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Operacional Concursos Polícia Penal de Minas Gerais Operacional Concursos TEORIA GERAL DA PENA - Art. 32 ao 52 do Código Penal 1) CONCEITO: Pena é espécie sanção penal, isto é, reposta estatal ao infrator da norma incriminadora (crime ou contravenção penal, consistente na privação ou restrição de determinados bens jurídicos do agente. Sua imposição depende do devido processo legal, através do qual se constata a autoria e materialidade de um comportamento típico, ilícito e culpável não atingida por causa extintiva de punibilidade. Para que uma sociedade conviva de forma harmônica, depende do poder punitivo estatal. Trata-se, portanto, de uma forma de controle social irrenunciável. 2) FINALIDADE DA PENA NO BRASIL: O Código Penal não se pronunciou sobre qual teoria adotou, mas modernamente entende-se que a pena tem tríplice finalidade (polifuncional), sendo que cada uma é identificada em um momento específico: a) retributiva; b) preventiva c) reeducativa, Quando o legislador cria o crime, imputando a sanção penal (pena em abstrato), revela-se o seu caráter preventivo geral. Ao estabelecer os parâmetros mínimos e máximo da pena, afirma-se a validade da norma desafiada pela prática criminosa buscando impedir o cidadão de cometimentos de crimes. Praticado o crime, no momento da sentença (aplicação da pena), o Magistrado deve observar duas finalidades; a retributiva e a preventiva especial. Por fim, na etapa da execução penal concretiza-se a retribuição e prevenção especial (disposições da sentença), ganhando relevo a prevenção especial positiva (ressocialização). O caráter reeducativo (ou educativo) assume importância máxima. A própria Lei de Execução Penal, no seu art. 1º, dispõe: “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do intervalo.” Operacional Concursos Polícia Penal de Minas Gerais Operacional Concursos Momento Finalidades da Aplicação da Pena PENA EM ABSTRATO (pena cominada) PREVENÇÃO GERAL Visa a sociedade e atua antes da prática do crime PENA EM CONCRETO (pena aplicada) PREVENÇÃO ESPECIAL NEGATIVA Visa o delinquente, buscando evitar a reincidência RETRIBUIÇÃO Visa contribuir com o mal causado. PENA NA EXECUÇÃO (pena executada) EFETIVAR AS DISPOSIÇÕES DA SENTENÇA Visa o delinquente, objetivando ressocialização. PREVENÇÃO ESPECIAL POSITIVA 3) JUSTIÇA RESTAURATIVA, JUSTIÇA REPARATÓRIA E JUSTIÇA NEGOCIADA: São, basicamente, três os modelos de resposta ao cometimento de um crime: Justiça Restaurativa: Baseada num procedimento de consenso envolvendo os personagens da infração penal (autor, vítima e, em alguns casos, a própria comunidade), sustenta que diante de um crime, sua solução perpassa pela restauração, ou seja, pela reaproximação das partes envolvidas para que seja restabelecido o cenário anterior (de paz e higidez das relações sociais). Operacional Concursos Polícia Penal de Minas Gerais Operacional Concursos Justiça Reparatória: Se faz por meio da conciliação promovida pelos órgãos integrantes do sistema criminal, como ocorre na transação penal, na suspensão condicional do processo (Lei nº 9.099/95. Justiça Negociada: O agente e o magistrado acordam acerca das consequências da prática criminosa. Temos, portanto, a transação penal, delação premiada e acordo de não persecução penal. 4) PRINCÍPIOS INFORMADORES DA PENA Com a prática do crime, nasce para o Estado o dever/poder de punir o infrator, aplicando-se a sansão penal cominada no preceito incriminador. No entanto, na tarefa de aplicar a pena, o Estado-juiz deverá observar os princípios (expressos e implícitos) previstos na Constituição Federal. Vejamos: a) Princípios da legalidade (reserva legal e anterioridade) Representado pelo brocado latino nullun crimen, nulla poena sine lege praevia, este princípio (art. 1º do Código Penal.) O art. 5º, inciso II, da Constituição Federal, dispõe que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Reforçando essa garantia, o art. 5º, também da CF, mas agora em seu inciso XXXIX, trouxe a redação idêntica do art. 1º do Código Penal. Trata-se de real limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais (garantia contra arbitrariedade do Estado), daí sua inclusão nos direitos e garantias fundamentais. Tal princípio se divide em: a) Princípio da reserva legal b) Princípio da anterioridade c) Princípio da taxatividade b) Princípio da personalidade ou inadmissibilidade O princípio da pessoalidade das penas mais insculpido no art. 5º inciso XLV, da Constituição Federal, que dispõe: “nenhuma pena passará da pessoa do condenado podendo a obrigar de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens, ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executados, até o limite do valor Operacional Concursos Polícia Penal de Minas Gerais Operacional Concursos do patrimônio transferido”. Trata-se de desdobramento lógico dos princípios da responsabilidade penal individual, da responsabilidade subjetiva e da culpabilidade. Tal princípio representa a impossibilidade de se transferir a pena para os sucessores, descendentes ou ascendentes do infrator. Só responde penalmente quem cometeu o delito ou para ele (delito) concorreu de qualquer modo. c) Princípio da individualização da pena Dispõe o art. 5º, XLVI, da CF: “a lei regulará a individualização da pena e adotará entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição de liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos.” A individualização da resposta estatal ao autor de um fato punível deve ser observado em três momentos: a) na definição, pelo legislador, do legislador, do crime e sua pena; b) na imposição da pena pela juiz; c) e na fase de execução da pena, momento em que os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. (art. 5º, da LEP) d) Princípio da proporcionalidade É a adequação à gravidade do fato praticado por um autor de crime. Trata-se de princípio implícito, desdobramento lógico