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Ele faz uma rica apropriação das obras de alguns teóricos, propondo uma abordagem original, extraindo elementos sobre a importância da subjetividade na análise do trabalho, propondo alguns conceitos importantes, como o real da atividade, o gênero de atividade e o estilo da ação. Dentre as influências, temos a ergonomia da atividade. A ergonomia da atividade surgiu na França. Sua história é marcada por forte preocupação social, é articulada com o movimento operário, buscando transformar as situações de trabalho e, em consequência, atender às demandas sindicais na perspectiva de promover a melhoria das condições de trabalho e garantir a saúde dos trabalhadores (FERREIRA, 2008). De acordo com Ferreira (2008), buscava compreender os problemas (contradições) que dificultam a interação (mediação) dos trabalhadores com o ambiente de trabalho adequar o trabalho ao homem, possibilitando condições de bem-estar com o trabalho e com o meio. processo construtivo e participativo que exige conhecimento das tarefas/atividades desenvolvidas e das dificuldades enfrentadas para se atingir o desempenho. É importante conhecer a atividade desempenhada, para saber como o trabalho está afetando a saúde do trabalhador. Como por exemplo, cadeiras que mantenham a postura, apoio para os punhos etc.. Busca entender a atividade de trabalho no momento em que o mesmo se realiza, procurando observar a distância que há entre o trabalho prescrito pela empresa (tarefa dada, ou seja, a ser cumprida) e o trabalho realizado (o resultado da adaptação da tarefa prescrita), com o objetivo de conhecer o trabalho para poder transformá-lo. Trata-se de técnicas, e formas de fazer estabelecidas, uma reorganização do coletivo do próprio grupo de trabalho, a parte subentendida da atividade, são aquelas regras desenvolvidas dentro do grupo, que não são ditas de forma “externa” mas fazer parte da execução diária do trabalho, conhecido somente por aqueles que participam da mesma situação. Ele ressalta a necessidade constante de se recriar nos contextos de trabalho, dizendo que essa recriação é sempre única e que o gênero auxilia nesse processo. Pois, nem sempre o que está “prescrito” corresponde as atividades reais (LIMA, 2017). Não é o gênero que explica a atividade e sim esta que explica o gênero. Além disso, ele não pode ser "ensinado", pois é na atividade, ao lidar com os obstáculos, que o gênero é transmitido. Sua transmissão, portanto, é sempre indireta e ela se dá pelo exercício das atividades e pelo enfrentamento das dificuldades (LIMA, 2017). Basicamente são como os “jargões” que os grupos utilizam, como quando dois psicólogos conversam e usam alguns termos que só eles “sabem” Outros conceitos são as atividades prescritas, reais e o real da atividade que foi realizada Pinheiro et al (2016), traz algumas afirmações sobre a Clínica da Atividade (CLOT, 2007), que se refere a Ergonomia, como aquela que se traduz nos gestos e nas interações do sujeito com seu objeto de trabalho, e não corresponde a tudo que se passa no decurso da ação do profissional. Esta passa a se denominar "atividade realizada", Soma-se a ela o real da atividade, no qual se fazem presentes todas as possibilidades não efetivadas, as quais o sujeito tem que manejar. A existência desse devir da atividade, desses caminhos possíveis, mas não explorados ou abandonados por qualquer razão, é que possibilita o seu desenvolvimento. Ficou difícil? vamos facilitar: É aquilo que está previamente estabelecido para ser realizado naquela atividade. São as “regras” e “normas” as quais somos apresentados ao ingressar em um novo trabalho, são basicamente como as descrições do cargo em questão Como já foi mencionado pela psicodinâmica de Dejurs, o trabalho real, é aquele que realmente é realizado, ou seja é o trabalho na prática. Na clínica do trabalho, esse trabalho real, pode ser dividido por Clot, em: Atividade realizada e real da atividade. Que funcionam como o que foi efetivamente realizado sendo o primeiro e tudo o que eu deixei de fazer, e tudo que eu precisei fazer na prática, para realizar a atividade. Clínica da Atividade é a denominação escolhida por Yves Clot para o método desenvolvido por ele e sua equipe no Conservatoire National des Arts et Métiers (CNAM), relacionado a psicologia organizacional, em Paris, onde é professor e responsável pelo Laboratório de Psicologia do Trabalho. Porém, ainda é pouco conhecido