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Dermatite de contato Referências (1) AZULAY, Rubem David; ABULAFIA, Luna Azulay. Dermatologia. 7ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan LTDA, 2017. (2) LUPI, Osmar; et al. Rotinas de Diagnóstico e Tratamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD. 2ª ed. São Paulo: Grupo GEN, 2012. cap. 20, p. 119-124. (3) BOLOGNIA, Jean. Tratado de Dermatologia. 3ª ed. São Paulo: Grupo GEN, 2015. cap. 14, p. 231-246. *serão sinalizadas ao final de cada tópico Definição Também pode ser chamado de Eczemas, embora existam diferenças conceituais do grego ekzein e significa: ek – exterior + zein – ebulição, o que, se traduzido ao pé da letra, dá uma conotação equivocada de que os eczemas só se apresentam de forma aguda. eczemas correspondem a um grupo de dermatoses inflamatórias, pruriginosas, com características clínicas e histopatológicas comuns e muito bem definidas. As lesões elementares se definem: Eritema Edema Vesículas Crostas Descamação Liquenificação traduz a cronicidade do processo. manifestação subjetiva que nunca falta – o prurido Descrição: uma placa ou mancha eritematosa vesiculosa e/ou descamativa bem-delimitada, com margens definidas correspondendo à área de contato Tipos de acordo com etiologia: (2) Dermatite de contato por irritantes Dermatite de contato alérgica ou hipersensibilidade de contato Fotodermatite de contato - necessita da substância e da luz ultravioleta para causar a resposta inflamatória. - os compostos podem ser fotoalérgicos ou fototóxicos - a exposição pode ser tópica ou sistêmica - a reação fotoalérgica requer o contato prévio para induzir a sensibilização - reação fototóxica já não necessita do período de sensibilização. Urticária de contato - Dermatite de contato alérgica ou hipersensibilidade de contato - muitos agentes causadores Epidemiologia Eczema de contato + comum Dermatite das fraldas (Eczema de contato por irritante primário) lactente Eczema de contato por sensibilização após a infância Eczema Atópico e Seborreico os 2º + comum Eczema Atópico partir do 3ºou 4º mês de vida ou mais tardio (adolescência/ vida adulta) Eczema Seborreico + prevalente adolescência/ vida adulta, mas pode ter no nascimento/primeiros dias de vida Histopatologia Característica básica do processo: NATUREZA SEROEXSUDATIVA epiderme e derme papilar fase aguda Fase aguda na Camada de Malpighi: - há exocitose e edema intercelular, o qual progride em horas, provocando “espongiose” = afastamento entre si das células da camada de Malpighi, cujas pontes intercelulares se adelgaçam, de modo que os espaços se enchem de serosidade - com isso, ocorrer edema intracelular, que provoca degeneração reticular - + destruição das pontes intercelulares formando vesículas intraepidérmicas (vesícula histopatológica), que, dependendo da intensidade, acabam por exteriorizar-se (vesículas clínicas); estas se rompem, liberando o exsudato, que, ao secar, forma crostas; - no interior das vesículas, podemos encontrar linfócitos - o edema intercelular altera a ceratinização normal, dando origem à formação de paraceratose (permanência de núcleos achatados nas lâminas ceratínicas mais exteriores), cuja expressão clínica é a escama. Na Derme papilar: - há vasodilatação e edema, o que justifica o eritema Fase crônica espessamento de todas as camadas da epiderme, ou seja, hiperceratose, hipergranulosa e acantose irregular, acompanhado de ocorrência sutil de linfócitos; a lesão se apresenta clinicamente como liquenificação Etiologia Causas externas e/ou internas com etiologia variada, cujos mecanismos patogênicos são distintos. Dermatite de contato por Irritante primário - DCI = 80% das dermatites de contato frequentemente dermatose de caráter ocupacional decorre dos efeitos tóxicos e pró-inflamatórios de substâncias capazes de ativar a imunidade da pele ainda que de maneira não específica. Causadas por substâncias alcalinas ou ácidas fracas que, não sendo capazes de provocar queimadura e/ou necrose, produzem apenas irritação