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ANÁLISE DO FILME PANTERA NEGRA E O ENSINO DE HISTÓRIA

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O OLHAR A PARTIR DA TELA: As discussões sobre história e cinema na perspectiva da Educação étnico-racial e do filme “Pantera Negra”
 Eva Erlene Franco de Sousa[footnoteRef:1] [1: Mestranda Profissional em História do Programa de Pós-graduação em História – PPG.] 
Resumo: O artigo presente foi produzido a partir da proposta pedagógica desenvolvida para a disciplina de Metodologia do Ensino da História na Educação Básica com o intuito de proporcionar novas práticas interdisciplinares e metodologias de ensino que produzem o conhecimento articulado com aprendizagem escolar. Consequentemente o texto se constitui-se como o diálogo entre o Cinema e o ensino de História desde que a linguagem cinematográfica se apresenta como possibilidades e desafios que perpassam o seu uso em sala de aula, suas diversidades de abordagens e metodologias, contudo o filme possui suas historicidades e marcas do seu tempo e ressalta representações sociais, políticas e culturais diante disso refletimos também na perspectiva do cinema e suas contribuições para a educação étnico-racial através do Filme Pantera (2018) que desconstruiu alguns estereótipos sobre a cultura africana , possibilitando a representação do negro sobre uma nova ótica sendo que os próprios indivíduos pertencentes dos grupos étnicos narraram suas histórias, posteriormente a análise deste filme na perspectiva da educação étnico-racial e o ensino de História possibilita novos olhares e significados para a narrativa histórica das populações negras e afro-brasileiras.
Palavras-chaves: Cinema, Ensino de História, Educação Étnico-racial e Filme Pantera Negra.
 
INTRODUÇÃO 
Com a Nova História que surgiu na década de 1970, o conhecimento histórico passou por uma abertura de temáticas e metodologias consequentemente o cinema se apresentou como objeto-fonte da disciplina histórica. Todavia o filme e sua linguagem ainda são vistos como o objeto indesejável por parte dos professores e historiadores logo que a linguagem cinematográfica necessita de uma reflexão metodológica e sobretudo contemplam uma diversidade de representações visuais que se articulam com os contextos sociais e culturais da sociedade como ressalta Valim (2012, p. 285) “cinema não é apenas uma prática social, mas um gerador de práticas sociais, ou seja, o cinema, além de ser um testemunho das formas de agir, pensar e sentir de uma sociedade, é também um agente que suscita certas transformações, veicula representações ou propõe modelos”.
Diante disso percebe-se que a linguagem cinematográfica possui várias marcas de historicidades, ou seja, sua narrativa apresenta representações que em certo ponto “imitar o passado” por isso a investigação dos meios e as questões apresentadas nos filmes necessitam de olhar diferenciado mesmo que o “cinema teria a capacidade de visualizar, contestar e revisar a história” Valim (2012, p. 286). Neste ponto antes do professor (a) utilizar esta linguagem é necessário que os alunos percebam as construções existentes na narrativa cinematográfica.
Consequentemente que o ensino de História e a linguagem cinematográfica se constituem como áreas multidisciplinares logo que o cinema disponibiliza uma variedade de ferramentas, possibilidades de produz história e no ambiente da sala de aula contribuem com novas metodologias didáticas e pedagógicas proporcionando que os alunos compreendam as narrativas históricas através de fontes audiovisuais, como descreve Napolitano (2003) “trabalhar com o cinema em sala de aula é ajudar a escola a reencontrar a cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte”.
