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5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Fisiologia UCXIII Dor Visceral Dor oriunda de diferentes vísceras do tórax e abdome. Os estímulos que produzem dor visceral incluem estiramento, distensão súbita, contração rápida e violenta das vísceras, isquemia, tração (peritoneal, do mesentério ou de vasos sanguíneos nele localizados). Estímulos tais como incisão, queimadura ou esmagamento habitualmente não desencadeiam dor, salvo quando outros fatores (inflamação, insuficiência vascular) atuam provocando uma diminuição do limiar para a sensação dolorosa. Epidemiologia: 40% da população apresenta dor abdominal recorrente 28% dos pacientes com câncer terão alguma dor abdominal decorrente da doença ou tratamento 24% das mulheres tem dor pélvica 20% das dores viscerais são torácicas Conceito: É resultado da ativação de nociceptores nas vísceras torácicas, abdominais ou pélvicas Os nociceptores da dor visceral se localizam no parênquima e parede dos órgãos sólidos, vísceras ocas e mesentério. É mediada predominantemente por fibras aferentes C – tipo crônico-persistente da dor Diferenças da dor superficial: Uma das diferenças mais importantes entre a dor superficial e visceral é que danos viscerais localizados raramente causam dor grave Por outro lado, qualquer estímulo que causar uma estimulação difusa das terminações nociceptivas viscerais, podem causar uma dor intensa (exemplo: a isquemia de uma grande área intestinal estimula várias fibras nervosas difusas = dor severa) Exemplos de localidades de dor visceral: Coração, grandes vasos e estruturas perivasculares (linfonodos) Estruturas das vias aéreas (faringe, traqueia, brônquios, pulmões, pleura) Trato gastrointestinal (esôfago, estômago, intestino delgado, cólon) Estruturas abdominais superiores (fígado, vesícula biliar, pâncreas, baço) Estruturas urológicas (rins, ureteres, bexiga urinária, uretra) Órgãos reprodutores (útero, ovários, vagina, testículos, próstata) Omentum, peritônio visceral Diagnóstico Importância: os sintomas de dor visceral podem apresentar uma causa subjacente de risco à vida. Exemplos: IAM, obstrução intestinal, pancreatite aguda, peritonite, etc As doenças viscerais podem determinar dores de vários tipos: Dor Visceral o Dor visceral verdadeira (não referida): ocorre no local da estimulação primária e pode se associar com a dor referida. Na região abdominal, é geralmente descrita como cólica e associa-se a náuseas, vômitos, sudorese ou palidez. Exemplo: dor da obstrução intestinal, da distensão ureteral por cálculos, fase inicial da apendicite (de vísceras ocas) e, em uma esplenomegalia, seria de víscera sólida – resulta de uma rápida distensão da cápsula do órgão e é semelhante àquela produzida pela distensão de uma víscera oca 5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ARM 2025.1 o Dor visceral referida: localiza-se nos miótomos e dermátomos supridos pelos neurônios que se projetam nos mesmos segmentos medulares das vísceras afetadas. Dor Parietal (é um tipo de dor visceral) o Dor parietal localizada ou não referida: resulta de afecções do peritônio parietal, pleura ou pericárdio parietal. Essas superfícies são supridas com extensa inervação nociceptiva. A dor localiza-se na superfície das cavidades torácica ou abdominal o Dor parietal referida (ou direta): dor originada em peritônio, pleura ou pericárdio parietal manifesta-se em ponto distante do local da estimulação nociceptiva (exemplo: estimulação dolorosa da parte central do peritônio diafragmático é referida no ombro) Localização da dor visceral A dor oriunda de diferentes vísceras é frequentemente difícil de localizar porque: O sistema nervoso do paciente não reconhece, a partir de uma experiência anterior, a existência dos órgãos internos – localização imprecisa A dor oriunda de vísceras frequentemente se localiza em duas áreas na superfície do corpo ao mesmo tempo, por causa da dupla transmissão da dor através de duas vias: o Via visceral o Via parietal (direta) Vias de transmissão da dor – dor visceral A dor é transmitida através das fibras para dor dos feixes nervosos do sistema autônomo e as sensações, geralmente, são referidas