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Psicologia Social I - Processos Grupais (Aula 4)

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PSICOLOGIA SOCIAL I 
Aula 4 – Processos Grupais 
Introdução 
• Não podemos negar que somos seres sociais. Nascemos e crescemos dentro de um grupo que é a nossa família (seja ela natural ou não) e 
à medida que o tempo passa, entramos e saímos de diferentes grupos nos permitindo ser o que somos. Alguns desses grupos se mantêm 
ao longo de nossas vidas como família e amigos. Outros fazem parte de momentos específicos do nosso desenvolvimento como nossos 
amigos da adolescência e os colegas de faculdade. E, ainda, outros cobram força na nossa fase adulta, como, por exemplo, os 
companheiros de trabalho e os pais dos colegas de escola de nossos filhos. 
• Como já ressaltamos nas aulas anteriores, a verdade é que todos nós precisamos das outras pessoas e dos grupos para poder ser o que 
somos e para poder viver nossa vida como seres sociais. Portanto, os grupos desempenham um importante papel em nossa existência. De 
tal forma, se faz necessário que entendamos melhor a natureza, a formação, a evolução, a composição e a estrutura deles. 
• Na presente aula, explicaremos melhor a dinâmica interna dos grupos e os diversos processos grupais. Com todas estas informações 
poderemos entender mais por que as pessoas agem de determinadas maneiras, e como podemos auxiliá-las a encontrar condições mais 
favoráveis em contextos específicos para alcançar padrões de comportamentos que respondam às normas e aos valores predominantes. 
 
Primeiros Estudos 
• Na Segunda Guerra Mundial, surgiram os primeiros estudos dos grupos na Psicologia Social evidenciados em experimentos de laboratório, 
conduzidos por Sherif (1936), Lewin (1939) e Newcomb (1943). Seguidamente, Festinger (1950) e pesquisas sobre conflito, liderança, 
conformidade e outros processos grupais foram sendo desenvolvidas mostrando o interesse da época pela dinâmica de grupo como 
Zander (1968) chamou. Não entanto, todo este entusiasmo pela dinâmica de grupo foi minguando nas últimas décadas por diversos 
motivos. De fato, como Rodrigues, Assmar e Jablonski (2000) assinalam: 
• “(...) a Psicologia Social norte-americana passou a se especializar, progressivamente, no estudo de fenômenos intrapsíquicos, 
interpessoais e microgrupais, inicialmente com a teoria da dissonância cognitiva e, em seguida, com as teorias sobre a atribuição de 
causalidade e sobre processamento da informação social, constitutivas da cognição social, hoje seu paradigma dominante. (...) Nesse 
sentido, o estudo dos processos de influência social de minorias, de identidade social e relações intergrupais, bem como de conflito e 
cooperação entre grupos, continua sendo foco privilegiado de interesse da Psicologia Social europeia” (Rodrigues, Assmar e Jablonski, 
2000, p. 346-347). 
• Mas como podemos definir grupo social?É difícil encontrar um consenso em relação a este termo. Estudaremos, a seguir, como se dá sua 
definição. 
 
