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Teoria Burocrática da Administração Surgimento(Guilherme) A partir da década de 1940, as críticas feitas tanto à Teoria Clássica – pelo seu mecanicismo – como à Teoria das Relações Humanas – pelo seu romantismo ingênuo – revelaram a falta de uma teoria sólida e abrangente. As obras de um economista e sociólogo, Max Weber,1 inspiraram uma nova teoria da organização. Surgiu, assim, a Teoria da Burocracia na Administração. A Teoria da Burocracia é considerada o terceiro pilar da Teoria Tradicional da Organização, em conjunto com o “Taylorismo” (Escola da Administração Científica) e os estudos de Fayol e Gulick (Teoria Clássica). A Burocracia também foi o ponto de partida para sociólogos e cientistas políticos produzirem estudos nas organizações. ORIGENS DA TEORIA DA BUROCRACIA A Teoria da Burocracia surgiu em razão dos seguintes aspectos: · A fragilidade e parcialidade da Teoria Clássica e da Teoria das Relações Humanas: ambas oponentes e contraditórias, mas sem possibilitarem uma abordagem global e integrada dos problemas organizacionais. Ambas revelam pontos de vista extremistas e incompletos sobre a organização, gerando a necessidade de um enfoque mais amplo e completo. · A necessidade de um modelo de organização racional: capaz de caracterizar todas as variáveis envolvidas, bem como o comportamento dos membros dela participantes, e aplicáveis a todas as formas de organização e empresa. · O crescente tamanho e complexidade das empresas: exigindo modelos organizacionais mais sofisticados. As teorias anteriores mostraram-se insuficientes para atender às novas exigências. · O surgimento da Sociologia da Burocracia: a partir da descoberta dos trabalhos de Max Weber, seu criador, ela propõe um modelo de organização racional e as organizações não tardaram em aplicá-lo na prática, surgindo as burocracias. Origens da burocracia (Rafaela) A burocracia é uma forma de organização que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência no alcance desses objetivos. As origens da burocracia remontam à época da Antiguidade. A burocracia – tal como ela existe hoje, como base do sistema de produção – teve sua origem nas mudanças religiosas verificadas após o Renascimento. Weber salienta que o sistema de produção, racional e capitalista, não se originou das mudanças tecnológicas nem das relações de propriedade, mas de um novo conjunto de normas sociais morais, às quais denominou “ética protestante”: o trabalho duro e árduo como dádiva de Deus, a poupança e o ascetismo levaram à reaplicação das rendas excedentes, em vez do seu dispêndio e consumo em símbolos materiais e improdutivos de vaidade e prestígio. Verificou que o capitalismo, a burocracia (forma de organização) e a ciência moderna são três formas de racionalidade que surgiram a partir dessas mudanças religiosas nos países protestantes e não em países católicos. Semelhanças entre o protestante (principalmente o calvinista) e o comportamento capitalista são muito fortes. Essas três formas de racionalidade se apoiaram mutuamente nas mudanças religiosas. Para compreender a burocracia, Weber estudou os tipos de sociedade e os tipos de autoridade. 1.Tipos de sociedade: Max Weber distingue três tipos de sociedade: ■Sociedade tradicional: onde predominam características patriarcais e patrimonialistas, como a família, o clã, a sociedade medieval etc. ■Sociedade carismática: onde predominam características místicas, arbitrárias e personalísticas, como em grupos revolucionários, partidos políticos, nações em revolução. ■Sociedade legal, racional ou burocrática: onde predominam normas impessoais e racionalidade na escolha dos meios e dos fins, como nas grandes empresas, nos estados modernos, nos exércitos etc. (BRUNO) Tipos de autoridade para Weber, a cada tipo de sociedade corresponde um tipo de autoridade. “Autoridade é a probabilidade de que um comando ou ordem específica seja obedecido.” A autoridade é o poder institucionalizado e oficializado. O poder, portanto, é a possibilidade de imposição de arbítrio por parte de uma pessoa sobre a conduta de outras. A autoridade proporciona o poder: ter autoridade é ter poder. Autoridade tradicional: quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque essa sempre foi a maneira pela qual as coisas foram feitas. O domínio patriarcal do pai de família, do chefe do clã, o despotismo real é o tipo mais puro de autoridade tradicional. O poder tradicional não é racional, pode ser transmitido por herança e é extremamente conservador. Toda mudança social implica rompimento das tradições. E ocorre em tipos de empresas