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1 2 AULA 7: MANDADO DE SEGURANÇA E AÇÃO POPULAR 3 INTRODUÇÃO 3 CONTEÚDO 3 CONCEITO CONSTITUCIONAL DO MANDADO DE SEGURANÇA 5 OBJETO, LEGITIMIDADE E MODALIDADES DO MANDADO DE SEGURANÇA 6 CONCEITO DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO 11 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MANDADO DE SEGURANÇA 11 AÇÃO POPULAR 20 ATIVIDADE PROPOSTA 22 REFERÊNCIAS 22 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 23 CHAVES DE RESPOSTA 27 ATIVIDADE PROPOSTA 27 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 28 3 Introdução No âmbito dos writs constitucionais, a figura jurídica do mandado de segurança tem o papel de proteger direito líquido e certo contra atos realizados com abuso de poder ou ilegalidade. Uma vez violado um direito fundamental, abre-se espaço para a impetração de tal remédio constitucional. Já em defesa do patrimônio público, moralidade administrativa e meio ambiente, o direito brasileiro reservou ao cidadão a prerrogativa de acionar os poderes competentes por intermédio da ação popular, um instrumento importante de democracia participativa/direta. Nesta aula, iremos examinar estes dois grandes remédios constitucionais, quais sejam o mandado de segurança e a ação popular. Sendo assim, é objetivo desta aula: 1. Analisar a dinâmica jurídico-processual dos writs constitucionais do mandado de segurança e da ação popular. Conteúdo O writ constitucional do mandado de segurança tem como fonte mais próxima a já analisada doutrina brasileira do habeas corpus. Já em perspectiva comparada, podemos citar as seguintes fontes: do direito anglo-saxão: o writ 4 ou mandamus; do direito mexicano: o juicio de amparo e do direito luso: o instituto da segurança. Com rigor, o mandado de segurança é criação do direito brasileiro que surgiu a partir do abandono da teoria perfilhada por Rui Barbosa, na qual a figura do habeas corpus atuava como se fosse um verdadeiro mandado de segurança. Nesse sentido, como já estudado na aula passada, a textura aberta da Carta Magna de 1891 deu azo para a consolidação da interpretação ampliativa do habeas corpus que habitou o direito pátrio desde esta época até a Reforma Constitucional de 1926, cujo objetivo era exatamente o de limitar o espaço jurídico deste remédio constitucional, restringindo-o à defesa da liberdade de locomoção. Assim sendo, é bem de ver que a criação do mandado de segurança no Brasil vem como reação ao afastamento do habeas corpus como remédio jurídico de proteção de toda e qualquer ameaça ou lesão efetiva dos direitos individuais, que deixou de existir desde 1926 até a promulgação da Constituição de 1934, evento que inaugura oficialmente o uso do mandado de segurança como writ constitucional no nosso país. Em termos simples, entre 1926 (ano da reforma constitucional da figura do habeas corpus) até 1934 (ano da positivação constitucional do mandado de segurança), existiu uma lacuna no direito brasileiro, na qual o cidadão comum ficou desprovido de uma ação constitucional que o protegesse contra violação de direito líquido e certo, por abuso de poder ou ilegalidade. É a Constituição de 1934 a grande defensora da segunda dimensão dos direitos fundamentais, que se preocupa também com a criação de um instituto jurídico-processual de cunho liberal de primeira dimensão. Rezava seu artigo 113, inciso 33: Dar-se-á mandado de segurança para a defesa de direito, certo e incontestável, ameaçado ou violado por ato manifestamente 5 inconstitucional ou ilegal de qualquer autoridade. O processo será o mesmo do habeas corpus, devendo ser sempre ouvida a pessoa do direito público interessada. O mandado não prejudica ações petitoriais competentes. O writ constitucional do mandado de segurança, a partir de 1934, teve previsão constitucional em todos os documentos brasileiros, com exceção da Constituição polaca de 1937, outorgada pelo Estado Novo de Getúlio Vargas. Em suma, é a teoria brasileira do habeas corpus e sua avançada visão hermenêutica que serve de inspiração para o nascimento do mandado de segurança, remédio heroico que veio colmatar vácuo jurídico que habitou o direito brasileiro durante o longo período que vai de 1926 até 1934. Conceito Constitucional do Mandado de Segurança O mandado de segurança é uma inovação do constitucionalismo pátrio e está previsto na nossa Constituição no seu artigo 5º, inciso LXIX, cujo texto reza: Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Assim sendo, a figura jurídica do mandado de segurança é um remédio constitucional, cujo objetivo é proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data. Trata-se de uma ação constitucional