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Aula 2 Demonstrações financeiras x Marcello Sartore de Oliveira x 2 Aula 2 • Demonstrações financeiras Aula 2 • Aula 2 • Meta Apresentar as regras previstas na Lei 6.404/76 pertinentes às demons- trações financeiras, inclusive a relação das demonstrações contábeis obrigatórias. Objetivos Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: 1. reconhecer as regras gerais sobre as demonstrações contábeis; 2. identificar quais são as demonstrações financeiras obrigatórias; 3. analisar as regras trazidas pelo CPC 26 quanto à relação das demonstrações obrigatórias. 3 Contabilidade Avançada I Introdução Nesta aula conheceremos as regras previstas na Lei das Sociedades Anônimas aplicáveis a todas as demonstrações financeiras, também conhecidas como demonstrações contábeis. Veremos, também, o po- sicionamento atual da doutrina acerca das demonstrações contábeis obrigatórias para as empresas de capital aberto e fechado. Trata-se, por- tanto, de um assunto bem relevante para o aluno do curso de Ciências Contábeis. Considerações gerais acerca das demonstrações financeiras Exercício social Exercício social é o espaço de tempo, obrigatoriamente de um ano, em cujo término as pessoas jurídicas elaboram suas demonstrações financeiras. Inicialmente, cabe destacar que a Lei 6.404/76 faz menção a “de- monstrações financeiras”. Entretanto, elas também são conhecidas como “demonstrações contábeis”, uma vez que os contadores preferem usar essa terminologia. O artigo 175 da Lei 6.404/76 afirma que o exercício social terá dura- ção de 1 (um) ano e a data do término será fixada no estatuto. Percebe-se aqui que a legislação se refere ao período de término e não ao de início. Conforme Oliveira (2012), isso costuma ser bastante solicitado em provas de concurso público, principalmente em questões do tipo certo ou errado. Quanto ao prazo de um ano do exercício social, não há obrigatorie- dade de coincidir com o ano civil, que é contado de 1º de janeiro até 31 de dezembro. Desse modo, uma empresa pode começar o seu exercício social no dia 1º de julho e terminar em 30 de junho do ano seguinte. A única obrigação, portanto, é que seja de um ano. Entretanto, a maioria das empresas costuma adotar exercício social que tenha início em 1 de janeiro e término em 31 de dezembro. O estatuto, conforme Ferrari (2013, p. 9), é o documento principal de uma Sociedade Anônima eindicará, entre outras coisas, o número e o tipo de ações do capital social, a forma de distribuição dos lucros, o objeto da sociedade, as vantagens ou preferências atribuídas a cada classe de ações preferenciais etc. 4 Aula 2 • Demonstrações financeiras Aula 2 • Aula 2 • Cuidado para não confundir exercício social, que está atrelado à Contabilidade Geral, com exercício financeiro, que pertence à Contabi- lidade Pública. Neste último, que também possui a duração de um ano, o prazo necessariamente coincide com o ano civil. Ainda de acordo com Oliveira (2012), se o estatuto (no caso das S/A) ou o contrato social (sociedade limitadas – LTDA) for omisso, deve-se considerar o ano civil calendário como sendo o exercício social. Para relembrar a diferença entre uma S/A e uma LTDA, acesse http://www.contabeis.com.br/artigos/2062/as-principais-dife- rencas-entre-ltda-e-sa/?. A Lei das Sociedades Anônimas prevê, ainda, duas situações em que o exercício social terá duração diferente de um ano: *quando da constituição da companhia; *nos casos em que ocorram alterações no estatuto da companhia. Como exemplo, podemos apontar o caso de uma empresa que é cria- da em 1º de agosto de 2011, tendo indicado em seu estatuto que o térmi- no de seu exercício social será 31 de dezembro. Nesse caso, o primeiro exercício social terá o prazo de cinco ou 17 meses, enquanto que os demais terão o prazo de um ano. Quanto ao segundo caso, vamos supor que essa mesma empresa te- nha resolvido alterar o seu estatuto em 1º de março de 2014, passando o seu exercício social a ter término em 30 