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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA DISCIPLINA DE RECURSOS HÍDRICOS PROFA: MARTA CELINA LINHARES SALES Alana Sales Neco - 429992 Débora Stefane Souza - 394799 RELATÓRIO DE RECURSOS HÍDRICOS: MUNICÍPIO DE SÃO BENEDITO FORTALEZA-CE 2019 1 Alana Sales Neco - 429992 Débora Stefane Souza - 394799 RELATÓRIO DE RECURSOS HÍDRICOS: MUNICÍPIO DE SÃO BENEDITO Relatório apresentado a Profa. Dra. Marta Celina Linhares Sales, docente da disciplina de Recursos Hídricos, do curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará, tendo como objetivo a obtenção de nota para a avaliação na disciplina. FORTALEZA-CE 2019 2 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO BENEDITO............................. 07 FIGURA 2 - MAPA HIPSOMÉTRICO DO MUNICÍPIO DE SÃO BENEDITO – CE....... 09 FIGURA 3 - MAPA DE SOLOS DO MUNICÍPIO DE SÃO BENEDITO – CE................. 11 FIGURA 4 - BACIA DA SERRA DA IBIAPABA................................................................ 14 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1: CLIMOGRAMA DA CIDADE DE SÃO BENEDITO.................................. 08 GRÁFICO 2: BALANÇO HÍDRICO NORMAL.................................................................. 11 GRÁFICO 3: EXTRATO DO BALANÇO HÍDRICO.......................................................... 12 GRÁFICO 4: CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO (CAD), ARMAZENAMENTO (ARM) MENSAL................................................................................................................... 12 GRÁFICO 5: DEFICIÊNCIA, EXCEDENTE, RETIRADA E REPOSIÇÃO HÍDRICA.... 13 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO:..................................................................................................................... 4 2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO BENEDITO:................... 5 2.1 LOCALIZAÇÃO:......................................................................................................... 5 2.2 CLIMA E VEGETAÇÃO:............................................................................................. 6 2.3 ESTRUTURA GEOLÓGICA E MORFOLOGIA DO RELEVO: ................................ 8 2.4 SOLOS:........................................................................................................................ 10 3. ANÁLISE DA BACIA E HIERARQUIZAÇÃO DE DRENAGEM DO MUNICÍPIO DE SÃO BENEDITO:........................................................................................................... 13 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS:........................................................................................... 14 5. REFERÊNCIA:.................................................................................................................. 15 4 1. INTRODUÇÃO: Compreendendo a água como substância presente em toda superfície terrestre em seus diversos estados, e que sem ela nenhuma forma de vida é possível (WISLER & BRATER 1964), com isso, entende-se que o Recurso hídrico é um recurso natural reconhecido como renovável, porém limitado. Nem toda água é um recurso hídrico. O que o caracteriza é se esse possui alguma inabilidade de uso para a sociedade. Por exemplo: a água de um córrego não é por si só um recurso hídrico, mas se utilizada para a irrigação, abastecimento doméstico, entre outros, pode ser considerado como recurso hídrico (SETTI, 2001 apud SILVA, 2006 apud FERREIRA; SILVA; PINHEIRO, 2008). Logo concebemos que os recursos hídricos além de atender as necessidades da sociedade, tornou-se parte importante no desenvolvimento de um país, região, município e da cidade. Com isso, os recursos hídricos permeiam direta ou indiretamente toda uma temática que envolve as camadas da sociedade e utilização dos recursos naturais, uma vez que constituem base para todo e qualquer sistema de desenvolvimento e ocupação do espaço geográfico e do meio físico em intrínseca relação com a preservação da vida no planeta. Assumem especial destaque, por constituírem a base para o desenvolvimento de aglomerados urbanos, sustentação da maioria das atividades antrópicas e