A linguagem cinematográfica se relacionam com o determinado contexto social e cultural e evidenciam representatividades e identidades por meio novas leituras que o cinema proporciona, diante disso a seguinte pesquisa oferece visibilidade sobre a relação do cinema e o ensino das relações étnico-raciais na perspectiva que a nossa sociedade brasileira possuem sua trajetória sociocultural pautado na pluralidade étnico-racial, todavia nos cotidianos escolares ainda se encontram dificuldades de inclusão da histórias e a cultura africana e afro-brasileiro portanto o cinema potencializa-se como uma linguagem inclusiva que possibilita o pensar histórico diferenciado, ou seja, os indivíduos se identificam com o conteúdo presente nos filmes principalmente quando estes abordam suas representatividades, narrando suas próprias histórias quebrando assim com os silenciamentos e esquecimentos presentes em suas narrativas como destaca Correa na seguinte descrição
Reconhecendo que os negros escravizados foram parte contribuinte na consolidação da sociedade brasileira, tanto como força laboral como difusor de culturas, oriundas do continente africano, que hoje em dia compõe a identidade nacional brasileira. Não propondo diminuir as contribuições culturais dos povos autóctones do território brasileiro, os portugueses e vários outros grupos identitários migrantes, mas fugindo do etnocentrismo e da ênfase dada a cultura europeia em nossa sociedade. (CORREA, p. 2, 2017)
Nesta perspectiva busca-se também compreender como o filme se apresenta como uma proposta criativa para a discussão de educação étnico-racial, compreendendo que o filme teria a capacidade dos alunos visualizarem suas perspectivas ou mesmo sentirem representados nas reproduções cinematográficas e explorando a história como fizesse parte do passado logo que possuem uma quantidade de filmes que promovem o cinema de sala, no qual o Filme Pantera (2018) do gênero ação e aventura se constituem como o ponto de partida para a elaboração de uma aula pautada na discussão sobre a representatividade negra, fortalecimento de identidades e ações de combate ao racismo e as discriminações posteriormente o professor contribuirá com um novo olhar sobre as populações negras a respeito que o filme em sua narrativa desconstruiu estereótipos e valorizou a figura negra e seus aspectos culturais e sociais.
O cinema e a educação étnico racial estão atrelados por uma realidade sociocultural, ou seja, explorar filmes que evidenciam a figura do negro de forma positiva, que demostra suas particularidades culturais e históricas sem representações negativas possibilitam novo invés de estudos sobre a história das populações negras uma vez que o filme Pantera promoveu o sentimento de pertencimento uma identidade negra determinado pelo o impacto que o filme promoveu nas bilheteiras do cinema, contudo essas discussões emergiam a necessidade de articulação de saberes e o desenvolvimento de diferentes propostas pedagógicas que enaltece as diferenças identitários no ambiente escolar.
Com base nestes preceitos iniciais, este artigo abordará sobre as discussões sobre a Nova História e sua relação com o Cinema logo que proporcionou o diálogo com novos temas, fontes e metodologias posteriormente as discussões sobre e o ensino de História e a linguagem cinematográfica através de autores que dialogam com respectivas áreas dos conhecimentos, a abordagem entre cinema e educação étnico-racial: as possibilidades e inclusão no cotidiano escolar e por último as representações do filme Pantera Negra e suas contribuições metodológicas para o ensino de cultura africana e afro-brasileira.
2. UMA BREVE ANÁLISE ENTRE ENSINO DE HISTÓRIA E CINEMA: O FILME PANTERA NEGRA COMO RECURSO DIDÁTICO NA SALA DE AULA
A introdução do cinema como objeto de debate historiográfico nos remete a pensar metodologias de análise e discursões da história e do ensino de história, assim como as diversidades das fontes históricas em suas variadas linguagens e possibilitar sua viabilidade como uma ferramenta dentro do ambiente da sala de aula, refletindo na realidade inserida no contexto de ensino-aprendizagem. 
De acordo com Schvarzman (2007), as mudanças das fontes históricas são resultados do influxo cinematográfico que estava ocorrendo na historiografia na França,na Inglaterra e nos Estados Unidos no fim dos anos 1970 e início dos 1980. Com a revista “le tournant critique” dos Annales para a Nova História e sua abertura com a introdução de novos objetos e abordagens, assim como os aportes da História Cultural, que trouxe aproximação dos historiadores e estudiosos de cinema que buscam métodos históricos de análise desse objeto.
A obra pioneira de Marc Ferro desempenhou, um papel fundamental, quando um artefato, o filme, foi tirado de seu lugar funcional e transformado, pela “operação histórica”, em objeto-fonte da disciplina histórica. (SANTIAGO JUNIOR; 2012; p. 152) 
Para Santos e Barros (2018), o cinema é uma ferramenta que desperta o interesse de muitas pessoas em diversas faixas etárias, trazendo consigo representações das relações sociais, da história da humanidade e também ideologias, o que permite ao historiador realizar reflexões e debates acerca do mesmo como fonte de pesquisa e desenvolver em sala de aula um contexto histórico de forma mais estimulante e agradável ao aluno.
