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Parasitoses intestinais Referência: Tratado de Pediatria 4°ed SBP; AULA UFR Epidemiologia: A ascaridíase é a segunda infecção mais comum do planeta, sendo a infecção dentária (cárie) a primeira. Etiologia: São causadas por protozoários, como Entamoeba histolytica, Giardia lamblia (Giardia intestinalis), ou por helmintos, sendo que os helmintos são divididos em platelmintos (relacionado com contagiosidade pelos animais – Taenia solium e Taenia saginata), e nematelmintos (contagiosidade relacionada com solo e ambiente - Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Trichuris trichiura, Ne-cator americanus, Ancylostoma duodenale). O ciclo de vida dos agentes: ovo, larva e adulto, nos helmintos, e cistos, oocistos, trofozoítos, nos protozoários, é variável de acordo com cada parasita, bem como a localização no trato gastrointestinal e também a sua forma de contágio. Doenças causadas por helmintos: Esquitossomose (Shistossoma mansoni): hospedeiro intermediário é o caramujo, a transmissão é por meio da penetração da larva na pele; causa dermatite maculopapular no local de penetração da larva, causa febre, hepatoesplenomegalia, eosinofilia, mialgia, pneumonite (esses vermes penetram em região pulmonar), cefaleia, dor abdominal, fibrose de Symmers (ovos nas vias portais e periportais e redução do fluxo da veia porta – hipertensão); diagnóstico é pelo parasitológico de fezes pelo método de Kato-Katz; tratamento é com Praziuantel e Oxamniquina. Teníase/Cisticercose: Tâenia saginata é do boi, Taênia solium é do porco; quando ingere a larva por meio de carne mal passada teremos a teníase, quando inala o ovo de alimentos mal lavados ou tem autoinfecção desenvolve a cisticercose; sintomas são fadiga, cefaleia, tontura, bulimia, náuseas, vômits, dor abdominal, constipação, eosinofilia, inflamação local, oclusão intestinal, colangite, apendicite; diagnóstico é detecção de ovos ou proglotes; tratamento é Praziunantel e Niclosamida Ascaridíase: transmissão fecal/oral; faz ciclo pulmonar; os ovos são eliminados nas fezes humanas; os sintomas dependem de onde o parasita está passando, no intestino tem-se espolia de nutrientes gerando desnutrição, baixa estatura e atraso no desenvolvimento; pode ter pneumonite, apendicite, pancreatite hemorrágica, colestase, abscesso hepático; diagnóstico é exame parasitológico de fezes; tratamento é Albendazol, Menbendazol;Albendazol,Ivermectina; em obstrução faz administração de óleo mineral por sonda nasogástrica até a eliminação retal do óleo e aguarda a saída dos parasitas. Só faz a terapia anti-parasitária depois que fizer a desobstrução; não se usa mais piperazina pelos efeitos tóxicos. Ancilostomiase: cauado pelo Ancilostoma duodenale ou Necator americanus é transmitida pela larva que penetra a pele/mucosa; causa dermatite larvária no local onde entrou a larva, pneumonite em caso de ciclo pulmonar, lesão de mucosa intestinal e espoliação sanguínea gerando anemia hipocromica e microcitica, hipoproteinemia (e consequente edema) e anorexia; o diagnóstico é por meio de EPF e o tratamento com Albendazol, Menbendazol, Ivermectina, Nitazoxamida. Estrongiloidiase: transmissão por penetração da pele, possui capacidade de reinfecção, causado pelo Strongiloides stercoralis; causa a dermatite no local de entrada, possui ciclo pulmonar então vai causar pneumonite, causa enteropatia exudativa perdedora de proteína e possui ação espoliadora, causa síndrome pseudo-ulcerosa com diarreia secretora ou esteatorreia e desnutrição proteico energética; essas larvas migram pelo fígado, pulmão e outras vísceras, e o problema disso é que carregam as bactérias intestinais com ela, de modo a causar bateremia e pode causar sepse ou até meningite; o diagnóstico é por meio de EPF; 1 escolha Ivermectina 2 escolha Albendazol Trichuriase: ingere o ovo de Trichuris trihiura e a larva eclode no intestino delgado, as larvas reproduzem e liberam os ovos nas fezes; esses ovos são funcionais por até 1 ano; causa dor