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Pneumonia adquirida na comunidade Introdução Infecção do parênquima pulmonar ( alvéolos, interstício, pequenas vias aéreas) e manifesta na comunidade ou nas primeiras 48 horas após a internação. Doença inflamatória de origem infecciosa e aguda. Fisiopatologia O agente etiológico chega ao trato respiratório e ocorre aspiração de secreções da nasofaringe e orofaringe, inalação de aerossóis (micoplasma) disseminação hematogênica ( S aureus, E coli e P aeruginosa), disseminação a partir de um foco contiguo (mediastino, parede do tórax) ou reativação local ( TB, CMV, P cariniios principais agentes etiológicos são pneumococo, H.influenzae, Moraxella catarrhalis e agestes atípicos como mycoplasma pneumoniae e chlamydia pneumoniae. A relação da virulência do patógeno também é um dos fatores para manifestação da doença. Sobre os mecanismos de defesa temos o fechamento da glote, reflexo da tosse, muco brônquico, atividade ciliar do epitélio respiratório, fatores humorais presentes no muco, macrófagos e imunoglobulina alveolares. A história da PAC é uma história AGUDA de 3 a 4 semanas de evolução no máximo. Acima disso pensar em outras etiologias. Apresentação clinica A PAC apresenta com tosse seca ou com expectoração purulenta, pode apresentar dor torácica pleurítica em pontada que piora com a tosse e a inspiração profunda, nas pneumonias de base pulmonar a dor pode ser referida no abdome ou na região escapular. A dispneia quando presente é um sintoma de evolução grave, a febre deve se dar mais importância para idosos debilitados e imunosuprimidos. Outros sintomas podem ser: adinamia, as vezes prostração, mialgia, sudorese, anorexia, calafrios, náuseas e vômitos. Os sintomas mais comuns são : tosse, dor torácica e febre. No exame físico podemos verificar aumento da FR, FC e frêmito toracovocal, macicez ou submacicez a percussão, diminuição do murmúrio vesicular, estertores, sopro tubário, broncofonia ( ausculta da voz aumentada, som nítido), pectoriloquia fônica ( fala 33 nítido) ou afônica ( fala 33 nítido sussurrando). Estertoração a ausculta, taquipneia relaciona- se com a gravidade do quadro. Fatores de risco Entre os fatores de risco incluem idade avançada, comorbidades crônicas como DPOC, infecções viral do trato respiratório, risco de aspiração por prejuízo da proteção das vias aéreas, tabagismo e uso excessivo de álcool e condições de vida em ambientes lotados como prisão e abrigos. Diagnostico O diagnóstico de PAC é clinico + raio X que confirma ou exclui. Normalmente HMG com leucocitose associado a um infiltrado pulmonar novo no exames de imagem confirma o diagnostico em pacientes com quadro clinico compatível. O raio X que confirma deve vir alterado com opacidades alveolares, consolidação intersticial reticulares. Escavações e a presença de derrame pleural concomitante são sinais de gravidade Idosos podem não ter tosse e febre e leucócitos normais e mesmo assim ter PAC. Exames complementares para pacientes internados como bioquímica, hemograma, eletrólitos, gasometria, ureia e creatinina, proteínas totais, tempo de tromboplastina. Em pacientes com doencas pulmonares previas ou pacientes obesos um novo infiltrado pulmonar pode ser originado de uma causa não infecciosa, como congestao pulmonar, nesses casos deve pensar em diagnosticos diferencias. Pacientes com coriza, dor de garganta, febre e infiltrado bilateral deve pensar em quadro viral principalmente influenza A ou Covid-19 Nos casos mais graves pode solicitar hemocultura e estudo microbiológico de escarro. Avaliacao da gravidade A - avaliação é feita com o uso do CURB-65 C - confusão mental U - ureia > 50 mg/dl R - FR> 30 B - PA sistólica < 90mmHg ou PA diastólica igual ou < 60 mmHg 65 - > 65 anos de idade Cada letra do CURB-65 vale 1 ponto 0 -1 ponto trata a nível domiciliar de baixo risco sendo que se pontuar 1 ponto só vale se for referente a idade. Retorno em 48h. Só considerado não grave se for 1 ponto da idade!! 