familiares mais fechadas. A legitimação do poder na dominação tradicional provém da crença no passado eterno, na justiça e na maneira tradicional de agir. A dominação tradicional – típica da sociedade patriarcal –, quando envolve grande número de pessoas e um vasto território, pode assumir duas formas de aparato administrativo para garantir sua sobrevivência: · Forma patrimonial: na qual os funcionários que preservam a dominação tradicional são os servidores pessoais do senhor – parentes, favoritos, empregados etc. – e geralmente dependentes economicamente dele. · Forma feudal: na qual o aparato administrativo apresenta maior grau de autonomia com relação ao senhor. Os funcionários – vassalos ou suseranos – são aliados do senhor e lhe prestam um juramento de fidelidade. Autoridade carismática: quando os subordinados aceitam as ordens do superior por causa da influência da personalidade e da liderança do superior com o qual se identificam. Autoridade legal, racional ou burocrática: quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque concordam com preceitos ou normas que consideram legítimos e dos quais deriva o comando. É o tipo de autoridade técnica, meritocrática e administrada. Baseia-se em leis promulgadas e regulamentadas por procedimentos formais e corretos. (LUCAS) Weber identifica três fatores para o desenvolvimento da burocracia: 1.Desenvolvimento da economia monetária: a moeda não apenas facilita, mas racionaliza as transações econômicas. Na burocracia, a moeda assume o lugar da remuneração em espécie para os funcionários, permitindo a centralização da autoridade e o fortalecimento da administração burocrática. 2.Crescimento quantitativo e qualitativo das tarefas administrativas do Estado moderno: apenas um tipo burocrático de organização poderia arcar com a enorme complexidade e tamanho de tais atividades do Estado. 3.A superioridade técnica do modelo burocrático em termos de eficiência: serviu como a força autônoma interna para impor sua prevalência. “A razão decisiva da superioridade da organização burocrática foi sua superioridade técnica sobre qualquer outra forma de organização. CARACTERÍSTICAS DA BUROCRACIA Segundo Weber, a burocracia apresenta as seguintes características: · Caráter legal das normas e regulamentos: a burocracia é uma organização ligada por normas e regulamentos estabelecidos previamente por escrito. Assim, é uma organização baseada em uma legislação própria que define como a organização deverá funcionar. · Caráter formal das comunicações: a burocracia é uma organização ligada por comunicações escritas. As regras, decisões e ações administrativas são formuladas e registradas por escrito. Daí o caráter formal da burocracia: todas as ações e procedimentos requerem comprovação e documentação adequadas para assegurar a interpretação unívoca das comunicações. · Caráter racional e divisão do trabalho: a burocracia é uma organização que se caracteriza por uma sistemática divisão do trabalho que atende a uma racionalidade, isto é, ela é adequada ao objetivo a ser atingido: a eficiência da organização. Daí o aspecto racional da burocracia. · Impessoalidade nas relações pessoais: a distribuição das atividades é feita impessoalmente, ou seja, em termos de cargos e funções e não de pessoas envolvidas. Daí o caráter impessoal da burocracia.A administração da burocracia é realizada sem considerar as pessoas como pessoas, mas como ocupantes de cargos e de funções. · Hierarquia da autoridade: a burocracia é uma organização que estabelece os cargos segundo o princípio da hierarquia. Cada cargo inferior deve estar sob o controle e supervisão de um posto superior. Nenhum cargo fica sem controle ou supervisão. Daí a necessidade da hierarquia da autoridade para definir as chefias nos vários escalões de autoridade. · (SAMUEL) Rotinas e procedimentos padronizados: a burocracia é uma organização que fixa as regras e normas técnicas para o desempenho de cada cargo. O ocupante de um cargo – o funcionário – não faz o que quer, mas o que a burocracia impõe que ele faça. As regras e normas técnicas regulam a conduta do ocupante, cujas atividades são executadas de acordo com as rotinas e procedimentos. · Competência técnica e meritocracia: a burocracia é uma organização na qual a escolha das pessoas é baseada no mérito e na competência técnica e não em preferências pessoais. A seleção, admissão, transferência e promoção dos funcionários são baseadas em critérios de avaliação e classificação válidos para toda a organização e não em critérios particulares e arbitrários. · Especialização da administração: a burocracia é uma organização que se