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CURSO: Ciências Contábeis e Administração��DISCIPLINA: Contabilidade Básica��PROFESSOR: Marcos Vinícius Kucera (Mst)�� AULA 8 Procedimentos para o encerramento do exercício – regimes de competência e de caixa OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Estudar os Procedimentos de Encerramento do Exercício; Estudar e compreender os regimes de competência e de caixa. INTRODUÇÃO DA AULA Os procedimentos de encerramento de exercício constituem-se elementos fundamentais à correta estruturação dos ciclos dos sistemas de informações contábeis e a produção de relatórios, delimitados pelo transcurso do tempo, consubstanciando os períodos, os fatos geradores neles incorridos e reconhecidos, conforme os ditames das normas e procedimentos contábeis e seus princípios, bem como da regulamentação comercial, societária e tributária. Estes procedimentos são fundamentais à comparabilidade e a outros atributos de evidenciação. São instrumentalizados para dar consistência à finalização de períodos ou exercícios, delimitando-os para que a contabilidade cumpra com efetividade as suas funções de controle e geração de demonstrativos relacionados aos ciclos, revelando as variações patrimoniais e o resultado das operações em períodos delimitados e uniformes. Na aula de hoje concentraremos nossos esforços na correta compreensão destes procedimentos e nos regimes de caixa e de competência, este último, a base da contabilidade, no que tange ao vínculo entre fenômenos contábeis e seus fatos geradores atribuindo-os ao exercício a que pertencem. DESENVOLVIMENTO Estes procedimentos fazem com que os saldos das contas patrimoniais sejam transferidos para o exercício seguinte e as contas de resultado sejam totalizadas em uma conta de apuração que demonstrará se o exercício teve mais receitas do que custos e despesas ou vice-versa. As contas de resultado após este cálculo são zeradas (encerradas) e assim iniciam o novo ciclo. Assim, ao fim de cada Exercício Social as entidades efetuam os Procedimentos Contábeis para o Encerramento do Exercício Social. Os procedimentos básicos para o encerramento são: Apuração dos saldos das Contas do Ativo; Apuração dos saldos das contas do Passivo e Patrimônio Líquido; Elaboração dos ajustes para o encerramento do exercício: provisões, depreciações e amortizações, destinações, ajustes de saldos e de exercícios anteriores, etc; Encerramento das Contas de Resultado: Receitas, Custos e Despesas do período. Essas contas têm seus saldos transferidos para uma conta chamada de Apuração do Resultado do Exercício, que dará origem ao DRE – Demonstração do Resultado do Exercício. Por competência essas contas são zeradas num exercício e reabertas no próximo exercício. Apuração do Balancete de Verificação; Apuração do Balanço Patrimonial, DRE e outros Demonstrativos obrigatórios pela Legislação. OBS: De acordo com o § 1º do artigo 176 da Lei 6.404/76, as demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior, para fins de comparação. AGRUPAMENTO Os elementos da mesma natureza e os saldos de reduzido valor quando agrupados, e desde que seja indicada a sua natureza e nunca devem ultrapassar, no total, um décimo do valor do respectivo grupo de contas, sendo vedada a utilização de títulos genéricos como "diversas contas" ou "contas correntes". PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DO BALANÇO Ao término do exercício, procede-se ao levantamento do balancete de verificação, com o objetivo de conhecer os saldos das contas do razão e conferir sua exatidão. No balancete são relacionadas todas as contas utilizadas pela empresa, quer patrimoniais, quer de resultado, demonstrando seus saldos credores e devedores. As contas do balancete, no fim do exercício, sejam patrimoniais ou de resultado, nem sempre representam. Este procedimento é chamado de ajuste das contas patrimoniais e de resultado, na data do levantamento do balanço, para que elas representem, em realidade, os componentes do patrimônio nessa data, bem como as mutações ocorridas no exercício. CONCILIAÇÕES DOS SALDOS CONTÁBEIS A conciliação consiste, basicamente, na comparação do saldos das contas com informações internas e externas à contabilidade, de maneira que se possa ter certeza, quanto à exatidão dos saldos destas contas em análise. As fontes de informações mais usuais para verificação dos registros contábeis são os livros fiscais, os extratos bancários, as posições de financiamentos e carteiras de cobranças, as folhas de pagamento, os controles de caixa, de estoques, depreciações, requisições, lalur, notas faturas e