processual de rito especial focada na defesa de direito subjetivo individual ou coletivo, privado ou público, contra ilegalidade ou abuso de poder de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 6 O mandado de segurança era regido por diversas leis (1533/51 e 4348/64), que foram revogadas pela lei n. 12.016/2009, que atualmente regula tal ação constitucional, cujo artigo 1º salienta sua finalidade de combater a ilegalidade e o abuso de poder (especialização para atos não amparados pelo HC e HD), transformando-se em derradeira proteção da pessoa física ou jurídica contra atos de autoridade (autoridade coatora será sempre uma pessoa natural), seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. Sua interpretação exige o “diálogo de fontes” com as normas do Código de Processo Civil. Em suma, o mandado de segurança é o remédio constitucional concedido por autoridade judiciária para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Objeto, Legitimidade e Modalidades do Mandado de Segurança O objeto do mandado de segurança pode ser ato ou omissão de autoridade pública ou de agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público que viole de maneira ilegal ou com abuso de poder direito líquido e certo. No dizer de Dimitri Dimoulis e Soraya Lunardi, há quatro hipóteses de limitação do objeto em relação a: 1. Ato do Poder Judiciário Qualquer decisão do Judiciário poderia ser questionada em mandado de segurança, sob a alegação de ferir direito de uma das partes. Se isso ocorresse, surgiriam infinitos processos paralelos, pois a parte inconformada 7 poderia questionar a decisão internamente mediante recurso e externamente com mandado de segurança. E a decisão final poderia também ser questionada com mandado de segurança. Para evitar essa patologia processual, a Lei 12.016 estabelece duas regras de origem jurisprudencial: Primeiro, a subsidiariedade. O ato da autoridade pública que contraria direito líquido e certo só pode ser impugnado com mandado de segurança se não houver recurso com efeito suspensivo (art. 5º, inc. 11). Segundo, a definitividade: Não se conhece mandado de segurança contra decisão que transitou em julgado (art. 5º, inc. I1I). 2. Lei A Súmula 266 do STF não admite mandado de segurança contra lei em tese, isto é, questionamento da lei independentemente de sua aplicação. 3. Ato administrativo Quando for possível apresentar recurso administrativo com efeito suspensivo e sem exigência de caução, considera-se desnecessária a intervenção do Judiciário, conforme a regra da subsidiariedade. 4. Ato de gestão comercial do setor público O art. 1º, § 2º, daLei 12.016 exclui do mandado de segurança atos de gestão comercial de administradores de empresas públicas, de sociedades de economia mista e de concessionárias de serviço público. A justificativa é que tais atos comerciais são passíveis de questionamento no âmbito de processos comuns. É importante destacar que o writ do mandado de segurança só é cabível quando ficar caracterizado abuso de poder ou ilegalidade que viole direito líquido e certo. A ilegalidade significa a desconformidade de atuação ou 8 omissão contrária à lei positiva, ao passo que o abuso de poder é o ato que, embora praticado por autoridade competente, se verifica o excesso de poder (ato que extrapola os limites da lei muito embora sua aplicação seja feita dentro das formalidades legais) ou desvio de poder (ato praticado com finalidade diferente daquela prevista pela lei). Em outras palavras, a ilegalidade é a ofensa tanto à lei quanto à Constituição e o ato abusivo será classificado como excesso de poder quando a atuação for fora da competência e desvio de poder quando, embora dentro da competência não mirar no interesse público. São legitimados ativos para impetrar MS: Pessoas físicas ou jurídicas nacionais ou estrangeiras; Universalidades reconhecidas por lei (sem personalidade jurídica) que possuam capacidade processual (“espólio, massa falida, condomínio de apartamentos; herança; sociedade de fato; devedor insolvente”); Órgãos públicos de grau superior, na defesa de suas prerrogativas; Agentes políticos; Ministério Público; Sociedade de economia mista ou empresa pública: Súmula STJ n° 333 - Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública. Pessoas naturais: A Lei 12.016 no seu art. 1° p. 1° indica a viabilidade de impetração contra pessoas naturais. 