de junho. Nesse caso, o seu primeiro exercício social, após a alteração do estatuto, terá a duração de quatro ou 16 meses, e, os seguintes, de um ano. Outro exemplo, referente à alteração de estatuto, é o caso de extinção de uma empresa. Vamos imaginar uma companhia que possua seu exer- cício social terminando em 31 de dezembro e que resolva extinguir suas atividades no dia 31 de agosto. O seu último exercício social, portanto, não terá o prazo de um ano. 5 Contabilidade Avançada I Comparabilidade De acordo com o § 1º do art. 176 do mesmo diploma legal, as de- monstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior. Por- tanto, todas as demonstrações contábeis, e não apenas o Balanço Patri- monial, devem ser publicadas com indicações dos valores correspon- dentes do exercício imediatamente anterior. Tabela 2.1: Balanço patrimonial elaborado em 31/12/2014 Ativo Circulante 2014 2013 Caixa 10.500 8.200 BCM 12.500 18.500 Clientes 25.000 37.000 Para Iudicibus, Martins e Gelbecke (2003), o grande objetivo em apresentar demonstrações comparativas é que a análise de uma empresa é feita sempre com vista ao futuro. Por isso, é fundamental verificar a evolução passada, e não apenas a situação de um momento. Contas Semelhantes Já o § 2º do mesmo artigo diz que, nas demonstrações contábeis, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a natureza e que eles não ultrapassem um décimo do valor do respectivo grupo de contas. Contudo, é vedada a utilização de designações genéricas, como “diversas contas” ou “contas- -correntes”. Dessa forma, contas, como caixa, bancos conta movimento, que pos- suem a mesma natureza, podem ser agrupadas em “disponibilidades”, desde que o somatório de seus saldos não ultrapasse 10% do saldo do ativo circulante. Podemos também apontar, a título de exemplo, as contas emprésti- mos bancários e financiamentos bancários, que, por possuírem a mesma natureza, podem ser agrupadas na conta “Empréstimos e Financiamen- tos”, desde que seus saldos não ultrapassem 10% do passivo circulante. 6 Aula 2 • Demonstrações financeiras Aula 2 • Aula 2 • Em ambos os casos, deverá constar em nota explicativa a composi- ção de cada conta. A entidade, ao elaborar suas demonstrações financeiras, pode, ainda, eliminar os três últimos dígitos dos valores e os centavos, incluindo, no cabeçalho de cada demonstração, a expressão “em R$ milhares”. A Lei das S/A veda, ainda, a utilização de designações genéricas, como “diversas contas” ou “contas-correntes”. Para Oliveira (2012), essa vedação ocorre porque “os valores apresentados nas demonstrações contábeis devem ser transparentes, de tal forma que evitem o disfarce e/ ou a ocultação de valores relevantes, necessários aos sócios, proprietá- rios ou acionistas, assim como ao fisco”. Notas explicativas Com base no § 4º do art. 176 da Lei das S/A, as demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessárias para o esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. Assim sendo, podemos observar que as notas explicativas comple- mentam as demonstrações financeiras, não sendo, portanto, demons- tração contábil, mas apenas partes integrantes delas. Como descrito por Ferreira (2013, p. 697), as notas explicati- vas registram as informações complementares necessárias à in- terpretação das demonstrações contábeis, além de indicar os atos administrativos relevantes. Conforme previsto no § 5º do artigo 176, as notas explicativas devem: I – apresentar informações sobre a base de preparação das de- monstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos (incluído pela Lei nº 11.941, de 2009); II – divulgar as informaçõesexigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras (incluído pela Lei nº 11.941, de 2009); III – fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada (incluído pela Lei nº 11.941, de 2009); 7 Contabilidade Avançada I IV – indicar (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009): a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimo- niais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para en- cargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo (incluído pela Lei nº 11.941, de 2009); b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (art. 247, parágrafo único) (incluído pela Lei nº 11.941, de 2009); c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações (art. 182, § 3º ) (incluído pela Lei nº 11.941, de 2009); d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garan- tias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes (incluído pela Lei nº 11.941, de 2009); e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obri- gações a longo prazo (incluído pela Lei nº 11.941, de 2009); f) o número, espécies e classes das ações do capital social (onclu- ído pela Lei nº 11.941, de 2009); g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exer- cício (incluído pela Lei nº 11.941, de 2009); h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1º) (incluído pela Lei nº 11.941, de 2009); i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia (incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Atividade 1 Atende ao Objetivo 1 1. (TJ-SE-2009-FCC-Contabilidade) No processo de elaboração das demonstrações contábeis, as contas de natureza semelhante que apresentam pequenos saldos: a) devem ser evidenciadas em observância ao princípio da confiabili- dade no balanço patrimonial pelos saldos individuais verificados por ocasião da preparação dessa demonstração. 8 Aula 2 • Demonstrações financeiras Aula 2 • Aula 2 • b) só poderão ser agrupadas se os pequenos saldos, quando agregados, não ultrapassarem 20% do valor total do respectivo grupo de contas e evidenciadas sob a nomenclatura de Diversas Contas, desde que a com- posição do saldo seja apresentada também em notas explicativas. c) devem ser baixadas em contrapartida de conta de resultado desde que a soma de seus saldos não ultrapasse 10% do valor do grupo e devem ser evidenciadas em demonstrações complementares. d) não devem ser agrupadas sob títulos genéricos e nem evidenciadas no Balanço Patrimonial, em razão do custo benefício serão ajustadas contra conta de resultado de período. e) podem ser agrupadas e os saldos imateriais podem ser agregados des- de que não ultrapassem 10% do valor do respectivo grupo de contas, sendo vedada a utilização de designações genéricas, como diversas con- tas ou contas correntes. 2. (Analista Administrativo-Contabilidade-Previc-2010-Cespe) O exercício social das empresas regidas pela Lei das Sociedades Anôni- mas deve ter a duração de um ano, ainda que seu intervalo não coincida com o ano civil, ressalvados os casos em que a entidade esteja em seu primeiro ano de operação ou tenha acabado de sofrer alteração estatu- tária. ( ) Certo ( ) Errado 3. (CESPE - 2013 - CPRM - Analista em Geociências – Contabilidade) Com base na Lei das Sociedades Anônimas e em suas alterações e nos pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, julgue os itens que se seguem, a respeito das demonstrações contábeis. As notas explicativas devem informar os critérios utilizados para a ela- boração das demonstrações contábeis, detalhar itens relevantes cons- tantes dessas demonstrações e elucidar outras informações necessárias nelas apresentadas. ( ) Certo ( ) Errado 4. (Cespe – Petrobrás – Contador) A legislação societária obriga a divulgação, em valores reais e sobre a mesma base monetária, de demonstrações de exercícios comparados, visando, com isso, viabilizar a análise da evolução patrimonial de um exercício para o outro. ( ) Certo ( ) Errado 9 Contabilidade Avançada I Resposta Comentada 1. Alternativa “e”, conforme § 2º do art. 176, Lei 6404/76. 2. Certo, pois o artigo 175 da Lei 6.404/76 afirma que o exercício social terá duração de 1 (um) ano e a data do término será fixada no estatuto, apontando, ainda, em seu parágrafo único, as duas exceções possíveis. 