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Livro - Engenharia para Aquicultura e Desenho Técnico para Engenharia Aquicola
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água, pres- são de vapor (umidade do ar), área de exposição do corpo d'água e da velocidade do vento. A maioria dos sistemas aquáticos apresenta grandes áreas para os espelhos d'água (viveiros estuarinos) e pouca profundidade, o que favorece as perdas por evaporação. Nos diques ou represas dos viveiros (em derivação ou em barragem) ocorrem perdas por infiltração, sendo maiores ou menores, conforme as características físicas do material em- pregado na edificação e da eficiência construtiva das represas. Os solos podem apresentar, de acordo com sua ori- gem, diversos tipos de granulometrias. Isto conduz a solos muito porosos (mais permeáveis) e solos pouco porosos (menos permeáveis). O volume de perdas (Vp), proveniente da evaporação e da infiltração no perfil do solo, não pode ser calculado com precisão exata, mas pode ser estimado. Como visto, a evaporação depende das condições climá- Licaslocais (temperatura, umidade do ar, velocidade do vento, insolação) e do tamanho da área evaporante. "Nas regiões tropicais a evaporação pode chegar a 25 mm/dia, Isto origina uma demanda d'água da ordem de 250 m3/dia/ha, ou seja, uma vazão de 2,9 L/s/ha. No litoral nor- destino, com lâmina de evaporação média de 7 mm/dia, ne- cessitar-se-ia de 70 m3/dia/ha de água, ou seja, 25.550 m3/ ano" (SILVA,1987). Face às considerações anteriores, o volume de água neces- sário (Vn) ao abastecimento dos viveiros e tanques de uma fa- zenda ou empresa aquática, sem considerar o consumo em la- boratório, casa de técnicos, etc., pode ser estimado como segue: ENGENHARIA PARA AQUICULTURA ~ 43 Vn = Vb+Vp (1) Onde, Vn = volume necessário (ms) Vb = volume d'água na bacia hidráulica dos viveiros e tanques (ms). Vp = volume de perdas (rn") Quanto às perdas por infiltração, no fundo e nas paredes laterais de um viveiro, elas dependem da técnica de constru- ção e do material utilizado para sua edificação. Os viveiros novos têm maiores perdas nos primeiros dois anos, principal- mente, aqueles construí dos com materiais menos argilosos e que não receberam tratamento especial sobre a camada de contenção da água. O lençol freático, próximo ao fundo do vi- veiro, também lhe confere menor infiltração. Se considerarmos uma infiltração de 1,5 mm/ dia, para um solo argiloso, seria necessário uma reposição de água no viveiro de 15 m-/dia/ha, ou seja, isto corresponde a uma vazão de 0,17 L/s/ha. Outra função importante do abastecimento d'água é a eliminação de dejetos nocivos dos animais aquáticos. A in- trodução de água limpa elimina esses materiais. Portanto, o volume a ser eliminado de materiais depende da população de animais no viveiro, da temperatura da água, da quantidade de alimentos e de outros fatores de manejo. Outro fator importante a considerar na previsão da quantidade de água de abastecimento é a sobrealimentação que incrementa o DBO (Demanda Biológica de Oxigênio), di- minuindo o nível de oxigênio no viveiro. A experiência tem demonstrado, em nossa região, que um fluxo de água da ordem de 10 a 40 L/s/há ao longo do 44 ~ PEDRO NOBERTO DE OLIVEIRA ano, para pequenos e médios projetos, com tecnologia ade- quada na construção dos canais de abastecimento e represas dos viveiros, têm atendido à demanda dos cultivos. 2.3.2. Qualidade da água para aquacultura A qualidade da água é um parâmetro indispensável, aos cultivos aquáticos, dependerá do uso a que se destina. Uma água poderá ser boa para o crescimento de algas ou vegetais superiores, mas poderá não ser boa para alimentação animal. "Uma água de "boa" qualidade é capaz de manter os seres vi- vos e os padrões sanitários que se deseja para que os organis- mos cultivados sejam utilizados como se programou Wheaton (1982)". Segundo este mesmo autor, é possível que a água de esgoto municipal possa ser considerada como de "boa" quali- dade se for utilizada no cultivo de algas; processada, esterili- zada pode ser utilizada