do mandamento da individualização da pena. Para que a sansão penal cumpra a sua função a sua função, deve se ajustar à relevância do bem jurídico tutelado, sem desconsiderar as condições pessoas do agente. e) Princípio da inderrogabilidade ou inevitabilidade da pena Este princípio deve conviver com o da necessidade concreta da pena (art. 59 do Código Penal), de modo que, constatada a desnecessidade da resposta estatal, o juiz tem o poder de não aplicá-la, como ocorre no perdão judicial (a exemplo do art. 121, parágrafo 5º, do código penal). f) Princípio da dignidade da pessoa humana A ninguém pode ser imposta pena ofensiva à dignidade da pessoa humana, vedando-se reprimenda indigna, cruel, desumana ou degradante. Este mandamento guia o Estado na criação, aplicação e execução das leis penais. O Art. 5º, parágrafo 1º e paragrafo 2º, da Convenção Americana de Direitos Humanas anuncia: “Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, Operacional Concursos Polícia Penal de Minas Gerais Operacional Concursos psíquica e moral (§ 1º)”. “Ninguém deve ser submetido a tortura, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser tratada com o devido respeito à dignidade inerente ao ser humano (§ 2º). g) Princípio da vedação do bis in idem Este princípio não está previsto expressamente na Constituição, mas sim no Estatuto de Roma, que criou aTribunal Penal Internacional no Art. 20. Tal princípio tem três significado: Processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime; material: ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato; execucional: ninguém pode ser executado duas vezes por condenações relacionadas ao mesmo fato. 5) PENAS PROIBIDAS NO BRASIL A Constituição Federal, em seu art. 5º, XLVII, anuncia as penas proibidas no Brasil: “não haverá penas; a) de morte, salvo em casa declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis.” a) Pena de morte: Em regra é proibida, mas a Constituição Federal abre exceção, podendo ser aplicada (por fuzilamento) por tribunais militares, em caso de guerra externa, nas hipóteses definidas no Código Penal Militar. b) Penas de caráter perpétuo: As penas de caráter perpétuo são igualmente vedadas, opção política confirmada pela simples leitura do art. 75 do Código Penal: “O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a ser 40 (quarenta) anos.” c) Pena de trabalhos forçados: No Brasil nenhum preso pode ser obrigado a cumprir pena mediante trabalhos forçados. Essa pena proibida não se confunde, de modo algum, com o trabalho estabelecido na Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84), que, embora seja obrigatório (art. 31) e constitua dever do preso (art. 38, V), não é pena, pois possui finalidade educativa e produtiva (art. 28), sendo, ainda, remunerado (art. 29) Operacional Concursos Polícia Penal de Minas Gerais Operacional Concursos d) Pena de banimento: A pena de banimento constitui a expulsão do nacional, nato ou naturalizado, do nosso território. e) Pena de natureza cruel: Penas privativas de liberdade, permitidas no Brasil, não pode ser executado em celas escuras e insalubres, forma cruel e desumana da execução. (lembre-se do princípio da dignidade humana) 6) PENAS PERMITIDAS NO BRASIL A Constituição Federal não prescreveu somente as sanções vedadas, anunciando também as penas permitidas (art. 5º, XVLI): “privação ou restrição da liberdade”; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direito.” a) Penas privativas de liberdade Formas mais drásticas de punição (sem esquecer as hipóteses e que se admite pena capital), as penas privativas de liberdade podem ser de reclusão, detenção ou prisão simples, variando, principalmente, o grau de inconstitucionalização do indivíduo. Reclusão Detenção Prisão Simples NOTA Reservada para os crimes mais graves Reservada para os crimes menos graves Reservada para as contravenções penais Regime inicial de cumprimento da pena Pode ser fechado (art. 34 do CP). Semiaberto (art. 35 CP) ou Aberto (art. 36). Só pode ser o Semiaberto ou Aberto. Obs.: Não cabe regime inicial fechado, mas por meio da regressão é possível cumprimento da detenção em regime mais rigoroso Semiaberto ou Aberto. Obs.¹: Não cabe regime fechado, nem mesmo por meio de progressão. Obs.²: Deve ser cumprida em local distinto dos apenados por crime, sem os rigorosos penitenciários (art. 6º LCP) Operacional Concursos Polícia Penal de Minas Gerais Operacional Concursos Efeitos extrapenais da condenação Pode ter como efeito a incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela, nos crimes dolosos praticados contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho ou outros descendentes ou contra tutelado ou curatelado. (art. 92, II, do Código Penal) Esse efeito não é possível no crime doloso punido com detenção. A prisão simples não sofre os efeitos extrapenais da condenação referido nos art. 91 e 92 do Código Penal. Interceptação Telefônica Admite, como meio de investigação, a interceptação telefônica do suspeito. Não admite. Não admite. b) Restritiva de direito Previstas nos artigos 43 a 48, do Código Penal, as penas restritivas de direito podem ser: prestação de serviços à comunidade, limitação de fins de semana, interdição temporária de direitos, prestação pecuniária, perda de bens e valores. c) Multa Também estabelecida no artigo 32 do código penal, a pena de multa tem seu regramento no artigo 49 e seguintes do Código Penal. Porém, não pode confundir com a pena de multa. Operacional Concursos Polícia Penal de Minas Gerais Operacional Concursos Classificações das penas Privativas de liberdade Restritivas de direitos Pecuniária Art. 33 e 42. Art. 43 a 48. Art. 49 a 52. • Reclusão • Detenção • Prisão Simples • Prestação de serviços à comunidade • Limitação de fins de semana • Interdição temporária de direitos • Prestação pecuniária (à vítima) • Perda de bens e valores • Multa
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