faturas emitidas e recebidas, inventários, etc. AJUSTES E RECLASSIFICAÇÕES PATRIMONIAIS Para elaboração dos demonstrativos padronizados devem ser efetuados vários ajustes e reclassificações nas contas patrimoniais, como estoques, empréstimos, clientes, fornecedores, investimentos, etc. Calcula-se, também, as provisões para o Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, de acordo com as normas tributárias vigentes, fazendo-se a respectiva contabilização. LANÇAMENTOS DE ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO Para apuração do resultado do exercício, faz-se os lançamentos de encerramento, debitando-se as contas de receitas e creditando-se uma conta transitória, chamada de “Apuração do Resultado do Exercício”. O inverso é efetuado nas contas de despesas e custos, debitando-se a conta “Apuração do Resultado do Exercício” e creditando-se as contas de custos ou despesas. O saldo da conta “Resultado do Exercício” será então transferida para a conta de “Lucros ates das Destinações”, sendo esta distribuída para outras contas patrimoniais, conforme proposta da administração. CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS PATRIMONIAIS Após os ajustes pertinentes e lançamentos de encerramento das contas de resultado, as contas remanescentes são apenas as contas patrimoniais, que devem ser separadas e classificadas em grupos para elaboração do balanço patrimonial, sendo que o saldo do ativo deve ser igual ao do passivo. MODELO DE BALANCETE DE VERIFICAÇÃO CONTAS BALANÇO INICIAL AJUSTES BALANCETE AJUSTADO BALANÇO FINAL D C D C D C D C CAIXA BANCOS C/MOVIMENTO APLICAAÇÕES DUPLICATAS A RECEBER ESTOQUE DE MATÉRIA-PRIMA ESTOQUE DE PROD. EM ELABOR. ESTOQUE DE PROD. ACABADOS INVESTIMENTOS COLIGADAS/CONTROLADAS IMOBILIZADO VEÍCULOS MOBILIZADO MÓVEIS & UTENS. IMOBILIZADO MÁQ. & EQUIPAM. IMOBILIZADO COMPUTADORES IMOBILIZADO DEPREC. ACUMULADA INTANGÍVEL MARCAS E PATENTES INTANGÍVEL AMOT. ACUMULADA DUPLICATAS A PAGAR CONTAS A PAGAR SALÁRIOS A PAGAR DIVIDENDOS A PAGAR TRIBUTOS A PAGAR EXIGÍVEL EMPRÉSTIMOS REF RECEITAS ANTECIPADAS CAPITAL SOCIAL RESERVAS LUCROS/PREJUÍZOS ACUMULADOS RECEITAS CPV OUTRAS RECEITAS DESPESAS ADMINISTRATIVAS DESPESAS FINANCEIRAS DESPESAS DE VENDAS RECEITAS NÃO OPERACIONAIS DESPESAS NÃO OPERACIONAIS LAIR IRPJ CSSLL LUCRO LÍQUIDO TOTAL Xxx xxx yyy yyy www www zzz Zzz Observar que o balancete é um excelente instrumento de verificação e avaliação, tendo em vistaque há confrontação dos saldos (colunas) e movimentações (linhas), além de certificar a correção dos saldos devedores e credores, que devem ser iguais no final de cada título (colunas; Balanço Inicial, Ajustes, Balancete Ajustado,...). Ou seja, os saldos devedores e credores no balanço inicial devem manter o mesmo valor. Os saldos credores e devedores referentes aos Ajustes devem ser iguais, embora diferentes entre títulos verificado, e assim sucessivamente. REGIME DE COMPETÊNCIA E DE CAIXA O regime de competência é o adotado na contabilidade de qualquer empresa de cunho particular. As unidades públicas elaboram sua contabilidade, parte pelo regime de caixa e parte pelo regime de competência. O Regime de Competência, nas organizações particulares, direciona os lançamentos contábeis, o reconhecimento dos fatos geradores das mutações patrimoniais e os procedimentos que envolvem o encerramento do exercício e a apuração do Resultado, Balanço Patrimonial e demais Demonstrativos. Ou seja, todas as organizações particulares contabilizam seus eventos contábeis pelo regime de competência. Conforme observa o principio da competência, o registro da operação (reconhecimento contábil) se dá na data da ocorrência do fato gerador ou seja, na data da sua efetiva ocorrência, independentemente do pagamento ou do recebimento. Ex: Compra a prazo de mercadorias para pagamento em 60 dias – neste caso, o fato gerador e a documentação relacionada ao fato (fatura e nota fiscal) se darão na sua emissão, independente do pagamento. Ou seja, os atos e fatos são reconhecidos dentro do período de Competência, na data em que ocorreu o fato gerador, não importando para a Contabilidade, quando se pagar, liquidar ou receber. As receitas, despesas e custos também devem ser reconhecidas no exercício de competência e relacionadas à obtenção dos resultados. No Regime de Caixa, as Receitas são contabilizadas somente quando de seu recebimento e as Despesas quando do desembolso financeiro. O Regime de Competência decorre do Princípio da Competência, qualificado e quantificado pelo registro do fato gerador, ou seja, a ocorrência do fenômeno contábil que enseja seu reconhecimento dentro do exercício