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Dislipidemia: Conceito e Tipos

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Dislipidemia
Conceito
Dislipidemia, hiperlipidemia ou hiperlipoproteinemia é a presença de níveis elevados ou anormais de lipídios e/ou lipoproteínas no sangue. Os lipídios (moléculas gordurosas insolúveis em água) são transportados numa cápsula de proteína, e a densidade dos lipídios e o tipo de proteína determinam o destino da partícula e sua influência no metabolismo.
Designam-se dislipidemias as alterações metabólicas lipídicas decorrentes de distúrbios em qualquer fase do metabolismo lipídico, que ocasionem repercussão nos níveis séricos das lipoproteínas.
Existem as dislipidemias primárias, de causa genética e as dislipidemias secundárias, provenientes de outros quadros patológicos, como por exemplo, o diabetes mellitus ( é uma doença metabólica caracterizada por um aumento anormal da glicose ou açúcar no sangue . A glicose é a principal fonte de energia do organismo, mas quando em excesso, pode trazer várias complicações à saúde).
Tipos de Dislipidemias 
De acordo com a Associação Médica Brasileira, existem dois tipos de dislipidemia:
Primária, que tem origem genética e se apresenta a partir da  hipercolesterolemia familiar, da dislipidemia familiar combinada, da hipercolesterolemia poligência, da hipertrigliceridemia familiar e da síndrome de quilomicronemia; 
Secundária, com origem em ações medicamentosas como betabloqueadores e corticosteróides ou conseqüência de alguma doença de base, como o hipertiroidismo e a insuficiência renal crônica ou em situações como o alcoolismo e uso de altas doses de anabolizantes. 
OBS.: O uso de medicamentos deve ser minuciosamente investigado. São os principais envolvidos nas dislipidemias secundárias: os diuréticos, os beta-bloqueadores, os anticoncepcionais, os corticosteroides e anabolizantes.
Agente Causadores ou Desencadeadores das Dislipidemias 
As dislipidemias podem ocorrer pelas seguintes condições:
Aumento das Triglicérides (hipertrigliceridemia isolada)-(TGs): Os triglicerídeos são a principal gordura originária da alimentação, mas podem ser sintetizados pelo organismo. Altos níveis de triglicerídeos (acima de 200) associam-se à maior ocorrência de doença coronariana, muito embora altos niveis de triglicerídeos costumem acompanhar-se de baixos níveis de HDL, sendo, portanto difícil apontar o verdadeiro "vilão": se o triglicerídeo alto ou se o HDL baixo. 
 Aumento do Colesterol (hipercolesterolemia isolada): é um esteróide lipídico (o colesterol é substância fundamental na formação dos esteróides, compostos solúveis em gordura (lipossolúveis)). Sem colesterol não haveria vida. Contudo, o seu excesso é maléfico à saúde. Encontrado nas membranas celulares e transportado no plasma sanguíneo de todos os animais. A maior parte do colesterol presente no corpo é sintetizada pelo próprio organismo, sendo apenas uma pequena parte adquirida pela dieta. Portanto, ao contrário de como se pensava antigamente, o nível de colesterol no sangue não aumenta se se aumentar a quantidade de colesterol na dieta. O colesterol é insolúvel em água e, consequentemente, insolúvel no sangue. Para ser transportado através da corrente sanguínea ele liga-se a diversos tipos de lipoproteínas, partículas esféricas que tem sua superfície exterior composta principalmente por proteínas hidrossolúveis.
Existem vários tipo de colesterol, os mais importantes são :
