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Anemia fisiológica Fisiológica do lactente X ferropriva, suplementação de ferro e enteroparasitoses na infância 01- Anemia (conceito, fisiopatologia e achados laboratoriais) 1- ANEMIA (GERAL) É definida como uma redução no volume de eritrócitos ou na concentração de Hb abaixo dos níveis encontrados em indivíduos saudáveis 02- ANEMIA FISIOLÓGICA DA INFÂNCIA Neonatos a termo tem um nível de Hb e hematócrito maior que crianças mais velhas e adultos na primeira semana de vida Então, um declínio progressivo no nível de hemoglobina começa e persiste por 6·8 semanas O resultado desse declínio é denominado ANEMIA FISIOLÓGICA NA INFÂNCIA Vários fatores estão envolvidos FISIOPATOLOGIA ERITROPOETINA → Regula a produção de eritrócito De acordo com a tensão de oxigênio nos tecidos dos rins As moléculas da Hb são compostas de quatro cadeias polipeptídicas Sendo dois pares de cadeias iguais, cada qual ligada ao heme, que, por sua vez, contém um átomo de ferro ATÉ 8ª SEMANA → Hb embrionária FETO → Hb fetal (α + 𝛄) (↑ afinidade por O) APÓS NASCIMENTO → Hb A (adulto) (α + 𝜷) (menor afinidade por O) A partir do nascimento, a Hb fetal decresce progressivamente, sendo substituída paulatinamente pela Hb A Logo após o nascimento, - Aumento do conteúdo de oxigênio sanguíneo - Aumento no aporte de oxigênio aos tecidos Isso provoca uma regulação negativa sobre a eritropoetina (EPO) E, consequentemente, a eritropoiese é suprimida Na ausência de eritropoiese, os níveis de Hb caem Devido ao fato de os eritrócitos senescentes não serem substituídos à medida que são naturalmente retirados de circulação O ferro dos eritrócitos degradados é armazenado para a futura síntese de Hb A concentração de Hb continua a diminuir até que as necessidades de oxigênio tecidual sejam maiores que o aporte de O2 Normalmente esse ponto é alcançado entre 8 a 12 semanas de vida Quando a concentração de Hb é 9-11 g/dL À medida que a hipóxia é detectada por sensores de oxigênio renais ou hepáticos, a produção de EPO aumenta e a eritropoiese continua O suprimento de ferro armazenado é suficiente para a síntese de hemoglobina mesmo na ausência de ferro na dieta, até aproximadamente 20 semanas de idade Essa "'anemia'' deve ser considerada como uma adaptação fisiológica à vida extrauterina Não há problema hematológico e nenhum tratamento é necessário Só garantir que a dieta do neonato contenha nutrientes essenciais para a hematopoese, especialmente ácido fólico e ferro PREMATUROS → Também desenvolvem uma anemia fisiológica, mas a queda no nível de Hb é mais acentuada e mais rápida (7/9 em 3/6 semanas) TABELA 447-1. Taxas Hematológicas Durante a Infinda e a Adolescência 03- ANEMIA FERROPRIVA É definida quando os valores de hemoglobina e hematócrito estão abaixo de dois desvios-padrão da referência para idade e gênero A DEFICIÊNCIA DE FERRO pode ser definida como a condição na qual o suprimento de ferro absorvido é inadequado para a síntese normal de compostos dependentes desse metal Anemia → Representa a forma mais grave dessa carência EPIDEMIOLOGIA A deficiência de ferro é a carência nutricional mais prevalente no mundo Aproximadamente um quarto da população mundial apresenta essa deficiência A OMS estima que nos países em desenvolvimento mais de 50% de crianças menores de 4 anos apresentam deficiência de ferro ETIOLOGIA Embora a deficiência de ferro atinja todas as classes socioeconômicas e grupos culturais, certas populações correm maior perigo Baixa renda Com desnutrição intra-uterina Prematuras De baixo peso ao nascer ou gemelares Que abandonaram o aleitamento