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1 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL Siga-nos no Instagram @acimadetudobrasil 2 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL ➔ O valor cobrado pela apostila é simbólico e inferior a outras apostilas similares! Pedimos que NÃO COMPARTILHE a apostila! Para que possamos continuar desenvolvendo mais apostilas como essa e ajudar cada vez um número maior de pessoas na busca pelo seu sonho é fundamental a contribuição simbólica de quem adquirir esse material. ➔ Se queremos um Brasil melhor, com menos corrupção, que tal começarmos pelos nossos exemplos? Compartilhar material sem a devida autorização é crime e imoral ! ➔ Dúvidas, comentários e sugestões podem ser enviados através do e-mail de contato acimadetudobrasil@hotmail.com ou através do Instagram: @acimadetudobrasil 3 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL Sumário 1- PORTUGUÊS ...................................................................................................................... 5 2- CODIGO PENAL ............................................................................................................. 46 2.1 PARTE GERAL ................................................................................................................. 46 GABARITO PARTE GERAL .................................................................................................... 68 2.2 PARTE ESPECIAL ............................................................................................................ 69 GABARITO PARTE ESPECIAL ............................................................................................... 81 3 - DIREITO CONSTITUCIOAL ...................................................................................... 82 3.1 DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ............................................................................... 82 GABARITO PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ........................................................................... 87 3.2 DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ......................................................... 88 GAB DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. ................................................................. 99 3.3 DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES E DO ESTADO ................................................. 100 GABARITO ORGANIZAÇÃO DOS PODERES E DO ESTADO ................................................ 107 3.4 DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS .......................... 107 GABARITO DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS ......................... 128 3.5 DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................................. 129 GABARITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...................................................................... 137 4 - CÓDIGO PENAL MILITAR ....................................................................................... 138 4.1 PARTE GERAL ............................................................................................................... 138 GABARITO PARTE GERAL .................................................................................................. 152 4.2 ART. 9º ( CRIMES MILITARES) .................................................................................... 153 GABARTIRO ART. 9º .......................................................................................................... 167 4.3 TEMPO E LUGAR DO CRIME ...................................................................................... 168 GABARITO TEMPO/LUGAR DO CRIME ............................................................................. 170 4.4 DAS PENAS .................................................................................................................... 171 GABARITO “DAS PENAS” .................................................................................................. 180 4.4 DOS CRIMES CONTRA AUTORIDADE E DISCIPLINA MILITAR .............................. 181 GABARITO OS CRIMES CONTRA AUTORIDADE E DISCIPLINA MILITAR ........................... 207 4.5 CONTRA O SERVIÇO E DEVER MILTAR .................................................................... 208 GABARITO DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO E DEVER MILTAR ..................................... 214 4.6 DOS CRIMES CONTRA ADMINISTRAÇÃO MILITAR ................................................. 215 GABARITO DOS CRIMES CONTRA A ADIMINISTRAÇÃO M MILITAR ............................... 239 5 - DIREITOS HUMANOS ............................................................................................... 240 5.1 DH PARTE GERAL ......................................................................................................... 240 GABARITO DH PARTE GERAL ............................................................................................ 257 4 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL 5.2 ESTATUTO DO IDOSO .................................................................................................. 258 GABARITO ESTATUTO DO IDOSO ..................................................................................... 265 5.3 PRECONCEITO RAÇA E COR E DESCRIMINAÇÃO POR ORIENTAÇÃO SEXUAL ............................................................................................................................................... 266 GABARITO PRECONCEITO RAÇA E COR E DESCRIMINAÇÃO POR ORIENTAÇÃO SEXUAL269 5.4 TORTURA ....................................................................................................................... 270 GABARITO TORTURA ........................................................................................................ 288 5.5 PROTEÇÃO A VÍTIMA E TESTEMUNHA ..................................................................... 289 GABARITO PROTEÇÃO A VÍTIMA E TESTEMUNHA ......................................................... 292 6 - LEGISLAÇÃO EXTRVAGANTE ............................................................................ 293 6.1 ESTATUTO DESARMAMAENTO ................................................................................... 293 GABARITO ESTATUTO DESARMAMENTO ....................................................................... 311 6.2 “ECA”.............................................................................................................................. 312 GABARITO “ECA” .............................................................................................................. 317 6.3 JUIZADO CÍVEL/CRIMINAL ......................................................................................... 318 GABARITO JUIZADO CÍVEL/CRIMINAL ............................................................................. 325 6.4 LEI DE DROGAS ............................................................................................................ 326 GABARTIO LEI DE DROGAS ............................................................................................... 348 6.5 CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA MILITAR .............................................................. 349 GABARITO CEDM .............................................................................................................. 364 6.6 CRIMES HEDIONDOS ................................................................................................... 365 GABARITO CRIMES HEDIONDOS ...................................................................................... 369 6.7 MARIA DA PENHA ....................................................................................................... 370 GABARITO MARIA DA PENHA .......................................................................................... 387 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA .........................................................................................388 GABARITO DE ESTATÍSTICA .............................................................................................. 