Napolitano (2009) destaca que o cinema e seu contexto com a história, é compreensível a partir da análise de que nenhum filme apresenta-se como verdade e nem ficção por completo e que a História se manifesta nele como uma interpretação dos vestígios e não como uma constituição do passado, pois não tem o poder de mostrar o passado verídico, por isso é necessário avaliação e críticas sobre este objeto. 
É pertinentes destacar que há três possibilidades básicas de pensar a relação entre história e cinema: o cinema na história, a história do cinema e a história no cinema. Para o autor Napolitano (2005), o cinema na história é o cinema entendido como fonte primária para investigação historiográfica. A história no cinema é o cinema como produtor de discurso e suas interpretações históricas e a história do cinema é a abordagem que enfatiza os avanços dentro da linguagem cinematográfica, das condições sociais de produção e recepção de filmes. Desta forma, pode-se dizer que possuímos um leque de representações cinematográficas que vão para além da função prática, estética e simbólica, mas também ideológica. 
Conforme aborda a BNCC[footnoteRef:2] (2018, p. 243), no trabalho pedagógico cabe ressaltar que diferentes recursos midiáticos verbo-visuais (como o cinema, internet, televisão, entre outros) constituem insumos autênticos e significativos, imprescindíveis para a instauração de práticas de uso/interação oral em sala de aula e de exploração de campos em que tais práticas possam ser trabalhadas. [2: Base Nacional Comum Curricular que se configura em um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo das aprendizagens essenciais que os alunos devem desenvolver ao longo da etapas e modalidades da Educação Básica.] 
É preciso pensar o cinema como uma ferramenta que gera discussão e consequentemente gera reflexão e produção do raciocínio crítico e que o mesmo não deve ter a função de substituir o estudo histórico, o professor, nem tampouco deve ser utilizado para ilustrar a ― verdade do que está sendo retratado. 
Para Moran (2003), a utilização de filmes por ser considerado como um descanso pelos alunos, modifica as expectativas em relação ao seu uso. Nessa perspectiva, defende a utilização desse recurso como forma de atrair o educando para os assuntos do planejamento pedagógico. Mas, ao mesmo tempo, enfatiza a necessidade de se estabelecerem novas pontes entre o vídeo e as outras dinâmicas da aula.
Trazendo por este contexto, Boaventura (2006) expõem algumas demandas da área da educação que diz respeito às escolas atuais, em que a luta pela valorização das diferenças é constante, e ainda nota-se a necessidade de desenvolver uma pedagogia que promova o questionamento permanente dos conhecimentos e dos conceitos essencialistas, ou seja, uma pedagogia que permita repensar as identidades culturais estabelecidas em nossa sociedade. (apud MEDEIROS; 2018, p. 06)
Conforme aborda Medeiros (2018), por motivo ao advento do período técnico-científico-informacional, os/as alunos/as, cada vez mais permeados por linguagens virtuais, podem adquirir preconceitos em relação aos filmes que abordam a imagem do negro brasileiro, o que acaba afetando seu imaginário, sendo uma tarefa árdua ao professor que tenta dialogar com eles assuntos sobre a realidade do país. O estudo da história do negro no Brasil com o recurso audiovisual de forma planejada e de forma que possa contribuir com o conhecimento histórico do aluno pode ser muito positivo.
Tendo em vista o poder que os historiadores, sociólogos, antropólogos, geógrafos entre outros profissionais têm de moldar a História que nos é contada, desde que seja de uma forma descolonizada, o recurso audiovisual na escola permite estabelecer a construção e a desconstrução de ideias entre professores e alunos, todavia, Leite (2003) nos alerta,
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), apresentam orientações didáticas que esclarecem o uso de novas linguagens como indispensáveis no ensino de História.