materno precocemente Que substituíram o leite materno pelo leite de vaca sem suplementação de ferro Que receberam dietas pobres em ferro Desnutridas Que apresentam infecções freqüentes Com capacidade limitada do organismo em absorver o ferro dietético Com alta incidência de parasitismo Durante o período gestacional, o feto recebe do organismo materno quantidade de ferro relativamente constante Que é estocada no fígado, principalmente no último trimestre de gestação Essa reserva e a oferta proveniente do leite materno exclusivo garantirão aporte suficiente até aproximadamente 4 a 6 meses Os recém-nascidos prematuros e os de baixo peso têm reservas pobres de ferro, que se esgotam rapidamente, mesmo em aleitamento materno Os lactentes no período de 4 meses a 1 ano de idade devem incorporar SUPLEMENTAÇÃO + INGESTÃO DIÁRIA Apresentam maior risco de deficiência de ferro entre 6 e 18 meses de idade, período de crescimento rápido FISIOPATOLOGIA Em condições fisiológicas, o ferro está sempre ligado a proteínas, formando compostos que podem ser agrupados em duas categorias: A- COMPOSTOS ESSENCIAIS OU FUNCIONAIS 70-80% DO FERRO CORPÓREO Têm funções metabólicas ou enzimáticas relacionadas ao transporte e à utilização do oxigênio para a produção de energia celular São eles: Hemoglobina Mioglobina Heme-enzimas (citocromos, catalases, peroxidases, mieloperoxidase) Não-heme-enzimas (proteínas que contêm ferro ligado à protoporfirina) Todas as proteínas do grupo heme estão ligadas ao metabolismo oxidativo Sendo a hemoglobina a proteína do grupo heme em maior quantidade no organismo (65% do ferro funcional) E que tem por finalidade transportar oxigênio dos pulmões para os tecidos através da corrente sanguínea B- COMPOSTOS DE ARMAZENAGEM 20-30% DO FERRO CORPÓREO Ferritina Hemossiderina Transferrina (proteína de transporte no sangue) O ferro é estocado como ferritina (70 a 80%) ou hemossiderina Principalmente na medula óssea e no fígado A maior parte do ferro é transportada pela proteína transferrina E adentra as células ligada a um receptor de transferrina, presente na membrana celular ___________________________________________________ Durante a vida intra-uterina, o ferro é transportado de maneira eficiente para o feto O recém-nascido a termo e com peso adequado para a idade gestacional nasce com taxas de hemoglobina e reservas de ferro dentro da normalidade Com o início da respiração pulmonar há o aumento da oferta de oxigênio com diminuição da eritropoetina, levando à redução das taxas de hemoglobina Chegando a 10 g/dL até 4 a 6 semanas, quando então a eritropoietina é estimulada e a hemoglobina volta a se elevar O ferro existe em dois estados oxidativos estáveis Que são absorvidos por mecanismos diferentes e apresentam biodisponibilidades distintas → FERROSO/ HEME = Fe 2+ Presentes em alimentos de origem animal Não é influenciada por fatores inibidores Essaforma tem elevada biodisponibilidade (10 a 30% de absorção) Absorvido no intestino delgado Particularmente no duodeno superior Sendo captado pela circulação sanguínea na dependência de fatores individuais Como reservas orgânicas e taxa efetiva de eritropoese → FÉRRICA/ NÃO HEME = Fe 3+ Presente na maioria dos alimentos (VEGETAIS) Deve ser convertida no lúmen intestinal para sal ferroso, a fim de ser absorvida Essa conversão é facilitada por fatores endógenos, como o ácido clorídrico, ou por constituintes da dieta (fatores facilitadores) VIT C e A, CAROTENOS A absorção do ferro não-heme pode ser prejudicada pela presença de substâncias que formam complexos insolúveis (fatores inibidores) FITATOS, OXALATOS, FIBRAS, CAFEÍNAS