no Brasil (LIMA, 2007). Ela se desenvolveu ao mesmo tempo na filiação da chamada ergonomia e com a psicopatologia do trabalho (CLOT,2017). O que não se faz, o que se tenta fazer sem ser bem sucedido... é nesse sentido que Clot (2010) coloca o chamado drama dos fracassos, o que se desejaria ou poderia ter feito e o que pensa ser capaz de fazer noutro lugar. E ainda podemos acrescentar, o que se faz para evitar fazer o que deve ser feito; o que deve ser refeito, assim como o que se tinha feito a contragosto. Nesse sentido, vem a frustração do real da atividade não conseguir ser realizado da forma que o indivíduo imagina conseguir. A atividade é uma provocação subjetiva mediante a qual o indivíduo avalia a si próprio e aos outros para ter a oportunidade de vir a realizar o que deve ser feito (CLOT, 2010). O real da atividade envolve 5 premissas Segundo Clot (2008), a Clínica da Atividade é tributária das atividades realizadas e o real da atividade, as múltiplas possibilidades não realizadas no contexto de trabalho, e as situações de impedimento das mesmas. Quando estamos realizando uma determinada atividade, essa, é plena de possibilidades não realizadas. Trabalhar na visão de Clot, é escolher entre diversas possibilidades (quer queira, quer não, ele acaba escolhendo), o comportamento assumido a partir de então é embasado na escolha que “venceu” (como a atividade será executada) Porém, o que não foi realizado ou escolhido, o real da atividade, permanece pairando de forma invisível sobre o sujeito. Em muitos trabalhos existem situações de impedimento, onde o sujeito se frustra por não poder agir da forma que acha que seria o mais certo, dessa forma, a forma de agir que foi “impedida” pelo trabalho, continua agindo sobre o sujeito. Assim, a atividade perde o sentido, motivada por essa impossibilidade de discutir os critérios de qualidade do trabalho. Isso ocorre quando apenas realizamos atividades prescritas pela organização, sem discussão, por obrigação, tornando-as assim atividades vazias. Não nos reconhecemos nelas. Pode ocorrer também, quando a organização não oferece recursos para realizarmos a atividade conforme nosso desejo ou, pior, atrapalha a realização da atividade. a empresa estabelece critérios inconciliáveis de desempenho com a nossa expectativa ou ainda quando desfragmenta os coletivos, isolando e impedindo o diálogo entre profissionais do mesmo gênero De forma geral, para a clínica da atividade de Yves Clot, a função psicológica do trabalho, é inserir o sujeito como ser social, detentor de autonomia, produzindo sua existência e se transformando. Visa restaurar o poder de agir do sujeito (afetado pelos impedimentos do trabalho) Como ocorre a adaptação do trabalhador ao que lhe é prescrito, às condições de trabalho, à sua condição intelectual, bem como à condição social e intelectual daqueles que trabalham com ele. Compreendendo o sentido que ele emprega a esse trabalho. O trabalho, é um espaço genérico, isto é, existe uma troca e função que são definidos independentemente do indivíduo que ocupa o cargo (o cargo professor, permanece de professor independentemente de quem o ocupa) essa situação dilui o indivíduo em algo passageiro. Em um mundo capitalista, só é valorizado, o indivíduo que está inserido no mercado assalariado, quem foge desse padrão é excluído dessa identidade social. Dessaforma, Clot afirma que quando escolhemos o nosso trabalho, escolho para mim, pelo trabalho e para que o outro reconheça esse trabalho. Criar as condições necessárias para o processo de análise da atividade pelos trabalhadores, recusando o lugar de expert na análise do trabalho. Ou seja, sua disciplina pretende, acima de tudo, ser um instrumento de transformação dos contextos de trabalho, através da análise conjunta da atividade. Analisando de forma crítica as condições, e propiciando a partir da fala do próprio trabalhador uma mudança para a situação A metodologia da clínica da atividade está entre a distinção da atividade realizada e o real da atividade (SOUTO; LIMA; OSÓRIO, 2015). Na atividade os trabalhadores se confrontam com os conflitos, devendo buscar os caminhos desejados entre os possíveis da atividade e criar novos caminhos, novos possíveis, a fim de enfrentar o que seria impossível (SOUTO; LIMA; OSÓRIO, 2015 p16). Na metodologia da clínica da atividade, os métodos são propostos como dispositivos que visam aumentar os diálogos sobre a atividade. O efeito pretendido é que, com