410 5 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL 1- PORTUGUÊS Ousadia Fernando Sabino A moça ia no ônibus muito contente desta vida, mas, ao saltar, a contrariedade se anunciou: – A sua passagem já está paga – disse o motorista. – Paga por quem? – Esse cavalheiro aí. E apontou um mulato bem-vestido que acabara de deixar o ônibus, e aguardava com um sorriso junto à calçada. – É algum engano, não conheço esse homem. Faça o favor de receber. – Mas já está paga... – Faça o favor de receber! – insistiu ela, estendendo o dinheiro e falando bem alto para que o homem ouvisse: – Já disse que não conheço! Sujeito atrevido, ainda fica ali me esperando, o senhor não está vendo? Vamos, faço questão que o senhor receba minha passagem. O motorista ergueu os ombros e acabou recebendo: melhor para ele, ganhava duas vezes. A moça saltou do ônibus e passou fuzilando de indignação pelo homem. Foi seguindo pela rua, sem olhar para ele. Se olhasse, veria que ele a seguia, meio ressabiado, a alguns passos. Somente quando dobrou à direita para entrar no edifício onde morava, arriscou uma espiada: lá vinha ele! Correu para o apartamento, que era no térreo, pôs-se a bater,aflita: – Abre! Abre aí! A empregada veio abrir e ela irrompeu pela sala, contando aos pais atônitos, em termos confusos, a sua aventura: – Descarado, como é que tem coragem? Me seguiu até aqui! De súbito, ao voltar-se, viu pela porta aberta que o homem ainda estava lá fora, no saguão. Protegida pela presença dos pais, ousou enfrentá-lo: – Olha ele ali! É ele, venham ver! Ainda está ali, o sem vergonha. Mas que ousadia! Todos se precipitaram para a porta. A empregada levou as mãos à cabeça: – Mas a senhora, como é que pode! É o Marcelo. – Marcelo? Que Marcelo? – a moça se voltou, surpreendida. – Marcelo, o meu noivo. A senhora conhece ele, foi quem pintou o apartamento. A moça só faltou morrer de vergonha: – É mesmo, é o Marcelo! Como é que eu não reconheci! Você me desculpe, Marcelo,por favor. No saguão, Marcelo torcia as mãos, encabulado: – A senhora é que me desculpe, foi muita ousadia... SABINO, Fernando. Ousadia. In: Para gostar de ler – Crônicas. São Paulo: Ática, 1981. 6 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 1ª QUESTÃO – Sobre o narrador é CORRETO afirmar que: A. ( ) O narrador é a personagem que figura como a “moça” e participa da história narrada. B. ( ) O narrador não é onisciente. C. ( ) O narrador é a personagem de nome Marcelo e não participa da história narrada. D. ( ) O narrador é onisciente. 2ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA que corresponda à sequência de comportamentos da protagonista durante o desenrolar da narrativa: A. ( ) Envergonhada – aflita – indignada – nervosa – contrariada – contente. B. ( ) Contente – contrariada – nervosa – indignada – aflita – envergonhada. C. ( ) Indignada – envergonhada – contente – contrariada – nervosa - aflita. D. ( ) Aflita – nervosa – envergonhada – contente – indignada – contrariada. 3ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA que corresponda à percepção da personagem Marcelo em relação ao pagamento da passagem: A. ( ) Ousadia. B. ( ) Frustração. C. ( ) Orgulho. D. ( ) Incompreensão. 4ª QUESTÃO – Na passagem: “O motorista ergueu os ombros e acabou recebendo...” Assinale a alternativa CORRETA que corresponda ao resultado auferido pelo motorista, em consequência da ação do verbo “receber”: A. ( ) Vergonhoso. B. ( ) Vantajoso. C. ( ) Nocivo. D. ( ) Lesivo. 5ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA que corresponda à motivação da protagonista em enfrentar o homem que ela acreditava tê-la seguido: A. ( ) A presença da empregada. B. ( ) O fato de seu apartamento está localizado no andar térreo. C. ( ) A proteção dos pais. D. ( ) O fato de o rapaz ser noivo da empregada. GRAMÁTICA 6ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA, cuja frase foi apresentada no sentido conotativo. A. ( ) Maria ficou sabendo que o seu quarto está limpo. B. ( ) Maria ficou sabendo que o seu carro está limpo. C. ( ) No fim de semana teve uma chuva de granizo no centro da capital. D. ( ) No fim de semana teve uma chuva de dinheiro no centro da capital. 7 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL 7ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA, cujas palavras classificam-se como polissêmicas. A. ( ) Vela, marginal, cabo, mangueira. B. ( ) Arrear, arriar, assoar, assuar. C. ( ) Apóstrofe, apóstrofo, arteriosclerose, aterosclerose. D. ( ) Cavaleiro, cavalheiro, cauda, calda. 8ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA que corresponda à utilização do discurso direto: A. ( ) Sobre o beijo, a moça afirmou o seguinte: “quando desci do carro fui imobilizada pelo desconhecido que me beijou”. B. ( ) Ele a havia beijado. C. ( ) Após imobilizar a moça, o desconhecido a beijou. D. ( ) Quando a moça desceu do carro, o desconhecido a imobilizou e a beijou. 9ª QUESTÃO – Considerando a função de linguagem na comunicação, marque a alternativa CORRETA, cuja frase tem a função fática. A. ( ) Compre batom. B. ( ) Puxa! Que calor. C. ( ) Beba Coca-Cola. D. ( ) Eu te amo mais que tudo nesta vida. 10ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA, cujas palavras sublinhadas classificam-se como sinônimas. A. ( ) Retificar é o mesmo que confirmar. B. ( ) Coreografia é o mesmo que estudar um país. C. ( ) Ratificar é o mesmo que validar. D. ( ) Corografia é o mesmo que dançar. GABARITO 1) D 2) B 3) A 4) B 5) C 6) D 7) A 8) A 9) B 10) C 8 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL VIVER EM SOCIEDADE Dalmo de Abreu Dallari A sociedade humana é um conjunto de pessoas ligadas pela necessidade de se ajudarem umas às outras, a fim de que possam garantir a continuidade da vida e satisfazer seus interesses e desejos. Sem vida em sociedade, as pessoas não conseguiriam sobreviver, pois o ser humano, durante muito tempo, necessita de outros para conseguir alimentação e abrigo. E no mundo moderno, com a grande maioria das pessoas morando na cidade, com hábitos que tornam necessários muitos bens produzidos pela indústria, não há quem não necessite dos outros muitas vezes por dia. Mas as necessidades dos seres humanos não são apenas de ordem material, como os alimentos, a roupa, a moradia, os meios de transportes e os cuidados de saúde. Elas são também de ordem espiritual e psicológica. Toda pessoa humana necessita de afeto, precisa amar e sentir-se amada, quer sempre que alguém lhe dê atenção e que todos a respeitem. Além disso, todo ser humano tem suas crenças, tem sua fé em alguma coisa, que é a base de suas esperanças. Os seres humanos não vivem juntos, não vivem em sociedade, apenas porque escolhem esse modo de vida, mas porque a vida em sociedade é uma necessidade da natureza humana. Assim, por exemplo, se dependesse apenas da vontade, seria possível uma pessoa muito rica isolar-se em algum lugar, onde tivesse armazenado grande quantidade de alimentos. Mas essa pessoa estaria, em pouco tempo, sentindo falta de companhia, sofrendo a tristeza da solidão, precisando de alguém com quem falar e trocar ideias, necessitada de dar e receber afeto. E muito provavelmente ficaria louca se continuasse sozinha por muito tempo. Mas, justamente porque vivendo em sociedade é que a pessoa humana pode satisfazer suas necessidades, é preciso que a sociedade seja organizada de tal modo que sirva, realmente, para esse fim. E não basta que a vida social permita apenas a satisfação de algumas necessidades da pessoa humana ou de todas as necessidades de apenas algumas pessoas. A sociedade organizada com justiça é aquela em que se procura fazer com que todas as pessoas possam satisfazertodas as suas necessidades, é aquela em que todos, desde o momento em que nascem, têm as mesmas oportunidades, aquela em que os benefícios e encargos são repartidos igualmente entre todos. Para que essa repartição se faça com justiça, é preciso que todos procurem conhecer seus direitos e exijam que eles sejam respeitados, como também devem conhecer e cumprir seus deveres e suas responsabilidades sociais. Rosenthal, Marcelo et al. Interpretação de textos e semântica para concursos. Rio de Janeiro: Essevier, 2012. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 1ª QUESTÃO – A partir do texto lido, podemos afirmar que, para o autor, viver em sociedade é: A. ( ) uma condição imprescindível para a sobrevivência, uma vez que o homem não conseguiria viver isolado. B. ( ) uma forma que um grupo de pessoas unidas encontra para satisfazer seus interesses pessoais. C. ( ) como viver em uma comunidade preparada para o caos futuro. D. ( ) uma forma de regressão como ser humano. 9 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL 2ª QUESTÃO – “Toda pessoa humana necessita de afeto, precisa amar e sentir-se amada, quer sempre que alguém lhe dê atenção e que todos a respeitem. Além disso, todo ser humano tem suas crenças, tem sua fé em alguma coisa, que é a base de suas esperanças. ” De acordo com o texto apresentado, marque a opção CORRETA: A. ( ) Os seres humanos vivem juntos por mera escolha. B. ( ) As emoções e sentimentos não são necessários ao homem. C. ( ) A vida em sociedade é uma necessidade da natureza humana. D. ( ) Os ricos não precisam de pessoas para sobreviverem, apenas de bens materiais. 