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Psicologia Social I - A Formação do Ser Social (Aula 3)

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PSICOLOGIA SOCIAL I 
Aula 3 – A Formação do Ser Social 
Refletindo 
• Quando nos apresentamos, de que forma nos caracterizamos? Como finalizamos a frase: "eu sou..."? Às vezes, fazemos isto sem pensar e, 
na verdade, através da informação que compartilhamos sobre nós mesmos existem diferentes significados relacionados com a forma 
como nos autopercebemos. Em outras palavras, no conteúdo da frase "eu sou isto ou aquilo", podemos visualizar em parte o 
autoconceito. 
 
O Autoconceito 
• O autoconceito representa as crenças específicas pelas quais definimos quem somos. Representa nossos autoesquemas, ou seja, os 
modelos mentais que utilizamos para representar o que somos para nós mesmos. Estes autoesquemas afetam de forma significativa a 
maneira como processamos as informações sociais. Assim, a forma como percebemos, lembramos e julgamos os outros e a nós mesmos, 
depende desses autoesquemas. Por exemplo, se me considero muito capaz intelectualmente, terei uma grande tendência a avaliar aos 
outros em termos de capacidade intelectual. Terei uma forte inclinação em lembrar eventos relativos à atividade intelectual e me 
apresentarei como mais disponível a informações coerentes e relativas a este autoesquema. 
• De acordo com o que vimos anteriormente, os autoesquemas constituem o autoconceito e facilitam a recuperação e a classificação das 
informações que chegam até nós. Assim, as nossas experiências são, em parte, determinadas pelo autoconceito. Um exemplo claro deste 
fenômeno está representado pelo efeito de autorreferência onde o nosso Eu acaba influenciando a nossa memória. A maioria das nossas 
memórias se formam em torno do interesse primário que somos nós mesmos. Vejamos, a seguir, alguns exemplos disto. 
➢ Quantas vezes nós lembramos melhor das partes de uma história que estão diretamente associadas a nós, ou aquelas relacionadas 
com os elementos com os quais nos identificamos? 
➢ Quantas vezes ao recordarmos de uma conversa, lembramos melhor das partes que dizem sobre nós mesmos? 
➢ Na verdade, temos a tendência de lembrar melhor dos detalhes e das questões relacionadas com a gente. 
 
O “EU” 
• O sentido do Eu se encontra no centro de nossos mundos. Assim, podemos nos ver como atores principais das nossas vidas e tendemos a 
nos ver como o palco central, como os protagonistas, e superestimamos o grau em que o comportamento dos outros está relacionado 
com nós mesmos. Este fenômeno passa a ser mais evidente em crianças as quais reconhecemos como egocêntricas. Mas, o egocentrismo 
é uma característica presente em maior ou menor extensão, em todos nós. Na verdade, os autoconceitos incluem não somente os 
autoesquemas em relação a nossa identidade atual. 
• No autoconceito podemos incluir também os “eus possíveis”, ou seja, o que gostaríamos ou desejamos ser no futuro. Além do mais, os 
autoconceitos englobam diversas características em diversos contextos, e assim, o conjunto como um todo determina como nos sentimos 
com nós mesmos. 
Desenvolvimento do Eu social 
• A socialização é um processo de preparação das pessoas para o desempenho de papéis sociais, e para isto elas devem desenvolver 
habilidades psicológicas e físicas de maneira a serem capazes de preencher expectativas comportamentais do grupo ao qual pertencem. 
 
Origem do Autoconceito 
• Diversos estudos apontam para vários fatores, entre eles os genéticos e os sociais. Na compreensão deste processo, Myers (2000) destaca 
diversas experiências, tais como, os papéis que desempenhamos as comparações sociais, as experiências de sucesso e o fracasso, os 
julgamentos das outras pessoas e as relações do indivíduo com a sua cultura, como veremos a seguir. 
Papeis Sociais 
• No caso dos papéis que desempenhamos dentro de nosso grupo social, podemos entender como progressivamente aprendemos e 
desenvolvemos aspectos de nós mesmos. Isto pode ser observado especialmente ao assumirmos um novo rol. No começo, podemos nos 
sentir um pouco constrangidos, mas progressivamente incorporamos esse papel no nosso Eu. 
• Os papéis sociais são sistemas de prescrições comportamentais objetivos com conteúdo socialmente definido. 
• O aprendizado destes papéis sociais confirma o processo de socialização que acontece de maneira contínua, ao longo da existência de 
cada indivíduo no seu grupo social. 
• Em toda sociedade, estes papéis são diferenciados segundo sexo, idade, gênero, parentesco, diversas atividades de subsistência e 
convivência, e nas relações de poder. Além do mais, os indivíduos experimentam vários ritos de passagem quando transitam de um papel 
social para outro. Este processo de socialização acontece através da intervenção de pais, companheiros e adultos de uma forma 
geral. Estes agentes de socialização influenciam as crianças e os adolescentes durante o desenvolvimento de papéis sociais básicos. 
 