Definição de Grupo 
• Em primeiro lugar, é importante diferenciar o grupo social do grupo não social. 
• Grupo Não Social 
➢ Com o termo grupo não social estamos nos referindo a um conjunto de pessoas que se encontram em um mesmo lugar ao mesmo 
tempo sem necessariamente interagir ou se influenciar significativamente. Este é o caso de pessoas que se encontram em uma sala 
de cinema, em um domingo a tarde assistindo o mesmo filme. Eles são um exemplo de grupo não social. 
➢ É claro que o fato de simplesmente estar na presença de mais alguém já modifica o nosso comportamento. Isto já foi mencionado 
em aulas anteriores. Mas a maioria dos psicólogos quando se refere a grupo está falando de algo mais do que um bando de pessoas, 
que por qualquer motivo, ocupam um espaço em comum. 
➢ Para Cottrell (1968) a presença de outras pessoas pode levar à facilitação social ou à indolência social. Mais explicitamente, quando 
as pessoas estão na presença de outras ficam mais excitadas ou agitadas e este fato pode facilitar certos comportamentos como 
desempenhar tarefas mundanas e conhecidas, mas também pode atrapalhar outras funções como, por exemplo, aprender novas 
informações ou comportamentos. 
• Grupo Social 
➢ No caso de grupo social contamos com a definição de Cartwright e Zander (1968) que consideram esse grupo como duas ou mais 
pessoas que não só interagem entre si, mas que também são interdependentes em relação às suas necessidades e objetivos. Assim, 
um grupo seria várias pessoas que possuem uma relação estável e partilham objetivos em comum com a consciência de que fazem 
parte de um mesmo grupo (neste caso, podemos citar diversos exemplos como família, amigos, colegas de trabalhos, colegas de 
faculdade, entre outros). 
➢ Quando estamos em grupo somos mais do que observadores passivos uns dos outros. Quando estamos em grupo nos socializamos, 
nos misturamos, nos tornamos íntimos. Em outras palavras, interagimos e nos influenciamos. Este é o caso de grupos sociais. Para 
sermos mais claros nesta diferenciação contamos com o conceito de grupo de McGrath (1984) que se fundamenta na noção de 
conjuntos vazios da matemática. Para este autor, a definição de grupo pode ser entendida em termos de grau. Mais explicitamente, 
um conjunto de pessoas pode ser melhor identificado como grupo em função de quatro condições: 
o Na medida que o número de membros seja mais reduzido; 
o Na medida que estes poucos membros mantenham interações mais estreitas; 
o Na medida que estas interações se mantenham por mais tempo e; 
o Na medida que conservem perspectivas futuras compartilhadas. 
• A partir desta definição, temos a possibilidade de caracterizar diversos tipos de grupos. Assim, podemos reunir os grupos em vários 
sistemas de classificação considerando várias dimensões e critérios, como veremos a seguir. 
 
Tipos de Grupos e Definições Básicas 
• Categoria Social: é um conjunto de pessoas que se distingue de outras por ter em comum um atributo reconhecível a partir da 
perspectiva de um observador externo. Este é o caso de grupos formados pela categoria gênero, ou idade, ou profissão etc. São 
chamados de grupos sociológicos. 
• Grupo Psicológico: os próprios membros do grupo se identificam como fazendo parte dele por pertencer à mesma categoria social. A 
diferença com os grupos sociológicos é que eles não precisam da perspectiva de um observador externo. 
• Grupo Mínimo: são pessoas que passam a ser classificadas de forma casual dentro de um mesmo grupo e que começam a atuar em 
função dessa identificação, chegando a interagir uns com os outros. Na medida em que estas pessoas adquirem consciência de objetivos 
em comum elas passam a formar grupos sociais. 
• Grupos Compactos: são grupos sociais onde seus membros passam a cooperar entre si visando o alcance de objetivos interdependentes. 
• Organização Social: são grupos sociais que se organizam definindo uma estrutura de poder reconhecível com papéis e normas que 
regulam as interações entre seus membros e formando um sistema social hierarquizado que pode competir com outros grupos. 
• Grupos Naturais: podem ser permanentes ou temporários, formais ou informais, mas se diferenciam pelo fato de existirem 
independentemente das considerações de estudiosos e especialistas. 
• Grupos Artificiais: estes grupos são organizados e identificados pelo pesquisador com o fim de avaliar os efeitos da manipulação de 
variáveis sobre seus membros, na observação sistemática de uma pesquisa ou experimento. 
 
Interações Sociais e Processos Grupais 
• Certos fenômenos estudados na Psicologia Social costumam ser identificados como efeitos da mera presença de outras pessoas e, 
portanto, só podem ser observados nas interações dos indivíduos de um determinado grupo onde há uma interação social 
mínima. Alguns destes fenômenos são: 
➢ Facilitação social 
➢ Vadiagem social 
➢ Liderança 
➢ Conflito e cooperação 
➢ Coesão grupal e normas 
• Estudaremos, a seguir, detalhadamente, cada fenômeno. 
 