abdominal, desinteria, desnutrição, pode causar prolapso retal (o prolapso retal é característico de trichuríase); trata com Albemdazol Oxiuriase: ingestão do ovo, larva eclode no intestino, vermes adultos no ceco; as fêmeas ficam em região de ceco e perianal causando coceira, com isso fica com ovo na mão e se reinfecta; como diagnóstico tem-se o teste da fita perianal (coloca a fita na região perianal e vizualiza os ovos); trata com Albendazol. Doenças causadas por protozoários: Amebíase: transmitida pelo Entamoeba histolytica; transmissão fecal oral; fixa no cólon e por isso pode causar úlcera, atinge circulação porta-hepática e por isso pode chegar no pulmão e até mesmo em SNC; pote ter colite desintérica, com sangue nas fezes, colite necrosante (úlceras profundas, isquemia, hemorragia, megacolon tóxico, colite fulminante, podendo chegar a perfuração), pode fazer um ameboma, que é mucosa em edema e estreitamento do lúmen, causando diarreia ou constipação;com estreitamento de lúmen; ocorre ainda manifestação extra intestinal pela migraão pela veia mesentérica superior, chegando no fígado e causando inflamação difusa, degeneração celular e necrose; o diagnóstico é por ELISA ou PCR; tratamento Metronizadol/ Secnidazol. Giardíase: causada pela Giardia, transmissão fecal oral por meio dos cistos; causa atapetamento da musoca duodenal, com formação de barreira mecânica, atrofia vilositária, diarreia crônica esteatorreica ou diarreia; pode gerar desnutrição, má- absorção secundária de lactose e hipovitaminoses; diagnóstico por ELISA ou PCR; trata com Metronidazol ou Albendazol (A giardíase não está associada a eosinofilia). Quadro clínico: O quadro clínico geral das parasitoses intestinais, na grande maioria dos casos, é oligossintomático ou assintomático. Os sintomas geralmente são inespecíficos, como diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal inespecífica, distensão abdominal, má absorção e desnutrição. Cada parasitose pode, contudo, gerar manifestações mais específicas, como: infestação com tendência à suboclusão e até obstrução intestinal na ascaridíase; prurido anal na oxiuríase, que ocorre porque as fêmeas depositam seus ovos na borda anal, gerando uma reação extremamente pruriginosa; prolapso retal na tricuríase; anemias importantes por expoliação na ancilostomíase e necatoríase; disseminação séptica na estrongiloidíase em paciente imunossuprimido; convulsões no adolescente decorrentes da neurocisticercose nas teníases por Taenia solium; síndrome disabsortiva na giardíase; disenteria sanguinolenta e abscessos hepáticos na amebíase; diarreia do imunossuprimido na criptosporidíase e cistoisosporíase. Diagnóstico: O diagnóstico das parasitoses, além do aspecto clínico, pode ser complementado pelo laboratorial. É preciso que o pediatra especifique para o laboratório quais patógenos são suspeitos no caso, por que com isso o laboratório consegue fazer testes direcionados. Um exame negativo de fezes não afasta, e um exame positivo confirma. Em média, o ideal para contemplar todas as formas dos helmintos e protozoários e melhorar a sensibilidade dos exames coproparasitológicos é realizar a coleta seriada de fezes, com uma coleta a cada 7 dias por 3 semanas; assim, todas as formas podem ser avaliadas pelo tempo total de coleta. Os cistos são vistos em fezes sólidas e os trofozoitos em fezes diarreicas, por isso o ideal é a coleta seriada. O teste parasitológico de fezes é um exame especifico para encontrar o patógeno, existe ainda o achado de eosinofilia (comum em helmintíases). A radiografia é um método auxiliar para suboclusão por áscaris e também na síndrome de Loeffler (pneumonite eosinofílica). A ecografia abdominal pode auxiliar em migração errática de áscaris para colédoco e abscesso amebiano, por exemplo. Tratamento: Quando identifica umpaciente com parasitose o ideal é tratar toda a família e orientar sobre medidas profiláticas. Deve-se realizar controle de cura no 7° dia, 14° dia e 21° dia.
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