1 ou + pontos deve ser internado. Exames complementares Em pacientes internados exames laboratoriais são indicados como HMG, ureia, creatinina, sódio, potássio e glicemia, verificação da saturação de oxigênio, se desconforto respiratório verificar gasometria arterial. Em casos graves de disfunção hepática coagulograma e lactato arterial. Gram e cultura de escarro pode oferece informações sobre os possíveis organismos causadores, se obtida dentro de 6 a 12 horas após o início do ATB pode adequar a terapia em relação a etiologia da pneumonia, importante para pacientes intubados, infecção previa por MRSA ou P aeruginosa e uso de ATB nos últimos 90 dias. Hemocultura deve ser colhida antes do início da ATB, sendo indicada para pacientes com infecção graves, infecção previa por MRSA ou P aeruginosa e uso de ATB nos últimos 90 dias. CURB-65 0 ou 1 ponto por idade > 65 anos Comorbidades descompensadas Saturação de O2>90% Rx tórax sem acometimento multilobar VO disponível, limitações socioeconômicas ou psicossociais Julgamento clinico Tratamento ambulatorial Tratamento hospitalar SIM NÃO Classificação das pneumonias Fonte up to date Diagnósticos diferencial Algumas doenças podem simular a PAC ou ocorrerem concomitantemente e apresentam infiltrado pulmonar e tosse como por exemplo ICC com edema pulmonar, embolia pulmonar, bronquite aguda, influenza, exacerbação de asma ou DPPC aspiração ou pneumonite química, exacerbação aguda de bronquiectasia e doenças pulmonares intersticiais como sarcoidose, asbestose e pneumonite por hipersensibilidade Sinais de alarme Confusão mental, hipotensão, hiper ou hipotermia, taquicardia, taquipneia, hipoxemia ou infiltrado difuso no RX. Tratamento Se o paciente é hígido usa macrolideos ou betalactamicos Azitromicina 500mg 24/24 h Claritromicina 500mg 12/12 h Eritromicina 500mg 6/6h Ou amoxicilina + clavulanato 1000mg três vezes ao dia Se o paciente tem a presença de alguma comorbidade, ou uso de antibioticoterapia nos últimos 3 meses usa se quinolona respiratória como: Moxifloxacina 400mg 24/24h Levofloxacino 750mg 24/24h Gemifloxacino 320mg 24/24h Quinolonas cobre germes típicos e atípicos. Ou usar betalactamicos + macrolideos ( amoxicilina e clavulanato e azitromicina) Se os agentes etiológicos forem anaeróbios e S aureus o tratamento é direcionado. Pacientes de risco intermediário faz internação precoce ou tratamento ambulatorial assistido, o paciente vem tomar o medicamento todo dia no serviço hospitalar. Tratamento por 7 -10 dias para casos leves a moderados E por 14-21 dias para quadros graves Se fracasso terapêutico como fracasso precoce como ausência de resposta ao tratamento ou piora clínica/radiológica em 48/72 h. falha tardia se ocorrência de piora do quadro clinico após 72 h iniciais de tratamento. Mesmo com a melhora clínica, demora a desaparecer as opacidade no raio x, mas nos pacientes internados pode solicitar repetidas vezes para verificar se não está piorando. Pedir PCR também é bom para verificar a evolução. A recomendação das diretrizes ATS/IDSA é de abandoar o termo pneumonia associada aos cuidados de saúde e não fazer cobertura empírica contra pseudomonas ou MRSA exceto pacientes graves e com fatores de risco para pseudomonas como: Uso de ATB EV no último mês, internação por mais de 48 horas na última semana, doença estrutural pulmonar e neutropenia grave. Deve associar betalactamico com ação antipseudomonas como piperacilina/tazobactan 4,5g EV6/6h, cefepime 2g EV 8/8h, meropenen 2g EV8/8h, imipenem 500 mg EV 6/6h ouceftazidime 2g EV 8/8h. Tratamento para MRSA com vancomicina 15mg/Kg EV 12/12 h ou linezolida 600mg EV 12/12h. Resposta terapêutica PCR e procalcitonina auxiliam na monitorização da resposta terapêutica. Resolução dos sintomas: 1 semana febre deve ter resolvido ( deve resolver em até 48 horas após ATB) 4 semana dor torácica e escarro devem ter reduzido 6 semanas tosse e dispneia devem ter melhorado 3 meses maioria dos sintomas resolvidos mas pode ter fadiga 6 meses volta ao status basal Prevenção Parar de fumar Vacinação contra influenza Vacinação pneumococica para pacientes de risco Dispneia A dispneia é uma sensação subjetiva de desconforto respiratório, podendo ser percebida como aperto no peito, sufocamento, falta de ar ou incapacidade de encher o pulmão de ar, ocorre devido a demanda excessiva de ventilação ou por distúrbio ventilatório. Um quadro de dispneia aguda com duração de minutos a horas com sinais de desconforto respiratório com aumento da FR, SaO2<93% em ar ambiente tem um número limitado de causas. Avaliação da intensidade da dispneia: IC pode apresentar ortopneia que a dispneia piora com o