Facilitação Social 
• Várias pesquisas na Psicologia Social procuraram entender como a mera presença de outros podeafetar o comportamento dos 
indivíduos. Ao se falar de mera presença nos referimos às pessoas que não estão diretamente competindo ou sendo recompensadas, ou 
punidas, mas simplesmente se encontram presentes como uma espécie de audiência ou coatores. 
• Em 1898, Triplett observou que ciclistas eram mais rápidos quando corriam juntos do que quando corriam sozinhos contra o relógio. De 
forma similar, este pesquisador observou que crianças solicitadas para enrolar o mais depressa possível a linha em um molinete, eram 
muito mais rápidas quando trabalhavam na presença de coatores do que quando realizavam a mesma tarefa sozinhas. Estes casos 
envolvem o fenômeno chamado de facilitação social. A presença de outros melhora o nosso desempenho em tarefas simples, as quais 
executamos de maneira mais rápida e efetiva do que quando estamos sozinhos. 
• Por volta de 1940 as pesquisas sobre facilitação social ficaram estagnadas pela observação de resultados, aparentemente contraditórios, 
evidenciando que a presença dos outros ora facilita o desempenho ora atrapalha. 
• Somente em 1965 foi esclarecida esta contradição quando Zajonc observou que “(...) a ativação acentua qualquer tendência à reação que 
seja dominante. O aumento da ativação acentua o desempenho em tarefas fáceis para as quais a reação mais provável – “dominante” – é 
a correta. (...) Em tarefas complexas, para as quais a resposta correta não é dominante, o aumento da ativação promove a reação 
incorreta” (apud Myers, 2000, p. 156). Desta forma, o conceito de facilitação social pode ser definido de duas formas. 
• Em primeiro lugar, facilitação social é quando o grupo social atua como elemento facilitador e as pessoas tendem a ter um melhor 
desempenho em tarefas simples ou familiares frente à presença dos outros. Em segundo lugar, a facilitação social pode ser entendida na 
verdade como um fator fortalecedor das reações dominantes ou prevalentes em decorrência da presença dos outros. Esta última seria a 
definição mais utilizada atualmente. 
 
Vadiagem Social 
• Conceito que representa outro fenômeno comumente observado em grupos sociais. Refere-se à tendência de membros de um grupo 
gastar menos esforços na realização de tarefas em grupo em comparação dos esforços mostrados quando realizam as mesmas tarefas 
sozinhos. Podemos observar isto na escola, no trabalho ou até mesmo em casa. Na verdade, o grupo oferece a oportunidade de juntar 
esforços de forma cooperativa para alcançar objetivos comuns, já que ao final, é difícil que nossos esforços individuais sejam apreciados 
separadamente do grupo. Aos olhos de observadores externos, os esforços individuais não se diferenciam dos esforços de todos e ficam 
diluídos nos empenhos do grupo em geral. Isto fica mais evidente especialmente quando os benefícios que cada indivíduo receberá serão 
divididos por igual entre todos os membros de grupo. Nesses casos, muitas pessoas passam a economizar seus esforcos e tentam, 
inclusive, se beneficiar da situação. E claro, que estamos falando de tendências e que existem particularidades na forma como cada 
indivíduo age nestas situações. 
• Realização das Tarefas 
➢ O fenômeno da vadiagem social pode ser visto como contrário à facilitação social, em que o esforço do sujeito quando avaliado na 
presença dos outros sofre uma excitação emocional. No caso da vadiagem a excitação provocada pela avaliação dos outros é trocada 
por certo relaxamento. Mas será que o desempenho melhora ou piora? Novamente, a resposta a esta questão depende do nível de 
complexidade das tarefas realizada. 
➢ No caso de tarefas simples, como foi estudado por Ringelmann (1913), o esforço coletivo da equipe é apenas a metade da soma dos 
esforços individuais. Podemos pensar que os membros da equipe se sentem menos motivados quando desempenham tarefas 
aditivas onde a realização do grupo depende da soma dos esforços individuais. 
➢ O sujeito sente que o seu esforço não se diferencia dos outros. Este fenômeno de preguiça social pode ser visto como se os sujeitos 
pegassem carona no esforço do grupo. Por outro lado, quando a tarefa realizada implica um nível maior de complexidade, como os 
participantes do grupo não se sentem diretamente avaliados, podem inclusive melhorar o seu desempenho. Em outras palavras, os 
fenômenos de vadiagem social e facilitação social se diferenciam em relação à força psicológica da apreensão frente à avaliação. 
Como no fenômeno de vadiagem o medo da avaliação diminui pelo fato da pessoa se sentir diluída no grupo, ela pode até melhorar 
o desempenho em tarefas mais complexas que, em outras condições, poderia se sentir mais nervosa. 
• Formas de Diminuição 
➢ Existem várias formas de diminuir a vadiagem social, tais como: 
➢ Aumentando a identificação e a avaliação de cada contribuição 
➢ Aumentando o envolvimento e a responsabilidade de cada um 
➢ Aumentando o nível de motivação e o atrativo das tarefas realizadas 
Liderança 
• Uma das teorias para explicar liderança é a teoria do indivíduo superior. Segundo este princípio, existem certos traços de personalidade 
decisivos e que nos permitem identificar quem é líder de quem não é, qualquer que seja a natureza da situação a ser enfrentada. No 
entanto, um dos mais importantes conceitos da Psicologia Social é que para compreender o comportamento social não basta levar 
somente em conta os traços de personalidade, pois temos sempre que considerar também a situação. Desta forma, várias teorias de 
liderança centram-se nas características do líder, de seus seguidores e da situação. Uma delas é a teoria da contingência da liderança de 
Fiedler (1967 e 1978). Ele afirma que a efetividade de todo líder depende do quão orientado ele é para a tarefa ou para o relacionamento 
e como ele controla sua influência sobre o grupo. Para este autor existem dois tipos de líderes: 
➢ O líder orientado para sua tarefa: que se preocupa mais em conseguir com o trabalho a ser feito do que com os sentimentos das 
pessoas envolvidas e 
➢ O líder orientado para o relacionamento: que se preocupa mais com os sentimentos e a forma como as pessoas envolvidas se 
relacionam. 
• Mas na verdade, um dos problemas desta teoria é que nenhum dos dois tipos de líder é invariavelmente mais efetivo que o outro, já que 
tudo depende da natureza da situação. 
 