Um filme abordando temas históricos ou de ficção pode ser trabalhado como documento, se o professor tiver a consciência de que as informações extraídas estão mais diretamente ligadas à época em que a película foi produzida do que à época que retrata. É preciso antes de tudo ter em mente que a fita está impregnada de valores, compreensões, visões de mundo, tentativas de explicação, de reconstituição, de recriação, de criação livre e artística, de inserção de cenários históricos construídos intencionalmente ou não por seus autores, diretores, produtores, pesquisadores, cenógrafos etc. (p.24)
Trazendo em pauta o contexto de cinema na sala de aula e sua utilização para o ensino de história, temos uma análise do filme Pantera Negra (Black Panther, 2018), 18º filme da franquia, onde podemos perceber o contexto social que narrativa traz, que envolve a diáspora africana – responsável por provocar, além da imigração forçada e violenta sofrida por grande parte da população, sua transformação em uma categoria ampla e submissa identificada apenas como “escravos” e todas as consequências que advém de tal nefasto processo – a partir de seu teor ficcional. (DAMASCENO; CARVALHO; OLIVEIRA; 2019, p. 06)
A narrativa do filme insere o homem negro na narrativa em posição de poder. T'Chaka e, mais tarde, T’Challa são reis de uma nação rica e na vanguarda de seu tempo, porém, escondida da geopolítica mundial. No filme, não se encontram clichês já estabelecidos em Hollywood para este tipo de personagem, pois o negro não é retratado como um homem pobre, criminoso e de baixa escolaridade, mas sim como líder sábio e um herói, primeiramente para seu povo e, mais tarde, o mundo todo. (VERTUOSO; SANTOS; 2019, p.2)
Trazendo perspectiva de representação social e destaque para inibição de pensamento racistas e também destaque para a cultura africana que é representada no filme. Trazendo essa discursão, para Erving Goffman (1988), os estereótipos se atribuem ao que a sociedade considera comum, partindo disso ela caracteriza e rotula os indivíduos. Diz o autor que “a sociedade determina as formas de categorizar os indivíduos e o total de atributos considerados como comuns e naturais para os membros de cada uma dessas categorias”. (GOFFMAN, 1988, p. 11) 
Acerca da influência e do poder do cinema, destaca que “os filmes possuem finalidades ideológicas, políticas e didáticas. Eles sempre serão infiéis à realidade que procuram representar ou discutir e sempre trarão consigo as características da sociedade que os produziu. Além disso, congelam um instante do real e organiza-o de acordo com os interesses e as intenções de profissionais do campo cinematográfico”. Logo, a contribuição ou não do cinema tem toda uma intenção por trás, o que podemos chamar de ideologia. (Aguiar (2017) apud MEDEIROS, 2018, p. 2)
O filme traz levantamentos sobre a necessidade de identificar e desmistificar a visão pejorativa do que é repassado sobre a História da África pela mídia. De acordo com MEDEIROS(2018, p. 2) quando nos deparamos com “abordagens sobre a África devemos nos atentar com a forma de como ela é contada. Tanto nos escritos como nas imagens fixas encontradas em livros devemos desconstruir estas imagens e estas teorias numa perspectiva africana.” 
Para compreender a importância do filme, é necessário recorrer ao passado no sentido de perceber o quanto a dominação colonial interferiu nos modos de vida e moldou a historiografia afim de estabelecer a primazia imperialista europeia sobre o mundo, trazendo inúmeras consequências aos povos colonizados. Com o pretexto de civilizar os africanos, os europeus impuseram sua cultura, inferiorizando e subjugando os povos nativos. O período neocolonial foi marcado pela selvageria dos europeus sobre o território africano, no entanto, os africanos e os demais povos nativos ficaram estereotipados como os selvagens da história, através do eurocentrismo epistemológico. (MEDEIROS, 2018, p. 1)
Com explanação do filme Pantera Negra, é possível complementar os conteúdos que nos remetem a Lei 10.639/2003 da inclusão dos temas obrigatórios definidos pela legislação vigente, que destacam a História da África e das culturas afro-brasileira e indígena, deve ultrapassar a dimensão puramente retórica e permitir que se defenda o estudo dessas populações como artífices da própria história do Brasil. Trazendo perspectivas que englobem a luta dos negros no Brasil, a cultura e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição desse povo nas áreas políticas, econômica, social pertinente a História do Brasil e do continente africano.