a entrada de um novo interlocutor, o analista do trabalho, haja a intensificação do diálogo interior dos trabalhadores (SOUTO; LIMA; OSÓRIO, 2015 p16). das diferentes atividades que compõem o trabalho. O analista do trabalho e os trabalhadores, protagonistas da atividade, travam um diálogo sobre situações já familiares que estes selecionam para colocar em análise. A partir destas marcas do trabalho, o profissional se observa e assume uma posição de protagonismo diante de sua atividade. O analista atua, nesse cenário, como coadjuvante, ou seja, como um dos instrumentos mediadores da análise (CLOT, 2007). As falas dos próprios colaboradores é importante. Clot (2010) afirma que a observação nos ambientes de trabalho enquanto realizado, gera bons resultados, como: à produção de conhecimento sobre o objeto observado, a atividade e a produção de uma intervenção no campo, ao produzir um diálogo interior no trabalhador. Eu como analista, devo buscar analisar do ponto de vista do trabalhador, trabalhando essa observação associada ao discurso do trabalhador sobre a sua tarefa. E normalmente não lança mão de ferramentas como a da psicodinâmica. Podem ser gravadas a entrevista, e trabalhadas com o próprio profissional da empresa, ou através de fotos, induzindo um deslocamento daquele que trabalha para o lugar de observador do seu próprio trabalho e visa dar um destino dialógico ao diálogo interior criado por ela. Em outras palavras, não só o analista do trabalho, mas o trabalhador é convocado a falar e, assim, pensar sobre a atividade que ele está realizando, inclusive sobre as atividades não realizadas, que nem por isso deixam de estar presentes (SOUTO; LIMA; OSÓRIO, 2015 p18). O trabalho é elemento central de análise e intervenção, já que é o ponto de conexão social, histórico, material e objetivo entre os indivíduos, sendo a atividade, prática e psíquica, sede de investimentos vitais do sujeito, em um movimento de apropriação de um meio de vida e transformação dos objetos do mundo. Um exemplo dado por Clot (2007) é o dos condutores de trem na França. Estes, apesar de percorrerem inúmeros quilômetros de trilhos solitários em suas cabines, têm de mediar suas ações e interesses a partir da relação com os usuários do sistema e com os controladores de tráfego. Os passageiros precisam de pontualidade e conforto, portanto é essencial que se evitem paradas bruscas e que o horário dos comboios seja seguido à risca. Aos controladores, cabe garantir a segurança dos comboios, regulando a abertura e o fechamento de sinais. Deste modo, os condutores precisam lidar com as avaliações e decisões que são tomadas por quem assume o controle do percurso. O mais difícil não é o que o condutor deve fazer, nem sequer o que ele faz, mas o fato de estar lá, sem estar lá. A ideia postulada anteriormente, sobre o vazio de uma atividade que perdeu o sentido. Sujeito da atividade não é um sistema de tratamento de informações, mas o núcleo de contradições vitais a que ele procurar dar significado. Essas ausências são confundidas com, mas não decorrem da, hipovigilância nem do entorpecimento provocado pelo sono As derivas ou distrações estão vinculadas às particularidades da atividade (ex: da condução de trens). COPEVE-UFAL - 2019 - UFAL - Psicólogo Organizacional Que a relação entre o trabalho e subjetividade é centrada na luta contra o sofrimento A atividade de trabalho como processo restrito de produção serviços A atividade de trabalho como fonte permanente de recriação de novas formas de viver Que o trabalhador, por ser sempre dominado, não tem como reagir e pensar diferente Que a impessoalidade do trabalhador se faz absolutamente necessária As atividades de trabalho são um eterno retorno no qual desaparece o sujeito singular, descartável e mudo. A clínica da atividade é sempre um processo vivo do qual participamos ao praticar aquilo que denominamos psicologia dos meios de trabalho e de vida. A clínica da atividade busca, a partir da análise estilística das ações, pôr o gênero a trabalhar para que ele permaneça, volte a ser ou passe a ser um meio de agir coletiva e individualmente na situação. O trabalho é ação e possui uma função psicológica precisamente porque põe o sujeito à prova de suas obrigações práticas e vitais com relação aos outros e com relação ao mundo. A) .I, II e IV apenas., B).I, III e IV apenas. C).I, II, III e IV., D).II, III, e IV apenas.
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