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Thamirys Cavalcanti Ginecologia e Obstetrícia | P6 Distúrbios hipertensivos da gestação dEFINIÇÃO Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG) é um termo que se refere à hipertensão que se desenvolve durante a segunda metade da gravidez. Termo amplo que engloba condições distintas como: pré–eclampsia e eclampsia. Relevância clínica São a maior causa de morte materna no Brasil (cerca de 35% dos casos), principalmente em mulheres da raça negra. DHEG e pré-eclâmpsia são termos que devem ser utilizados para se referir à hipertensão que se desenvolve durante a segunda metade da gestação, associada à proteinúria. Classificação A hipertensão na gravidez é dividida em cinco classes: 1) Pré-eclâmpsia 2) Eclâmpsia 3) Hipertensão crônica de qualquer etiologia 4) Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia sobreposta (ou superajuntada) 5) Hipertensão gestacional ou transitória De forma geral, a gravidez pode induzir hipertensão arterial em uma mulher previamente normotensa ou agravar uma hipertensão preexistente. Classificação dos distúrbios hipertensivos da gravidez 1) Hipertensão induzida pela gravidez · Hipertensão gestacional (transitória) · Pré-eclâmpsia · Eclâmpsia 2) Hipertensão agravada pela gravidez · Pré-eclâmpsia sobreposta · Eclâmpsia sobreposta 3) Doença Vascular Hipertensiva Crônica (DVHC) Conceitos fundamentais pré-eclâmpsia O termo se refere ao aparecimento da hipertensão e proteinúria após 20 semanas de gestação em gestante previamente normotensa. É uma desordem multissistêmica, idiopática, específica da gravidez humana e do puerpério. Trata-se de um distúrbio placentário, uma vez que já foi descrita em situações em que há apenas tecido trofoblástico, mas não fetal (gravidez molar completa). Hipertensão e proteinúria Quadro clássico da pré-eclâmpsia. Essas manifestações aparecem na segunda metade da gestação (a partir de 20 semanas), sendo mais frequentes no terceiro trimestre. · Define-se: · Hipertensão durante a gravidez como pressão arterial sistólica maior ou igual a 140, ou pressão diastólica maior ou igual a 90 mmHg. · Proteinúria: A presença de 300 mg ou mais de proteína em urina de 24h; Obs.: O American College of Obstetricians and Gynecologists, em 2013, publicou diagnóstico de pré-eclâmpsia que inclui pacientes como novo quadro hipertensivo, mas sem proteinúria. Desde que seja encontrado os seguintes achados: - Trombocitopenia - Alteração da função hepática - Piora da função renal - Edema agudo de pulmão - Sintomas visuais ou cerebrais Eclâmpsia É a ocorrência de crises convulsivas, seguidas ou não de coma, em uma paciente com pré-eclâmpsia, descartando-se outras causas. fatores de risco Para a pré-eclâmpsia: · Primiparidade · Gravidez múltipla · Doença vascular hipertensiva crônica · Diabetes Mellitus · Doença renal crônica · Doença do colágeno · Trombofilias · Obesidade · Gestação molar · Hidropsia fetal · Extremos da vida reprodutiva (>35 anos ou adolescente) · Pré-eclâmpsia em gestação anterior · História familiar de DHEG · Raça negra · Longo intervalo interpartal · Síndrome antifosfolipídeo · Troca de parceiro e nova gravidez Fisiopatologia A etiologia da pré-eclâmpsia ainda é desconhecida e motivo de investigação. Entretanto, existem várias teorias, existem 4 mais aceitas: 1) Teoria da placenta anormal Implantação anormal da placenta no leito uterino devido à ausência da segunda onda de invasão trofoblástica, que ocorre no segundo trimestre (em torno da 16ª -20ª semana). 2) Teoria da má adaptação Má adaptação imune 3) Danos pelo estresse oxidativo. 4) Suscetibilidade genética. repercussões sistêmicas formas clínicas Pré-eclâmpsia · Diagnóstico: Tem como base o aparecimento da hipertensão e proteinúria. E o edema ou o aumento súbito de peso não são mais critérios diagnósticos. Por definição a pré-eclâmpsia surge após 20 semanas de gravidez. · Hipertensão: - Sinal clínico mais frequente: Pressão arterial maior ou igual a 140x90mmHg. · Proteinúria: Maior ou igual a 300mg/24h · Edema generalizado Não é essencial para o diagnóstico. Classificação Pré-eclâmpsia leve Um aumento súbito e exagerado do peso costuma ser o primeiro sinal do desenvolvimento da pré-eclâmpsia. O ganho ponderal que excede 1kg em uma semana ou 3kg em um mês deve ser considerado anormal e sinal de alerta para o desenvolvimento da toxemia. O aumento