3. Está certa a questão, conforme § 5º do artigo 176, da Lei das S/A. 4. De acordo com o § 1º do art. 176, da Lei 6404/76, a questão está correta. Demonstrações contábeis obrigatórias Antes de entrarmos no estudo referente ao rol de demonstrações contábeis consideradas obrigatórias, cabe apontar o objetivo desses re- latórios contábeis. Para Oliveira (2012), as demonstrações contábeis têm por objetivo proporcionar informações acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que sejam úteis a um grande número de usuários em suas avaliações e tomadas de decisões econômicas. Outro objetivo das demonstrações contábeis, conforme Ferreira (2013), é apresentar os resultados da atuação da administração (conse- lho de administração, diretoria), em face de seus deveres e responsabili- dades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados. Dentre as demonstrações contábeis obrigatórias, de acordo com a resolução nº 1.418/12, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que aprovou a ITG 1000, “Microempresa e Empresa de Pequeno Porte” são obrigadas a elaborarem: • - o balanço patrimonial; • - a demonstração do resultado e • - as notas explicativas ao final de cada exercício social. Cabe destacar que “Microempresa e Empresa de Pequeno Porte” tratam da sociedade empresária; da sociedade simples; da empresa individual de responsabilidade limitada ou do empresário a que se refere o Art. 966 da Lei n.º 10.406/02 (Código Civil), que tenha auferi- do, no ano calendário anterior, receita bruta anual até os limites previstos nos 10 Aula 2 • Demonstrações financeiras Aula 2 • Aula 2 • incisos I e II do Art. 3º da Lei Complementar n.º 123/06. Tabela 2.2: Tipos de empresas pela receita bruta Tipos de empresas Receita bruta, no ano-calendário anterior Microempreendedor individual (empresário individual) até R$ 81.000,00 Microempresas de R$ 81.000,00 até R$ 360.000,00 Empresas de pequeno porte superior a R$ 360.000,00 até R$ 4.800.000,00 Apesar de não serem obrigatórias, o Conselho Federal de Con- tabilidade incentiva que as Microempresas e Empresas de Peque- no Porte elaborem a Demonstração dos Fluxos de Caixa, a Demons- tração do Resultado Abrangente e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. No caso das sociedades por ações, as demonstrações contábeis obri- gatórias estão previstas na Lei 6.404/76. Conforme previsto no art. 176 da Lei das S/A (Lei 6.404/76), ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escritu- ração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da compa- nhia e as mutações ocorridas no exercício: I - balanço patrimonial (BP); II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados (DLPA); III - demonstração do resultado do exercício (DRE); IV - de- monstração dos fluxos de caixa (DFC); V - se companhia aberta, demonstração do valor adicionado (DVA). As demonstrações financeiras devem ser complementadas por notas explicativas, quadros analíticos e outras demonstrações contábeis ne- cessárias para uma plena avaliação da situação e da evolução patrimo- nial de uma empresa. De acordo com Ferreira (2013),considerando, também, as normas previstas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), são demonstra- ções contábeis obrigatórias para as: 11 Contabilidade Avançada I a) Companhias de Capital Aberto (devem elaborar e publicar): I - balanço patrimonial (BP); II - demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL); III - demonstração do resultado do exercício (DRE); IV - demonstração dos fluxos de caixa (DFC); e V - se companhia aberta, demonstração do valor adicionado (DVA). b) Companhias de Capital Fechado (devem elaborar): I - balanço patrimonial (BP); II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados (DLPA); III - demonstração do resultado do exercício (DRE); IV - demons- tração dos fluxos de caixa (DFC), se o Patrimônio Líquido for maior ou igual a 2 milhões de reais; Companhia de capital aberto (ou companhia aberta) é aquela que, através de registro apropriado junto à CVM, está autorizada a ter valores mobiliários de sua emissão negociados publicamente no mercado. Já a companhia de capital fechado diferencia-se da outra espécie de sociedade anônima poissuas ações não podem ser negociadas no mercado. Obs.1: A DFC tornou-se obrigatória, no lugar da Demonstração de Ori- gens e Aplicações de Recursos (DOAR), com as alterações da Lei das S.A. pela Lei no 11.638/07. Obs.2: A DVA também se tornou obrigatória para as companhias aber- tas, com as alterações da Lei das S.A. pela Lei no 11.638/07. Obs.3: Conforme Ferreira (2013), no caso das companhias abertas, a CVM, em conformidade com o CPC 26 (R1), também exige a Demons- tração do Resultado Abrangente (DRA). 