cutânea. Essas substâncias, causam lesão aos queratinócitos, surgindo, posteriormente, reação inflamatória na derme papilar. Características: Eritema Descamação Vesículas e bolhas – horas ou semanas(agentes irritantes fracos) depois do contato Prurido discreto ou ausente Sensação de dor ou queimação – após o prurido Não há necessidade de sensibilização prévia Não ocorre a formação de células de memória Qualquer indivíduo em contato com tais substâncias poderá desenvolver a DCIP Restrita ao local do contato Variáveis: concentração da substância (até certo limite, pois caso contrário será cáustica e causará queimadura e não uma DCIP) tempo de exposição suscetibilidade dos indivíduos e de regiões do mesmo indivíduo que dependem, principalmente, da espessura da camada córnea. Ex: mais provável ocorrer na pele fina do dorso da mão do que na região palmar, como também é mais fácil nas mãos finas de quem não está acostumado a serviços domésticos, pois o contato crônico e gradativo com tais substâncias é capaz de promover um espessamento epidérmico. Outros fatores precipitantes associados: Atrito Umidade Exposição solar Plantas no BRA da família anacardiácea, gênero Lithraea (aroeira, cajueiro, mangueira) plantas decorativas (piretro, verbena, filodendro) frutos (manga) sementes e raízes hortaliças (cebola, alho) extratos vegetais (terebintina, bálsamo do Peru). Tratamento interrupção do contato com o agente desencadeador uso de corticosteroides Dermatite de contato Alérgica - DCA = 20% das dermatites de contato Muito prurido é um tipo de reação de hipersensibilidade tardia desencadeado quando a pele entra em contato com uma substância química com a qual o indivíduo já foi previamente sensibilizado.(3) Requer a ativação da imunidade adquirida antígeno-específica levando ao desenvolvimento de células T efetoras que são mediadoras da inflamação cutânea (2) aparecem 24 h a 48 h, às vezes até mais tarde, após a exposição ao antígeno. (2) o paciente entra pela primeira vez em contato com a substância química, que penetra na pele e então inicia a cascata de eventos que resulta em sensibilização (3) A reexposição subsequente da pele acarreta apresentação do alérgeno responsável a uma célula T já sensibilizada, ocasionando liberação de numerosas citocinas e fatores quimiotáticos, resultando na figura clínica do eczema (3) 3 maneiras Aguda eritema, vesículas, exsudação e crostas Subaguda eritema, pápulas, escamas e crostas Crônica liquenificação morfotopografia é de grande ajuda no diagnóstico Pode existir lesões a distância do local original, ocorrendo por disseminação do alergênio pelas mãos do paciente ao se coçar em especial na região periauricular, por suas características anatômicas, observa-se adenopatia satélite que não é infecciosa Pode ocorrer: impetiginização secundária porta de entrada para desenvolvimento de erisipela ou celulite. Existe envolvimento primário do sistema imunológico, sendo exemplo clássico da hipersensibilidade tipo IV da classificação de Gell e Coombs, que é a hipersensibilidade retardada/ tardia ou mediada por células induzida pelo imunógeno, que é constituído pelo complexo hapteno-proteína carreadora mediada por células apresentadoras de antígeno, linfócitos T, citocinas, mediadores químicos e mo- léculas do complexo principal de histocompatibilidad O tempo desseprocesso será de poucos dias para alergênios com alto poder sensibilizante (p. ex., difenciprona – 7 a 14 dias), podendo levar anos para outros antígenos. Portanto, é esperado, na anamnese, que o paciente possa questionar, de certo modo, o diagnóstico, visto que sempre usou determinado produto sem nunca ter apresentado anteriormente aquela manifestação. Em geral, a hipersensibilidade adquirida persiste por toda a vida, embora, eventualmente, ocorra o desenvolvimento de tolerância com a exposição continuada, havendo então a cura. (2) (2) (2) (2) (2) (2) (2) (3) A Esta placa eritematosa com vesiculação se desenvolveu em um menino de 14 meses de idade após a aplicação de unguento de neomicina. (3) B Estrias