para os animais em cultivo. É também possível que a mesma água seja considerada "má" depois do tratamento recebido. Isto poderá ocorrer se a água que estiver sendo utilizada para o cultivo de peixes, ao consumo humano, contiver Salmonela ou outros microorganismos tóxicos. Como se vê, a qualidade da água é bastante relativa. A água de abastecimento nos cultivos aquáticos necessita de pa- râmetros para ser considerada "boa" ao tipo de cultivo pro- posto. Os parâmetros físicos (cor, turbidez e temperatura) e químicos (pH, alcalinidade, oxigênio, nitritos, nitratos, fósfo- ros e silicatos) são os mais importantes. Essas propriedades devem estar em equilíbrio dentro do ambiente de cultivo à maximização da produção; em caso contrário será desastroso qualquer cultivo em aquacultura. Duas propriedades importantes de água são a cor e a transparência. Águas claras deixam passar melhor a luz e como conseqüência, uma melhor produtividade para o fito- ENGENHARIA PARA AQUICULTURA ~ 45 plâncton, bactérias fotossintéticas e macrófitas aquáticas, uti- litárias de energia luminosa na fotossíntese. As águas turvas, com argilas ou outras partículas em suspensão, não facilitam a penetração de luz, causam problemas aos peixes, larvas, pós-larvas e alevinos, com aderência de argila as suas guelras, impedindo trocas gasosas. A tabela I de Brock (1979), citada por Cavalcante, Cor- reia, Cordeiro (1986), apresenta os limites físico-químicos para águas de viveiros de camarão Macrobrachium spp. Os níveis desejáveis para análise química da água para piscicul- tura são apresentados na tabela 2. Tabela 1. Parâmetros físico-químicos recomendados para água de abastecimento de viveiros de Macrobra- chiumSpp. Na Fe30ppm < o.oz ppm K Mnz ppm < o.oz ppm Mq Cu10ppm < o.oz ppm Ca Pb < o.oz ppm12ppm C1 As40ppm < o.oz ppm sio, Se12ppm < o.oz ppm pH 6-8ppm Cr < o.oi ppm Dureza total < 120ppm Fonte: Brock (1979) apud CavaJcanti, Correia, Cordeiro (1986). 46 ~ PEDRO NOBERTO DE OLIVEIRA Tabela 2. Níveis desejáveis em análise química da água para piscicultura. ESPECIFICAÇÃO NÍVEL DESEJADO DA ANÁLISE pH sa9 Alcalinidade 40 a 200 mI/L de seu equivalente em CaC03 Dureza > 1Sg/Lde seu equivalente em CaC03 °2dissolvido > 4mg/1 C0 2 livre < zomg/l Amônia < o,smg/l Gás sulfídrico < i.omg/l Metano < o,smg/l Ferro < i.omg/l Alumínio < o,smg/l Presença de nitratos, fosfatos, carbonatos e sulfatos FONTE: Silva (1987) Exemplo: Qual o volume de água necessário para abastecer um vi- veiro de 1ha, considerando uma lâmina de infiltração de 1,S rum/dia e evaporação média de 2S mm/dia? Solução: De acordo com a equação 1 e considerando uma lâmina média de 1,2m para o viveiro, sendo sua superfície líquida de 1ha (10.000 m"), temos: ENGENHARIA PARA AaUICUlTURA ~ 47 Vn = Vb+Vp Vn = 10.000 m- X 1,2m = 12.000 m3 Vn = 12.000 m- (volume teórico) Considerando uma perda, por evaporação, de 25 mm/ dia em toda a superfície do viveiro, temos: Vp = 0,025 m x 10.000 m" = 250 m-/dia/ha. Isto significa uma vazão necessária (Qn) de: Qn = 250 m3 -;- (24 x 3.600s) = 2.91 L/s/ha Para uma infiltração de 1,5 rum/dia, teremos: Qn = 0,0015 m x 10.000 m- = 15m-/dia/ha. Isto significa uma vazão necessária (Qn) de: Qn = 15m3 -;-(24 x 3.600 s) = 0,17 L/s/ha Portanto, o volume necessário (Vn) para o abastecimen- to do viveiro será de 12.000 m>,com acréscimo diário de 265 m3, ou seja, o canal de abastecimento do viveiro deverá ter uma vazão adicional de 3,07 L/s (2,9 + 0,17 L/s). 48 ~ PEDRO NOBERTO DE OLIVEIRA 3. SOLOS 3.1. Introdução Os solos, desde os tempos mais remotos, têm sido estu- dados como suporte às obras de engenharia, à produção de alimentos e até para saber a origem do homem. Tem sido, pois, analisados nos seus aspectos físico, químico e biológico. A grande muralha da China, as pirâmides do Egito, os t mplos da Babilônia, os aquedutos e as estradas do Império Romano não teriam sido construídas sem um conhecimento prévio do solo.° estudo dos solos, segundo a literatura, foi iniciado a partir do século XVII, com os trabalhos de Vauban (1697), oulomb (1773), Rankine (1856) e outros. Admitem