baseia na separação entre a propriedade e a administração. Os membros do corpo administrativo estão separados da propriedade dos meios de produção. Os administradores da burocracia não são seus donos, acionistas ou proprietários. O dirigente não é necessariamente o dono do negócio ou grande acionista da organização, mas um profissional especializado na sua administração. · Completa previsibilidade do funcionamento: a consequência desejada da burocracia é a previsibilidade do comportamento dos seus membros. O modelo burocrático de Weber pressupõe que o comportamento dos funcionários da organização é perfeitamente previsível: todos os funcionários deverão comportar-se de acordo com as normas e regulamentos da organização, a fim de que esta atinja a máxima eficiência possível. · Profissionalização dos participantes: a burocracia é uma organização que se caracteriza pela profissionalização dos participantes. Cada funcionário da burocracia é um profissional, pois: · É um especialista · É assalariado · É ocupante de cargo · É nomeado pelo superior hierárquico · Seu mandato é por tempo indeterminado · Segue carreira dentro da organização · Não possui a propriedade dos meios de produção e administração · É fiel ao cargo e identifica-se com os objetivos da empresa · O administrador profissional tende a controlar cada vez mais as burocracias Vantagens da burocracia (LEONARDO) Weber viu inúmeras razões para explicar o avanço da burocracia sobre as outras formas de organização. Para ele, as principais vantagens da burocracia são: · Racionalidade em relação ao alcance dos objetivos da organização. · Precisão na definição do cargo e na operação e conhecimento exato dos deveres. · Rapidez nas decisões, pois cada um conhece o que deve ser feito e por quem, e as ordens e papéis tramitam por canais preestabelecidos. · Univocidade de interpretação garantida pela regulamentação específica e escrita. Por outro lado, a informação é discreta, pois é fornecida apenas a quem deve recebê-la. · Uniformidade de rotinas e procedimentos que favorece a padronização, redução de custos e erros, pois as rotinas são definidas por escrito. · Continuidade da organização a partir da substituição do pessoal que é afastado. Além disso, os critérios de seleção e escolha do pessoal baseiam-se na capacidade e na competência técnica. · Redução do atrito entre as pessoas, pois cada funcionário conhece o que é exigido dele e quais os limites entre suas responsabilidades e dos outros. · Constância, devendo os mesmos tipos de decisão ser tomados nas mesmas circunstâncias. · Confiabilidade, pois o negócio é conduzido por regras conhecidas, e os casos similares são metodicamente tratados dentro da mesma maneira sistemática. As decisões são previsíveis e o processo decisório, por ser despersonalizado no sentido de excluir sentimentos irracionais, como amor, raiva, preferências pessoais, elimina a discriminação pessoal. · Benefícios para as pessoas na organização, sendo que a hierarquia é formalizada, o trabalho é dividido entre as pessoas de maneira ordenada, as pessoas são treinadas para se tornarem especialistas, podendo encarreirar-se na organização em função de seu mérito pessoal e competência técnica. Racionalidade burocrática Um conceito ligado à burocracia é o de racionalidade. No sentido weberiano, a racionalidade implica adequação dos meios aos fins. No contexto burocrático, isto significa eficiência. Uma organização é racional se os meios mais eficientes são escolhidos para a implementação das metas. No entanto, são as metas coletivas da organização e não as de seus membros individuais que são levadas em consideração. Para ser eficiente, a organização exige um tipo especial de legitimidade, racionalidade, disciplina e obediência às regras. Os burocratas que formam o corpo administrativo da estrutura da organização devem seguir as regras impostas e servir aos objetivos da organização. Conclusão Portanto, não é a burocracia o elemento exclusivamente distorcido de nossa sociedade. É a sociedade ou aqueles que a compõem ou dirigem que a deformam. Tal afirmação fica mais patente se, ao discutir um dado fenômeno burocrático, tivermos a mesma preocupação que teve Max Weber de desenvolver nossos estudos, a partir de um marco referencial que globalize de modo “ideal” características e padrões de estruturas racionalmente organizadas. E as contradições são um elemento motivador de nova proposição organizacional. Proposição está que deverá estar dependente não apenas de uma só teoria do fenômeno burocrático, mas também integrar diversas teorias.
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