eritematosas com vesículas lineares devido a DCA por hera venenosa. Dermatite de contato alérgica (DCA) crônica. (3) Dermatite crônica do pé devido a DCA por borracha (mercaptobenzotiazol). Dermatite de contato alérgica crônica causando dermatite das mãos. (3) Esse jogador de golfe usava luvas de couro e tinha testes de contato positivos ao bicromato de potássio e a um pedaço da luva Dermatite alérgica de contato para sapatos – aguda versus crônica. (3) A Pápulas e papulovesículas eritematosas extremamente pruriginosas apareceram dentro de dias com o uso de tênis novos; observe o padrão de distribuição B Placas em padrão “pedra de calçamento” e liquenificadas com hipo e hiperpigmentação. O paciente teve um teste de contato positivo pelo bicromato de potássio (3) Dermatite de contato alérgica vesicobolhosa aguda (DCA). (3) A DCA por hera venenosa; esse padrão de distribuição é observado em pacientes que usam luvas DCA pela tintura composta por benzoína; observe o formato geométrico Dermatite alérgica de contato aguda com um componente proeminente de edema. A Edema periorbital, além de placas crostosas e exsudativas, devido à hera venenosa. (3) Dermatite de contato alérgica devido a óleo da castanha-de-caju. (3) A imagem representa exposição ocupacional. Substâncias sensibilizantes grupo para-amino do radical benzênico (anilinas, procaína, sulfas etc.) metais: destacamos o cromo (cimento, tipografia, couros), o níquel (objetos de adorno e de utilidades domésticas) e o mercúrio (remédios) antibióticos: destacamos neomicina, penicilina, furacin e cloranfenicol cosméticos: ressaltamos certas substâncias como eosina, hidroquinona, piragalol, azocorantes, resorcina, fenol, formol e outras borracha e derivados: temos os mercaptobenzotiazóis e o éter monobenzílico de hidroquinona; os principais aditivos com maior potencial sensibilizante, tanto para luvas de borracha natural quanto sintéticas, pertencem aos grupos tiuram (72%), mercapto (25%) e carbamato (3% dos casos) objetos plásticos: devemos considerar polivinil, polietileno, acrílicos, formaldeídos, nitrocelulose, poliamidos, os diversos componentes das epoxirresinas e outros. Síndrome do babuíno = erupção medicamentosa simétrica exantemática intertriginosa e flexural (SDRIFE, symetrical drug-related intertriginous and flexural exanthema) reação do tipo IV, decorrente da absorção sistêmica (ingestão) geralmente de níquel em pacientes sensibilizados previamente a este metal erupção eczematosa simétrica que acomete axilas, cotovelos, pálpebras e laterais do pescoço, acompanhada por lesões anogenitais muito eritematosas que lembram a região glútea dos babuínos Medicamentos, em especial antibióticos betalactâmicos – sobretudo a amoxicilina – são a principal causa; paracetamol, quinolonas, aminofilina, hidroxizina, claritomicina e omeprazol; mercúrio (sobretudo por ruptura de termômetros com consequente inalação, principal causa em crianças), algumas comidas ou preservativos de comidas (2) Diagnóstico Mapeamento topográfico Seletividade profissional Seletividade utilitária Testes de contato identificação de substâncias às quais o indivíduo é alérgico Tratamento 1º afastar o agente causal e priorizar o tratamento de infecções secundárias eventuais. Fase aguda: banho ou compressas, com soluções antissépticas (Solução de permanganato de potássio 1:40.000) durante as primeiras 24 h Solução de ácido bórico 1 a 2%- evitar no tratamento de grandes áreas em crianças por seu potencial nefro e neurotóxico. Fase subaguda pasta d’água ou creme de corticosteroide tópico Fase crônica uso de corticosteroide em pomada fita oclusiva OU injeção intralesional casos generalizados ou de eritrodermia corticosteroides sistêmicos (prednisona 0,5 mg/kg de peso) Imunomoduladores tópicos e Inibidores da calcineurina (tacrolimo e pimecrolimo), mostraram-se bastante efetivos no tratamento da dermatite de contato das mãos Anti-histamínicos de primeira geração pode ser útil na redução do prurido, graças à sedação.
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