3ª QUESTÃO – Quanto à tipologia, o texto apresenta as características de um (a): A. ( ) Carta. B. ( ) Artigo de opinião. C. ( ) Debate. D. ( ) Crônica. 4ª QUESTÃO – Em relação ao texto, nas assertivas abaixo, marque “V” se for verdadeira ou “F” se for falsa e, em seguida, marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na ordem de cima para baixo: ( )O autor apresenta uma série de argumentos ordenados logicamente não se importando em convencer o leitor. ( )O autor fala de forma subjetiva a respeito do tema abordado. ( )Seria impossível a sobrevivência se não existisse a sociedade. ( ) Na sociedade organizada basta que as pessoas possam satisfazer todos os seus desejos. A. ( ) V V F F. B. ( ) F F V V. C. ( ) V V F V. D. ( ) F F V F. 5ª QUESTÃO – A função da linguagem predominante no texto é a: A. ( ) Apelativa. B. ( ) Metalinguística. C. ( ) Referencial. D. ( ) Dissertativa. 6ª QUESTÃO – “E não basta que a vida social permita apenas a satisfação de algumas necessidades da pessoa humana ou de todas as necessidades de apenas algumas pessoas.” De acordo com o excerto acima, marque a opção CORRETA: A. ( ) Na sociedade organizada com justiça, todas as pessoas satisfazem todas as suas necessidades. B. ( ) A tendência da satisfação se torna unilateral e impactante. C. ( ) As oportunidades e encargos na sociedade serão repartidos aos mais bem preparados. D. ( ) Basta na sociedade apenas a satisfação de algumas necessidades da pessoa humana. 10 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL GRAMÁTICA 7ª QUESTÃO – Escolha a alternativa CORRETA que apresenta coesão: A. ( ) Solange e Ana caminham e conversam. B. ( ) Maria estuda. Maria trabalha. Maria dorme. C. ( ) Tatisa olha. Tatisa bebe. Tatisa come. D. ( ) Batendo as asas cai na escravidão. Perde a liberdade. 8ª QUESTÃO – “Não existem marcas que mostrem a mudança do discurso. Por isso, as falas dos personagens e do narrador - que sabe tudo o que se passa no pensamento dos personagens - podem ser confundidas.” Marque a alternativa que contém o tipo de discurso CORRETO utilizado no excerto apresentado: A. ( ) Discurso indireto. B. ( ) Discurso indireto livre. C. ( ) Discurso direto livre. D. ( ) Discurso direto. 9ª QUESTÃO – Observe as palavras destacadas em negrito dos exemplos abaixo: Pegou o bonde andando. André é cobra em matemática. Maria superou a decepção, os cacos da vida foram colados. Marque a alternativa CORRETA que denomina as palavras destacadas. A. ( ) Paradoxo. B. ( ) Denotação. C. ( ) Conotação e denotação. D. ( ) Conotação. 10ª QUESTÃO – Observe as orações que apresentam a palavra destacada em negrito e responda: A reunião dos agricultores aconteceu sob a mangueira do quintal. A mangueira furou ao ser arrastada pelo carro. Marque a alternativa CORRETA que denomina a palavra quando esta apresenta multiplicidade de sentidos. A. ( ) Homônimo. B. ( ) Sinônimo. C. ( ) Polissemia. D. ( ) Antônimo. GABARITO 1) A 2) C 3) B 4) D 5) C 6) A 7) A 8) B 9) D 10) C 11 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL "Nóis Mudemo" Fidêncio Bogo O ônibus da Transbrasiliana deslizava manso pela Belém-Brasília rumo a Porto Nacional. Era abril, mês das derradeiras chuvas. No céu, uma luazona enorme pra namorado nenhum botar defeito. Sob o luar generoso, o cerrado verdejante era um presépio, todo poesia e misticismo. Mas minha alma estava profundamente amargurada. O encontro daquela tarde, a visão daquele jovem marcado pelo sofrimento, precocemente envelhecido, a crua recordação de um episódio que parecia tão banal... Tentei dormir. Inútil. Meus olhos percorriam a paisagem enluarada, mas ela nada mais era para mim que o pano de fundo de um drama estúpido e trágico. As aulas tinham começado numa segunda-feira. Escola de periferia, classes heterogêneas, retardatários. Entre eles, uma criança crescida, quase um rapaz. - Por que você faltou esses dias todos? - É que nóis mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda. Risadinhas da turma. - Não se diz "nóis mudemo", menino! A gente deve dizer: "nós mudamos", tá? -Tá, fessora! No recreio, as chacotas dos colegas: "Oi, nóis mudemo!" "Até amanhã, nóis mudemo!" No dia seguinte, a mesma coisa: risadinhas, cochichos, gozações. - Pai, não vô mais pra escola - Oxente! Modi quê? Ouvida a história, o pai coçou a cabeça e disse: - Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa! Não liga pras gozações da meninada! Logo eles esquece. Não esqueceram. Na quarta-feira, dei pela falta do menino. Ele não apareceu no resto da semana, nem na segunda-feira seguinte. Aí me dei conta de que eu nem sabia o nome dele. Procurei no diário de classe e soube que se chamava Lúcio - Lúcio Rodrigues Barbosa. Achei o endereço. Longe, um dos últimos casebres do bairro. Fui lá, uma tarde. O rapazola tinha partido no dia anterior para a casa de um tio, no sul do Pará. - É, professora, meu fio não aguentou as gozação da meninada. Eu tentei fazê ele continua, mas não teve jeito. Ele tava chateado demais. Bosta de vida! Eu devia dité ficado na fazenda côa famia. Na cidade nóis não tem veis. Nóis fala tudo errado. Inexperiente, confusa, sem saber o que dizer, engoli em seco e me despedi. O episódio ocorrera há dezessete anos e tinha caído em total esquecimento, ao menos de minha parte. Uma tarde, num povoado à beira da Belém-Brasília, eu ia pegar o ônibus, quando alguém me chamou. Olhei e vi, acenando para mim, um rapaz pobremente vestido, magro, com aparência doentia. - O que é, moço? - A senhora não se lembra de mim, fessora? Olhei para ele, dei tratos à bola. Reconstituí num momento meus longos anos de sacerdócio, digo, de magistério. Tudo escuro. 12 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL - Não me lembro não, moço. Você me conhece? De onde? Foi meu aluno? Como se chama? Para tantas perguntas, uma resposta lacônica: - Eu sou "Nóis mudemo”, lembra? Comecei a tremer. - Sim, moço. Agora lembro. Como era mesmo seu nome? - Lúcio - Lúcio Rodrigues Barbosa. - O que aconteceu com você? - O que aconteceu? Ah! fessora! É mais fácil dizê o que não aconteceu.Comi o pão que o diabo amasso. E êta diabo bom de padaria! Fui garimpeiro, fui bóia- fria, um "gato" me arrecadou e levou num caminhão pruma fazenda no meio da mata. Lá trabaiei como escravo, passei fome, fui baleado quando consegui fugi. Peguei tudo quanto é doença. Até na cadeia já fui pará. Nóis ignorante às veis fais coisa sem querê fazé. A escola fais uma farta danada. Eu não devia de té saído daquele jeito, fessora, mas não aguentei as gozação da turma. Eu vi logo que nunca ia consegui fala direito. Ainda hoje não sei. - Meu Deus! Aquela revelação me virou pelo avesso. Foi demais para mim. Descontrolada, comecei a soluçar convulsivamente. Como eu podia ter sido tão burra e má? E abracei o rapaz, o que restava do rapaz, que me olhava atarantado. O ônibus buzinou com insistência. O rapaz afastou-me de mim suavemente. - Chora não, fessora! A senhora não tem curpa. - Como? Eu não tenho culpa? Deus do céu! Entrei no ônibus apinhado. Cem olhos eram cem flechas vingadoras apontadas para mim. O ônibus partiu. Pensei na minha sala de aula. Eu era uma assassina a caminho da guilhotina. Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele muda, nós mudamos, mudamos, mudaamoos, mudaaamooos... Superusada, mal usada, abusada, ela é uma guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna - a língua que a criança aprendeu com seus pais, irmãos e colegas - e se torna o terror dos alunos. Em vez de estimular e fazer crescer, comunicando, ela reprime e oprime, cobrando centenas de regrinhas estúpidas para aquela idade. E os lúcios da vida, os milhares de lúcios da periferia e do interior, barrados nas salas de aula: "Não é assim que se diz, menino!" Como se o professor quisesse dizer: "Você está errado! Os seus pais estão errados! Seus irmãos e amigos e vizinhos estão errados! A certa sou eu! Imite-me! Copie-me! Fale como eu! Você não seja você! Renegue suas raízes! Diminua-se! Desfigure-se! Fique no seu lugar! Seja uma sombra! E siga desarmado pelo matadouro da vida..." Fonte do texto:http://euterlucia.vilabol.uol.com.br/texto4.html www.recantodasletras.com.br/pensamentos/3045465 Dados do autor 1ª QUESTÃO – “Eu mudo, tu mudas, ele muda, nós mudamos... Superusada, mal usada, abusada, ela é uma guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna, a língua que a criança aprendeu com seus pais, irmãos e colegas – e se torna o terror dos alunos”. De acordo com o excerto, marque a alternativa CORRETA: A. ( ) A professora defende que o estudo da gramática nas escolas destrói a 13 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL espontaneidade do uso da Língua. B. ( ) A Língua somente ganha vida quando uma gramática descritiva orienta o uso de uma fala padrão. C. ( ) Os professores exploraram também o conceito: dor da incompletude. Pode- se afirmar que esse conceito se refere aos nossos desejos e vontades. D. ( ) A gramática é um organismo que degenera a linguagem em evolução contínua, que se mantém ou altera pelo uso linguístico que se faz dela. 2ª QUESTÃO – Assinale a alternativa CORRETA que corresponda ao período do dia em que ocorreu o reencontro da professora com o aluno Lúcio, que havia abandonado a escola há 17 anos: A. ( ) Matutino. B. ( ) Noturno. C. ( ) Matinal. D. ( ) Vespertino. 