DIAGNÓSTICO CLÍNICO E LABORATORIAL Os sinais e sintomas surgem lentamente e guardam relação com os estágios de depleção do ferro corporal A anemia é precedida por um estágio de depleção de ferro em que inicialmente ocorre diminuição do ferro de depósito Com posterior diminuição do ferro circulante De modo geral, quando as primeiras manifestações surgem, a anemia já é moderada Os sinais e sintomas mais frequentemente encontrados são: Palidez cutâneo-mucosa Anorexia Perversão do apetite Geofagia Apatia Adinamia Irritabilidade Cefaléia Dispnéia aos esforços Fraqueza muscular Intolerância aos exercícios Além do prejuízo do desenvolvimento físico Algumas vezes, podem aparecer Sopros cardíacos leves proto/mesossistólicos suaves, sem irradiação Devido ao estado hiperdinâmico da circulação sanguínea Nos lactentes, é possível o aumento do baço em até 3 cm abaixo do rebordo costal esquerdo MANIFESTAÇÕES NÃO HEMATOLÓGICAS da deficiência de ferro incluem: Redução da capacidade de atenção Déficits psicomotores e comportamentais Alteração da função imune caracterizada por - Inibição da capacidade bactericida dos neutrófilos, aumentando a suscetibilidade à diarréia, a doenças respiratórias e a infecções - Prejuízo também da imunidade mediada por células A deficiência de ferro pode alterar a - Neurotransmissão dopaminérgica - Com redução do processo de mielinização, o que prejudica as funções cognitivas Crianças anêmicas apresentam um padrão consistente de atraso na aquisição da - Linguagem - Coordenação de equilíbrio corpóreo - Desenvolvimento motor Para o DIAGNÓSTICO LABORATORIAL é suficiente a associação de concentração de hemoglobina e índices hematimétricos abaixo dos valores de referência Sob o ponto de vista da saúde pública, a avaliação da hemoglobina é considerada, pela OMS, suficiente para a caracterização da anemia em populações ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS = Características dos eritrócitos Anemia é considerada quando os valores de hemoglobina se situam → Abaixo de 11 g/dL - 6 a 59 meses de idade → Abaixo de 11,5 g/dL - 5 a 11 anos → Abaixo de 12 g/dL - 12 a 14 anos Quanto aos índices hematimétricos VCM (volume corpuscular médio) define a microcitose HCM (hemoglobina corpuscular média) e a CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média) definem a hipocromia Casos complexos ou de má resposta terapêutica podem exigir ampliação da propedêutica Por meio da realização de exames mais específicos, como Contagem de reticulócitos Ferritina sérica, Dosagem do ferro sérico Capacidade de ligação do ferro (CLF) Índice de saturação da transferrina (IST) Protoporfirina eritrocitária livre (PEL) Receptores da transferrina Exame da medula óssea Entre outros, como o nível de hemoglobina no reticulócito, que é um forte preditor da deficiência de ferro na anemia A ferritina sérica reflete o estoque de ferro no organismo Pode elevar-se falsamente na vigência de processo infeccioso, por se tratar de uma proteína de “fase aguda” TRATAMENTO E PREVENÇÃO O objetivo do tratamento consiste em corrigir a causa determinante da anemia E restabelecer os níveis de hemoglobina e demais índices hematimétricos Além de repor os estoques de ferro dos tecidos Para isso, devem ser feitas a adequação nutricional e a administração oral de sais ferrosos A dose diária de ferro elementar recomendada é de 3 a 5 mg/kg/dia O tempo de administração do sal de ferro depende da gravidade da anemia Após 1 mês de tratamento, a resposta clínica é evidente na maioria dos casos É recomendável, porém, manter a medicação por 3 a 4 meses para que os estoques de ferro no organismo sejam