9 Parlamentar contra o “processamento” desrespeitoso (tramitação) de PEC ou PL ao processo legislativo constitucional. Nota: prejudicialidade da ação se a tramitação se consuma pela elaboração normativa (sem prejuízo de ajuizamento de ADI). A figura abaixo destaca as modalidades do MS, a saber: preventivo ou repressivo e individual ou coletivo. O mandado de segurança tanto pode ser repressivo de uma ilegalidade já cometida, como preventivo quando o impetrante puder sofrer violação de direito líquido e certo por parte de autoridade. Pode ainda ser individual ou coletivo. Ao contrário do mandado de segurança individual, o coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, bem como por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano. A presente Constituição inovou nesta matéria instituindo a figura do mandado de segurança coletivo. Trata-se, pois, de uma garantia processual por parte de determinados entes coletivos, para que estes entes, em nome próprio ou de alguns de seus membros, possam proteger determinado direito líquido e certo não observado por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Este tipo de recurso processual, contudo, é um privilégio de algumas instituições, expressamente mencionadas no texto da Constituição. Assim sendo, com fulcro no art. 5o, LXX, o mandado de segurança coletivo somente poderá ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros e associados. 10 Pairam, todavia, algumas dúvidas sobre o alcance do mandado de segurança coletivo. Há que se questionar, nestes termos, se o instrumento processual defenderia exclusivamente os interesses dos membros integrantes dos entes legitimados para a impetração do mandamus, ou se também haveria o writ de proteger os chamados direitos difusos. Ficamos, neste caso, com a segunda opção, até porque os partidos políticos brasileiros, que estão legitimados à ação, devem ser efetivamente nacionais, sendo então criados para a defesa de um projeto nacional, mas não, ao menos em tese, para a postulação junto ao Judiciário de interesses corporativos ou pessoais de lideranças políticas. Não se deve confundir mandado de segurança coletivo com mandado de segurança individual com vários autores, ou seja, enquanto o mandado de segurança coletivo visa à defesa de interesses de seus membros ou associados e por isso mesmo não há nem mesmo necessidade de autorização dos seus integrantes (o texto constitucional já dá tal autorização), no segundo caso, os direitos continuam individuais, apenas sendo postulados em uma única ação (litisconsórcio ativo em mandado de segurança individual). Michel Temer levanta questão interessante no que tange à formação de coisa julgada material da decisão que julgar o mandado de segurança coletivo, ou seja, uma decisão desfavorável em mandado coletivo impediria a impetração do writ individual de um filiado a uma organização coletiva (partido político, associação, organização sindical ou entidade de classe). A resposta é a seguinte; se a decisão for favorável, faz coisa julgada, se desfavorável não faz, o que significa dizer que fica autorizado o mandado individual quando a organização coletiva tiver insucesso (TEMER, p. 203). O quadro abaixo destaca este tipo de intelecção. Mandado de Segurança 11 Não se deve confundir mandado de segurança coletivo com mandado de segurança individual com vários autores (litisconsórcio ativo em mandado de segurança individual). O mandado de segurança coletivo visa à defesa de interesses de seus membros ou associados e por isso mesmo não há nem necessidade de autorização dos seus integrantes (o texto constitucional já dá tal autorização), enquanto, no segundo caso, os direitos continuam individuais, apenas sendo postulados em uma única ação. Conceito de Direito Líquido e Certo Em linhas gerais, direito líquido e certo é aquele que poderá ser demonstrado de plano no processo, mediante a apresentação de provas documentais, sem dilação probatória. A figura abaixo destaca pontos relevantes do conceito de direito líquido e certo. Mandado de Segurança Por direito líquido e certo se entende aquele que independe de qualquer outra prova além das apresentadas por ocasião da petição inicial. Assim sendo, falta de demonstração cabal dos fatos junto com a inicial implica na rejeição do writ. Na lição de Hely Lopes Meirelles, direito líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração (MEIRELLES, p. 76). Não há espaço para dilação probatória. Características Gerais do Mandado de Segurança A necessária proteção de direito líquido e certo tem como consequência a impossibilidade de emprego do mandado de segurança contra “lei em tese”. Lei em tese é entendida como aquela lei genérica e abstrata. Diversamente, o mandado de segurança poderá ser utilizado contra leis de efeitos concretos, ou seja, aquela que lesiona direito líquido e certo. 