para áreas de superfície do corpo, geralmente distantes do órgão doloroso. Vias nociceptivas aferentes fazendo sinapses com neurônio em comum no corno dorsal da medula Contribuições autonômicas na dor visceral Palidez Sudorese Alterações na pressão arterial Taquicardia Diarreia Dor visceral verdadeira: qualquer estímulo que excite terminações nervosas para dor em áreas difusas das vísceras pode causar dor visceral verdadeira: Isquemia: liberação de bradicinina e enzimas proteolíticas que estimulam os nociceptores viscerais (dor no local próprio) Espasmo de uma víscera oca: vesícula viliar, apêndice, alça intestinal, cólica (contração da musculatura lisa) Distensão excessiva de uma víscera oca Dor visceral referida: é transmitida pela via visceral até o corno posterior da medula, mas é sentida como se fosse superficial, pois esta via faz sinapse na medula espinhal com alguns dos mesmos neurônios de segunda ordem que recebem fibras de dor da pele Exemplos: Infarto do miocárdio: a dor é sentida na superfície do ombro e face interna do braço esquerdo. Cólica de origem renal: a dor é sentida na face interna da coxa. Importante: A dor é referida nos dermátomos correspondentes às raízes dorsais às quais se incorporam as fibras viscerais. 5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ARM 2025.1 A dor nem sempre está restrita aos dermátomos esperados, podendo espalhar-se para áreas mais extensas. Também pode não ocorrer o comprometimento de todo um dermátomo ou segmento medular. O conhecimento da localização e tipos de dor referida é importante no diagnóstico clinico, uma vez que em várias doenças viscerais o único sinal clínico é da dor referida Coração, pulmões, esôfago e grandes vasos propiciam estimulação visceral aferente pelos menos gânglios autônomos torácicos (diferentemente das outras dores referidas, que são só pelo corno dorsal da medula). O estímulo doloroso nesses órgãos é caracteristicamente percebido como oriundo do tórax, mas, como as fibras nervosas aferentes se sobrepõem no gânglio dorsal, a dor pode ser sentida (como dor referida) em qualquer local entre a região umbilical e a orelha, incluindo os membros superiores Causas de dor torácica: a dor torácica pode ser causada por doenças em qualquer um dos órgãos/tecidos/ estruturas da caixa torácica, incluindo Coração: isquemia cardíaca, aneurisma de aorta, pericardite Esôfago: esofagites Pulmões e pleuras: pneumotórax, derrama pleural, embolia pulmonar, pneumonia; hipertensão pulmonar Costelas: lesões, costocondrites Mediastino: tumores do pulmão ou mediastino Músculos do tórax: fibromialgia, lesões musculares Outras condições: herpes zoster Outras causas de dor torácica Gases: normalmente a dor por gases se manifesta na porção inferior das costelas (hipocôndrio). Essas dores ocorrem por dilatação dos estômago e esôfago (pelos gases), muitas vezes pinçando os nervos ao seu redor. Abdome: colecistite, gastrite e úlcera péptica, pancreatite Características da dor de órgãos torácicos: Desconforto descrito como pressão, dilaceração, gases, indigestão, queimação ou sensação dolorosa. Excepcionalmente, outras descrições da dor torácica são dadas como dor em punhalada e, às vezes, dor lancinante como uma agulhada. Quando a sensação tem origem visceral, muitos pacientes negam que estejam tendo dor e insistem que é simplesmente “desconforto”. Vias de transmissão da dor – dor parietal As sensações dolorosas parietais são conduzidas diretamente para os nervos espinhais locais, a partir do peritônio,pleura ou pericárdio parietal, levando à percepção da dor. A dor poderá ser: Dor parietal localizada: a dor localiza-se na superfície das cavidades torácica ou abdominal, diretamente sobre a área dolorosa. Dor parietal referida: A dor manifesta-se em ponto distante do local da estimulação nociceptiva. (Exemplo: a estimulação dolorosa da parte central do peritônio diafragmático que é referida no ombro). Dor visceral e senilidade Menor propensão a sentir dor Maior possibilidade de perceber a dor de forma atípica Maiores riscos de eventos isquêmicos não percebidos 5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ARM 2025.1
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