repostos A absorção do ferro é favorecida quando a droga é administrada com estômago vazio ou no intervalo das refeições LACTENTES → Pode-se administrá-lo em dose única, 30 minutos antes da refeição ou 2 horas após CRIANÇAS → Divide-se em 2 tomadas, e a ingestão concomitante de vitamina C aumenta sua absorção EXISTE TAMBÉM A SUPLEMENTAÇÃO PROFILÁTICA 02- Compreender os principais tipos de enteroparasitoses na infância 1- NEMATELMINTOS MAIS COMUNS A) ASCARIS LUMBRICOIDES Causa a ASCARIDÍASE - QUADRO CLÍNICO Em alguns casos pode ser ASSINTOMÁTICO Ou pode apresentar alguns sintomas, como: - NÁUSEAS - VÔMITOS - CÓLICAS ABDOMINAIS Em caso de parasitismo intenso: - ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO → CIRURGIA - TRANSMISSÃO Ovos no solo Carreados pela água Ingestão Ovos eclodem no intestino → Larvas (L3) Alcançam a VEIA PORTA Passam pelo FÍGADO E PULMÃO Deglutição das larvas Intestino em fase adulta - COMPLICAÇÕES Obstrução intestinal Pancreatite Abscesso hepático Síndrome de Loeffler B) ANCILOSTOMÍDEOS Causa a ANCILOSTOMÍASE - QUADRO CLÍNICO Pode ser ASSINTOMÁTICO Ou pode apresentar alguns sintomas, como: - NÁUSEAS - VÔMITOS - DIARRÉIA - DOR ABDOMINAL - FLATULÊNCIA Devido as PLACAS DENTÁRIAS do agente, o ALTO PARASITISMO pode causa ANEMIA FERROPRIVA - TRANSMISSÃO Ovos no solo L1, L2 E L3 (INFECTANTE) Penetram PELE → VASOS → CIRCULAÇÃO Atingem CORAÇÃO E PULMÃO Migram para TRAQUEIA E FARINGE → DEGLUTIDOS Chegam ao ID e viram L5 SÍNDROME DE LOEFFLER C) ENTEROBIUS VERMICULARIS Causam a ENTEROBÍASE - QUADRO CLÍNICO Em alguns casos pode ser ASSINTOMÁTICO Ou aparecer seu principal sintoma → PRURIDO ANAL Nas meninas pode aparecer VULVOVAGINITE - TRANSMISSÃO Ingestão ou inalação de ovos Eclodem no duodeno Migram para o intestino grosso, onde completam seu desenvolvimento Após fecundada, as fêmeas se enchem de ovos E migram para a mucosa anal e perianal Morrem por dessecação Liberam seus ovos - IMPORTANTE - TRANSMISSÃO # AUTO-INFECÇÃO DIRETA O indivíduo se contamina novamente ÂNUS → BOCA # AUTO-INFECÇÃO INDIRETA Os ovos presentes na poeira (ao levantar lençóis etc) atingem a mesma pessoa # HETEROINFECÇÃO Atingem um novo hospedeiro Relacionar isso com as creches # RETROINFECÇÃO Migração da larva do ânus para o IG # AUTOINFECÇÃOINTERNA Os ovos eclodem e sobrem para o IG 2- PLATELMINTOS MAIS COMUNS A) TAENIA SOLIUM E SAGINATA Causa a TENÍASE/ CISTICERCOSE - QUADRO CLÍNICO Sintomas pouco intensos e incaracterísticos - DOR ABDOMINAL (CÓLICA OU QUEIMAÇÃO) - CEFALÉIA - DIARRÉIA - FLATULÊNCIA - IRRITABILIDADE - ASTENIA TENÍASE = Verme adulto do ID CISTICERCOSE = Larva, que migra para a corrente sanguínea - TRANSMISSÃO Ovos no ambiente → duas opções 1- Homem ingere → larvas → cisticercose 2- Porco/ boi ingere → larvas → se aloja no tecido Aí o homem ingere a carne mal cozida Verme no intestino 3- PROTOZOÁRIOS MAIS COMUNS A) GIARDIA LAMBLIA Causa a GIARDÍASE - QUADRO CLÍNICO Pode ser assintomática Ou apresentar - DIARRÉIA VOLUMOSA (MUCO E GORDURA) - DESCONFORTO ABDOMINAL Perda de peso e anemia → SÍNDROME DA MÁ ABSORÇÃO - TRANSMISSÃO Ingestão de cistos Trofozoítos emergem no ID Reproduzem Enquistamento Expelido B) ENTAMOEBA HISTOLYTICA Causa a AMEBÍASE - QUADRO CLÍNICO Depende da forma da doença # INTESTINAL Geralmente oligossintomática → Náuseas, cólicas e flatulência # DISENTÉRICA Disenteria aguda com muco e sangue Cólicas intensas Náuseas e vômitos # EXTRA INTESTINAL Focos necróticos no fígado - TRANSMISSÃO Ingestão de cistos Desencistamento no ID 1 cisto = 4 trofozoítos Reproduz Eliminado em forma de cisto
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