Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
_____________________ GRAVIDEZ PROLONGADA INTRODUÇÃO: ⇒ Pós-termo → aquela que alcança ou ultrapassa 42 semanas (294 dias);→ elevação da mortalidade perinatal, nati/neomortalidade, à conta provavelmente da calcificação placentária. Outras complicações obstétricas e perinatais apontadas incluem a não progressão do parto, macrossomia, distocia de ombros, parto operatório (vaginal ou cesáreo), sofrimento fetal, aspiração de mecônio, baixo índice de Apgar e acidemia no sangue da artéria umbilical; nova definição de gravidez prolongada: aquela que atinge ou ultrapassa 41 semanas. ETIOLOGIA: ⇒ A causa mais comum é o erro no cálculo da idade de gravidez→ alterações do tempo da ovulação e da concepção, que comprometem a última menstruação informada. Cabe ressaltar que na gravidez prolongada não complicada a causa com frequência é desconhecida. ⇝Fatores maternos→ Mais comuns → nuliparidade e o antecedente de uma gravidez prolongada, tendo esta última risco de recorrência de 50% em gestação futura; na segunda recorrência esse risco aumenta em 4 vezes, sugerindo, desta maneira, predisposição genética. Da mesma maneira, é levemente superior nos gêmeos monozigóticos quando comparados aos dizigóticos. Genes paternos e obesidade materna→ determinante de pós-maturidade. ⇝ Fatores fetais → ablação da hipófise e/ou da suprarrenal fetal evita o início da parturição→ o cortisol fetal é hormônio fundamental no início do parto.Raramente a gravidez pós-termo é associada à deficiência de sulfatase placentária ou à anencefalia (na ausência de polidramnia). Níveis alterados em hormônios circulantes que desempenham papel significante no determinismo do parto podem causar a prolongação da gravidez; Deficiência da sulfatase placentária→ desordem recessiva rara ligada ao cromossomo X e pode evitar o parto espontâneo por ocasionar níveis diminuídos de estriol.→ Também atribui-se à anencefalia (sem polidrâmnio) associação à gravidez prolongada, na dependência da insuficiência suprarrenohipo-fisária, embora raramente seja causa de postergação do parto. Por outro lado, a hipoplasia das suprarrenais, mesmo na ausência da anencefalia, também é causa de gravidez prolongada. Por fim, o sexo fetal masculino pode predispor à gravidez prolongada. RISCOS: ⇒A taxa de mortalidade perinatal em bebês com mais de 42 semanas de gestação é 2 vezes a de recém-nascidos a termo e aumenta até 6 vezes em gestações de 43 semanas ou mais. Insuficiência placentária e aspiração meconial → aumento da taxa de óbito perinatal. Gravidez pós-termo → risco para baixo pH da artéria umbilical ao nascimento e Apgar diminuído no 5o minuto. Complicações associadas à macrossomia fetal→ trabalho de parto prolongado, desproporção cefalopélvica e, principalmente, distocia de ombros com riscos, portanto, de lesão ortopédica e neurológica. Aproximadamente 10 a 20% das gestações prolongadas estão associadas à “síndrome da dismaturidade/pósmaturidade fetal”→ crescimento intrauterino restrito (CIR)→ longo processo de insuficiência placentária; Risco aumentado de compressão do cordão umbilical por oligoidramnia, aspiração meconial e complicações neonatais a curto prazo (como hipoglicemia, convulsão e insuficiência respiratória) Fetos pós-termo também apresentam risco aumentado para óbito no primeiro ano de vida. Embora alguns deles resultem de complicações como a síndrome de aspiração de mecônio (SAM), muitos não têm causa definida. A SAM refere-se à constelação de sintomas respiratórios em recém-nascidos expostos ao mecônio in utero, e é mais comum no pós-maduro. ⇉RISCOS MATERNOS: ⇒ Aumento de distocias no trabalho de parto e de lesão perineal grave, relacionada à macrossomia, o que duplica a taxa de cesariana (maior risco de complicações, como endometrite, hemorragia pós-parto e doença tromboembólica). Além disso, pode ser causa real de ansiedade e angústia para a grávida. SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO DE MECÔNIO: ⇒Insuficiência respiratória no recém-nascido, decorrente de pneumonite química, obstrução das vias respiratórias superiores, disfunção do sistema surfactante e hipertensão pulmonar com ausência de malformações congênitas da via aérea, pulmonar ou cardíaca; →a hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido é a principal causa de morte na SAM. Em relação à complexa composição química do