LDL (lipoproteína de baixa densidade) refere-se a gama de partículas de lipoproteína, que variam em tamanho e capacidade, as quais carregam colesterol no sangue e pelo corpo para ser usado pelas células. É geralmente chamado de "mau colesterol" ou "colesterol ruim" devido à relação de altos níveis de LDL e doença cardíaca.
HDL ( lipoproteínas de alta densidade)  que variam em tamanho e capacidade, e carregam colesterol dos tecidos do corpo para o fígado.
Uma vez que HDL pode remover o colesterol da ateroma dentro da artérias, e transportá-lo de volta ao fígado para ser excretado, é chamado de "bom colesterol". Quando é feita a medição de colesterol, qualquer um contido em partículas HDL serve de proteção para a saúde cardiovascular do organismo (em contraste com o LDL "mau colesterol").
A hiperlipidémia mista/combinada: caracterizada por níveis séricos elevados de colesterol total e triglicérides (triacilgliceróis), incrementa significativamente o risco de desenvolvimento de patologia cardiovascular.
Pode ainda ser causada pela redução do HDL ou aumento dos TGs ou LDL-C: Estudos têm mostrado que altas concentrações de HDL (mais de 60 mg/dL) tem valor como proteção contra doenças cardiovasculares. Baixas concentrações de HDL (abaixo de 40 mg/dL para homens e de 50 mg/dL para mulheres) são um fator de risco para doenças de arteriosclerose
Na prática clínica a grande maioria das dislipidemias primárias é do tipo poligênico: um caráter fenotípico que resulta da ação de diversos genes, com influência em múltiplos fatores genéticos e ambientais. São formas hereditárias com características peculiares e a influência do estilo de vida do individuo
        A forma fenotípica da dislipidemia é definida pela classificação de Fredrickson
Classificação de Fredrickson
Tipo I => Presença de quilomicrons falta da atividade da lipase lipoproteica devido sua não formação ou devido a não formação da apo C-II. Importante hipertrigliceridemia exogena com TG superiores a 1500mg/dl.
Tipo II => Hipercolesterolemia, devido ausência total ou parcial dos receptores LDL ou defeitos genéticos causando sua disfunção.
IIa => Exclusivamente hipercolesterolemia > 240 mg/dl
IIb => Hipercolesterolemia associada a hipertrigliceridemia, ambas com valores entre 250 e 500 mg/dl.
Tipo III => Elevações simultâneas e proporcionais (1:1) do CT e do TG, habitualmente superiores a 300 mg/dl, devido alteração da apo E com incapacidade de metabolização da IDL.
Tipo IV => Hipertrigliceridemia isolada, geralmente maior que 300mg/dl. Defeito não totalmente conhecido podendo ser poligênico. Maior síntese de VLDL acompanhada ou não de incapacidade de sua metabolização.
Tipo V => Hipertrigliceridemia, mas em valores superiores a 1500mg/dl. Ocorre aumento do TG exogeno e endogeno. Ocorre sempre redução da atividade da lipase lipoproteica e aumento de síntese de VLDL.
Formas de apresentação das dislipidemias
Afecção - Fenótipo - Incidência
Hipercolesterolemia total isolada - (poligenica) IIa - 20%
Hipertrigliceridemia isolada - (poligenica) IV  - 4%
Hiperlipidemia mista - (poligenica) IIb - 25%
Hipercolesterolemia familiar - (monogenica) IIa, IIb  - 1:1.000.000 homozigótica / 1:500 heterozigótica
Hipertrigliceridemia familiar - (não estabelecido) IV, V - 1:500 0,2%
Síndrome de Quilomicremia -  I , V - 1:1.000.000
Hiperlipidemia Familiar combinada - (monog.) IV, IIa, IIb - 1:300 (0,33%)
Disbetalipoproteinemia - III -1:10.000 (0,01%)
	