decúbito, dispneia paroxistica noturna que a dispneia aparece horas após deitar, trepopneia é dispneia ao deitar em decúbito lateral ocorre desvio a alteração na ventilação/perfusão do pulmão acometido, platipneia aparece ao se sentar e melhora ao deitar, ocorre em pacientes com shunts por doenças cardíacas congênitas. As causas de acometimento de vias aéreas superiores são corpo estranho, angioedema, anafilaxia, trauma e infecções. Asma – dispneia, opressão toráxica e sibilância, tosse é um sintoma comum, ataque noturno, início súbito, antecedente de alergia, atopia. Fator desencadeante como estresse, infecção, eosinofilia.. DPOC – tosse crônica produtiva, dispneia ao esforço e progressiva, exposição aos fatores de risco. Toalete matinal vontade de tossir pela manhã, secreção clara. IC - dispneia, dispneia paroxistica noturna, B3, ictus globoso, distensão jugular. Doença intersticial - dispneia ao esforço e estertores inspiratórios. Dispneia psicogênica – dispneia como sensação de sufocamento Embolia pulmonar – dispneia súbita, taquicardia e dor torácica. Doença neuromusculares – dispneia por hipoventilação e comum ocorrer hipercapneia na gasometria arterial. Angioedema – edema em lábios, língua, faringe e laringe. Febre pode ter em pneumonia mas também em miocardite, pericardite te embolia séptica, dor torácica que antecede dispneia sugere isquemia coronariana ou embolia pulmonar, sibilos, dispneia e broncoespasmo sugere asma e disfunção cardíaca. EF deve avaliar, cabeça e pescoço, tórax, coração e extremidades. A prova de função pulmonar com mensuração de difusão de CO2 é útil para doenças intersticiais e pulmonares parenquimatosas sendo um parâmetro que altera precocemente em alguns casos. Caso clinico Paciente masculino, 76 anos, deu entrada no nosso pronto socorro com queixa de fadiga, falta de ar, perda do apetite e febre há três dias. É ativo, frequentemente caminha de casa ao mercado (cerca de 400 metros), nega diabetes, é hipertenso controlado com atenolol, e faz uso de Synthroid para hipotireoidismo. Refere tosse com expectoração amarelada nesses três dias. Nega precordialgia, mas sentiu pontadas no lado direito do peito desde ontem, quando tosse. Nega edema de membros inferiores, batedeira no peito e nictúria. Nunca precisou de mais de um travesseiro para dormir, nunca acordou durante à noite com falta de ar. Exame físico: Peso: 76 kg, Altura: 1,70m, consciente e ansioso Regular estado geral, satO2 = 87% em ar ambiente Taquipnéia – FR = 26 RPM Não há estase jugular a 45 graus, bulhas rítmicas normofonéticas sem sopros. PA = 150X90 mmHg, FC = 78 Discreta tiragem de fúrcula e intercostal, MV presente, Estertores subcrepitantes em campo médio do hemitórax direito. Murmúrio abolido na base direita. MMII não apresentam sinais de trombose. Guia para os estudos Paciente com síndrome, infecciosa e dispneica (e menos provável pelo histórico insuficiência cardíaca). Não tem fator de risco para DPOC. A causa dispneica é pouco provável pois tem boa atividade física não fuma e não é diabético mas merecem ser lembradas no PS em pacientes com dispneia.. ( No ECO olha primeiro fração de ejeção). No EF um elemento mais importante seria a saturação de O2 <90%, quanto menor a saturação maior a área com shunt que não está sendo ventilada. É um preditor de risco. Causas importantes de dispneia no OS são ICC, arritmias e DPOC. Edema agudo do pulmão é a causa de resgate mais comum, DPOC e pneumonia geralmente vai para o PS. Efeito Shunt é uma área perfundida e não ventilada no pulmão. E ocorre na PAC e ICC descompensada e síndrome da angustia respiratória do adulto Efeito espaço morto é um espaço ventilado mas não perfundido. Primeiros exames indicados HMG, ureia, creatinina, gaso, Radiografia, eletrólitos Gasometria fazer se satO2<90% e fazer a primeira antes de dar oxigênio para saber o parâmetro que ele estava antes de chegar ao serviço medico e depois dar oxigênio e refazer para ver a resposta do paciente. A PCR deve ser colhida e deve cair em até 3 dias que tem ótimo valor prognostico, se ela se mantiver deve rever o tratamento. A gasometria com shunt e taquidispneia apresenta hipoxia e hipocapnia pois o Co2 se difunde mais rápido e a taquidispneia lava o Co2. Paciente inconsciente é ACLS. Paciente grave mas consciente fazer Monitorização Oxigênio Veia ( acesso venoso) Exames Oxigênio <90% obrigatório dar oxigênio Cateter nasal, máscara e VMNI. Decide de acordo com o grau de hipoxia. Com cateter a cada 1L aumenta 4% da FiO2 dada ao paciente. Valores de PaO2 menor que 50 mmHg em ar ambiente PaO2 é a fração de oxigênio no sangue do paciente colhida na gaso, e FiO2 é a fração de oxigênio ofertada ao paciente ( ar ambiente FiO2 = 0,2), essa relação quanto menor mostra que o shunt esta maior. Essa relação quantifica o shunt e a gravidade, se der uma FiO2 alta e mesmo assim a PaO2 for baixa isso é grave. 