Conflito Cooperação 
• Conflito e cooperação são fenômenos que também formam parte dos grupos sociais. 
• O conflito ocorre frequentemente quando há tensão entre dois ou mais indivíduos como é no caso do dilema social, onde a ação que 
seria mais benéfica para um indivíduo, se escolhida pela maioria, produziria efeitos prejudiciais para o grupo como um todo. 
• Um dos dilemas sociais mais comuns é o dilema do prisioneiro. Este é um clássico porque coloca o desejo de uma pessoa em cuidar de 
seus próprios interesses contra o seu desejo de também cuidar dos interesses de seu parceiro. Para chegar a uma solução desejável a 
ambas as partes, as pessoas devem confiar umas nas outras. Uma boa estratégia para lidar como este conflito dentro do grupo é 
permitindo ao indivíduo responder de maneira cooperativa ou competitiva a partir da resposta da outra pessoa. Esta estratégia é 
conhecida como "pagar na mesma moeda" e o sujeito tem a oportunidade de reagir da maneira como agiu o adversário na jogada 
anterior e assim poder comunicar a sua disposição de cooperar e ou a recusa de ser explorado. 
• Outro tipo de dilema social é o dilema do bem público. Neste caso, os indivíduos têm de contribuir para um fundo comum a fim de 
manter o bem público. Um exemplo deste dilema são os bancos de sangue. Para que eles possam continuar funcionando, todos devem 
contribuir com ele. 
• A melhor maneira de poder solucionar estes dilemas é através de negociação, procurando uma solução integrativa, na qual cada parte 
concede o máximo em assuntos que são sem importância para ela, mas muito importantes para a(s) outra(s) parte(s). 
 
Coesão Grupal e Normas 
• Coesão Grupal 
➢ Coesão grupalpode ser definida como a quantidade de pressão exercida sobre os membros de um grupo a fim de que nele 
permaneçam. Na verdade, os grupos tendem a produzir pressões para a conformidade entre os membros. 
➢ Podemos entender que as pressões em geral se dirigem mais especificamente para os dissidentes com o objetivo de persuadi-los. 
Caso não tenha sucesso a tendência do grupo será marginalizar os membros não conformistas. 
• Normas 
➢ No caso das normas, elas fazem parte de todo grupo social. Sem elas o grupo não sobreviveria. Desta forma, as normas são 
aprendidas e constituem um dos mecanismos mais importantes de controle social. Assim, os membros de um grupo usam as 
mesmas para julgar e avaliar as percepções, sentimentos e ações de seus seguidores. Na verdade, o estabelecimento de normas 
grupais representa um excelente substituto para o uso de poder. Este último, muitas das vezes, provoca tensão e desgaste aos 
membros do grupo. Em outras palavras, em vez do líder precisar usar constantemente sua capacidade de influenciar seus 
orientados, a presença de normas facilita seu trabalho e dispensa o exercício constante de demonstração de poder.

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