3ª QUESTÃO – Depois de refletir sobre a vida do aluno Lúcio, a professora se posicionou acerca do uso da língua e, sobretudo, o emprego da gramática normativa. Escolha a alternativa CORRETA em relação ao posicionamento da professora: A. ( ) A gramática é prescritiva, mas considera a língua em uso pelo aluno no âmbito familiar. B. ( ) A gramática é prescritiva e não considera a língua em uso pelo aluno no âmbito familiar. C. ( ) A gramática não é prescritiva, mas considera a língua em uso pelo aluno no âmbito familiar. D. ( ) A gramática não é prescritiva e concebe também como correta a língua em uso pelo aluno no âmbito familiar. 4ª QUESTÃO – Leia o excerto a seguir: “Fui bóia-fria, um “gato” me arrecadou e levou num caminhão pruma fazenda no meio da mata. ” Quanto a interpretação, marque a alternativa CORRETA: A. ( ) O personagem não teria sido trabalhador rural e um agenciador de trabalho escravo não o teria levado para uma fazenda distante da civilização. B. ( ) O personagem teria sido trabalhador rural e um agenciador de trabalho escravo o teria levado para uma fazenda distante da civilização. C. ( ) O personagem teria sido trabalhador rural e um agenciador de trabalho regular o teria levado para uma fazenda no perímetro urbano. D. ( ) O personagem teria sido trabalhador urbano e um agenciador de trabalho lícito o teria levado para uma fazenda de fácil acesso, próximo da civilização. 5ª QUESTÃO – Após o aluno Lúcio ter sido hostilizado pelos colegas de classe, ele disse ao seu pai que não queria mais frequentar a escola. Marque a alternativa CORRETA que corresponda ao posicionamento do pai de Lúcio diante da postura do filho: A. ( ) Lúcio deveria deixar a escola, pois a zombaria dos colegas de classe não poderia chegar ao fim em pouco tempo. B. ( ) Lúcio deveria deixar a escola, pois a zombaria dos colegas de classe poderia chegar ao fim em pouco tempo. C. ( ) Lúcio não deveria deixar a escola, pois a zombaria dos colegas de classe 14 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL poderia chegar ao fim em pouco tempo. D. ( ) Lúcio não deveria preocupar em deixar a escola, pois a zombaria dos colegas de classe não poderia chegar ao fim em pouco tempo. 6ª QUESTÃO – “No recreio as chacotas dos colegas: Oi, nóis mudemo! Até amanhã, nóis mudemo! No dia seguinte, a mesma coisa: risadinhas, cochichos, gozações”. Marque a alternativa que revela a intenção dos colegas de classe ao proferirem palavras em tom de brincadeira ao aluno Lúcio: A. ( ) Menoscabar. B. ( ) Atordoar. C. ( ) Valorizar. D. ( ) Execrar. 7ª QUESTÃO – “É, professora, meu fio não aguentou as gozações da mininada. Eu tentei fazê ele continuá, mas não teve jeito. Ele tava chateado demais. Bosta de vida! Eu devia di tê ficado na fazenda coa famia. Na cidade nóis não tem veis. Nóis fala tudo errado”. De acordo com o excerto, marque a alternativa CORRETA: A. ( ) Escolas com excesso de alunos por sala de aula e hospitais superlotados são obstáculos para inserção da população rural. B. ( ) A população rural é sempre caracterizada pela habitação espalhada, baixos níveis de miséria, escolaridade e capacidade de compra. C. ( ) Os migrantes rurais ficam expostos a todo tipo de violência e acabam perdendo até a identidade. D. ( ) Os resultados obtidos são modestos até o momento para promover a fixação do homem no campo. 8ª QUESTÃO – Assinale a alternativa CORRETA, cuja coesão referencial é estabelecida por meio do uso de pronomes em substituição a substantivos: A. ( ) O episódio ocorrera há dezessete anos e tinha caído em total esquecimento. B. ( ) No recreio as chacotas dos colegas: Oi, nóis mudemo! Até amanhã, nóis mudemo! C. ( ) No dia seguinte, a mesma coisa: risadinhas, cochichos, gozações. D. ( ) Na quarta-feira, dei pela falta do menino. Ele não apareceu no resto da semana, nem na segunda-feira seguinte. 9ª QUESTÃO – Escolha a alternativa CORRETA que corresponda ao sinônimo da expressão “ uma resposta lacônica”: A. ( ) Uma resposta prolixa. B. ( ) Uma resposta vaga. C. ( ) Uma resposta com lacunas. D. ( ) Uma resposta concisa. 10ª QUESTÃO – Nas opções abaixo, marque “V” se for verdadeira ou “F” se for falsa. ( ) Na função fática, a ênfase se dá ao canal de comunicação, exemplos dessa função de linguagem podem ser extraídos do cotidiano das pessoas, que se cumprimentam, desejam boa tarde, boa noite, etc. ( ) A função referencial tem por objetivo o ato de informar, exemplos dessa função de linguagem podem ser extraídos de textos jornalísticos. 15 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL( ) A função conotativa ou apelativa não tem por objetivo despertar a atenção do leitor, bem como persuadi-lo de alguma forma. Exemplos dessa função de linguagem podem ser extraídos de poemas. ( ) Na função metalinguística, explica-se um código com a utilização do próprio código. Essa função está presente nos dicionários e gramáticas, que se valem do próprio código linguístico para apresentar informações acerca desse código. Marque a alternativa que contém a sequência CORRETA de respostas: A. ( ) V, V, F, V. B. ( ) F, V, F, V. C. ( ) V, F, F, V. D. ( ) F, V, V, F. GABARITO - 1) A 2) D 3) B 4) B 5) C 6) A 7) C 8) D 9) D 10) A 16 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL TEXTO 1 SEGURANÇA O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua segurança. Havia as belas casas, os jardins, os playgrounds, as piscinas, mas havia acima de tudo, segurança. Toda a área era cercada por um muro alto. Havia um portão principal com muitos guardas que controlavam tudo por um circuito fechado de TV. Só entravam no condomínio os proprietários e visitantes devidamente identificados e crachados. Mas os assaltos começaram assim mesmo. Ladrões pulavam os muros e assaltavam as casas. Os condôminos decidiram colocar torres com guardas ao longo do muro alto. Nos quatro lados. As inspeções tornaram-se mais rigorosas no portão de entrada. Agora não só os visitantes eram obrigados a usar crachá. Os proprietários e seus familiares também. Não passava ninguém pelo portão sem se identificar para a guarda. Nem as babás. Nem os bebês. Mas os assaltos continuaram. Decidiram eletrificar os muros. Houve protestos, mas no fim todos concordaram. O mais importante era a segurança. Quem tocasse no fio de alta tensão em cima do muro morreria eletrocutado. Se não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas com ordem de atirar para matar. Mas os assaltos continuaram. Grades nas janelas de todas as casas. Era o jeito. Mesmo se os ladrões ultrapassassem os altos muros, e o fio de alta tensão, e as patrulhas, e os cachorros, e a segunda cerca, de arame farpado, erguida dentro do perímetro, não conseguiriam entrar nas casas. Todas as janelas foram engradadas. Mas os assaltos continuaram. Foi feito um apelo para que as pessoas saíssem de casa o mínimo possível. Dois assaltantes tinham entrado no condomínio no banco de trás do carro de um proprietário, com um revólver apontado para a sua nuca. Assaltaram a casa, depois saíram no carro roubado, com crachás roubados. Além do controle das entradas, passou a ser feito um rigoroso controle de saídas. Para sair, só com exame demorado do crachá e com autorização expressa da guarda, que não queria conversa nem aceitava suborno. Mas os assaltos continuaram. Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais coisas para serem roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segurança máxima. E foi tomada uma medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio. Ninguém. Visitas, só num local predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos. .E ninguém pode sair. Agora, a segurança é completa. Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa temer pelo seu patrimônio. Os ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar através do grande portão de ferro e talvez avistar um ou outro condômino agarrado às grades de sua casa, olhando melancolicamente para a rua. Mas surgiu outro problema. As tentativas de fuga. E há motins constantes de condôminos que tentam de qualquer maneira atingir a liberdade. A guarda tem sido obrigada a agir com energia. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 1ª QUESTÃO – Dentre as alternativas abaixo, assinale a que pode ser comprovada por informações explícitas no texto “Segurança”. 17 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL A. ( ) Um dos pontos altos de venda do condomínio era a beleza das casas, superada apenas pela perfeição dos playgrounds. B. ( ) Apesar de toda segurança, os assaltos continuavam e só minimizaram após a implantação de recursos tecnológicos eficazes. C. ( ) Havia jardins e piscinas, mas o ponto forte era, justamente, a segurança e os recursos utilizados para tornar o condomínio bem guardado. D. ( ) Além do muro alto e das torres com guardas, decidiram eletrificar os muros impedindo assim a entrada de assaltantes. 2ª QUESTÃO – Em relação à sequência dos fatos e ao processo de organização das ideias, no texto, é CORRETO afirmar: A. ( ) No sétimo parágrafo, as medidas de segurança evidenciam a apreensão dos moradores do condomínio com a falta de liberdade causada pelas janelas que foram engradadas. B. ( ) A sequência narrativa é acrescida, gradativamente, de informações relacionados à segurança de um local mencionado, no início do texto, como muito seguro. C. ( ) No décimo primeiro parágrafo, a preocupação com a segurança dos moradores chega ao extremo, e todos, incluindo os visitantes, são impedidos de entrar no condomínio. D. ( ) Ao final do texto, um novo problema é apresentado: a guarda é obrigada a agir com energia contra moradores e criminosos envolvidos em motins constantes. 3ª QUESTÃO – Pode-se deduzir da leitura do texto “Segurança” que: A. ( ) Inversamente ao esperado, a guarda responsável pela proteção dos condôminos foi controlada e vencida pelos incansáveis assaltantes. B. ( ) Extremamente eficaz, a equipe responsável pela segurança do condomínio pôs fim aos assaltos, assim que os moradores passaram a respeitar os limites e as regras impostas pela guarda. C. ( ) Paralelamente aos assaltos que eram constantes, o sistema de vigilância do condomínio foi aprimorado. A vida dos moradores tornou-se mais segura e tranquila. D. ( ) Ironicamente, houve uma inversão de valores, e os moradores tornaram-se reféns da guarda e dos excessivos recursos utilizados para manutenção da segurança no condomínio. TEXTO 2 O MEDO QUE DIVIDE OS DOIS BRASIS A primeira reação à estridência em torno do banditismo é o medo. Do medo à defesa pessoal o passo é pequeno. E da defesa vai-se aos exageros de segurança – aos condomínios fechados e guaritas, às cancelas, aos guarda-costas e carros blindados. E dos exageros ao delírio de ter medo de todos os desconhecidos. Claro está que o problema da criminalidade nas metrópoles existe, é grave. Que em algumas cidades a polícia se misturou com a bandidagem. Que o medo tem razão de ser. O que não se explica é como será o país que se pretende construir, no qual se quer viver, se uma parte expressiva da população se cerca e constrói muros cada vez mais altos para se defender de uma outra categoria de brasileiros que considera ameaçadora. Não existe país viável baseado na exclusão de uma categoria de cidadãos. [...] A segregação e a exclusão não podem ser as vigas mestras para fazer uma civilização democrática. 18 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL As metrópoles brasileiras não irão virar paraísos de tranquilidade do dia para a noite. O desafio, justamente, é melhorá-las para o conjunto de seus habitantes, não deixando que se criem guetos – sejam eles de miseráveis ou de triliardários. Os problemas das grandes cidades do Brasil não são simplesmente policiais ou urbanos. São problemas sociais. A concentração de renda, os desníveis nas condições de vida, os extremos de riqueza e pobreza abrem um fosso dividindo o país. Fazendo com que uma parte tenha medo da outra. O desafio, portanto, é de outra natureza: em vez de separar com muros, é preciso juntar os Brasis, fazê-lo justo e democrático. 4ª QUESTÃO – Identifique a ideia, ou as ideias, do texto “O medo que divide os dois Brasis” que tem/têm relação com o texto “Segurança”. I - “E da defesa vai-se aos exageros de segurança –aoscondomínios fechados e guaritas, às cancelas, aos guarda-costas e carros blindados. E dos exageros ao delírio de ter medo de todos os desconhecidos. ” II - “Claro está que o problema da criminalidade nas metrópoles existe, é grave. Que em algumas cidades a polícia se misturou com a bandidagem. Que o medo tem razão de ser.” III - “O que não se explica é como será o país que se pretende construir, no qual se quer viver, se uma parte expressiva da população se cerca e constrói muros cada vez mais altos para se defender de uma outra categoria de brasileiros que considera ameaçadora. ” IV - “As metrópoles brasileiras não irão virar paraísos de tranquilidade do dia para a noite. O desafio, justamente, é melhorá-las para o conjunto de seus habitantes, não deixando que se criem guetos...” São ideias do texto “O medo que divide os dois Brasis” relacionadas ao texto “Segurança”. A. ( ) Apenas I, II e III. B. ( ) Apenas I, II, IV. C. ( ) Apenas II e III. D. ( ) Apenas I, III e IV. 5ª QUESTÃO – O texto, “O medo que divide os dois Brasis”, é quanto ao gênero textual classificado como: A. ( ) Argumentativo. B. ( ) Expositivo. C. ( ) Injuntivo. D. ( ) Narrativo. TEXTO 1 E 2 -- GABARITO 1-C, 2-B, 3-D, 4-D, 5-A 19 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL TEXTO 3 Uma Galinha Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã. Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio. Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado. Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre. Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma. Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos: — Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! ela quer o nosso bem! Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão: — Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida! — Eu também! jurou a menina com ardor. A mãe, cansada, deu de ombros. 20 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto. Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado. Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos. Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 1ª QUESTÃO – De acordo com o texto é CORRETO afirmar que: A. ( ) A cozinheira é quem narra a história. B. ( ) A galinha é quem narra a história. C. ( ) A menina é a narradora da história. D. ( ) O narrador da história é onisciente. 2ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA que corresponda ao sentido dado à palavra apatia, na passagem do texto relacionada ao comportamento da galinha quando ela passou a viver com a família: A. ( ) Faculdade de compreender emocionalmente um objeto. B. ( ) Estado caracterizado por indiferença, ausência de sentimentos, falta de atividade e de interesse. C. ( ) Capacidade de projetar a personalidade de alguém num objeto. D. ( ) Processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro. 3ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA com relação ao que propiciou o desfecho da história da galinha: A. ( ) A coragem demonstrada pela galinha na tentativa de fuga. B. ( ) A capacidade de reprodução da galinha. C. ( ) O esquecimento da visão da galinha como um animal de estimação. D. ( ) A capacidade da galinha de sobressaltar. TEXTO 3 -- GABARITO 1-D, 2B, 3-C, 21 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL TEXTO 4 Tempo de Escolher “Um homem não é grande pelo que faz, mas pelo que renuncia.” (Albert Schweitzer) Muitos amigos leitores têm solicitado minha opinião acerca de qual rumo dar às suas carreiras. Alguns apreciam seu trabalho, mas não a empresa onde estão. Outros admiram a harmonia conquistada, mas não têm qualquer prazer no exercíciode suas atividades. Uns recebem propostas para mudar de emprego, financeiramente desfavoráveis, porém desafiadoras. Outros têm diante de si um vasto leque de opções, muitas coisas por fazer, mas não conseguem abraçar a tudo. Todas estas pessoas têm algo em comum: a necessidade premente de escolhas. Lembro-me de Clarice Lispector: “Entre o sim e o não, só existe um caminho: escolher”. Acredito que quase todas as pessoas passam ao longo de sua trajetória pelo “dilema da virada”. Um momento especial em que uma decisão específica e irrevogável tem que ser tomada apenas porque a vida não pode continuar como está. Algumas pessoas passam por isso aos 15 anos, outras, aos 50. Algumas talvez nunca tomem esta