ainda por, historicamente estarem relacionados com os meios de descarte de dejetos destas atividades. (Salati et. al., 1999 apud PIRANHA & PACHECO, 2004). Desde já, a disciplina de Recursos Hídricos buscou salientar a importância e finalidade da água e dos recursos hídricos, entendendo que a mesma está ligada a diversos setores da sociedade, logo, o trabalho a seguir buscará discutir sobre a disponibilidade hídrica e suas demandas do município de São Benedito, levando em consideração fatores como a estrutura geológica e a morfologia do relevo, precipitação, balanço hídrico, climatologia da região, estudo do solo e da bacia e sub-bacia existente no município, entendendo que os demais fatores citados acima são parte de fundamental influência para a manutenção e disponibilidades dos recursos hídricos do município de São Benedito. 5 2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO BENEDITO: 2.1 LOCALIZAÇÃO: Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) de 2017, o município de são benedito está a uma altitude de 901,64 localizado à noroeste da estado do Ceará com latitude (S) de 4º02’55’’ e longitude (W) de 40º51’54’’, possuí uma área absoluta de 338,2 km² e faz fronteira com os municípios: Mucambo e Ibiapina (ao Norte), Carnaubal, Guaraciaba do Norte (ao Sul), Graça (a Leste) e o Estado do Piauí (a Oeste). (VIANA; SOUSA; LIMA; NASCIMENTO, 2018). FIGURA 1: LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO BENEDITO FONTE: IPECE/2019, modificado por SOUZA, 2019. 6 2.2 CLIMA E VEGETAÇÃO: Segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME) e IPECE de 2017, o município dispõe de clima Tropical Quente Semi-árido Brando, Tropical Quente Sub-úmido e Tropical Quente Úmido, tendo Pluviosidade média de 1.43,7 mm de chuva, temperatura média de 22ºC a 24ºC e seu período chuvoso nos meses de janeiro e maio (VIANA; SOUSA; LIMA; NASCIMENTO, 2018). Com base nos dados que nos foram apresentados, foi-se construindo um climograma com a finalidade de compreender a dinâmica climática utilizando-se a interação da variabilidade pluviométrica e térmica dos meses de janeiro a dezembro, com isso temos: TABELA 1: CLIMOGRAMA DA CIDADE DE SÃO BENEDITO FONTE: NECO, 2019. 7 Analisando o climograma acima podemos perceber que no município de São Benedito as chuvas tendem a se aglomeram nos meses de janeiro a abril, sendo essa sua quadra chuvosa, semelhantemente a demais municípios do Estado do Ceará, tendo chuvas chegando em média 1.375,6 mm/chuva por ano. Logo, em virtude da atuação de vários sistemas meteorológicos, o volume de água das bacias é dependente do regime de tais eventos; assim, é extremamente necessária a implantação de uma gestão adequada nas bacias, visto que se trata de recursos hídricos dos quais depende o pleno desenvolvimento das atividades humanas; desta forma, o aporte hídrico das bacias é de fundamental importância para a manutenção das atividades humanas e para a preservação do meio ambiente. (SANTOS; ARAÚJO; MARCELINO, 2015). Conforme dados da FUNCEME e IPECE 2017, a vegetação encontrada no município é o Carrasco e Floresta Subperenifólia Tropical Plúvio Nebular (VIANA; SOUSA; LIMA; NASCIMENTO, 2018). 2.3 ESTRUTURA GEOLÓGICA E MORFOLOGIA DO RELEVO: A cidade de São Benedito, no que diz respeito a sua unidade geomorfológica, está situado na Cuesta/Glint da Ibiapaba, formação que outrora fazia parte da Formação Serra Grande, no qual pelas condições de clima e erosão passou pelo processo denominado por W.M Davis, de recuo das vertentes. A estruturação regional proterozoica-paleozoica ocorrida na região noroeste do estado do Ceará influenciou de forma significativa o entorno da Ibiapaba, setor da Província Borborema. Todavia, acima de tudo, a contínua convergência associada ao Ciclo Brasiliano foi responsável por extensas zonas de cisalhamento NE-SOe L-O, bem como, ensejou o desenvolvimento da sinéclise que evoluiu para a bacia do Parnaíba, quadro que condicionou de forma significativa toda a rede hidrográfica da região e, por conseguinte, os padrões de drenagem e dissecação regional do modelado (MOURA-FÉ, 2015 apud MOURA-FÉ 2017). Com isso compreendemos a partir da formação da Serra da Ibiapaba e sua modelagem cuestiforme, a influência que a mesma exerce na drenagem de São Benedito e no escoamento da bacia hidrográfica presente no município. 