1 – Quais as principais causas de dispneia no pronto socorro? As principais causas de dispneia no PS são: sistema cardiovascular ( IAM, edema agudo pulmonar, insuficiência cardíaca aguda congestiva, arritmias, tamponamento, valvopatias e miocardites) sistema pulmonar ( Asma, DPOC, broncoespasmo, embolia pulmonar, pneumonia, obstrução da via aérea superior, COVID-19) outras causas ( doença neuromuscular, intoxicações, trauma, ruptura diafragmática). 2 - Diante do quadro clínico, qual seriam os primeiros exames indicados? O que esperar do resultado de tais exames? Deve solicitar radiografia de tórax com infiltrado intersticial, consolidação segmentar ou lobar e gasometria arterial se SpO2 abaixo de 92 % ou PAC grave e provas de inflamatórias como PCR e pró calcitonina. Como parâmetro objetivo de evolução do processo inflamatório. HMG identificando a leucopenia, leucocitose ou plaquetopenia. 3 - O que prescrever para esse paciente potencialmente grave, mas consciente? Monitorizar, oxigenação, acesso venoso calibroso e exames 4 - É necessário oxigênio suplementar? Como avaliar a melhor modalidade para este paciente? A gasometria deve ser realizada na presença de SpO2 = ou < 90% em ar ambiente ou em caso de pneumonia grave, a hipoxemia SpO2 = ou < 90% indica a necessidade de uso de oxigênio suplementar e admissão hospitalar. Sobre insuficiência respiratória define-se como: Recomenda=se iniciar suplementação de O2 para todo paciente com SatO2 em ar ambiente menor ou igual a 94%, deve avaliar a relação PaO2 / FiO2 para definir a gravidade com suplementação de O2 Devem tercomo alvo saO2>94 % e FR<24 e lactato <2 mmol/l Outras indicações de oxigenioterapia são PaO2 <60 mmHg ou sat O2 <90 % Sat o2<88% durante deambulação, exercício ou sono em pacientes com doenças cardiorrespiratórias, IAM, intoxicação por gases e envenenamento por cianeto. Sistemas de baixo fluxo – suplementam oxigênio até 9 L/min ou menos, com FiO2 baixa e variável, inclui cânula nasal, cateter nasal e cateter trans- traqueal e máscara facial ( reinalacao parcial ou de não reinalação).. Sistemas de alto fluxos fornecem concentração de oxigênio igual ou superior ao fluxo inspiratório máximo do paciente assim asseguram uma FiO2 conhecida, inclui máscara de arrastamento de ar ( funciona como venturi), geradores de fluxo. Modelos não invasivos CPAP Bilevel Pressão de suporte Ventilação proporcional assistida Pressão de suporte com volume garantido 5 -Quais os sinais que denotam maior gravidade do quadro? 1 maior ou 2 menores = UTI A PaO2 consegue na gasometria A FiO2 se consegue no momento que colhe a gasometria e deve usar em decimal, em ar ambiente seu valor é 0,2, se usa cateter nasal deve fazer a regra dos 4. Critério PaO2/FiO2 é um preditor de gravidade 6 - Qual o critério para avaliar a severidade da doença? CURB-65 COX 7 – Se não houve resposta, quais os diagnósticos diferenciais? COVID-19, traqueobronquite, embolia pulmonar, tuberculose, câncer de pulmão, sarcoidose, bonquiectasia, edema pulmonar cardiogênico. Medicamentos Ambulatorial: doenças associadas compensadas, sem dificuldade de uso de medicamentos oral, com condições socioeconômicas, 0 ou 1 ponto no CURB 65 se apenas a idade pontuar, menos de 70 pontos no PSI. Questão Em relação a PAC: Frequentemente cursa sem aumento de PCR ( falsa geralmente aumenta) É definida quando acomete pacientes até 36 h de internação ( falsa é 48 horas) Pode provocar hipercapnia pela hiperventilação e hipoxia ( é hipocapnia) Tem no shunt sua base fisiopatológica ( verdadeiro) Podemos autorizar tratamento ambulatorial em septuagenários, mesmo que radiografia de tórax mostre imagem bilateral ( falso, tem 2 pontos da idade e RX com acometimento difuso logo interna)
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