12 Aula 2 • Demonstrações financeiras Aula 2 • Aula 2 • Vale ainda destacar que as demonstração dos fluxos de caixa e de- monstração do valor adicionado são obrigatórias para as empresas clas- sificadas como de grande porte. A Lei 11.638/2007, em seu parágrafo único do artigo 3º, tornou obrigatória a adoção das normas da Lei das S.A relativas à escri- turação e elaboração de demonstrações financeiras, para as socie- dades de grande porte, ainda que estas não sejam constituídas sob a forma de sociedades por ações. É definida como sociedade de grande porte aquela que, no exer- cício anterior, apresente Ativo Total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) e/ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais). Para Ferrari (2013), a Lei 11638/07 entendeu que as empresas con- sideradas de grande porte, em função de sua importância no cenário econômico e social, devem se igualar às sociedades anônimas no que se refere ao nível de divulgação de informações ao público em geral. Continua Ferrari (2013) afirmando que as sociedades de grande porte, mesmo que não sejam sociedades anônimas, como as sociedades limita- das de grande porte, estão sujeitas às disposições da Lei das S/A no que se refere à escrituração, elaboração das demonstrações contábeis e obrigato- riedade de auditoria independente por auditor registrado na CVM. 13 Contabilidade Avançada I Atividade 2 Atende ao Objetivo 2 1. (Contador Jr – BR Distribuidora / 2010) A Lei das Sociedades Anônimas (Lei no 6.404/1976) define, em seu ar- tigo 176, que a Diretoria da empresa fará elaborar, com base na escritu- ração mercantil da companhia, um conjunto de demonstrações finan- ceiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício. A Lei no 11.638/2007 introduziu alterações no texto da Lei no 6.404/76, principalmente adap- tando os padrões contábeis brasileiros aos padrões internacionais dis- postos pelos IFRS - International Financial Reporting Standards. Uma das alterações importantes foi no conjunto de Demonstrações Financei- ras, que passa a ser adotado com a seguinte composição: a) balanço patrimonial; demonstração dos lucros ou prejuízos acumu- lados (mutações do patrimônio líquido); demonstração do resultado do exercício; demonstração dos fluxos de caixa; demonstração das origens e aplicações de recursos e notas explicativas. b) balanço patrimonial; demonstração dos lucros ou prejuízos acumu- lados (mutações do patrimônio líquido); demonstração do resultado do exercício; demonstração dos fluxos de caixa; demonstração do valor adi- cionado, exclusivamente para companhias abertas e notas explicativas. c) balanço patrimonial; demonstração dos lucros ou prejuízos acumu- lados (mutações do patrimônio líquido); demonstração do resultado do exercício; demonstração dos fluxos de caixa; demonstração do valor adicionado, exclusivamente para companhias abertas; demonstração das origens e aplicações de recursos e notas explicativas. d) balanço patrimonial; demonstração do resultado do exercício; de- monstração dos fluxos de caixa; demonstração do valor adicionado, exclusivamente para companhias abertas; demonstração das origens e aplicações de recursos e notas explicativas. e) balanço patrimonial; demonstração do resultado do exercício; de- monstração dos fluxos de caixa; demonstração das origens e aplicações de recursos e notas explicativas. 