12 Este remédio é um meio de impugnação autônoma que pode ser impetrado individualmente ou coletivamente. Neste último caso, desde que o autor (impetrante) seja partido político com representação no Congresso Nacional ou organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. Da lição de Alexandre de Moraes, retira-se que a natureza jurídica do mandado de segurança é a de ação constitucional, de natureza civil, cujo objeto é a proteção de direito líquido e certo. A naturezacivil não se altera, nem tampouco impede o ajuizamento de mandado de segurança em matéria criminal, inclusive contra ato de juiz criminal, praticado no processo penal O mandado de segurança é um instrumento de garantia sem paralelo no direito estrangeiro. O impetrante pode ser pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, domiciliada ou não no país, além das universalidades reconhecidas por lei (espólio, massa falida) e os órgãos públicos despersonalizados, mas dotados de capacidade processual (chefia do Poder Executivo, Mesas do Congresso Nacional, Assembleias, Ministério Público). O prazo para impetração é de 120 dias. Reafirme-se que a pessoa jurídica de direito público sempre será parte legítima para integrar a lide em qualquer fase, pois suportará o ônus da decisão proferida em sede de mandado de segurança (MORAES, p. 158-161). É possível a concessão de liminar em mandado de segurança. Não é preciso esgotar todas as instâncias administrativas para o ingresso, embora não se admita a medida se o ato administrativo, por força de efeito suspensivo, ainda não estiver causando lesão (art. 5º, I, Lei nº1533/51). A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede, porém, o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade, nos termos da Súmula 429 do STF. 13 Como acabamos de ver, o mandado de segurança é uma ação de impugnação autônoma e não um recurso. Portanto, incabível seu emprego contra ato judicial passível de recurso ou correição. No entanto, a jurisprudência admite seu emprego contra ato judicial teratológico (decisão judicial monstruosa), desde que não tenha transitado em julgado. São características da ação do mandado de segurança: Documental: as provas devem ser pré-constituídas e acompanhar a petição inicial, de vez que não se admite no seu procedimento a oitiva de testemunhas ou a realização de perícias; Subsidiária: o mandado de segurança deve ser utilizado quando não for cabível o emprego do habeas corpus e o habeas data; Exigência de direito líquido e certo: comprovado de plano, não depende de prova futura, ou então: é aquele com força de autorizar o deferimento de mandado de segurança na medida em que é comprovado de plano, através de documentação inequívoca. Direito de impetração: extinguir-se-á em 120 dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato a ser impugnado. Este prazo não se interrompe, trata-se de um prazo de decadencial. É incabível a impetração de mandado de segurança, segundo a orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, contra decisão judicial com trânsito em julgado. Segundo a Constituição, compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar: 14 Originariamente: o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; Em recurso ordinário: o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão. O Superior Tribunal de Justiça tem competência para processar e julgar: a) Originariamente: os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; b) Em recurso ordinário: os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão. A competência constitucional da Justiça do Trabalho, no que se refere ao mandado de segurança, se limita ao julgamento e processamento destas ações quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição. Destacam-se, ainda, as súmulas da jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça relacionadas ao mandado de segurança: a) Súmula STF nº 101 - O mandado de segurança não substitui a ação popular. 15 b) Súmula STF nº 269 - O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança. c) Súmula STF nº 271 - Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria. d) Súmula STF nº 272 - Não se admite como ordinário recurso extraordinário de decisão denegatória de mandado de segurança. e) Súmula STF nº 294 - São inadmissíveis embargos infringentes contra decisão do Supremo Tribunal Federal em mandado de segurança. f) Súmula STF nº 299 - O recurso ordinário e o extraordinário interpostos no mesmo processo de mandado de segurança, ou de habeas corpus, serão julgados conjuntamente pelo Tribunal Pleno. g) Súmula STF nº 304 - Decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria. h) Súmula STF nº 319 - O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em habeas corpus ou mandado de segurança, é de cinco dias. i) Súmula STF nº 330 - O Supremo Tribunal Federal não é competente para conhecer de mandado de segurança contra atos dos Tribunais de Justiça dos Estados. j) Súmula STF nº 392 - O prazo para recorrer de acórdão concessivo de segurança conta-se da publicação oficial de suas conclusões, e não da anterior ciência à autoridade para cumprimento da decisão. 