De acordo com Medeiros (2018), quando analisamos a mídia no Brasil, é muito raro encontrarmos atores e atrizes pretos/as protagonizando papéis livre de estereótipos, o que acaba sendo mais frequente é os vê-los envolvidos em papéis pejorativos, como de traficante, de bandido, entre outros. Por toda uma questão ideológica, o país não avança em criar novas representações para o/a preto/a brasileiro/a. Em contrapartida, o filme Pantera Negra, que fez muito sucesso no Brasil, acaba rompendo com essa visão, o que favorece a questão da representatividade ao público preto/a, servindo como um ótimo recurso para discursões como essas na sala de aula, onde o professor deve estar preparado em conhecimentos e metodologias didáticas para abordar estes assuntos, afim de proporcionar uma educação antirracistas e sem preconceitos. 
A relevância da história desses grupos humanos reside na possibilidade de os estudantes compreenderem o papel das alteridades presentes na sociedade brasileira, comprometerem-se com elas e, ainda, perceberem que existem outros referenciais de produção, circulação e transmissão de conhecimentos, que podem se entrecruzar com aqueles considerados consagrados nos espaços formais de produção de saber. (BNCC, 201. p. 40)
A narrativa voltada ao protagonismo negro representa um público que sempre teve sua imagem padronizada sempre “comprimida”, diminuída em relação ao homem branco, colonizador e construindo expressões pejorativas. Dessa forma, a explanação se torna contundente para o desenvolvimento de práticas antirracistas, que criam preconceitos e estereótipos no imaginário coletivo da população, seja em discursos, linguagens artísticas ou mesmo práticas cotidianas. 
Por isso Pantera Negra é digno de análise, por apresentar a utopia de um reino africano independente, evoluído socialmente e tecnologicamente que não viveu o processo de colonização pelos europeus no qual os povos foram explorados e tiveram a perda de suas identidades e riquezas. Vemos, portanto, mais que uma mudança decolonial, uma postura mais combativa em relação à realidade histórica da África. (DAMASCENO; CARNVALHO; OLIVEIRA; 2019, p. 07)
Através da análise fílmica e trazendo discursões contribuintes para inibição de preconceitos e concepções pejorativas e ainda elencar representações da cultura negra na mídia, com expressiva quebra de inferioridade e também invisibilidades. Dessa forma, é perceptível a compreensão da história do continente africano de forma didática, englobando seus mitos, sua cultura, suas religiosidades e seus costumes com relação ao Brasil e a formação da sociedade étnico-racial. 
Podemos analisar que há elementos que estão contidos na imagem cinematográfica e são reproduções, em parte, das convenções oriundas e existentes na sociedade, a exemplo do imaginário social, modelos de existência e as formas de pensamento. Dado isto, é inegável afirmar o quão a imagem na tela está carregada de experiências e representações da sociedade, principalmente trazendo a perspectiva da representatividade fílmica do filme para o contexto social, cultural, histórico e político, promovendo funcionamento na corrente de construção de imagens socialmente vinculadas a um fato social demarcado nas relações sociais.
Assim podemos perceber que o cinema demonstra suas peculiaridades quando utilizada como recurso didático dentro da sala de aula, associando o conteúdo explorado nos livros e em pesquisas ampla, afim de discutir isso na sala de aula, trazendo diretamente uma proposta metodológica, na qual o cinema em sala de aula visa a admissão de uma realidade espacialmente virtual do aluno.
Dessa forma, de acordo com Fonseca (2010), para o ensino de História cabe um papel educativo, formativo, cultural e político e sua relação com a construção da cidadania perpassa diferentes espaços de produção de saberes históricos, relacionada à isso é essencial localizarmos no campo da História questões/temas/problemas considerados relevantes para a formação da consciência histórica dos alunos. Isso requer um diálogo crítico com diferentes sujeitos, lugares, saberes e práticas; entre a multiplicidade de culturas, etnias, sociedades, trazendo um contexto interdisciplinar entre a história e o cinema.
3. POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS A PARTIR DO FILME PANTERA NEGRA
Esta pesquisa se fundamenta na utilização da interdisciplinaridade com outra área do conhecimento construir algumas questões apresentadas, o exemplo disso são as particularidades, delimitações e contextos que se relaciona com a linguagem cinematográfica principalmente quando se pensar o espaço da sala de aula no qual os filmes necessitam de mediação e recepção para integrar a perspectiva da aula. Diante disso esta proposta pedagógica apresenta uma sequência didática com o intuito de trabalhar cinema e o ensino étnico-racial através da narrativa do filme Pantera Negra com o objetivo de contribuir para o ensino de História e representatividade negra na etapa do Ensino Médio no 2° ano consequentemente através de investigações e de conhecimentos elaborados sobre o tema, neste trabalho são explanados estratégicas didáticas e atividades com técnicas atuais de ensino.