Comparações Sociais 
• Sobre as comparações sociais, Myers (2000) ressalta como elas moldam a nossa identidade. Na verdade, o autoconceito não se compõe 
unicamente pela identidade pessoal, mas também pela nossa identidade social. E assim, a identidade social de quem somos implica, de 
alguma forma, uma definição de quem não somos. Ainda quando nos sentimos parte de um grupo, temos consciência de nossa 
particularidade. Assim, sempre estamos nos comparando com as outras pessoas ao nosso redor e isto, por sua vez, nos permite entender 
melhor como diferimos deles. Como Myers observa: “num lago pequeno, um peixe sente-se maior” 
 
Experiências 
• Em relação às experiências de sucesso e de fracasso podemos entender que as mesmas alimentam o autoconceito. Estas experiências 
cotidianas permitem que os indivíduos se autoavaliem. Assim, ao assumir tarefas desafiadoras e ter sucesso possibilita nos sentir mais 
competentes. Este é o princípio de que o sucesso alimenta a autoestima. Em contraparte, problemas e fracassos parecem causar baixa 
autoestima. E, segundo diversas pesquisas, esta baixa autoestima pode causar problemas. Podemos pensar então que os sentimentos 
seguem, até certo ponto, a realidade. Como Myers destaca: “A autoestima vem não apenas de dizer às crianças como elas são 
maravilhosas, mas também das realizações conquistadas com esforço” (Myers, 2000, p. 24). 
 
Autocontrole Percebido 
• O autoconceito influencia o comportamento. Desta forma, o autocontrole percebido é muito importante na forma como enfrentamos as 
coisas. 
• O autocontrole percebido difere da noção de autocontrole em si. De fato, o autocontrole exercido com esforço pode esgotar as reservas 
de resistência que um indivíduo tem frente a uma determinada situação. Quando tentamos nos autocontrolar para resistir a uma 
determinada tentação ou a uma determinada condição, os esforços realizados são muitas das vezes ineficazes e acabamos nos dando por 
vencidos. 
• O autocontrole percebido é mais do que o esforço realizado para lutar contra, ele representa a nossa percepção do quão forte podemos 
ser. Este conceito está relacionado com a teoria da autoeficácia de Bandura (1997). Para este autor, uma convicção positiva das nossas 
possibilidades é altamente benéfica, pois permite que o indivíduo seja mais persistente e mais centrado nos seus objetivos. O grau de 
autoeficácia é a medida de quão competente nos sentimos para fazer alguma coisa. Mas os sentimentos de competência e de eficácia 
dependem da maneira como explicamos os nossos reveses. 
• As pessoas bem sucedidas têm maior probabilidade de encarar os reveses com otimismo se sentindo capazes de reverter a situação. 
• De acordo com o que você viu anteriormente, podemos dividir as pessoas em dois grandes grupos: 
➢ Aqueles que apresentam um desamparo adquirido - No primeiro grupo temos as pessoas deprimidas que se tornam passivas porque 
acreditam que seus esforços não têm qualquer efeito. Nestas pessoas predomina um sentimento de perda de controle sobre o que 
fazem e como consequência os eventos desagradáveis se tornam profundamente estressantes. 
➢ Aqueles que se apresentamcom determinação - No segundo grupo temos pessoas que assumem o comando da própria vida para 
procurar realizar todo o seu potencial. Estes sentimentos estão demonstrados que aumentam a saúde e a sobrevivência. Pessoas 
deste grupo são bem menos ansiosas e menos deprimidas, se adaptam com maior facilidade e superam expectativas no 
desempenho das tarefas que realizam. 
 
Tendenciosidade Personalista 
• A tendenciosidade personalista é o viés que adotamos quando justificamos nossos atos ou quando nos comparamos aos outros. Com 
muita frequência aceitamos créditos quando nos informam de nossos sucessos, mas somos altamente resistentes a aceitar os nossos 
fracassos. 
• Quando fracassamos colocamos a culpa fora de nós. Em relação a comparações é interessante observar que a maioria das pessoas se 
considera melhor do que a média. Também apoiamos a autoimagem atribuindo importância às coisas em que somos bons. Mais ainda, 
temos uma particular tendência em aumentar a autoimagem distorcendo a extensão em que os outros pensam sobre nós. É por isto que 
em questões de opinião encontramos apoio para nossos pensamentos superestimando o grau em que os outros concordam conosco. 
• Myers (2000, p. 35) reúne algumas das explicações para estas diversas tendenciosidades personalistas: “(...) o indicador de autoestima 
nos alerta para a ameaça de rejeição social, motivando-nos a agir com maior sensibilidade 
• Estudos confirmam que a rejeição social baixa nossa autoestima, o que reforça nossa ansiedade por aprovação. Rejeitados ou 
desprezados, sentimo-nos sem atrativos ou inadequados. Essa dor pode motivar esforços para melhorar e uma busca por aceitação em 
outro lugar”. Desta forma, podemos entender que a tendenciosidade personalista pode ser vista como um importante fator adaptativo 
das pessoas, permitindo que as mesmas se protejam da depressão e da rejeição social. Mas, por outro lado, a tendenciosidade 
personalista pode ser vista também como um fator desadaptativo. Nesse caso, pessoas que culpam os outros pelos seus fracassos ou 
dificuldades sociais são, com frequência, mais infelizes daquelas que conseguem reconhecer seus erros. Além do mais, os reveses 
personalistas também inflam os julgamentos que as pessoas fazem de seus grupos, achando que seu grupo é melhor que os dos outros. 
 