16 k) Súmula STF nº 405 - Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária. l) Súmula STF nº 429 - A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade. m) Súmula STF nº 430 - Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado de segurança. n) Súmula STF nº 433 - É competente o Tribunal Regional do Trabalho para julgar mandado de segurança contra ato de seu presidente em execução de sentença trabalhista. o) Súmula STF nº 474 - Não há direito líquido e certo, amparado pelo mandado de segurança, quando se escuda em lei cujos efeitos foram anulados por outra, declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal. p) Súmula STF nº 506 - O agravo a que se refere o art. 4º da Lei nº 4.348, de 26.6.64, cabe, somente, do despacho do Presidente do Supremo Tribunal Federal que defere a suspensão da liminar, em mandado de segurança, não do que a denega. q) Súmula STF nº 510 - Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial. r) Súmula STF nº 511 - Compete à Justiça Federal, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas entre autarquias federais e entidades públicas locais, inclusive mandados de segurança, ressalvada 17 a ação fiscal, nos termos da Constituição Federal de 1967, art. 119, § 3º. s) Súmula STF nº 512 - Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de segurança. t) Súmula STF nº 597 - Não cabem embargos infringentes de acórdão que, em mandado de segurança, decidiu, por maioria de votos, a apelação. u) Súmula STF nº 622 - Não cabe agravo regimental contra decisão do relator que concede ou indefere liminar em mandado de segurança. Legislação: Lei nº 1.533/51 (LMS). v) Súmula STF nº 624 - Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais. Legislação: CF, art. 102, I, d e § 1º. LOMAN, art.21, VI. w) Súmula STF nº 625 - Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança. Legislação: Lei nº 1.533/51 (LMS). x) Súmula STF nº 626 - A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impetração. Legislação: Lei nº 4.348/64, art. 4º. Lei nº 8.038/1990, art. 25, § 3º. RISTF, art. 297, § 3º. 18 y) Súmula STF nº 627 - No mandado de segurança contra a nomeação de magistrado da competência do Presidente da República, este é considerado autoridade coatora, ainda que o fundamento da impetração seja nulidade ocorrida em fase anterior do procedimento. z) Súmula STF nº 628 - Integrante de lista de candidatos a determinada vaga da composição de tribunal é parte legítima para impugnar a validade da nomeação de concorrente. Legislação: L. 1.533/51, art. 1º, § 2º. aa) Súmula STF nº 631 - Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário. Legislação: L. 1.533/51, art. 19 com a redação da L. 6.071/74. bb) Súmula STF nº 632 - É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado de segurança. L. 1.533/51, art. 18. cc) Súmula STF nº 701 - No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo. Legislação: CF, art. 5º, LV. dd) Súmula STJ nº 105 - Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários advocatícios. ee) Súmula STJ nº 169 - São inadmissíveis embargos infringentes no processo de mandado de segurança. ff) Súmula STJ nº 177 - O Superior Tribunal de Justiça é incompetente para processar e julgar, originariamente, mandado de segurança 19 contra ato de órgão colegiado presidido por Ministro de Estado. Referência: CF/88, art. 105, I, b. gg) Súmula STJ nº 202 - A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona à interposição de recurso. hh)Súmula STJ nº 213 - O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária. ii) Súmula STJ nº 333 - Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública. O mandado de segurança é disciplinado em inúmeros diplomas infraconstitucionais, a seguir listados: • Lei nº 1.533, de 31.12.51. Publicada no DOU de 31.12.51. Altera disposições do Código do Processo Civil, relativas ao mandado de segurança. • Lei nº 4.348, de 26.6.64. Publicada no DOU de 3.7.64. Estabelece normas processuais relativas a mandado de segurança. • Lei nº 5.021, de 9.6.66. Publicada no DOU de 15.6.66. Dispõe sobre o pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias asseguradas, em sentença concessiva de mandado de segurança, a servidor público civil. • Lei nº 6.071, de 3.7.74. Publicada no DOU de 4.7.74. Adapta ao Código de Processo Civil as leis que menciona, e dá outras providências. 