A sequência didática está dividida em dois módulos com determinados temas possam ser trabalhados a partir da perspectiva e do planejamento para cada sala de aula. Contudo os módulos podem ser explorados completos ou em partes, todavia, este material oferece aos professores e alunos em especial da etapa do Ensino Médio a possibilidade de novas práticas de escolarização desenvolvidas em sala de aula, privilegiando assim a educação étnico-racial que potencializa as relações de representatividade e pertencimento a população negra transmitindo em seus procedimentos uma realidade histórica e cultural destes grupos.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: O olhar recortado 
QUESTÃO NORTEADORA: O cinema fornece aos alunos elementos para construção de uma narrativa histórica através das imagens em movimento, contudo o professor (a) se apresenta como mediador para disciplinar o olhar crítico dos alunos sobre os elementos presentes no filme principalmente quando os mesmos abordam sobre cultura, história e pertencimento ao grupo étnico-racial. Utilizar filmes que são reverenciados pelos alunos possibilita uma análise e exploração melhor dos conteúdos expostos nas narrativas cinematográficas compreendendo assim as representações e identificações com a linguagem do filme.
CONTEÚDO:representatividade e identificações culturais e sociais dos povos africanos e afro-brasileiro em nossa sociedade.
ANO: 2° 
HABILIDADES 
(EM13CHS101) Analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão e à crítica de ideias filosóficas e processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
(EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais da emergência de matrizes conceituais hegemônicas (etnocentrismo, evolução, modernidade etc.), comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
OBJETIVOS 
· Dialogar com os alunos sobre a história das populações negras interligando com a linguagem cinematográfica presente no filme Pantera Negra 
· Desconstruir conceitos negativos sobre a representatividade negra por meio de debates em sala de aula 
DURAÇÃO 
A duração da sequência ocorrerá em torno 04 aulas, consequentemente o professor (a) da sala de aula poderá adaptar o conteúdo a partir do seu planejamento e desenvolvendo os melhores mecanismos de adequação para os seus alunos
	As atividades serão desenvolvidas em 02 módulos subsequentes. O módulo I: “Conhecendo o filme” através de diálogos e investigações sobre o conhecimento dos alunos sobre cinema e o filme Pantera Negra, desmistificando pensamentos dos alunos sobre o filme e construindo o olhar crítico para a interpretação do filme e o módulo II: “Olhar sobre a tela” apresentação do filme Pantera Negra e posteriormente discussões sobre os elementos da narrativa do filme e através olhar dos alunos (as) construir uma painel de imagens com as cenas do filme que expressam elementos da cultura e história africana.
MÓDULO I: “Conhecendo o filme”
1ª fase: Em primeiro momento, será necessário abordar os discursos que o cinema oferta durante a sua exposição fílmica, com o intuito de educar o olhar do aluno para perceber as características presentes no filme que abarque o conteúdo que o professor pretende repassar para desenvolvimentos das habilidades, pois é necessário construir uma visão no educando, para que ocorra a permuta do processo entre ensino e aprendizagem e demonstrar que o cinema é um mecanismo que possibilita uma análise crítica de vários contexto, que engloba o social, cultural, político, econômico e ideológico.
Módulo II: “Olhar sobre a tela”
1º fase: Será necessário abordar temáticas sobre a história e cultura africana e afro-brasileira, percebendo a cultura do “eu e o outro” e durante a exposição fílmica fazer com que o aluno analise a representação do filme de forma autônoma e após isso, debater os pontos principais pelo qual o aluno percebeu durante a exposição, como as características históricas, políticas, econômicas, sociais e culturais e os diferentes costumes que o filme apresenta com cada grupo étnico que o aluno poderá vislumbrar e analisar. 