decisão, e outras o façam várias vezes no decorrer de sua existência. Fazer escolhas implica renunciar a alguns desejos para viabilizar outros. Você troca segurança por desafio, dinheiro por satisfação, o pouco certo ao muito duvidoso. Assim, uma companhia que lhe oferece estabilidade com apatia pode dar lugar a uma dotada de instabilidade com ousadia. Analogamente, a aventura de uma vida de solteiro pode ceder espaço ao conforto de um casamento. Prazer e Vocação Os anos ensinaram-me algumas lições. A primeira delas vem de Leonardo da Vinci que dizia: “A sabedoria da vida não está em fazer aquilo que se gosta, mas em gostar daquilo que se faz”. Sempre imaginei que fosse o contrário. Porém, refletindo, passei a compreender que quando estimamos aquilo que fazemos, podemos nos sentir completos, satisfeitos e plenos, ao passo que se apenas procurarmos fazer o que gostamos, sempre estaremos numa busca insaciável, porque o que gostamos hoje não será o mesmo que prezaremos amanhã. Todavia, é indiscutível a importância de alinhar o prazer às nossas aptidões. Encontrar o talento que reside dentro de cada um de nós ao que chamamos vocação. Oriunda do latim vocatione, e traduzida literalmente por “chamado”, simboliza uma espécie de predestinação imanente a cada pessoa, algo revestido de certa magia e divindade. Uma voz imaginária que soa latente, capaz de converter advogados em músicos, fazer engenheiros virarem suco. É um lugar no tempo e no espaço onde a felicidade tem sua morada. Escolhas são feitas com base em nossas preferências. E aí torno a recorrer à etimologia para descobrir que o verbo “preferir” vem do latim praeferere e significa “levar à frente”. Parece-me uma indicação clara de que nossas escolhas devem ser feitas com os olhos no futuro, no uso de nosso livre-arbítrio. O mundo corporativo nos reserva muitas armadilhas. Trocar de empresa ou mudar de atribuição, por exemplo, são convites permanentes. O problema de recusá-los é passar o resto da vida se perguntando: “O que teria acontecido se eu tivesse aceitado?”. Prefiro não carregar comigo o benefício da dúvida. Por isso, opto por assumir riscos calculados e seguir adiante. Somos livres para escolher, porém prisioneiros das consequências. Para aqueles insatisfeitos com seu ambiente de trabalho, uma alternativa à mudança de empresa é postular a melhoria do ambiente interno atual. Dialogar e apresentar propostas são um bom caminho. De nada adianta assumir uma postura 22 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL defensiva e crítica. Lembre-se de que as pessoas não estão contra você, mas a favor delas. Por fim, combata a mediocridade em todas as suas vertentes. A mediocridade de trabalhos desconectados com sua vocação, de empresas que não lhe valorizam, de relacionamentos falidos. Sob este aspecto, como diria Tolstoi, “Não se pode ser bom pela metade”. Meias-palavras, meias-verdades, mentiras inteiras, meio caminho para o fim. Os gregos não escreviam obituários. Quando um homem morria, faziam uma pergunta: “Ele viveu com paixão?”. QUAL SERIA A RESPOSTA PARA VOCÊ? INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 1ª QUESTÃO – Em relação às ideias apresentadas no fragmento “Prazer e Vocação”, marque a alternativa INCORRETA: A. ( ) É preciso gostar daquilo que fazemos e não fazer somente o que gostamos para não vivermos uma busca inextinguível. B. ( ) Devemos fazer nossas escolhas com base nas experiências anteriores, apenas, para não cairmos nas armadilhas do mundo corporativo. C. ( ) Profissionalmente, a mediocridade é um problema que pode ser contornado em todas as suas tendências. D. ( ) Impetrar melhorias do ambiente interno atual é uma alternativa àqueles que estão insatisfeitos com seu ambiente de trabalho. 2ª QUESTÃO – Nas assertivas abaixo, marque “V” para a(s) verdadeira(s) e “F” para a(s) falsa(s) e, ao final responda o que se pede. ( )No oitavo parágrafo do texto, os sentidos de “armadilhas” e de “benefício”, respectivamente, no contexto em que se inserem são certezas e risco. ( )Constituem critérios para as escolhas: preferências, renúncias, desafios e satisfação. ( )Semanticamente, o pensamento de Albert Schweitzer está ratificado em “Não se pode ser bom pela metade”. ( )Uma característica apresentada pela vida que é justificativa para a necessidade de se fazer escolhas é a instabilidade. Marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na ordem de cima para baixo: A. ( ) V - V - F - F. B. ( ) F - V - V - V. C. ( ) F - V - F - V. D. ( ) V - F - V - V. 3ª QUESTÃO – Com base no texto, o substantivo abstrato cujo sentido NÃO caracteriza a atitude do profissional num momento crucial de decisão é: A. ( ) Retroação. B. ( ) Ousadia. C. ( ) Flexibilidade. D. ( ) Vocação. 4ª QUESTÃO – O texto foi dividido em dois momentos. No primeiro, “Tempo de Escolher”, é CORRETO afirmar que: A. ( ) O autor sugere aos leitores que há necessidade de escolha sem culpa. 23 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL B. ( ) O autor explica que devemos realizar todos os nossos desejos, antes das escolhas. C. ( ) O autor estabelece critérios para levar adiante as nossas escolhas. D. ( ) O autor justifica o motivo de elaborar o texto em questão. 5ª QUESTÃO – De acordo com o texto, uma característica apresentada pela vida que é justificativa para a necessidade de se fazer escolhas é: A. ( ) A previsibilidade. B. ( ) A estabilidade. C. ( ) A imprevisibilidade. D. ( ) A impassibilidade. GRAMÁTICA 6ª QUESTÃO – Quanto ao tipo, o texto classifica-se predominantemente, como: A. ( ) Injuntivo. B. ( ) Argumentativo. C. ( ) Expositivo. D. ( ) Narrativo. TEXTO 4 GABARITO 1-B, 2-C, 3-A, 4-D, 5-C, 6-B TEXTO 5 PARA QUE A EXISTÊNCIA VALHA A PENA… Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade, embora pareça que ainda estamos vivos. Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido. Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo. Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: “Parar pra pensar, nem pensar! ” O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação. Sem ter programado, a gente para pra pensar. 24 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL Pode ser um susto: como espiar de um berçárioconfortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se. Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto. Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida. Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar. Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo. Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos. Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem. Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada. Parece fácil: “escrever a respeito das coisas é fácil”, já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado. Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança. Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas, mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade. Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 1ª QUESTÃO – Lia Luft, a autora do texto, apresenta suas ideias de modo simples e claro, assim, convida o leitor a: A.( ) Se conhecer melhor, e se preparar para posicionar de modo inteligente nas questões cotidianas da vida. B.( ) Questionar tudo o que ouvimos, porque ninguém pode ser “vaquinha de presépio”, é preciso repensar sempre. C.( ) Simplesmente não se importar com as opiniões alheias, pois elas não afetam de fato. 25 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL D.( ) Participar com ela de uma revolução, sair do “lugar comum”, pois não se pode aceitar imposição alguma, sem antes levar em conta as convicções pessoais, que por si só, já são plenas. 2ª QUESTÃO – Analise o trecho abaixo e marque a alternativa que o corrobora. “Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos. Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história.” A.( ) Se não conseguirmos expor aquilo que nos incomoda, não teremos nenhum ganho. B.( ) Nossos sentimentos ficam tão escondidos que não conseguiremos falar sobre eles com ninguém. C.( ) Em algumas situações perder acaba causando um mal menor. D.( ) As inevitáveis perdas são sempre mais dolorosas. 3ª QUESTÃO – O que sugere a autora para que a existência valha a pena? A.( ) Invenção. B.( ) Comedimento. C.( ) Transgressão. D.( ) Resignação. 4ª QUESTÃO – Observe a charge abaixo. Na conversa entre os colegas de escritório, a resposta da mulher: “Fora a angústia existencial, tudo ótimo! ”, faz um link com qual fragmento do texto? A. ( ) “Sem ter programado a gente para pra pensar.” B. ( ) “Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.” C. ( ) “Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.” D. ( ) “Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada”. 