de peso é causado pela retenção hídrica e precede o desenvolvimento do edema. Geralmente é Hipertensão Arterial é o próximo sinal identificado, e a proteinúria vem depois. pré-eclâmpsia grave A presença de qualquer um dos seguintes sinais indica a gravidade do processo toxêmico. · PA – Maior ou igual a 160x110mHg Deve ter 2 medidas espaçadas por pelo menos 4h e aferida com a paciente em repouso. · Proteinúria - >2g/24h ou 3+ · Oligúria - <25ml/h ou <400ml/24h · Elevação da creatinina- >1,3mg/dL · Complicações respiratórias: edema agudo de pulmão e cianose. · Síndrome HELLP: Hemólise, Enzimas hepáticas elevadas, Trombocitopenia. · Repercussões fetais: Crescimento intrauterino restrito. · Complicações neurológicas: Acidente vascular cerebral · Iminência de eclampsia: Distúrbios cerebrais, distúrbios visuais, dor epigástrica (Dor em barra de Chaussier), Reflexo tendinosos profundos exaltados. É importante ressaltar que a pré-eclâmpsia grave pode instalar mesmo na ausência de níveis tensionais muito elevados. Síndrome hellp Hemolisys, Elevated Liver enzimes e Low Platelets Hemólise, aumento de transaminases e trombocitopenia. As pacientes que não possuem todos os critérios são diagnosticadas como portadoras de síndrome HELLP parcial. Eclâmpsia Caracteriza-se pela presença de convulsões tonicoclônicas em uma paciente com pré-eclâmpsia. Em geral são de curta duração (60 a 75 segundos). Pode ocorrer durante a gravidez, durante o trabalho de parto ou no puerpérip. A causa exata ainda é incerta, sendo implicado o vasoespasmo acompanhado de isquemia e infarto local e edema. Após a convulsão sobrevém um estado comatoso, seguido de alterações respiratórias, taquicardia, hipertermia e acidose lática. Classificação: · Não complicada: quadro convulsivo não acompanhado de outras intercorrências · Complicada: associada a coagulopatia, insuficiência respiratória e cardíaca, icterícia, temperatura corporal maior ou igual a 38°C · Descompensada: choque, coma, hemorragia cerebral ou necessidade de assistência ventilatória. Tratamento Pré-eclâmpsia leve A conduta deve ser conservadora até que o feto atinja o termo (37 semanas). O acompanhamento materno fetal deve ser rigoroso com avaliação periódica clinicolaboratorial da gestação e da vitalidade fetal. · Orientações gerais: Programar o retorno com 7 dias, com recomendação para aferição diária da pressão em casa ou no posto de saúde. · Medicamentos: O tratamento anti-hipertensivo não altera o curso da doença ou reduz a morbimortalidade perinatal. Qualquer terapia anti-hipertensiva nesse estágio traz mais riscos do que benefícios. · Avaliação do bem estar materno - Avaliação do bem estar fetal Pré-eclâmpsia grave O aparecimento de sinais que indiquem uma pré-eclâmpsia grave ou o aparecimento de convulsões, caracterizando a eclampsia, indicam a interrupção da gestação como medida para se evitar uma hemorragia cerebral materal, ou sério dano a outros órgãos vitais. - Sulfato de magnésio é utilizado para prevenir ou controlar as convulsões. Não tem ação anti-hipertensiva. Eclâmspia É sempre mais bem tratada com a antecipação do parto em qualquer idade gestacional, em benefício materno. Síndrome hellp O fator fundamental da terapia é a interrupção da gravidez. As mesmas recomendações apresentadas no tratamento das formas graves devem ser instituídas (Terapia anti-hipertensiva e sulfato de magnésio). Prevenção da pré-eclâmpsia · Aspirina: Vários estudos sugerem a efetividade da administração de baixas doses de aspirina em diminuir a incidência dos distúrbios hipertensivos na gestação em pacientes de alto risco. · Antioxidantes · Cálcio prognóstico O prognóstico maternofetal é diretamente relacionado à idade gestacional e à gravidadedo quadro. É melhor em pacientes que desenvolvem pré-eclâmpsia leve a partir de 36 semanas e pior nas que desenvolvem o quadro antes de 33 semanas e se apresentem com doenças preexistentes. Na pré-eclâmpsia leve e grave a mortalidade é rara, a não ser que se desenvolva a síndrome HELLP. Possíveis complicações: DPP, CIVD, insuficiência renal aguda, lesão hepatocelular, rotura hepática... Diagnóstico diferencial Os principais diagnósticos diferenciais da síndrome HELLP: · Fígado gorduroso da gravidez · Púrpura trombocitopênica trombótica · Síndrome hemolítico-urêmica · PTI · Outros Referência: Med curso 2019
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