20 • Lei nº 8.076, de 23.8.90. Publicada no DOU de 24.8.90. Estabelece hipóteses nas quais fica suspensa a concessão de medidas liminares, e dá outras providências. • Lei nº 8.437, de 30.6.92. Publicada no DOU de 1.7.92. Dispõe sobre a concessão de medidas cautelares contra atos do Poder Público e dá outras providências. • Lei nº 9.507, de 12.11.97. Publicada no DOU de 13.11.97. Regula o direito de acesso a informações e disciplina o rito processual do habeas data. Ação Popular Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise à anulação do ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. A Lei nº 4.717/65 regula a ação popular, indicando, em seu art. 1º, o rol de entidades estatais passíveis da proteção constitucional, a saber: qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União representa os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de 50% (cinquenta por cento) do patrimônio ou da receita ânua de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios e de quaisquer 21 pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. Em se tratando de instituições ou fundações, para cuja criação ou custeio o tesouro público concorra com menos de 50% (cinquenta por cento) do patrimônio ou da receita ânua, bem como de pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas, as consequências patrimoniais da invalidez dos atos lesivos terão por limite a repercussão deles sobre a contribuição dos cofres públicos. A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral. Não estão legitimados a propor ação popular: estrangeiros, apátridas, pessoas jurídicas, menores de 16 anos, demais incapazes e os que não estejam no pleno exercício de seus direitos políticos. O Ministério Público acompanhará a ação popular, cabendo-lhe promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem. Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, II, ficando assegurado a qualquer cidadão bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação. É ainda facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular. A ação popular deriva do princípio republicano. A ação popular, primeiramente concebida na Constituição de 1934, visa à participação mais ativa do cidadão brasileiro, para que este possa anular atos lesivos ao patrimônio público, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Na Constituição vigente, a ação popular assegura que qualquer indivíduo possa propô-la, ficando este autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência (art. 5o, LXXIII). A finalidade da ação popular é a defesa dos direitos difusos, na medida em que permite- se a qualquer cidadão o exercício da função fiscalizadora do Poder Público. 22 Deste modo, os cidadãos podem exercer esta fiscalização com base no princípio da legalidade e no conceito de res publica, que implica no pressuposto de os bens do Estado pertencerem ao povo. Importa destacar que apenas os cidadãos possuem legitimidade para a propositura da ação popular. O conceito de cidadão, para ficar mais claro, é o de indivíduo que possui direitos civis e políticos. No nosso caso, os menores de dezesseis anos, que não são cidadãos, estão proibidos de impetrar ação popular contra ato lesivo ao patrimônio público. A sentença da ação popular, de cunho condenatório, está sujeita a sofrer um duplo grau de jurisdição. Esta é uma condição de eficácia, operando-se com o julgamento da improcedência do pedido da ação. Atividade Proposta O Excelentíssimo Sr. Presidente da República Federativa do Brasil foiacusado de ter influído decisivamente no resultado de uma licitação cujo procedimento ocorreu em órgão do “Ministério das Compras Superfaturadas” para beneficiar pessoas de seu círculo político, bem como empresas de propriedade de seus familiares. "Zé Verde-Amarelo", cidadão brasileiro, morador do Estado do Acre, com a finalidade de anular a referida licitação e para preservar a intangibilidade do patrimônio público e a integridade do princípio da moralidade, resolveu propor Ação Popular (CF/88Art. 5°, LXXIII ) e o fez ingressando com este remédio no Supremo Tribunal Federal. É certo que um dos réus indicados pelo referido autor popular era o próprio Presidente da República. Com fundamento no Direito Constitucional positivo em vigor e na Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal responda: o STF teria competência para processar e julgar a mencionada ação? Referências BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2009. 