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1 Aparelho Reprodutor Feminino O GONADOTROFO Secreta LH e FSH (gonadotrofinas), tendo papel integral no eixo hipotálamo-hipófise-ovário: A regulação desses dois hormônios acontece de forma diferente, a medida em que são segregados em diferentes grânulos secretores e liberados em quantidades não equimolares. Essa secreção é controlada pelo hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). Este é liberado de forma pulsátil, até porque sua liberação contínua causaria uma retroalimentação negativa sobre o seu próprio receptor, acarretando uma diminuição da produção de LH e FSH. A frequência de 1 pulso/hora aumenta a secreção de LH. A frequência de 1 pulso a cada 3 horas aumenta a secreção de FSH. A progesterona e a testosterona fazem retroalimentação negativa sobre a função gonadotrófica no hipotálamo e na hipófise. Baixos níveis de estrogênio também fazem isso. No entanto, quando este está em altos níveis por 3 dias causam um pico de LH. Essa retroalimentação positiva, que é crítica para a ovulação, acontece no hipotálamo (aumenta frequência de GnRH) e na hipófise (altos níveis de estrogênio aumentam muito a sensibilidade dos receptores de GnRH). O SISTEMA REPRODUTOR FEMININO O Ovário Esse órgão intraperitoneal é dividido em córtex e medula: o Córtex → parte mais externa, é composto por estroma densamente celular onde residem os folículos ovarianos (um ovócito primário circundado por células foliculares). Ainda, é coberto por uma cápsula chamada túnica albugínea. o Medula → onde ficam os elementos neurovasculares. O Folículo Ovariano é a unidade funcional do ovário, e desempenha funções gametogênicas e endócrinas. Seu desenvolvimento pode ser dividido em etapas: 2 1. Folículo Primordial em Repouso • Acontece na vida pré-puberal. • Aparecem durante a metade da gestação pela interação entre gametas e células somáticas. As células germinativas que migram para o ovário continuam se dividindo por mitose como ovogônia até o 5º mês de gestação. Daí, elas entram em meiose para se tornarem oócitos primários. • Esses oócitos vão ser circundados por um epitélio de células foliculares somáticas, o que acaba criando o folículo primordial. • São essas células que fornecem nutrientes para maturar o oócito. Por fora desta camada celular temos a lâmina basal. O oócito e as células da granulosa ficam unidos por junções comunicantes. • Os folículos primordiais representam a reserva ovariana total de folículos. De 300.000 deles na maturidade reprodutiva, a mulher ovula cerca de 450 entre a menarca e a menopausa. O resto deles é perdido por morte resultante da atresia folicular. OBS: Insuficiência Ovariana Prematura → é quando uma taxa excessivamente rápida de atresia ou desenvolvimento esgota a reserva ovariana. • A meia vida do oócito dura mais ou menos 50 anos, o que corresponde à idade do início da menopausa. Então o oócito morre, e consequentemente os folículos atrofiam. • A decisão de um folículo em repouso entrar em crescimento depende principalmente de fatores parácrinos intraovarianos. • Os gametas nestes folículos são derivados do oócito primário. Os oócitos progridem durante a prófase I por 2 semanas e então param no estágio de diplóteno, onde acontece a descondensação da cromatina. Para sair desse estágio, é necessário fornecer proteínas do ciclo celular, que nesse momento ainda não estão disponíveis. 2. Folículo Pré-Antral (primário e secundário) em crescimento • É o primeiro estágio de crescimento folicular, marcado pelo aparecimento de células foliculares cuboides em uma camada única. Nesse ponto, o folículo é chamado de folículo primário. Mas logo essas células formam um epitélio cuboide estratificado, fazendo com que o folículo agora seja um folículo secundário. • Quando chega nesse estágio, ele secreta fatores parácrinos que induzem a formação de uma camada de células por fora 3 da lâmina basal, chamada de Teca. Temos aqui agora um folículo pré-antral maduro. Do início do tópico até aqui, levam vários meses. • Durante esse estágio, o oócito cresce e secreta glicoproteínas (ZP1, ZP2 e ZP3) que formam uma camada celular entre ele e as células granulosas chamada zona pelúcida, que vai ser essencial para a fecundação. As células da granulosa e o oócito continuam mantendo junções comunicantes por projeções celulares através da ZP. • As células da granulosa começam a expressar o receptor de FSH, enquanto as células tecais começam a expressar o receptor de LH e podem produzir hormônios andrógenos. 