mecônio, é difícil identificar um único agente responsável pela fisiopatologia. No entanto, mecônio consiste em numerosas substâncias de origem do hospedeiro derivadas principalmente do trato digestivo, incluindo sucos salivares, gástricos, pancreáticos e intestinais, muco, bílis, ácidos biliares, restos celulares, cera fetal e sangue. Notavelmente, como o mecônio está localizado "extracorporalmente", como todo o conteúdo do trato gastrointestinal, seus constituintes estão ocultos e normalmente não reconhecidos pelo sistema imune fetal.Normalmente, o mecônio é estéril como o cólon e inoculado com bactérias após o parto. Isso é importante no que diz respeito à visão do mecônio como um perigo potencial para o feto, contendo inúmeros sinais potencialmente endógenos que podem ser reconhecidos como danosos pelo sistema imunológico. O denominador comum na fisiopatologia poderia, portanto, ser a ativação da imunidade inata. Portanto, um grande número de evidências implica que o mecônio é um potente ativador de mediadores inflamatórios, incluindo citocinas, complemento, prostaglandinas e espécies reativas de oxigênio. Nossa hipótese é que os dois principais sistemas de reconhecimento da imunidade inata, os receptores Toll-like e o sistema complemento, reconhecem o mecônio como "perigo", que leva não apenas à disfunção pulmonar, mas também a uma resposta inflamatória _____________________ sistêmica síndrome de aspiração de mecônio. A SAM é sempre consequência da hipoxia intrauterina que aumenta a peristalse intestinal, relaxa o esfíncter anal e provoca gasping respiratório no feto. Sem hipoxia intrauterina não há SAM, embora possa existir eliminação de mecônio, presente em cerca de 25% dos partos normais a termo. Anteriormente, as orientações para o obstetra se relacionavam à conduta a ser tomada para o recém-nascido com líquido amniótico tinto de mecônio. A conduta então vigente (aspiração intraparto) incluía a limpeza por sucção da oro/nasofaringe após o parto da cabeça, mas antes da expulsão dos ombros. As evidências recentes não suportam esta prática, porque a aspiração intraparto de rotina não previne ou altera o curso da SAM. Se o mecônio estiver presente e o recém-nascido deprimido→ intubar a traqueia e aspirar o mecônio e qualquer outra secreção abaixo da glote. Se, ao contrário, o recém-nascido for vigoroso e estiver apresentando esforços respiratórios fortes, bom tônus muscular e FCF > 100 bpm, não há evidência de que a aspiração da traqueia seja necessária. Ao contrário, a lesão das cordas vocais é muito mais provável de ocorrer com a tentativa de entubar um bebê vigoroso. AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PRÉ-NATAL: ⇒ Excluir a gravidez “falsamente prolongada” → erro na estimativa da idade gestacional e que, se intempestivamente interrompida, pode levar a agravo do recém-nascido; Quando confirmado o pós-datismo→vitabilidade fetal deve ser avaliada e atentamente acompanhada. É tendência atual → preocupar-se com a gravidez que ultrapassa 41 semanas, acreditando-se piorar o prognóstico materno e fetal, não permitindo que a gravidez atinja 42 semanas, tornando-se prolongada. ⇉ANAMNESE: ⇒ A avaliação precisa da idade da gravidez é fundamental para o diagnóstico correto da gestação pós-termo. Os cálculos da data provável do parto baseados no 1o dia do último período menstrual só são precisos quando o catamênio for realmente conhecido e o ciclo da paciente for regular e previsível. Em mulheres oligo-ovulatórias→ciclos que duram mais de 35 dias ou aquelas que experimentam menos de 8 menstruações por ano → o uso do último período menstrual pode ser enganoso→ devido à longa e imprevisível duração da fase folicular. A percepção dos movimentos fetais → 18 a 20 semanas na nulípara e com 16 a 18 semanasna multípara. A indagação da idade e da paridade pode ser de algum valor no conjunto, já que se observa maior incidência de gestações prolongadas nas primigestas e elevado obituário perinatal nas mais idosas. Vale anotar a existência ou não de partos serotinos anteriores, história de infertilidade e de puberdade tardia, fatores de risco para o pósdatismo. ⇉EXAME FÍSICO: ⇒Tamanho do útero estimado pelo exame bimanual do 1o trimestre é consistente com a idade da gravidez. Em geral, o útero gravídico deixa a cavidade pélvica → 12 semanas e alcança a cicatriz umbilical → 20 semanas → 20 cm acima da sínfise