23 SIQUEIRA JUNIOR, Paulo Hamilton. Direito processual constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Código de processo penal comentado. São Paulo: Saraiva, 1997. v. 4. Exercícios de Fixação Questão 1 Assinale a opção incorreta. a) A controvérsia sobre matéria de direito impede a concessão de ordem em mandado de segurança. b) Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe a impetração de mandado de segurança. c) A concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito à impetração. d) Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado. Questão 2 Assinale a opção correta acerca de remédios constitucionais. 24 a) A ação popular é o remédio constitucional cabível para o cidadão atacar ato lesivo à moralidade, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. b) O habeas data é o remédio constitucional apropriado sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. c) São gratuitas as ações de habeas corpus, habeas data e mandado de segurança, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. d) O mandado de injunção será concedido para assegurar o conhecimento de informações, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, relativas à pessoa do impetrante. Questão 3 Assinale a opção correta acerca de remédios constitucionais. 25 a) A ação popular é o remédio constitucional cabível para o cidadão atacar ato lesivo à moralidade, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. b) O habeas data é o remédio constitucional apropriado sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. c) São gratuitas as ações de habeas corpus, habeas data e mandado de segurança, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. d) O mandado de injunção será concedido para assegurar o conhecimento de informações, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, relativas à pessoa do impetrante. Questão 4 A ação popular: 26 a) Pode ser proposta por qualquer cidadão, com vistas a anular ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e aos direitos fundamentais da pessoa humana, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais, devendo arcar apenas com o ônus da sucumbência. b) Pode ser proposta por qualquer cidadão, desde que seja eleitor, com vistas a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má- fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. c) Pode ser proposta por qualquer cidadão maior de 16 anos de idade, sendo eleitor, e também por empresa, desde que de capital nacional e com sede e administração no país, com vistas a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o estado participe, à moralidade administrativa e ao meio ambiente. O cidadão, salvo comprovada má-fé, fica isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. d) Pode ser proposta por qualquer pessoa, desde que tenha nacionalidade brasileira e, se necessário, esteja devidamente assistida, com vistas a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e aos direitos fundamentais da pessoa humana, arcando o autor com o ônus da sucumbência. Questão 5 Em relação ao mandado de segurança, direito líquido e certo é aquele que: 27 a) Decorre, como faculdade, de uma norma legal; b) Deve ser comprovado após o ajuizamento da ação; c) Incorporado ao patrimônio do titular, pode ser exercitado em ocasião ulterior; d) Comprovado de plano, não depende de prova futura. Atividade Proposta Resposta: O remédio a ser interposto por cidadão é a ação popular, com fundamento na moralidade administrativa. O órgão competente, entretanto, é o juízo de primeiro grau. O STF não é órgão competente para apreciar 28 originariamente ação popular, seja o ato emanado de qualquer autoridade, mesmo do Presidente da República. Precedentes: AO – QO 859; AO – QO 772; Pet. 1651; Pet. 682, sendo relatores os Min. Moreira Alves, Ellen Gracie, Celso de Melo e Marco Aurélio respectivamente. Exercícios de Fixação Questão 1 - A Justificativa: As afirmativas reproduzem o disposto nas súmulas 266, 271 e 510, todas do STF. Questão 2 - A Justificativa: As assertivas reproduzem os incisos LXXII, LXXVII e LXXI, alteradas sutilmente, tornando-as incompatíveis com a redação original dos dispositivos do art. 5º da CRFB. A assertiva A, correta, reproduz basicamente o disposto no inciso LXXIII do mesmo artigo. Questão 3 - A Justificativa: As assertivas reproduzem os incisos LXXII, LXXVII e LXXI, alteradas sutilmente, tornando-as incompatíveis com a redação original dos dispositivos do art. 5º da CRFB. A assertiva A, correta, reproduz basicamente o disposto no inciso LXXIII do mesmo artigo. Questão 4 - A Justificativa: Sugestão de gabarito: resposta correta letra A, nos termos do art. 5º, LXXIII da CRFB. Questão 5 - D Justificativa: A figura do mandado de segurança não admite a dilação probatória.
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