26 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL 5ª QUESTÃO – Analise o sentido contextual do termo sublinhado em: “Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.”, e marque a alternativa em que se enquadra: A.( ) Pertence à mesma classe de palavra de audacioso. B.( ) Tem como sinônimo intrepidez. C.( ) Apresenta como antônimo: robustez. D.( ) Pode ser substituído por eloquência sem prejudicar o sentido do período. 6ª QUESTÃO – Analise as assertivas abaixo e a seguir, marque a alternativa CORRETA. I.“A linguagem é a faculdade que o homem tem de se exprimir e comunicar.” II“A linguagem gráfica é aquela expressa por meio de gráficos, gravações e mapas.” III.“A linguagem mímica é aquela expressa por meio de gestos.” IV.“A linguagem glótica é aquela expressa por meio da fala”. A.( ) Apenas I, III e IV estão corretas. B.( ) Apenas I e II estão corretas. C.( ) Apenas III e IV estão corretas. D.( ) Apenas II e III estão corretas. 7ª QUESTÃO – Observe o fragmento sublinhado no período abaixo. De acordo com a significação das palavras, em relação à semântica, marque a alternativa CORRETA. “[...] para não morrermos soterrados na poeira da banalidade, embora pareça que ainda estamos vivos”. A. ( ) Antonímia. B. ( ) Denotação. C. ( ) Conotação. D. ( ) Paronímia. 8ª QUESTÃO – Observe o termo sublinhado no fragmento abaixo e marque a alternativa que apresenta a palavra que o substitui, sem alteração de sentido. “O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar”. A.( ) Brejeiro. B.( ) Prazenteiro. C.( ) Triste. D.( ) Matreiro. TEXTO 5 -----GABARITO 1-A, 2-C, 3-B, 4-D, 5-B, 6-A, 7-C, 8-D, 27 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL TEXTO 6 “Minha empregada é muito abusada” Rosana Pinheiro Machado Esta coluna começou no churrasco de domingo, quando, na fila do supermercado, uma mulher disse: "Minha empregada está muito abusada". Sua interlocutora respondeu: "Nem me fale, a minha também". Ao longo do almoço, eu e meus amigos tentávamos explicar o que significava a palavra “abusada” para um estrangeiro. Como fazê-lo entender que, independentemente da eficiência, a maioria das empregadas brasileiras seria, em algum momento, considerada “abusada”? A dificuldade era dimensionar a extensão do conceito. Começamos pela obviedade do significado da palavra “abuso”, que remete a algo de superlativo. Abusar é usar alguma coisa além do limite socialmente esperado. Por exemplo, quando a empregada é abusada por não subir no elevador de serviço, mas no social. Prossegui, explicando que se a empregada come muito, se toma muito refrigerante da geladeira ou come as bolachas de chocolate, ela é abusada. Se ela pede uma roupa emprestada, é abusada. Se ela senta à mesa com a família, é abusada.De todos esses exemplos, ele concluiu que abusada é aquela que quer mais do que lhe foi dado, que cobiça as coisas da patroa. A conversa ficou mais complexa porque tivemos de responder que “não”, que o oposto também era verdadeiro: uma empregada que quer “de menos” também é abusada. Seguimos explicando que, se a patroa oferece uma roupa velha, furada e fedida e empregada “tem a au-dá-cia” de não aceitar, ela é abusada. Ele concluiu, então, que uma boa empregada seria, então, aquela que assume “o seu lugar”: não pede muito, mas aceita de bom grado o que lhe é dado. Colocando o pé para fora dessa faixa muito estreita de atuação, ela é abusada. (...) A negação de presentes indignos por parte das empregadas traz à tona diversas camadas complexas de significados. A forma desajeitada como as patroas reagem escancara a profunda patologia social de uma classe média presa ao século XVII – provavelmente, em uma época em que ela se imagina numa casa-grande, cheia de porcelana inglesa e de escravos à volta, preferencialmente com uma negra para cozinhar. Ou melhor, ela se imagina em uma novela da Rede Globo do século XXI, onde a mulher negra ainda é explorada 24 horas por dia a serviço de suas patroas ricas. Essas patroas esperam empregadas sem agência, sem protagonismo, sem voz, sem vontade e sem opinião. (...). Elas esperam seres eternamente gratos por receberem restos. Nessa lógica em que, já diria Marcel Mauss, dar é poder, uma empregada que pede mais dinheiro para lavar a privada suja ou exige seus direitos garantidos na Constituição, só pode ser abusada. (...) Por tudo isso, eu penso que não aceitar qualquer presente é um marco muito importante na passagem de uma relação servil para a profissional (...). A negação revela a emergência de uma subjetividade repleta de vontades que se impõem na esfera do trabalho. É da negação que surge uma nova era no Brasil, pois ela quebra o círculo da dádiva e rompe com o poder do doador, estabelecendo uma condição de igualdade baseada na troca de serviços – e não de favores. As transformações recentes da sociedade brasileira indicam um leve rompimento (...) de uma relação tão pessoal quanto doentia entre patroas e empregadas. Indica o fim do ser humano como posse de outro ser humano. E isso, é claro, causa desespero, lamentação, recalque e conflitos Ainda tem muito a ser feito e conquistado. Muito mesmo. Espero que chegue o dia em que eu não precise explicar o sentido da palavra "abusada". Neste dia, perder- se-á também alguma flexibilidade do modelo de empregadas dentro de casa. Será 28 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL preciso se acostumar a ouvir “não, obrigada” e aprender a curtir genuinamente as fotos postadas daquela viagem. Neste dia, o serviço da limpeza será mais custoso, mas não há saída: esse é o preço de nosso desenvolvimento e de nossa liberdade enquanto nação. LÍNGUA PORTUGUESA - INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 1ª QUESTÃO - “A dificuldade era dimensionar a extensão do conceito. Começamos pela obviedade do significado da palavra „abuso‟, que remete a algo de superlativo”. De acordo com o trecho, marque a alternativa que corresponde à palavra superlativo. A. ( ) Grande. B. ( ) Extremo. C. ( ) Hiperbólico. D. ( ) Maior. 2ª QUESTÃO - “Espero que chegue o dia em que eu não precise explicar o sentido da palavra „abusada‟. Neste dia, perder-se-á também alguma flexibilidade do modelo de empregadas dentro de casa. Será preciso se acostumar a ouvir „não, obrigada‟ e aprender a curtir genuinamente as fotos postadas daquela viagem. Neste dia, o serviço da limpeza será mais custoso (...)”. De acordo com o trecho, podemos afirmar que: A. ( ) O serviço de limpeza será devidamente valorizado. B. ( ) A tendência é que o serviço de limpeza seja menos custoso. C. ( ) Haverá maior flexibilidade do modelo de atuação das empregadas. D. ( ) As empregadas não mais serão chamadas de abusadas. 3ª QUESTÃO - Após a leitura do texto, marque a alternativa CORRETA. A. ( ) A recusa dos presentes indignos pelas empregadas leva as patroas a refletir. B. ( ) As patroas esperam empregadas protagonistas. C. ( ) A empregada abusada cobiça as coisas da patroa. D. ( ) As patroas querem que as empregadas sejam gratas. 4ª QUESTÃO - “Esta coluna começou no churrasco de domingo, quando, na fila do supermercado, uma mulher disse: „Minha empregada está muito abusada‟. Sua interlocutora respondeu: “Nem me fale, a minha também‟. Ao longo do almoço, eu e meus amigos tentávamos explicar o que significava a palavra “abusada‟ para um estrangeiro”. Marque a alternativa que corresponde ao recurso linguístico utilizado pela autora no trecho em destaque. A. ( ) Discurso direto. B. ( ) Discurso indireto livre. C. ( ) Discurso direto composto. D. ( ) Discurso indireto. 5ª QUESTÃO - “A negação revela a emergência de uma subjetividade repleta de vontades que se impõem na esfera do trabalho”. De acordo com o trecho, é CORRETO afirmar que: A. ( ) A negação e a subjetividade devem sempre se impor às relações trabalhistas. B. ( ) A negação é prejudicial às relações trabalhistas. C. ( ) A subjetividade é prejudicial às relações trabalhistas. D. ( ) A subjetividade e a vontade são essenciais nas relações trabalhistas. 