2º fase: Como atividade avaliativa de aprendizagem apresentar um painel digital de imagens, associando elementos discutidos durante o debate sobre a história e cultura africana e afro-brasileira e perceber como a exposição do filme e seus aspectos representativos, associando cinema e história, contribuiu para apreensão dos conhecimentos e cumprimentos dos objetivos almejados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, englobando as discursões entre História, Cinema e ensino, podemos concluir que a utilização dos meios midiáticos como ferramenta dentro da sala de aula pode proporcionar possibilidade didáticas e metodológicas, na qual o professor se beneficia e possibilidade uma análise representativa sobre o conteúdo que este possivelmente deseja repassar, pois o meio audiovisual deixa ambiente da sala multicultural, configurando em uma nova maneira de chamar a atenção do aluno para o assunto retratado.
Além disso, pode proporcionar oportunidade de provocar o aluno a leitura das representações no espaço fílmico e a conscientização de que a imagem é associada a um poder simbólico, orientada por convenções, códigos e signos, pensando nas possibilidades de uma formação incorporando o cinema na sala de aula.
Trazendo essas propostas metodológicas envolvendo o Filme Pantera Negra e as questões relacionadas a representatividade de negros em uma mega produção audiovisual com um viés de empoderamento, criando uma certa afrocentricidade em meio a tantas táticas opressoras de desafricanização. Isso é positivo, pois elenca conteúdos concernente a Lei 10.639/2003 da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) onde deve-se obrigatoriamente abordar conteúdos étnico-raciais dentro da sala de aula, envolvendo a História da África e afro-brasileira.
Como explicado por Amaral (2014), aprender conteúdos concernente as etnias é tornar a sociedade mais igualitária e justa, abordando esses contextos na perspectiva de representação e mobilizações socioculturais que se caracterizam como formas de resistência. Mais especificamente, encaixam-se em uma perspectiva de micro resistência cultural sutil e cotidiana. (De CERTEAU, 1994 apud AMARAL, 2014)
Dessa forma, esta produção tem tudo para ser enriquecedora no que tange as discursões sobre negritude na escola, como para a produção de novos olhares contemporâneos a respeito do continente africano. Percebendo que a contribuição do historiador, o professor, e ainda os representantes da arte fílmica são grandes agentes capazes de moldar e fazer refletir sobre a História e as representações do cinema.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, Adriana; SOUZA, Rosana Vieira de; MONTEIRO, Camila. “De Westeros no #vemprarua à shippagem do beijo gay na TV brasileira”. Ativismo de fãs: conceitos, resistências e práticas na cultura digital brasileira. Intercom. Foz do Iguaçu, 2014. Disponível em: . Acesso em: 03 nov 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio, Brasília, 2018.
BLACK Panther. Direção: Ryan Coogler. Produção: Kevin Feige. CA, EUA: Marvel Studios, Disney, 2018. (134 min), son., color.
DAMASCENO, Elyandra; CARVALHO, Patrícia; OLIVEIRA, Enderson. De Wakanda para o mundo: uma análise de Pantera Negra, representatividade, ações sociais e construção de identidade. Belém/PA: Intercom, 2019. Disponível em: https://portalintercom.org.br/anais/nacional2019/ resumos/R14-0834-1.pdf. Acesso em: 03/08/21.
FONSECA, Selva Guimarães Fonseca. A História na Educação Básica: conteúdos, abordagens e metodologias. Anais do I Seminário Nacional: Currículo em movimento – Perspectivas Atuais. Belo Horizonte, novembro de 2010.
GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1988.
MEDEIROS, Ayana Kissi Meira de. O Filme Pantera Negra – entre a ficção e a valorização das espacialidades africanas. Uberlânia/MG: XCOOPNE, 2018. Disponível em: https://www.copene2018.eventos.dype.com.br/resources/anais/8/1538162174_ARQUIVO_Copene2018.pdf Acesso em 15/08/2021.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Parâmetros curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: MORAN, José Manuel; MASSETTO, Marcos T., BEHRENS Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediações pedagógicas. 3. ed. Campinas (SP): Papirus, 2003. p. 11-66. 
NAPOLITANO, Marcos. Fontes Audiovisuais. A História depois do papel. In. Fontes históricas / Carla Bassanezi Pinsky, (Org). —2.ed., 2. reimpressão.— São Paulo : Contexto, 2008.
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