em que se deu a transação - normalmente a troca (tradição), nas transações de compra e venda, cujo documento que embasa o lançamento é a nota fiscal ou fatura, ou contratos na aquisição de direitos e obrigações, bem como a ocorrência de outros fatos como salários, provisões, tributos, lucros, reservas, etc. todos vinculados ao período de sua ocorrência. As Receitas, recebidas ou não, os custos, e as Despesas, pagas ou não, devem ser contabilizadas no período da ocorrência do fato gerador, bem como a elaboração de obrigações acessórias determinadas pelas diversas órbitas legais como Fisco, Normas da CVM e BACEN, CFC, e Normas Legais Comerciais e Societárias. Dessa forma, surgem algumas contas resultantes de ajustes findos do exercício. Algumas têm natureza de provisões como: Salários a Pagar, Impostos a Pagar, Contribuições a Transferir, Despesas a Pagar, Provisões, Depreciações, Amortizações e Exaustões, entre outras. Outros são ajustes realizados para composição dos fatos pertencentes ao exercício em encerramento, Despesas Pagas Antecipadamente, Receitas Diferidas ou Recebidas Antecipadamente, Receitas a Receber, apuração de Destinações do Lucro e de Lucros e Prejuízos, apuração de Reservas, Tributos, entre outras. Ressalta-se ainda, que toda legislação comercial, societária e tributária decorrem do regime de competência o que torna as operações negociais e escrituração contábil vinculadas às estruturas de controle judiciais, extrajudiciais e estatais, como notas fiscais, faturas, contratos, darfs, atos declaratórios, emissão de títulos, bem como toda a geração de direitos e obrigações, entre outros institutos. SÍNTESE DA AULA Nesta aula foram abordados os procedimentos de encerramento do exercício e os regimes de caixa e de competência. Neste contexto, foram observados o princípio da competência, consubstanciando a diferença entre os fluxos de caixa e o fluxos contábeis, bem como as relações destes na apuração e interpretação gerencial. EXERCÍCIOS São características do regime de caixa: O reconhecimento contábil em função do fato gerador, no exercício em que a transação ocorre; Só pode ser adotado nas organizações particulares em situações especiais; Apuração e escrituração dos eventos contábeis em função dos fluxos de caixa incorridos; É autorizado pela legislação tributária para qualquer tipo de organização. Com relação ao encerramento do exercício, pode-se inferir: Os demonstrativos contábeis podem ser apurados independentemente da apuração do resultado do exercício; Apuração e escrituração dos eventos que alteram a situação patrimonial, mas que não são documentados, podem ser omitidas; Todos os saldos das contas do sistema patrimonial e de resultados, incluindo seus ajustes devem ser considerados para a correta apuração do exercício; Os saldos indesejáveis podem ser excluídos da apuração sem nenhum reflexo no patrimônio. O agrupamento de contas é um procedimento que visa contemplar o seguinte aspecto: Sumarização e comparabilidade dos demonstrativos contábeis; Reduzir a evidências de erro nos demonstrativos contábeis; Facilitar o trabalho do profissional responsável pela preparação dos demonstrativos; Eliminar saldos indesejáveis ou erros decorrentes dos ajustes de outros exercícios. O procedimento de conciliação visa: Dar maior poder informativo aos demonstrativos contábeis; Certificar e garantir a correção dos saldos existentes nas contas; Facilitar o trabalho do profissional responsável pela preparação dos demonstrativos; Verificar a competência dos profissionais envolvidos na elaboração dos demonstrativos. Não são objeto do regime de competência: Os elementos que afetam o resultado, como receitas, custos e despesas; As mutações patrimoniais e as atividades operacionais de uma organização; Os lucros reconhecidos, mas ainda não realizados em exercício; A execução financeira das organizações públicas. # FIM DA AULA 8 # Princípio da Competência As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou passivo resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais. As receitas consideram-se realizadas: Nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso; Quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo sem o desaparecimento concomitante de um ativo do mesmo valor ou maior; Pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros; No recebimento efetivo de doações e subvenções. Consideram-se incorridas as despesas: Quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para terceiro; Pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo. Pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo. �PAGE � �PAGE �10� �