2. (Tribunal de Contas – Técnico de Controle Externo – FCC – 2011) A partir de 1º de janeiro de 2008, tornou-se obrigatória, para as compa- 14 Aula 2 • Demonstrações financeiras Aula 2 • Aula 2 • nhias abertas, a elaboração da Demonstração: a) do valor adicionado b) das variações patrimoniais c) de origens e aplicações de recursos d) do resultado do exercício e) de lucros e prejuízos acumuladosResposta Comentada 1. Tendo em vista que o DOAR, desde a Lei 11.638/07, deixou de ser obrigatório, já podemos desconsiderar as alternativas “a”, “c”, “d” e “e”, restando, apenas, a alternativa “b”. 2. Conforme informado nesta aula, a DVA também se tornou obrigató- ria para as companhias abertas, com as alterações da Lei das S.A. pela Lei no 11.638/07. Resposta: alternativa “a”. Demonstrações obrigatórias pelo CPC 26 O Pronunciamento CPC 26, em seu item 10, determina uma lista- gem diferente de demonstrações contábeis obrigatórias. Pelo CPC 26, o conjunto completo de demonstrações contábeis inclui: (a) balanço patrimonial ao final do período; (b) demonstração do resultado do período; (c) demonstração do resultado abrangente do período; (d) demonstração das mutações do patrimônio líquido do período; (e) demonstração dos fluxos de caixa do período; (f) demonstração do valor adicionado do período, conforme Pro- nunciamento Técnico CPC 09, se exigido legalmente ou por algum ór- gão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente; (g) notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas con- tábeis significativas e outras informações elucidativas. Percebe-se a obrigatoriedade da DMPL ao invés da DLPA, bem como o surgimento de uma nova demonstração contábil obrigatória – demonstração do resultado abrangente (DRA) – e as notas explicativas como demonstração contábil. 15 Contabilidade Avançada I Em que pese o CPC 26, a doutrina atual entende que as notas explicativas não são demonstrações contábeis, mas apenas aces- sórios, partes integrantes destas. Tabela 2.3: Demonstrações obrigatórias – quadro comparativo Lei S/A Lei S/A + CVM CPC 26 BP DRE DMPL DFC DVA Cia. Fechada Cia. Aberta BP DRE DRA DMPL DFC DVA BP DRE DLPA DFC, se PL R$2 milhões BP DRE DRA DMPL DFC DVA Por fim, vale destacar que todas as demonstrações financeiras serão assinadas pelos administradores e por contabilistas legalmente habilita- dos. A administração é responsável pela elaboração das demonstrações contábeis, enquanto os contabilistas (contadores ou técnicos) que as as- sinam têm responsabilidade técnica. Atividade 3 Atende ao Objetivo 3 1. (Analista de Transporte-Analista Contábil-Ceturb/ES-2010-Cespe) As demonstrações financeiras de uma companhia devem ser assinadas pelos administradores e por contabilistas legalmente habilitados. ( ) Certo ( ) Errado 2. Em que pese as regras previstas na Lei 6404/76 referenteàs demons- trações contábeis obrigatórias, o CPC 26 apresenta uma relação diferen- te, alterando e acrescentando algumas outras demonstrações. Para você, o que deve prevalecer: a relação constante na Lei 6.404/76 ou a prevista no pronunciamento contábil? Por quê? 16 Aula 2 • Demonstrações financeiras Aula 2 • Aula 2 • Resposta Comentada 1. Correto, tanto os contabilistas como os administradores assinam as demonstrações contábeis. 2. Conforme entendimento da doutrina, pelos motivos constantes na primeira aula, prevalece o entendimento do CPC. Conclusão Nesta aula, estudamos as regras gerais aplicadas a todas as demons- trações contábeis, bem como quais demonstrações são consideradas obrigatórias pelas novas regras contábeis. Novamente, vimos a necessi- dade de o profissional contábil estudar e se atualizar de forma constante, já que as leis e os pronunciamentos contábeis estão sempre em transfor- mação e revisão. Atividade final Atende aos Objetivos 1, 2 e 3. 