29 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL 6ª QUESTÃO - Leia o trecho a seguir e marque a alternativa CORRETA: “Nessa lógica em que, já diria Marcel Mauss, dar é poder (...)". A. ( ) O poder está na negação da empregada em receber doações. B. ( ) O poder está na dádiva da doação. C. ( ) A doação gera um distanciamento do poder. D. ( ) O poder está na gratidão em receber restos. TEXTO 6 GABARITO 1-B, 2-D, 3-D, 4-A, 5-C, 6-B TEXTO 7 Corda sensível Um fardão de coronel estava enfiado sobre o espaldar da cadeira de balanço, e a pequena Maria, apertando na mão uma fatia de pão com manteiga, olhava extasiada. A cor azul escura da casimira, sob a claridade noturna que enchia a sala, modelava macieza de veludo e fingia reflexos de roxo. Nas ombreiras do fardão poisavam as dragonas maciças, de grande gala, com o seu chuveiro de torçais de ouro; e na frente o papo se escancarava, deixando ver a tela de croché, com que se costuma proteger as mobílias. A um lado corriam-lhe os oito botões, cada um crescido como um olho-de-boi... Mas, quando a pequena deu com o empastamento de condecorações que encobria lado a lado o peito ao fardão, não pôde resistir ao chamariz, e pondo um joelho à beira do assento e com os bracinhos estirados agarrando-se aos braços da cadeira, subiu, apesar do balanço. As mangas da farda começaram então um movimento de pêndulo, roçando no tapete os canhões encastoados pelas pesadas divisas de coronel. O amor ao equilíbrio forçou a pequena Maria a ir com a mão ao tope da cadeira, e aí, olha lá manteiga pelas abas. Acode naquela cabecinha castanha uma ligeira idéia de remorso, e o que há de mais simples é deixar as coisas como estavam. A esse tempo brilhavam no escuro da rua, à altura do peitoril da janela, os olhos da filha do cabo de ordens, que espiava para dentro, pode ser que arrastada pelo cheiro da ceia, cujos tirlintintins se ouvia. Que ótimo desvio! E as duas começaram a conversar-se na janela, como pessoas sisudas; bem entendido, a pequena do cabo de ordens comendo o enfastiado pão com manteiga, a célebre fatia. No dia seguinte, quando a criada veio sacudir os móveis, caiu das nuvens, coitada! Cada rombo deste tamanho, afora uma porção de relidinhas, na casimira do fardão, de modo que a intertela e os recheios do peitilho estava tudo estripado e esbrugado. Conseqüência: um ódio entranhado aos ratos. Os cantos da casa povoaram-se de ratoeiras. Era um nunca acabar. Pois, senhores, roerem a mais linda, a mais garbosa, a mais rica, a mais nobre farda da província?! Ah! se o coronel pudesse estrepar toda a ratagem unânime dasnações na ponta de seu gládio! Em um amanhecer de abril, sofrivelmente belo, a criada, deixando para mais tarde a visita às ratoeiras, aconteceu que ajuntaram-se à pequena Maria o pequeno Manuel e o caçula, e foram despescar, por sua conta e risco, as da despensa. O cabeça do motim, que todos sabem ser a senhora dona Maria, como lhe chama a mãe quando se enfeza, não teve mais o que fazer, e, cercada pelos dois bargados consócios, assentou-se no chão, depondo a ratoeira sobre o pano do vestido que se fazia entre as duas perninhas abertas. 30 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL A ratoeira não era mais de que uma cúpula de arame cozida a uma rodelazinha de pinho. Dentro, porém, havia era um bicho cinzento e uma porção de bichinhos vermelhos, da cor dos dedinhos do caçula: fenômeno raro, que provocou uma gritaria hilariante, aliás inconveniente, porque atrás acudiram a criada, a mamãe e até o coronel, a ver o que fazia aquela troça de quenquéns. Maria estava metendo a mão para abocanhar a bicharada – em tempo de ser mordida! – e o Manuel procurava também se havia outro buraco onde ele pudesse meter a dele. – Virgem Maria! – vozeava a criada. – Isto é o diabo! – roncava o coronel. Recuaram todas as mãos, e a curiosidade das criancinhas foi achar nos olhos delas o desejado e inviolável refúgio. A mamãe, porém, encarando o caso, juntou as mãos enternecidamente, e, cobrindo o marido e os três filhinhos com um daqueles olhares que só em mulheres se depara, exclamou cheia de profundo sentimento materno: – Espera, que é uma ratinha que deu à luz na ratoeira! O duro militar ficou basbaque. Enquanto a rata puérpera, impunemente, pacatamente, com o salvo-conduto de sua boa estrela de mãe, Saia, como um anão no meio de enormes gigantes de conto de fada, e galgava novamente as prateleiras prenhes de queijo. A ninhada se amontoava no regaço da pequena Maria, - uma porção de bichinhos vermelhos, da cor das carnes tenras do caçula, cujo corpinho nu estava ali acocorado, a alma de criança aberta nuns olhos admirativos, exclamando com jubilosa admiração: – Uói! - apontando para os ratinhos com o dedinho vermelho. 1ª QUESTÃO – De acordo com o texto é CORRETO afirmar que: A. ( ) A pequena Maria é quem narra a história. B. ( ) A mãe das crianças é a narradora da história. C. ( ) A criada é quem narra a história. D. ( ) O narrador da história é onisciente. 2ª QUESTÃO – Acerca da identificação da personagem protagonista da história, marque a alternativa CORRETA A. ( ) A mãe da menina Maria é a protagonista da história. B. ( ) A criada é a protagonista da história. C. ( ) A menina Maria é a protagonista da história. D. ( ) O coronel é o protagonista da história. 3ª QUESTÃO – Nas assertivas abaixo, marque “V” se for verdadeira ou “F” se for falsa e, em seguida, marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na ordem de cima para baixo: ( ) A manteiga do pão que sujou as abas da cadeira utilizada para depositar farda atraiu os ratos. ( ) Estão presentes na história 02 crianças e 02 adultos. ( ) Estão presentes na história 03 crianças e 03 adultos. ( ) A expressão “salvo conduto” foi utilizada no texto para retratar a liberação da ratazana mãe dos filhotes do interior da ratoeira. A. ( ) F, V, F, F. B. ( ) V, V, F, V. C. ( ) V, F, F, V. D. ( ) F, F, V, F. 31 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL 4ª QUESTÃO – Sobre a consequência dos ratos terem danificado a farda do coronel é CORRETO afirmar que: A. ( ) Ocorreu um sentimento de ódio que foi confirmado pela quantidade de ratoeiras espalhadas pela casa. B. ( ) Ocorreu um sentimento de ódio que não corresponde à quantidade de ratoeiras espalhadas pela casa. C. ( ) Ocorreu um sentimento de emoção que foi confirmado pela quantidade de ratoeiras espalhadas pela casa. D. ( ) Ocorreu um sentimento de emoção que não corresponde à quantidade de ratoeiras espalhadas pela casa. 5ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA que corresponda ao momento da manifestação do sentimento de emoção por parte das personagens: A. ( ) O momento em que as personagens se tornaram sensíveis ao sentimento de emoção ocorreu quando a criada percebeu o nascimento dos ratinhos no interior da ratoeira. B. ( ) O momento em que as personagens se tornaram sensíveis ao sentimento de emoção ocorreu quando a mãe das crianças percebeu o nascimento dos ratinhos no interior da ratoeira. C. ( ) O momento em que as personagens se tornaram sensíveis ao sentimento de emoção ocorreu quando a mãe das crianças percebeu que a ratinha já não estava mais no interior da ratoeira. D. ( ) O momento em que as personagens se tornaram sensíveis ao sentimento de emoção ocorreu quando a criada percebeu que a ratinha já não estava mais no interior da ratoeira. 6ª QUESTÃO – Marque a alternativa CORRETA que corresponda à comparação entre os ratos recém-nascidos e a criança caçula da família: A. ( ) Os ratos não eram vermelhos e suas carnes eram diferentes das carnes duras do caçula. B. ( ) Os ratos possuíam a carne de cor azulada como a cor das carnes velhas do caçula. C. ( ) Os ratos eram vermelhos como a carne delicada do caçula. D. ( ) Os ratos não possuíam a carne de cor semelhante à vermelha, diferente da carne tenra do caçula. TEXTO 7 -- GABARITO 1-D, 2-C, 3-C, 4-A, 5-B, 6-C 32 CONTATO: ACIMADETUDOBRASIL@HOTMAIL.COM INSTAGRAM @ACIMADETUDOBRASIL TEXTO 8 A mulher do vizinho Fernando Sabino Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático general de nosso Exército morava (ou mora) também um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco. O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a comparecer à delegacia. O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante industrial, dono de grande fabrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado tinha a dizer-lhe o seguinte: — O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa chamada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negócio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro: dura lex! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o senhor. Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio: —Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido? O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento. — Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não e gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou? Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente: — Da ativa, minha senhora? E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado: — Da ativa, Motinha! Sai dessa... INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 1ª QUESTÃO – Conforme se vê no primeiro parágrafo
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