pubiana, mensuração que apresenta, nesta época, boa correlação com a idade da gravidez; Época de início da ausculta dos batimentos cardíacos do concepto→ 10 a 12 semanas com o sonar Doppler e de 18 a 20 semanas → estetoscópio de Pinard. Para o diagnóstico do prolongamento da gestação, os elementos fornecidos pelo exame físico não têm grande merecimento. Apesar disso, devem ser pesquisados e somados aos outros achados. ⇒Condições cervicais→ É comum se manter inalterada→ clinicamente se observe imaturidade cervical→ boa resposta aos fármacos que visam seu amadurecimento e aos métodos de indução do parto; ⇒Ultrassonografia→ É o mais valioso para calcular ou para confirmar a idade gestacional. Até 13 semanas→ medida do comprimento cabeça-nádega (CCN) tem uma acurácia de ± 5 a 7 dias. Se a ultrassonografia realizada nesse período tiver uma discrepância > 7 dias, a data da gravidez estimada pela última menstruação deve ser trocada pela idade sonográfica. A idade da gravidez pela ultrassonografia de 2o trimestre→ diâmetro biparietal (DBP) ou pelo comprimento do fêmur (CF). Entre 14 e 21 semanas a acurácia é de ± 10-14 dias.No acompanhamento da gravidez prolongada→ diagnóstico da oligoidramnia→ bom marcador no prognóstico fetal, principalmente por denunciar o risco da compressão funicular; é definida pelo diâmetro vertical do maior bolsão de LA ≤ 2 cm; Mostrou que em nulíparas o aumento do comprimento do colo (3o/4oquartis), na ultrassonografia de segundo trimestre (18 a 24 semanas)→ risco elevado de gravidez prolongada, aqui definida por aquela com duração de 41 ou mais semanas; ⇒Exame do líquido amniótico→ Merece referência o encontro de líquido meconial, achado encontradiço na gestação patologicamente prolongada e sinal de sofrimento fetal. O processo ocorre devido à maturidade da inervação do trato gastroentérico. AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL: ⇒ Como o fulcro das alterações fetais nas gestações prolongadas é, basicamente, consequência do mau funcionamento placentário, torna-se mandatória a avaliação da vitabilidade fetal; ⇒Doppler→ Até o presente momento não apresenta nenhum benefício na gravidez prolongada, por isso a sua utilização não é recomendada; ⇒Cardiotocografia → tornou-se um dos métodos mais empregados para avaliar o bem-estar do concepto na gravidez prolongada. Teste reativo traduz feto saudável. → desacelerações, linha basal de frequência e variabilidade→ preocupação relevante os traçados que se apresentam com queda transitória da FCF determinados pela compressão do cordão umbilical (desaceleração variável), geralmente associada à oligoidramnia, o que aumenta o risco de aspiração meconial e complicações neonatais a curto prazo (como hipoglicemia, convulsão e insuficiência respiratória). ⇒ Perfil biofísico fetal→ exame de eleição para o acompanhamento do feto na gestação prolongada. →apenas a CTG e o volume do líquido amniótico (vLA)→fundamentais no diagnóstico da compressão funicular e da oligoidramnia, respectivamente. Associada à oligoidramnia→ elevada incidência de anormalidades na FCF , incluindo desacelerações e bradicardia. O aparecimento da oligoidramnia → mecanismo da centralização, vale dizer, da redistribuição do débito cardíaco, priorizando o cérebro e o coração fetal em detrimento de outros, como o rim. Em decorrência disso, o feto urina pouco e estabelece-se a oligoidramnia. Uma gravidez que cursa com pouco líquido submete o feto ao risco de compressão funicular, hipoxemia intermitente, passagem _____________________ de mecônio e morte intrauterina. A avaliação do vLA é importante porque a sua redução se dá em 24 a 48 h. CONDUTA: ⇒ As grávidas com condições de alto risco → diabetes, hipertensão ou idade materna avançada (> 35 anos), devem ter sua gravidez interrompida com cerca de 38 a 39 semanas; Na GG→ a duração normal é de 38 semanas e todo o esforço deve ser feito para a ocorrência do parto com 40 semanas (idade gestacional considerada pós-matura para gemelares);⇒ Indução de rotina do parto com 41 semanas na gravidez de baixo risco→ ganho significante, sem elevar a taxa de cesarianas nem os riscos maternos. → pertinente a indução do parto entre 41 e 42 semanas e a recomenda após 42 semanas→ taxa de mortalidade perinatal é 2 vezes maior que a dos recém-nascidos a termo. Não há diferença no prognóstico fetal em relação à conduta expectante ou intervencionista