1. (Esaf/Adaptada) A seguir são apresentadas cinco assertivas relacionadas às sociedades por ações. Quatro delas são verdadeiras. Assinale a opção que contém a afirmativa incorreta. a) O exercício social tem a duração de um ano e a data do término será fixada no estatuto. b) As demonstrações obrigatórias são: balanço patrimonial, demonstra- ção dos lucros ou prejuízos acumulados, demonstração do resultado do exercício, demonstração das origens e aplicações de recursos e demons- tração das mutações do patrimônio líquido. c) Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar demonstra- ções financeiras que deverão exprimir com clareza a situação do patri- mônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício. 17 Contabilidade Avançada I d) As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indica- ção dos valores correspondentes das demonstrações do exercício ante- rior. e) As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros se- gundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela assembleia geral. 2. (Contador Junior-Petrobras-2006-Cesgranrio) Por ocasião da publicação das demonstrações financeiras, a Sociedade Anônima poderá:a) agrupar, sob uma designação genérica, contas se- melhantes, com pequenos saldos individuais cujo valor total não exceda 10% do respectivo grupo. b) eliminar os três últimos dígitos dos valores e os centavos, incluindo, no cabeçalho de cada demonstração, a expressão “em R$ milhares”. c) incluir a eliminação dos três últimos dígitos dos valores e dos cen- tavos, em nota explicativa própria, no conjunto das notas explicativas. d) publicar somente os valores do último exercício social de todas as de- monstrações financeiras, obrigatórias pela Lei das Sociedades Anônimas. e) publicar todas as demonstrações, sob o título genérico de Demonstrações Contábeis. 3. (Analista BNDES 2011 – Cesgranrio) A Lei no 11.638/07 foi a base da alteração fundamental do ordenamento contábil brasileiro e sua convergência às normas contábeis internacio- nais. Além das modificações introduzidas na Lei das Sociedades Anô- nimas, o seu art. 3º promoveu outra grande novidade, esta relativa às sociedades de grande porte. Para ser considerada de grande porte, para os fins exclusivos da lei, a sociedade ou conjunto de sociedades sob con- trole comum, ainda que não constituída sob a forma de sociedade por ações, precisa ter a receita bruta anual estipulada na Lei ou um: a) ativo total igual a 200 milhões, no exercício social corrente; b) ativo total superior a 240 milhões, no exercício social anterior; c) patrimônio líquido igual a 200 milhões, no exercício social corrente; d) patrimônio líquido superior a 240 milhões, no exercício social anterior; e) patrimônio líquido superior a 300 milhões, no exercício social corrente. 4. Analista de Comércio Exterior UNB) 18 Aula 2 • Demonstrações financeiras Aula 2 • Aula 2 • A Lei n 6.404/76, entre outras coisas, estabelece as normas sobre o exer- cício social e sobre a elaboração das demonstrações financeiras. Com relação a esse assunto, julgue as afirmativas seguintes: (a) O exercício social terá a duração de um (um) ano e a data do início será fixada no estatuto da companhia. (b) Somente na hipótese da constituição da companhia, o exercício so- cial terá duração diversa. (c) Ao fim do exercício social, a assembleia geral fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da compa- nhia e as mutações ocorridas no exercício. (4) As demonstrações de cada exercício poderão ser publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior. 5. (CESGRANRIO - 2011 - Petrobrás - Técnico de Contabilidade) A Lei nº 6.404/76 estabelece, no art. 176, as demonstrações contábeis que devem ser elaboradas pelas sociedades anônimas. O Comitê de Pro- nunciamentos Contábeis editou o CPC 26 – Apresentação das Demons- trações Contábeis – estabelecendo o conjunto completo das demonstra- ções a ser apresentado por tais sociedades. De acordo com os termos do CPC 26, deixou de ter obrigatoriedade de apresentação a demonstração: a) do valor adicionado. b) do lucro ou prejuízo acumulado. c) do resultado do exercício. d) dos fluxos de caixa. e) das mutações do patrimônio líquido. 