3. Folículo Antral (terciário) em crescimento • A principal mudança do anterior para este é o aparecimento de um compartimento cheio de líquido, chamado de antro. O folículo antral passa por um crescimento que o deixa muito maior em tamanho (0,1mm -> 2 a 5mm diâmetro). • Com o antro, as células da granulosa se dividiram em células murais, que formam a parede externa do folículo, fazem síntese hormonal (são estereidogenicas) e posteriormente vão se diferenciar em corpo lúteo; e nas células do cumulus ou corona radiata, que continua em contato direto com o ovócito e são liberadas junto com este, já que são essenciais para a captura pelas fimbrias da trompa de falópio. • Estes folículos são altamente dependentes de FSH para seu crescimento e manutenção. • O oócito cresce muito até chegar no estágio do folículo antral maduro e então desacelera esse crescimento. Nesse estágio, sintetiza suficientemente os componentes do ciclo celular para completar a meiose na ovulação, o que vai ocasionar numa queda de FSH. Apesar de o folículo ganhar competência para a meiose, ele se mantém na parada meiótica (alcançada pela manutenção de níveis elevados de AMPc) até ocorrer aumento de LH. As células da granulosa e do cumulus produzem GMPc, que inibem a PDE3A, que é responsável por degradar o AMPc, e isso mantém a parada meiótica. • As células tecais produzem androstenediona e testosterona, para que sejam transformados pela aromatase em 17β-estradiol. O FSH induz a expressão de CYP19 4 (aromatase) para sintetizar estrogênio. • Ainda, as células murais produzem inibina B, que inibe a secreção de FSH pela hipófise. 4. Folículo Dominante (pré- ovulatório) • Tudo que aconteceu até aqui ocorre simultaneamente em vários folículos. No entanto, apenas 1 destes (normalmente) é liberado na ovulação. Então é preciso que esse 1 seja selecionado. Como isso acontece? Os folículos nessa fase são extremamente dependentes de FSH, que começa a decair em nível. Os folículos que possuem menos receptores vão sofrendo atresia até que só sobre um, o maior e que tiver mais receptores, sendo este o folículo dominante. • O oócito ainda está parado na meiose I. • Esse novo folículo já age como uma glândula estereidogênica. • As células tecais continuam produzindo androstenediona a partir de colesterol (chega pelos capilares), que vai ser usada pelas células murais para produzir estrona (fraco) e transformar testosterona em 17β-estradiol (forte), através da aromatase. Ainda, células da granulosa expressam 17β-HSD que converte estrona em 17β- estradiol. • O FSH induz secreção de inibina B e, importante salientar, induz a expressão de receptores de LH nas células murais, para que o folículo possa continuar se desenvolvendo com o decaimento do FSH. 5. Folículo Dominante no Período Periovulatório • O início do período periovulatório é marcado pelo pico de LH, e ele acaba quando há a expulsão do complexo cumulus-ovócito. • Antes de ovular, o folículopressiona a superfície do ovário e gera uma protuberância chamada estigma. O aumento do LH induz a liberação de citocinas inflamatórias que rompem a parede do folículo, a túnica albugínea e região ao redor do estigma, tornando a cavidade antral contínua com a cavidade peritoneal. • O complexo cumulus-ovócito fica livre no antro. As células do cumulus liberam ácido hialurônico que promovem aumento do seu tamanho, facilitando sua captação. O complexo é liberado pelo estigma. • As células tecais e murais remanescentes passam pela luteinização, formando o corpo lúteo. As células foliculares secretam fatores angiogênicos que aumentam o suprimento de sangue para o corpo lúteo. 5 • O ovócito primário já era competente para concluir a meiose, mas estava preso na metáfase I. O aumento de LH inibe a produção de GMPc, que consequentemente libera a PDE3A para degradar o AMPc e, assim, permitindo a progressão meiótica. Dessa forma, o oócito progride para a metáfase II onde fica parado até a fecundação. • Nas células murais, o LH: inibe a expressão de CYP19 e consequente produção de estrógeno; rompe lâmina basal e vasculariza células da granulosa, tornando o colesterol acessível para a estereidogênese; inicia a expressão das proteínas StAR e CYP11A1, essenciais na produção de progesterona. 