PROTOCOLO ATENDIMENTO DA OBESIDADE HU-UFSC No HU-UFSC funcionam 3 ambulatórios de atendimentos aos pacientes obesos: 1) Ambulatório de Obesidade Clínica; 2) Ambulatório de Obesidade Pré-cirurgia Bariátrica; 3) Ambulatório de Obesidade Pós-cirurgia Bariátrica. 1) Ambulatório de Obesidade Clínica1,2: Os pacientes com obesidade grau I (IMC ≥ 30 kg/m2), grau II (IMC ≥ 35kg/m2) são triados a partir dos Ambulatórios de Endocrinologia Geral. Também são matriculados nesse ambulatório pacientes com obesidade grau III (IMC ≥ 40 kg/m2) que foram encaminhados para cirurgia bariátrica, mas não atendem critérios para o procedimento na primeira avaliação. Na maioria das vezes isso acontece pela ausência de tentativa prévia de emagrecimento através do tratamento clínico, exigência do Ministério da Saúde. O tratamento clínico da obesidade é realizado através de orientações para modificações do estilo de vida (atividade física e reeducação alimentar) e uso de medicações antiobesidade3,4. Atualmente dispomos no Brasil da sibutramina e do orlistate. Também são usadas medicações de uso off label quando há indicação e disponibilidade: fluoxetina, sertralina, bupropiona, topiramato e naltrexone. Apesar do uso off label (não indicados em bula), essas medicações têm eficácia cientificamente comprovada para perda e manutenção do peso. Essas medicações podem ser usadas isoladamente ou combinadas conforme a necessidade e a possibilidade, respeitando-se doses e interações. As consultas acontecem em média a cada 3 meses, onde os pacientes são estimulados às modificações necessárias para sucesso do tratamento. Exige-se a perda de 2 a 4 kg por mês e caso isso não ocorra, e conforme a dificuldade do paciente, são feitos ajustes no tratamento medicamentoso e orientação. Quando o objetivo é alcançado, as consultas são espaçadas mas o paciente não recebe alta e fica em acompanhamento na chamada fase de “manutenção” do peso saudável. 2) Ambulatório de Obesidade Pré-cirurgia bariátrica1,2,5: São encaminhados para esse ambulatório pacientes com idade acima de 16 anos, com obesidade grau III, que preenchem critérios para cirurgia bariátrica: pacientes com IMC ≥ 50 kg/m2; pacientes com IMC ≥ 40kg/m2, com ou sem comorbidades, sem sucesso no tratamento clínico longitudinal por no mínimo 2 anos; pacientes com IMC ≥ 35 kg/m2 e com comorbidades (diabetes melito e/ou hipertensão arterial de difícil controle, apneia do sono, doenças articulares degenerativas), sem sucesso no tratamento clínico longitudinal por no mínimo 2 anos. As consultas acontecem a cada 3 meses em média e caso não haja contraindicação ao procedimento, após a realização de exames laboratoriais, de imagem e endoscópico e após avaliação cardiológica, psicológica, nutricional e social, os pacientes são encaminhados para o procedimento bariátrico. Os pacientes são encaminhados conforme o caso para avaliação pneumológica, psiquiátrica, odontológica ou de alguma outra especialidade que se faça necessário. Exames solicitados no pré-operatório: a. Hemograma, glicemia de jejum, colesterol total, HDL, triglicerídeos, insulina de jejum, peptídeo C, hemoglobina glicada A1C, TGO, TGP, creatinina, potássio, cálcio total, albumina, TAP, TTPA, parcial de urina, índice de cálcio-creatinina na urina, vitamina B12, 25 hidroxivitamina D, ferro sérico, ferritina, transferrina, TSH, PTH, anti-HIV, HBsAg, Anti-HCV, FSH, LH, estradiol (para as mulheres), testosterona e SBHG (para os homens); b. Eletrocardiograma; c. Radiografia de tórax; d. Endoscopia digestiva alta com pesquisa de Helicobacter pylori; e. Ultrassonografia de abdômen superior; f. Espirometria. 3) Ambulatório de Obesidade Pós-cirurgia Bariátrica2,5-9: Após o procedimento os pacientes são acompanhados com 1, 3, 6 e 12 meses. Após o primeiro ano, são acompanhados anualmente por tempo indeterminado, quando não há possibilidade de serem cuidados pelo clínico da Unidade Básica de Saúde. Ao mesmo tempo, são acompanhados pela equipe de nutrição e participam de atendimento psicológico em grupo. Exames solicitados no pós-operatório: a. Hemograma, glicemia de jejum, colesterol total, HDL, triglicerídeos, insulina de jejum, peptídeo C, hemoglobina glicada A1C, TGO, TGP, creatinina, potássio, cálcio total, albumina, TAP, TTPA, parcial de urina, índice de cálcio-creatinina na urina, vitamina B12, 25 hidroxivitamina D, ferro sérico, ferritina, transferrina, TSH, PTH; b. Densitometria mineral óssea após 2 anos da cirurgia. Condições clínicas que indicam a necessidade de encaminhamento para endocrinologia: Pacientes com suspeita de obesidade secundária (provocada por problemas endocrinológicos). Pacientes de difícil controle ponderal. Condições clínicas que indicam a necessidade de encaminhamento para cirurgia bariátrica: Paciente com IMC acima de 35 kg/m2 e alguma comorbidade ou IMC acima de 40 kg/m2 com ou sem presença de comorbidades. Referências Bibliográficas: 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Ministério da Saúde. Portaria nº 425, de 19 de março de 2013. Redefine as diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do sobrepeso e obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0425_19_03_2013.htm l. Acesso em 9 ago. 2015. 2. Laville M, Romon M, Chavrier G, et al. Recommendations regarding obesity surgery. Obes Surg. 2005; 15(10):1476-80. 3. Apovian CM, Aronne LJ, Bessesen DH, et al. Pharmacological management of obesity: an Endocrine Society clinical practice guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2015; 100(2): 342-62. 4. Coutinho W, Bussade I. Tratamento Farmacológico da Obesidade / Atualidade e Perspectivas. In: Vilar L. Endocrinologia Clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2013. cap. 66, p. 861-71. 5. Campos JM, Silva LB, Correia SFBM, Dib VRM. Cirurgia Bariátrica e Metabólica. In: Vilar L. Endocrinologia Clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2013. cap. 67, p. 872-84. 6. Elrazek AE, Elbanna AE, Bilasy SE. Medical management of patients after bariatric surgery: Principles and guidelines. World J Gastrointest Surg. 2014 Nov 27;6(11):220-8. 7. Schroeder R, Garrison JM Jr, Johnson MS. Treatment of adult obesity with bariatric surgery. Am Fam Physician. 2011 Oct 1; 84(7):805-14. 8. Bordalo LA, Teixeira TFS, Bressan J, Mourão DM. Cirurgia bariátrica: como e porque suplementar. Rev Assoc Med Bras. 2011; 57(1):113-20. 9. Heber D, Greenway L, Kaplan LM, et al. Endocrine and nutricional management of the post-bariatric surgery patient: an Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab. Nov 2010, 95(11): 4823- 43.