até 41 semanas; → Antes de 41 semanas→ apenas contagem dos movimentos fetais (anormal, < 6 movimentos/2 h); →Após 41 semanas→ Cardiotocografia (CTG)+Ultrassonografia (vLA)+Exame pélvico;→Vigilância fetal realizada 2 vezes/semana pela CTG e pela estimativa do maior bolsão de LA, a partir de 42 semanas de gestação em mulheres que declinaram da indução do parto;→ se exames de avaliação fetal normais e índice de Bishop >6→ indução do parto com a infusão de ocitocina, sendo possível também o descolamento das membranas; Contraindicação ao descolamento das membranas é a presença de placenta prévia; Propedêutica fetal normal e índice de Bishop ≤ 6 → uso do misoprostol vaginal visando ao amadurecimento cervical. Qualquer anormalidade nos testes de vitabilidade fetal é indicação de interrupção da gravidez pela cesárea; ⇒Parto→ A gravidez prolongada exibe risco elevado de anormalidades na FCF e de eliminação de mecônio no parto. O monitoramento fetal eletrônico contínuo está recomendado nessas gestações. AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PÓS-NATAL: ⇒O diagnóstico pós-natal→ escala de Clifford → como síndrome de insuficiência placentária, disfunção placentária ou dismaturidade incide com mais frequência nas grávidas que ultrapassam 42 semanas→ presença de certos sinais clínicos. Os recém-nascidos do grau I de pós-maturidade→exibem todos ou vários sinais→ Pele seca, apergaminhada, com descamação; dobras cutâneas excessivas, principalmente nas nádegas e coxas, conferindo ao recém-nascido aspecto de perda de peso recente; Unhas longas; Cabelo abundante; Escassez ou ausência de lanugo; Ossos cranianos mais duros que o habitual no recém-nascido a termo; Aspecto de vivacidade maior que o esperado para a idade pós-natal. No grau II→além dos sinais clínicos → encontram-se líquido amniótico, pele, verniz caseoso, cordão umbilical e membranas amniocoriais corados de mecônio. Os recém-nascidos de grau III → alterações graus I e II e apresentam a pele, as unhas, e o cordão umbilical intensamente corados de amarelo. RECOMENDAÇÃO PARA A CONDUTA NA GRAVIDEZ DE 41-42 SEM.: ⇒ Apenas para gravidez não complicada de 41 a 42 semanas→ Intervenções para reduzir a incidência de gravidez além de 41 semanas;→ Evidência para a indução do parto vs. acompanhamento antenatal de 41 a 42 semanas; → Avaliação fetal na gestação de 41 a 42 semanas. ⇝Intervenções para reduzir a duração da gravidez além de 41 semanas →Data precisa da gravidez → pela data da última menstruação (DUM) conduz a erros frequentes no cálculo da duração da gravidez. A superestimação da idade gestacional incrementa o diagnóstico falso de pós-maturidade e a consequente indução desnecessária do parto.→ Recomendações →A ultrassonografia de 1o trimestre → entre 11 e 14 semanas→ procedimento mais acurado para calcular a IG, melhor que a DUM;→ diferença maior que 5 dias entre a idade da gravidez calculada pela DUM e a ultrassonografia de 1o trimestre, a data provável do parto deve ser ajustada pela ultrassonografia. Se houver diferença maior que 10 dias entre a idade da gravidez calculada pela DUM ea ultrassonografia de 2o trimestre, a data provável do parto deve ser ajustada pela ultrassonografia. Quando houver a ultrassonografia de 1o e de 2o trimestre, a idade gestacional deve ser determinada pela ultrassonografia inicial. →Descolamento das membranas fetais→ necessita de um índice de Bishop favorável (> 6) para ser realizado→risco teórico de corioamnionite, RPM e sangramento decorrente de placenta prévia não diagnosticada. →Recomendação→ opção do descolamento das membranas entre 38 e 41 semanas, após a discussão de riscos e benefícios; ⇝Indução do parto versus conduta expectante com 41 semanas→ mulheres com uma gestação não complicada com 41 a 42 semanas→ oferecido o parto eletivo.→ Recomendação → indução do parto deve ser oferecida a mulheres com 41 a 42 semanas, devido à evidência atual de que há decréscimo da mortalidade perinatal, sem elevação do risco de cesárea;⇝ Avaliação fetal na gestação de 41 a 42 semanas → utiliza o vLA, 2 a 3 vezes/semana, a CTG, 3 vezes/semana e a contagem diária dos movimentos fetais. Uma rotina aceitável pode ser no mínimo uma CTG e a determinação do vLA 2 vezes/semana. →Recomendação → avaliação da vitabilidade fetal na monitoramento da gestação de 41 a 42 semanas deve incluir, no mínimo, a CTG e a determinação do vLA.
Compartilhar