8 FIGURA 2: MAPA HIPSOMÉTRICO DO MUNICÍPIO DE SÃO BENEDITO – CE FONTE: SOUZA, 2019 Os relevos desenvolvidos nas bacias paleo-mesozóicas, ou seja, a Ibiapaba e as chapadas do Araripe e do Apodi, são as que melhor representam os eventos deformacionais pós-rifte (MAIA e BEZERRA, 2014b apud MOURA-FÉ 2017), a subsidência térmica e a flexura continental que soergueram essas regiões e que contribuíram decisivamente para o processo de inversão de relevo ao longo do Cenozoico e que permanecem até hoje (PEULVAST e BÉTARD, 2013 apud MOURA-FÉ 2017). Essa inversão de relevo se notabiliza, sobretudo, pelo fato de que as litologias do Grupo Serra Grande, que fazem contato com os terrenos antigos do Subdomínio Médio Coreaú da Província Borborema, soerguidas em conjunto, resistiram com mais intensidade ao processo erosivo cenozóico, enquanto as rochas fragilizadas (gnáissicas e migmatíticas), falhadas e dobradas foram sendo erodidas, deixando em ressalto terrenos mais resistentes, tanto cristalinos quanto sedimentares (CLAUDINO-SALES e LIRA, 2011 apud MOURA-FÉ 2017). Esse processo ocorreu de forma relativamente diferenciada no entorno leste da Ibiapaba, dotada de algumas características tectônicas, litológicas e morfológicas distintas do entorno norte, ao passo que o processo de inversão de relevo e a circudenudação correlata 9 proporcionaram uma diferenciação em relação aos contatos das vertentes da Ibiapaba e da sua linha de escarpa à leste e norte, diferenciações de ordem morfoestrutural, sobretudo (MOURA-FÉ 2017). Logo, no Município de São Benedito ocorrem dois domínios hidrogeológicos distintos: sedimentos da Formação Serra Grande e depósitos aluvionares. Os sedimentos da Formação Serra Grande são constituídos principalmente por arenitos grossos a conglomeráticos que, normalmente, apresentam um potencial médio sob o ponto de vista da ocorrência de água subterrânea, tanto quantitativo quanto qualitativo. Os depósitos aluvionares são representados por sedimentos areno-argilosos recentes que ocorrem margeando as calhas dos principais rios e riachos que drenam a região, e apresentam, em geral, uma boa alternativa como manancial, tendo uma importância relativa alta do ponto de vista hidrogeológico, principalmente em regiões semiáridas com predomínio de rochas cristalinas. Normalmente, a alta permeabilidade dos termos arenosos compensa as pequenas espessuras, produzindo vazões significativas. (CORTEZ, et al...2007) 2.4 SOLOS: Analisando o mapa de solos abaixo, temos a presença na região de Latossolos, compreendido segundo JACOMINE (2013), por solos constituídos por material mineral, com horizonte B latossólico imediatamente abaixo de qualquer um dos tipos de horizonte superficial, exceto hístico. São solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como resultado de enérgicas transformações do material constitutivo. São virtualmente desprovidos de minerais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo, e têm capacidade de troca de cátions da fração argila, inferior a 17cmol/kg de argila sem correção para carbono. 10 FIGURA 3: MAPA DE SOLOS DO MUNICÍPIO DE SÃO BENEDITO - CE FONTE: SOUZA, 2019 Logo, O balanço hídrico é definido como uma contabilidade de entrada e saída de água no solo. A entrada de água é representada pela precipitação ou irrigação e a saída pela evapotranspiração potencial. Abaixo analisaremos o balanço hídrico do município de São Benedito, bem como seu armazenamento de água no solo e deficiência hídrica do mesmo. 