6. Corpo Lúteo (da menstruação ou gestação) • É o remanescente do folículo. • Está programado para viver 14 dias mas isso pode se estender até 9 meses se ele for “resgatado” pelo hCG originado do embrião implantado (gestação). • Quando o corpo lúteo sofre atresia passa a se chamar corpo albicans. • Possui como função a conversão de colesterol em progesterona, que atinge seu pico na metade da fase lútea, para transformar o útero em uma estrutura adesiva e de suporte para a implantação e o início da gestação. • O estradiol continua sendo produzido, atingindo seu pico também na metade da fase lútea. Induz o receptor de progesterona em locais como o útero. • Ainda, a secreção de inibina reprime a secreção de FSH. 7. Folículos Atrésicos • Sofrer atresia se refere a desaparecer e pode ocorrer em qualquer etapa do processo. • Na atresia, células da granulosa e ovócitos sofrem apoptose. • Células tecais repovoam o estroma, retêm os receptores de LH e a capacidade de produzir andrógenos. Ciclo Menstrual É um evento mensal do corpo feminino que busca: (1) produzir um óvulo, (2) propiciar ambiente favorável para coito, chegada do espermatozoide, fertilização e início da embriogênese, (3) preparar o útero para a implantação e gestação e (4) Curiosidade: Está tudo conectado! O corpo lúteo é indispensável para sustentar a implantação e o início da gestação. Consequentemente, uma fase lútea encurtada normalmente leva à infertilidade. Ainda, a qualidade desse corpo depende do tamanho e saúde do folículo do qual se desenvolveu, o que por sua vez depende da estimulação hipotalâmica e hipofisária normal. Exercício intenso, inanição, prolactina alta e função tireoidiana anormal são fatores que interferem no hipotálamo/hipófise e podem levar à deficiência da fase lútea e até infertilidade. 6 minimizar ocorrência de mais de uma implantação. Ela é dividida em duas metades: 1. Fase Folicular → é quando há recrutamento e crescimento do folículo antral, seleção do folículo dominante e o crescimento deste até a ovulação; 2. Fase Lútea → é quando ocorrem secreções hormonais pelo corpo lúteo para manter a progressão normal do ciclo. Para que esse ciclo ocorra normalmente é necessário um funcionamento orquestrado entre o ovário, a hipófise e o hipotálamo, que se inicia no ovário ao fim da fase lútea/fim de um ciclo menstrual não fértil (que consequentemente é o início de outro), nas seguintes etapas: 1. Sem fertilização e implantação, o corpo lúteo regride e morre, o que causa declínio intenso nos níveis de progesterona, estrógeno e inibina, que fazem feedback negativo na hipófise. 2. O gonadotrofo hipofisário percebe o fim do feedback negativo, ocasionando no aumento dos níveis de FSH (+/- dois dias antes da menstruação). 3. O aumento do FSH recruta um grupo de grandes folículos antrais para iniciar um crescimento rápido (muito dependente de FSH), e estes produzem baixos níveis de estrógeno e inibina B. 4. Os níveis lentamente crescentes de estrógeno e inibina B fazem com que os gonadotrofos comecem a secretar menos FSH (início da fase folicular). O fato de não existir produção de progesterona aumenta a frequência dos pulsos de GnRH, o que consequentemente aumenta a secreção de LH, aumentando lentamente a razão LH/FSH durante a fase folicular. 5. O ovário responde ao declínio de FSH com atresia de todos os folículos recrutados, com exceção do folículo dominante (é maior, tem + receptores de FSH e + oferta de sangue). Este produz inibina B e 17β- estradiol de forma crescente. Nesse momento o FSH induz a expressão de receptores de LH nas células murais. 6. O alto nível de estrógeno circulante realiza feedback positivo nos gonadotrofos, estes que, por sua vez, estão muito mais sensíveis à sinalização de GnRH por volta da metade do ciclo. Nesse período há também aumento dramático dos receptores de GnRH e aumento da frequência de pulsos deste pelo hipotálamo. 7. O pico de LH causa a maturação meiótica, a ovulação e a diferenciação de células da granulosa em células produtoras de progesterona. 8. Os crescentes níveis de progesterona, estrógeno e inibina B pelo corpo lúteo fazem feedback negativo com os gonadotrofos, fazendo com que os níveis de LH e FSH diminuam. 7 *Mas o estrógeno não faz feedback positivo? Acontece que os altos níveis de progesterona não permitem que haja feedback positivo por esse hormônio. 