Administração da Imagem 
• Existe assim uma preocupação importante por parte de cada um de nós em relação à autoimagem. Em diversos graus, estamos sempre 
administrando as impressões que criamos nos outros. Não podemos esquecer que, afinal de contas, somos animais sociais e precisamos 
do outro para nos reafirmar. 
• A autorrepresentação relaciona-se com a nossa necessidade de representar tanto para uma audiência externa, confirmada pelas outras 
pessoas, como para uma audiência interna, confirmada por nós mesmos, tudo isto com a finalidade de escorar a autoestima e de 
confirmar a autoimagem. 
• A nossa consciência sobre o outro faz com que muitas vezes ajustemos nosso comportamento procurando um acerto social. Isto pode ser 
visto como uma espécie de automonitoração. Este processo se apresenta em diversos graus em cada um, podendo estar presente em 
grande extensão em alguns indivíduos que se comportam como camaleões ou em menor extensão em pessoas que se importam menos 
com o que os outros pensam. O equilíbrio entre estes dois extremos não é fácil. Causar boa impressão como uma pessoa modesta, mas 
competente, exige uma grande habilidade social. Neste fenômeno a cultura tem um papel importante. Desta forma, a tendência para 
apresentar modéstia e otimismo contido é especialmente grande em sociedades que valorizam o comedimento como algumas 
populações orientais. 
 
Desenvolvimento da moralidade 
• As pesquisas do desenvolvimento da moralidade interessam a diferentes áreas, tais como, à Pedagogia, à Filosofia e às Ciências Sociais 
em geral. Este ponto encontra-se relacionado com estudos psicossociológicos referentes a comportamentos pró-sociais e de equidade. 
• Para falar do desenvolvimento da moralidade não podemos deixar de citar Kohlberg (1976), que assim como Piaget (1896-1980), estudou 
a formação de estruturas psíquicas que dependem da interação do sujeito com elementos socioambientais. Para estes autores, há uma 
grande importância nas interações sociais que o indivíduo mantém com o que está a sua volta, na busca de um equilíbrio entre o 
organismo e o meio ambiente. 
• O sistema de desenvolvimento da moralidade proposto por Kohlberg compreende três níveis, cada um com dois estágios seguindo uma 
sequência progressiva, onde a passagem de um para o próximo depende da boa resolução das demandas do estágio prévio. Tais estágios 
são: 
➢ Punição e obediência 
➢ Realismo instrumental 
➢ Orientação segundo expectativas dos outros 
➢ Lei r ordem 
➢ Contrato social e direto 
➢ Ética universal 
• Desta forma, o sujeito vai evoluindo seus princípios morais partindo de uma ética concreta e dependente das figuras parentais até uma 
ética mais individual e complexa. 
• A partir de testes fundamentados na teoria de Kohlberg observa-se que os dois últimos estágios são muito difíceis de alcançar e que 
existem diferenças culturais na média atingida por um determinado grupo. 
 
Desenvolvimento da Necessidade de Realização 
• A socialização também está relacionada com o surgimento de motivos sociais como, por exemplo, a necessidade de realização. 
• A necessidade de realização é uma motivação que também se desenvolve ao longo do processo de socialização e que pode ser qualificada 
como proativa. Em vez de existir um déficit a ser corrigido na necessidade de realização, destaca-se um fator de motivação e dinamização 
que orienta o comportamento em direção a alvos ou metas, situados em planos distantes, em relação aos já alcançados pela 
pessoa. Assim, a necessidade de realização se relaciona com padrões de busca de excelência no desempenho individual em diversos 
setores, como, por exemplo, no aspecto profissional, acadêmico, artístico, financeiro, entre outros. A partir das pesquisas realizadas 
observa-se que as principais fontes da necessidade de realização são encontradas no ambiente familiar. É importante a criança vivenciar 
uma atmosfera que valorize elevados padrões de qualidade na execução de tarefas para promover, inclusive, a independência nas 
diversas situações da vida. Esta necessidade de realização tem consequências socioculturais importantes. Pessoas com alta necessidade 
de realização têm uma maior tendência a ser orientar ao trabalho de forma competitiva, sendo autoconfiantes e seguras. Isto pode 
derivar em efeitos macrossociais de grande relevância para a sociedade. Assim, a necessidade de realização tem consequências tanto no 
plano individual como no plano macrossocial. Ao lado de fatores socioculturais e históricos, a necessidade de realização pode ser 
considerada uma importante variável psicológica a influir no desenvolvimento socioeconômico de um grupo cultural.

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