6. (Analista Liquigás 2012 – Cesgranrio) Numa sociedade anônima de capital fechado, a Demonstração das Mu- tações do Patrimônio Líquido (DMPL), levando em conta os aspectos técnico-conceituais e as determinações da Lei Societária, é considerada uma demonstração: a) obrigatória, nos dizeres exclusivos da Lei das Sociedades por Ações. b) utilizada somente para evidenciar as mutações ocorridas nas contas de Capital Subscrito e Capital a Realizar. 19 Contabilidade Avançada I c) que pode ser substituída pela Demonstração do Lucro ou Prejuízo Acumulado (DLPA), nos termos da legislação social vigente. d) menos completa que a Demonstração do Lucro ou Prejuízo Acumula- do, vez que não apresenta informações sobre a distribuição do resultado. e) para evidenciar as alterações das contas de capital social, reservas de capital e de lucros, ajustes de avaliação patrimonial, ações em tesouraria e lucros prejuízos acumulados. Resposta Comentada 1. Como sabemos, o DOAR deixou de ser obrigatório pela Lei 11.638/07. Portanto, a única alternativa errada é a “b”. 2. Resposta correta é a alternativa “b”, eis que a expressão “em R$ milha- res” deve constar no cabeçalho de cada demonstração contábil. 3. Ativo total maior que R$240 milhões e/ou receita bruta anual maior que R$300 milhões, no exercício social anterior. Portanto, alternativa “b”. 4. Item 1 está errado, pois diz “início”, e o certo seria “término”. O 2 tam- bém está errado, pois, conforme já exposto nesta aula, são dois casos de exceções (constituição da empresa e alteração do estatuto social). Item 3 está correto. Já o item 4 está errado, pois as empresas não podem, e sim devem publicar com a indicação dos valores dos exercícios anteriores. 5. O CPC 26 não menciona a demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, que, de acordo com a Lei 6404/76, pode ser incluída na DMPL. 6. A alternativa “a” está errada, pois não é obrigatória, e sim a DMPL. A “b” também está equivocada, pois a DMPL trata de todas as contas do PL. A “c”, apresenta erro, pois a DLPA (que trata da conta “lucros ou prejuízos acumulados”, sendo uma das contas do PL) é que pode ser substituída pela DMPL (que trabalha com todas as contas do PL, inclusive, logicamente, com a conta “lucros ou prejuízos acumulados”). Sendo assim, quem faz DMPL acaba fazendo, também, a DLPA. A “d” está errada, conforme explicação sobre a alternativa anterior. E a “e” está correta, conforme explicação da alternativa “c”. 20 Aula 2 • Demonstrações financeiras Aula 2 • Aula 2 • Resumo Na presente aula, discutimosas regras previstas na Lei 6.404/76 que são aplicadas às demonstrações contábeis. Estudamos, também, a re- lação das demonstrações financeiras obrigatórias por determinação da Lei das S/A, bem como pelas regras impostas pela Comissão de Valores Mobiliários, e, recentemente, pelo Comitê de Pronunciamento Contábil. Novamente realçamos a posição da doutrina que entende que a própria Lei das Sociedades por Ações, implicitamente, determina que as normas do Comitê de Pronunciamentos Contábeis devem ter preferência sobre a referida lei nos pontos de divergência. Informações sobre a próxima aula Na próxima aula você estudará o Balanço Patrimonial, considerado a principal demonstração financeira existente (relatório contábil obri- gatório por lei). Ele mostra como de fato está o patrimônio da empresa, refletindo sua posição financeira em um determinado momento (no término do exercício financeiro ou em qualquer data predeterminada). Até lá! Referências FERRARI, Ed Luiz. Contabilidade Geral.13. ed. Niterói: Editora Impe- tus, 2013. FERREIRA. Ricardo J. Contabilidade Básica. 11. ed. Rio de Janeiro: Edi- tora Ferreira, 2014. IUDÍCIBUS, Sérgio; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações (aplicável às demais sociedades). 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços: Abor- dagem Básica e Gerencial. 7 ed., São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, Justino. Contabilidade Geral para Concursos Públicos. 1. ed. Niterói: Editora Impetus, 2013.
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