11 GRÁFICO 2: BALANÇO HÍDRICO NORMAL FONTE: SOUZA, 2019 Analisando o balanço hídrico do município de São Benedito é perceptível observar que a entrada significativa de água no solo se dá concomitantemente no período de maior precipitação, e com o adendo de que o relevo é compreendido como em sua maioria sedimentar, a água infiltra rapidamente e nos períodos em que há um queda na precipitação há uma deficiência no solo, porém não tão alarmante, logo, o município não sofre com grandes perdas hídricas e tão pouco com falta de abastecimento. GRÁFICO 3: EXTRATO DO BALANÇO HÍDRICO FONTE: SOUZA, 2019 12 GRÁFICO 4: CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO (CAD), ARMAZENAMENTO (ARM) MENSAL FONTE: SOUZA, 2019 GRÁFICO 5: DEFICIÊNCIA, EXCEDENTE, RETIRADA E REPOSIÇÃO HÍDRICA FONTE: SOUZA, 2019 13 3. ANÁLISE DA BACIA E HIERARQUIZAÇÃO DE DRENAGEM DO MUNICÍPIO DE SÃO BENEDITO: FIGURA 4:BACIA DA SERRA DA IBIAPABA FONTE: COGERH, 2019 modificado por SOUZA, 2019 Observando a bacia da Ibiapaba, fazendo um recorte ao município trabalhado é notório perceber que seu escoamento se dá ao Estado do Piauí, logo, isso se explica pela inclinação do relevo, já mencionado, com isso percebemos também o pouco escoamento e presença de canais, por outrora, o município está situado em uma bacia sedimentar a Água presente em superfície acaba por infiltrar ao solo, tendo assim, poucas aparições de canais e tendo sua hierarquia até segunda ordem. 14 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Analisando assim o município de São Benedito a priori podemos perceber a grande influência do relevo no escoamento, infiltração e drenagem da água em superfície, além dos adicionais que os processos existente da Cuesta da Ibiapaba e a influência da Formação Serra Grande na granulometria do solo e acarretando no tipo de solo, sendo eles mais areno-argilosos. Podemos observar o grande aporte hídrico da região onde a mesma apresentou níveis baixos de deficiência hídrica comparado a municípios como Caucaia ou outras serras como Itatira, com isso foi possível perceber a relação direta do abastecimento do solo com a precipitação, concluindo que uma depende da outra. Com relação ao uso dos recursos hídricos, o município investe grande parte na agricultura de subsistência e a cultura de flores, fazendo de São Benedito uma grande potência de exportação de flores do estado do Ceará, empregando em seu maior número mulheres que outrora se viam sem “função social” e com a floricultura poderiam fortalecer seu empoderamento feminino e independência financeira No mais, podemos concluir que os recursos hídricos vão muito para além de abastecimento de água para as casas de consumidores, ele está ligado diretamente com as ações sociais, econômicas e políticas de um lugar, logo, apontamos que o gerenciamento desses recursos de se tornar essencial, pois sem ele tão pouco existirá um progresso na gestão do Estado. 15 5. REFERÊNCIA: AMORIM NETO, M. da S. Balanço hídrico segundo Thornthwaite & Mather (1955). Embrapa Semiárido-Comunicado Técnico (INFOTECA-E), 1989. CORTEZ, Antônio Artur; BELTRÃO, Breno Augusto; PIMENTEL, Ernando Jeronimo; DA SILVA, José Carlos; PEREIRA, Simeones Néri. PROJETO REVITALIZAÇÃO E INSTALAÇÃO DE SISTEMAS SIMPLIFICADOS DE ABASTECIMENTO NO NORDESTE: Implantação de sistemas simplificados de abastecimento de água na comunidade Sítio Jussara município de São Benedito - CE - Relatório Sintetizado. Recife, CPRM - 32 p, 2007. DE MOURA-FÉ, Marcelo Martins. MORFOESTRUTURAS DA IBIAPABA SETENTRIONAL (NOROESTE DO ESTADO DO CEARÁ, BRASIL). Caminhos de Geografia, v. 19, n. 65, p. 159-179. FERREIRA, Maria Inês Paes; FERREIRA-DA-SILVA, J. A.; PINHEIRO, Mariana Rodrigues de Carvalhaes. Recursos hídricos: água no mundo, no Brasil e no Estado do Rio de Janeiro. Boletim do Observatório Ambiental Alberto Ribeiro Lamego, v. 2, n. 2, p. 29-36, 2008. DOS SANTOS, Elydeise CA; DE ARAÚJO, Lincoln E.; MARCELINO, Aliny dos S. Análise climática da Bacia Hidrográficado Rio Mamanguape. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental-Agriambi, v. 19, n. 1, 2015. JACOMINE, Paulo Klinger Tito. A nova classificação brasileira de solos. Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, v. 5, p. 161-179, 2013. PIRANHA, Joseli Maria; PACHECO, Alberto. Recursos hídricos e desenvolvimento: diagnóstico básico preliminar do município de São José do Rio Preto (SP). Águas Subterrâneas, n. 1, 2004. VIANA, Claudia Maria Viana; DE SOUSA, Fátima Juvenal DE LIMA, Kathiuscia Alves; DE NASCIMENTO, Margarida Maria Sérgio. Perfil Municipal 2017 - São Benedito. IPCE, 2018 WISLER, Chester Owen; BRATER, Ernest Frederick. Hidrologia. In: Hidrologia. USAID, 1964. 16
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