9. Os níveis basais de LH são essenciais para a função normal do corpo lúteo. Porém ele se torna progressivamente insensível a esse hormônio e, a não ser que chegue alguém mimetizando-o (bCG) ele irá regredir e morrer. Em um ciclo não fértil, isso ocorre em 14 dias, e os níveis de progesterona e estrógeno começam a diminuir em cerca de 10 dias. Volta ao evento 1. As Tubas Uterinas Tubos musculares com extremidade distal próxima ao ovário e extremidade proximal atravessando a parede do útero. De distal para proximal são divididas em: → Infundíbulo, onde estão as fímbrias que capturam o óvulo; Essas fímbrias crescem na fase folicular pela ação do estradiol. → Ampola, com lúmen amplo e muitas dobras da mucosa; → Istmo, de lúmen estreito e menos dobras de mucosa; → Segmento Intramural, que é a entrada no útero. Elas capturam o complexo cumulus- ovócito e transferem até a junção ampola-istmo, onde ocorre a fecundação. Essa transferência é possível pelo aumento drástico do movimento ciliar, causado pela progesterona. Além disso, servem de armazenamento de espermatozoides, que permanecem viáveis aderidos às células epiteliais do istmo por até 5 dias, sendo estimulados pelas secreções das tubas. Também é função das tubas manter o embrião nutrido por 5 dias (virar blastocisto) para então passar para a cavidade uterina. • O estrógeno aumenta o tônus muscular do istmo, mantendo o complexo cumulus-ovócito na junção istmo-ampola para a fertilização. O Útero O órgão se divide em 4 partes: 8 1. Fundo, parte acima de onde entram as tubas, é a mais superior; 2. Corpo, maior parte; 3. Istmo, um estreitamento do corpo na porção inferior; 4. Colo, que se estende para dentro da vagina. Entre as suas principais funções está fornecer local adequado para a implantação do blastocisto, mantero embrião no endométrio (e não avançar para o miométrio), crescer com o feto e no momento certo fornecer fortes contrações musculares para expulsar ele e a placenta, a termo. Constituição do endométrio: • Sua superfície luminal é coberta por epitélio cuboide simples, que é contínuo com glândulas mucosas (uterinas) que adentram o endométrio. • A mucosa é vascularizada pelas artérias espirais, ramos da artéria uterina que atravessam o miométrio. Essas artérias emitem arteríolas terminais que formam um plexo subepitelial, próximo ao lúmen. • É dividido em duas zonas: → Zona Funcional → mais ou menos 2/3 do lado luminal, e é perdido durante a menstruação. → Zona Basal → o outro terço, que permanece após a menstruação. As mudanças na zona funcional do endométrio ocorrem em fases. Antes de explica-las, vale lembrar que a função do estrógeno no endométrio é proliferar a camada basal para que ela possa gerar e manter a camada funcional, e a da progesterona é diferenciar a camada funcional para que ela secrete as substâncias nutritivas. Vamos às fases: 1. Fase Proliferativa • No momento de baixa de FSH e produção elevada de estradiol o endométrio tá terminando a menstruação, ficando apenas a zona basal. • O aumento de estrógeno induz a fase proliferativa do endométrio, estimulando todas as células da zona basal a crescer e se dividir, através dos seus receptores. Ainda induz a expressão de receptores de progesterona, preparando o endométrio para receber esse hormônio (que logo vai atingir um pico com o surgimento do corpo lúteo). 2. Fase Secretora • Após a ovulação, o corpo lúteo causa uma alta de progesterona (junto com estradiol), esta que induz as glândulas uterinas a secretarem muco rico em nutrientes e que suporta a viabilidade do blastocisto, além de tornar o endométrio mais adesivo para a implantação do embrião. • Mas se há alta de estrógeno, por que a zona funcional não continua crescendo? Da mesma forma que a progesterona impede que o estrógeno faça feedback positivo nos gonadotrofos, no endométrio 9 ele impede que o estrógeno desempenhe sua função. 3. Fase Menstrual • No ciclo não fértil a morte do corpo lúteo causa drástica diminuição nos níveis de estradiol e progesterona, ficando inviável a manutenção da zona funcional. Assim ela descama, o que é a menstruação. • O ciclo reinicia. Como os hormônios esteroides são transportados e metabolizados? São levemente solúveis no sangue e se ligam a proteínas plasmáticas. A maior parte do estrógeno se liga à SHBG e menor parte à albumina ou livre. Já a progesterona se liga principalmente à transcortina e à albumina. Sua meia-vida circulante é de cerca de 5 minutos (afinidade baixa com essas proteínas). São degredados no fígado e excretado na urina junto com outras substâncias. A progesterona tem ação importante no útero durante a gestação, ao impedir a atividade elétrica que acarreta nas contrações mensais (cólicas), evitando um aborto espontâneo. Tanto o útero quanto as tubas uterinas podem ser produzidas devido à ausência do Hormônio antimulleriano.
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