisfação. Porém, se o cônjuge começa a guardar parte desse dinheiro, em poupança, por exemplo, então essas economias passam a pertencer ao casal, em comunhão. Conselho (KKKK): para que isso não ocorra, ao invés de poupança, faça uma previdência privada, que, segundo se entende, tem caráter de “montepio”, previsto no inciso a seguir, e não entra na comunhão). VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. (Pensões, seriam aposentadoria, pensão por morte e outros de ordem previdenciária; Meios-soldos é o salário de militar; Montepios é a denominação antiga de previdência privada, daí a “dica” acima) Art. 1.660. Entram na comunhão (PARCIAL): I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; (O mais evidente caso. Tudo o que ambos adquirirem, juntos ou separadamente, durante o casamento e a título oneroso – compra – fará parte da comunhão, pertencendo a ambos os cônjuges). II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; (Como aquisição de bens por fato eventual, pode-se citar como exemplo os prêmios de loteria. Está casado na comunhão parcial e ganhou na mega-sena, o cônjuge do sortudo terá a metade desse prémio). III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; (A regrageral estabelece que nesse regime não se comunicam os Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce bens adquiridos a título gratuito – herança ou doação. Porém, aqui a regra é invertida em razão da vontade de quem doou ou de quem deixou a herança. Exemplo, meu filho é casado na comunhão parcial e seu fizer uma doação a ele, somente a ele pertencerá o bem. Mas, se por acaso, eu, doador, fizer constar que a doação está sendo feita em favor do meu filho e da minha nora, então a ambos o bem doado pertencerá). IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; (Um exemplo pode mais facilmente decifrar a questão: casei na comunhão parcial e já tinha uma casa, mas durante o casamento realizeis reformas no imóvel, de modo que hoje ele é muito mais valioso. A casa continua sendo só minha, porém no valor das benfeitorias realizadas meu cônjuge fará jus à metade). V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. (Outro exemplo: você tem uma fazenda onde se produz café, a qual já era sua quando se casou. A fazenda sempre será só sua, mas a cada colheita de café, seu cônjuge terá direito a metade do valor dos frutos colhidos). Obs.: Não se entende a inserção feita pelo legislador neste dispositivo a respeito dos bens comuns. Ora, se são comuns, seus frutos também o serão. Então, levemos em conta apenas os frutos provindos de bens particulares. Quanto ao previsto no final do inciso - frutos pendentes -, pode-se exemplificar da seguinte forma: Você, que tem a fazenda que produz café, como acima ilustrado, vai se divorciar agora, mas a colheita do café será daqui a três meses, isto é, os frutos já existem, mas ainda não foram colhidos, estão “pendentes”. Não importa, seu cônjuge terá direito a metade desses frutos quando forem colhidos, apesar do divórcio se realizar agora. Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior ao casamento. (Na comunhão parcial, pode ocorrer de o cônjuge ter um proveito econômico já quando casado, mas a causa desse proveito é anterior ao matrimônio. Exemplo: Rodrigo, enquanto solteiro, trabalhava numa empresa como engenheiro. Foi demitido e propôs ação trabalhista para receber verbas não pagas. A ação começou a tramitar e, nesse meio tempo, ele se casou com Andreia, adotando o regime da comunhão parcial. Agora, alguns anos após o casamento, a ação que Rodrigo propôs terminou e ele irá receber R$ 100.000,00, entre verbas rescisórias e indenizatórias. Esse valor não será comunicado com Andreia, pois a motivo da aquisição patrimonial dele era anterior ao casamento). Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Obs.: Verbas de ação trabalhista e até mesmo depósitos do FGTS, são comunicáveis, se auferidos durante o casamento, ou seja, se o trabalho do cônjuge que deu causa a essas verbas foi desempenhado durante o casamento. Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens móveis, quando não se provar que o foram em data anterior. (Os bens móveis, como geralmente não possuem registro de aquisição, salvo veículos, são presumidamente adquiridos durante o casamento, fazendo parte da comunhão. Exemplo, levei para o meu casamento vários eletrodomésticos que adquiri antes de casar. Algum tempo após o casamento, resolvi me divorciar. Terei de partilhar esses móveis com meu cônjuge, a não ser que comprove – por nota fiscal, p. ex. – que os tinha adquirido antes de casar. Vamos guardar as notas, pessoal!!!). Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte. (Como se vê, na comunhão universal o tratamento do legislador se distingue daquele que oferta à comunhão parcial. Aqui, todos os bens se comunicam, com algumas exceções. Portanto, os bens que não constarem dos incisos abaixo, pertencerão a ambos os cônjuges, se o regime for o da comunhão universal, inclusive serão de responsabilidade ambos as dívidas que se contrair). Art. 1.668. São excluídos da comunhão (UNIVERSAL): I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub- rogados em seu lugar; (Essa regra, como ocorre na comunhão parcial – 1.659, I – trata da regra geral alusiva ao instituto de forma invertida. Como já dito, na comunhão universal se comunicam todos os bens, inclusive os adquiridos a título gratuito, seja por doação ou herança. Porém, mais uma vez, o legislador determina que deve ser observada a vontade de quem doou ou deixou a herança. Exemplo: Meu filho é casado no regime da comunhão universal. Faço uma doação ao meu filho e, segundo a regra geral, o cônjuge dele terá a metade desse bem. No entanto, eu, como doador, não quero que seja assim. Então, faço a doação para o meu filho com cláusula de incomunicabilidade, dispondo que não quero que o cônjuge dele tenha parte no bem doado). II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; (Falaremos sobre esse assunto no 10° Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Termo, pois o fideicomisso é uma forma de se dispor por testamento, matéria a ser tratada no Direito das Sucessões, sendo que, agora, sairíamos muito fora do nosso tema para poder esclarecer a respeito). III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; (As dívidas que cada um trouxer para o casamento são responsabilidade exclusiva do cônjuge devedor, a não ser que a obrigação seja decorrente dos preparativos – aprestos – do matrimônio). IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; (Coisa antiga – doação antenupcial – que, costumeiramente o noivo fazia em favor da noiva em razão do casamento. Pedro doa para sua noiva, Luzia, uma Ferrari, porque eles vão se casar e ainda o faz com cláusula de incomunicabilidade, ou seja, mesmo casando na comunhão universal, o veículo será só dela. Haja amor...). Ah, é bom lembrar que se o casamento não se realizar, Luzia terá de devolver a Ferrari. Ferrou!!! V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659 . (Aqui basta aplicar as mesmas regras já comentadas quanto à comunhão parcial, nos dispositivos em referência). Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento. (Obviamente, a exemplo do ocorre na comunhão parcial em relação aos frutos, os bens que não entrarem na comunhão universal, mas os produzirem, tais frutos entrarão na comunhão). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1659 Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce Ryasumaro Realce
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