	
	
	
	
	
		
	Sintomas
As anormalidades nos lipídios e lipoproteínas são extremamente comuns na população geral, e são consideradas um fator de risco altamente modificável para doenças cardiovasculares (O sistema cardiovascular ou circulatório é uma vasta rede de tubos de vários tipos e calibres, que põe em comunicação todas as partes do corpo. Dentro desses tubos circula o sangue, impulsionado pelas contrações rítmicas do coração).
Devido à influência do colesterol, uma das substâncias lipídicas clinicamente mais relevantes, na aterosclerose. Algumas formas de dislipidemia podem também predispor à pancreatite aguda muito altos, acima de 400-500, podem causar inflamação do pâncreas (é quando ocorre uma inflamação súbita do órgão e que pode ser fatal em sua forma mais severa. Após um surto de pancreatite a estrutura e a função do pâncreas normalmente retornam ao normal)
	
	As dislipidemias podem causar: arteriosclerose, angina pectoris, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência vascular periférica, entre outras. 
Porém, muitas dislipidemias são assintomáticas e suas conseqüências não são menos sérias. Por esta razão pacientes que se enquadram na classificação da Associação Médica Brasileira devem seprecaver e fazer exames de rotina.
Grupo de risco ao desenvolvimento da Arteriosclerose
o fumo; 
a hipertensão arterial sistêmica; 
o colesterol HDL-C menor que 40 mg/Dl; 
o diabetes; 
a idade (maior ou igual a 45 para homens, maior ou igual a 55 para mulheres); 
o histórico familiar (parentes de primeiro grau com menos de 55 e mulheres com menos de 65 anos).
Os portadores das dislipidemias primárias são definidos como pacientes de alto risco para a arteriosclerose.
Profilaxia e Tratamento
Nem sempre é possível prevenir, já que podem ter origem genética, mas, mesmo nestes casos, os médicos aconselham a Mudança do Estilo de Vida, o que chamam de terapia MEV.
A MEV começa com a mudança na alimentação. A terapia nutricional é importante para evitar o consumo exagerado de gordura e o conseqüente acúmulo de lipídeos nas paredes de veias e artérias. 
Entre as recomendações alimentares:
Redução dos alimentos de origem animal, os óleos de coco e de dendê,nos quais os índices de colesterol e AGS são mais altos; 
Maior ingestão de alimentos com Ômega-3:  peixes de águas frias, como o cavalinha, a sardinha e o salmão, e óleos de soja e canola; 
Ingestão de vegetais e fibras solúveis – que ajudam na eliminação do colesterol; 
Outro fator que contribui para a aterosclerose é o sedentarismo. A prática regular de exercícios físicos previne a formação das placas, melhora a condição cardiovascular, reduz a obesidade e o estresse e influencia beneficamente a pressão arterial.
Por último, e não menos importante, é o combate ao tabagismo. O Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer recomendam, para este fator de risco, o tratamento em duas etapas: a abordagem comportamental e a farmacoterápica.
      
	
		
		Tratamentos 
		
	
	
	
	
	
	
		
	Vários medicamentos são indicados para o tratamento das dislipidemias. As vastatinas ou estatinas são indicadas para reduzir o LDL-C em adultos. Os efeitos com este composto diminuem os eventos coronários isquêmicos e a necessidade de revascularização do miocárdio.
A colestiramina é mais indicada para as crianças e como coadjuvante nos tratamentos com as vastatinas. Porém, não pode ser usada nas dislipidemias por hipertrigliceridemia.
Para a hipertrigliceridemia, o tratamento indicado é a base de fibratos, entre eles, o Bezafibrato. Os fibratos reduzem o risco de eventos coronarianos em homens, aumentam o HDL e reduzem os TGs.
A resposta ao tratamento medicamentoso costuma ser eficaz, principalmente, quando este é associado a um  estilo de vida saudável e focado no combate à doença.
A modificação na dieta é a abordagem inicial, contudo muitos pacientes necessitam de tratamento com estatinas (inibidores da HMG-CoA redutase) para reduzir o riscos cardiovascular. Se o nível de triglicerídios estiver muito elevado, os fibratos podem ser preferíveis, devido a seus efeitos benéficos nesse tipo de distúrbio. A combinação de estatinas com fibratos é altamente potente e efectiva, mas causa um risco bastante aumentado de dores musculares e rabdomiólise, sendo portanto prescrita em casos selecionados e sob supervisão rigorosa. Outros agentes comumente usados em conjunto com as estatinas são a ezetimiba, o ácido nicotínico e os sequestradores de sais biliares. Há algumas evidências a espeito do benefício de produtos naturais contendo esteróis e ácidos graxos ômega-3[1].
Medidas não Farmacológicas
As alterações na dieta incluem a diminuição da ingestão de gorduras saturadas e de colesterol, aumentando a ingestão de lípidos mono-insaturados, de fibra e de hidratos de carbono complexos. A consulta de um nutricionista costuma revelar-se útil, particularmente para pessoas mais idosas [2]. Como exemplos de comidas com colesterol elevado temos a maioria da comida de origem animal (como bife, ovos, bacon, natas…), gelados, bolos. É costume dizer que “se sabe bem é porque contem colesterol elevado”. O peixe também possui colesterol, mas a presença de gorduras poli-insaturadas como os Omega 3 fazem com que seja menos prejudicial já que também aumentam o HDL. O exercício físico causa a redução directa dos valores de LDL em alguns indivíduos, além disso é essencial para controlar o peso corporal e o índice de massa corporal. Como exemplos de exercícios recomendados temos a natação, corrida, marcha ou ténis. 
Conclusão
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Site Manuais de Cardiologia
Site Roche Brasil
Site Ministério da Saúde
Revista Saúde – edição 22/2007

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