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Fases do luto e processo de morte

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1 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
Tutorial 19 
OBJETIVO 1: DISCUTIR OS SINAIS, SINTOMAS, 
EXPERIÊNCIAS DO PACIENTE EM SEU PROCESSO 
DE MORTE. 
-Os termos morte e morrer requerem definição: enquanto 
morte pode ser considerada a cessação absoluta das funções 
vitais, morrer é o processo de perder essas funções. Morrer 
também pode ser visto como um concomitante 
desenvolvimental de viver, uma parte do continuum do 
nascimento até a morte. Viver pode envolver inúmeras 
minimortes – o fim do crescimento e suas doenças 
potenciais que comprometem a saúde, múltiplas perdas, 
decréscimo na vitalidade e crescente dependência com o 
envelhecimento e morte. 
-Morrer, e a consciência que o indivíduo tem disso, incute 
nos humanos valores, paixões, desejos e o impulso de 
aproveitar o tempo ao máximo. Dois termos têm sido usados 
com maior frequência nos últimos anos para se referir à 
qualidade de vida quando a morte se aproxima. 
- Uma boa morte é aquela livre de angústia e sofrimento 
evitáveis para os pacientes, famílias e cuidadores, e é 
razoavelmente coerente com os padrões clínicos, culturais e 
éticos. Uma má morte, em contraste, é caracterizada por 
sofrimento desnecessário, ignorância dos desejos e valores 
do paciente ou família e um sentimento entre os 
participantes ou observadores de que as normas de decência 
foram atacadas. 
- A morte é uma construção social formada de experiências 
pessoais e tem relação direta com os aspectos culturais no 
qual o indivíduo está inserido. Apesar do homem ter 
consciência de que sua existência acontece dentro de um 
ciclo – nascimento, desenvolvimento, velhice e morte – 
muitos questionamentos existenciais sobre o sentido da vida 
são levantados quando se vivencia o processo de morte e 
morrer. 
- O processo de morrer é comum ao ser vivo. Vivemos a 
morte dos outros, à nossa imagem, não de um outro 
qualquer, mas de alguém que possa considerar a sua morte 
como o fim do mundo ou fim da história de uma vida. Se para 
o que morre é o fim do percurso de vida, para os que ainda 
peregrinam na terra é uma expectativa do futuro 
desconhecido, pois um dia também vão morrer, mantendo-
se uma incógnita para os que ficam. 
- A morte é um ato único e irrepetível, de impossível relato, 
o homem tem experiência da Morte através da morte dos 
outros, o que lhe permite pensar sobre esta ideia e sobre o 
momento da sua morte, representando, antecipadamente, a 
interrupção da sua vida ao chegar a essa situação-limite – 
através da morte alheia, vive-se um pouco a nossa, fruto dos 
efeitos emocionais e do drama da perda de outrem. 
-A morte é a única experiência humana que não podemos 
partilhar – é impossível representar a própria morte, a não 
ser como espectador, pelo que é sempre através do que 
acontece aos outros que dela tomamos conhecimento ou 
proximidade, pois, quando chegar a nossa vez, já não 
poderemos comunicá-la. É o "meu" desaparecimento como 
consciência. A Morte constitui um enigma, um mistério – 
partida sem regresso, ponto de interrogação no limiar do 
desconhecido, a angústia da morte, a dor e o terror que esta 
ideia ou o seu pensamento provocam têm em comum um 
temor que perturba o homem: a perda da sua 
individualidade. 
- A representação da morte assume um significado diferente, 
fruto dos modos de interpretar e de pensar a realidade 
quotidiana, apoiada num conhecimento constituído a partir 
das experiências individuais, das informações, dos modelos 
e dos valores que cada indivíduo adquire e transmite. A 
vertiginosa evolução científica e tecnológica na área da 
medicina introduziu, neste século, profundas alterações no 
modo de planear o agregado familiar e na forma como os 
seus membros se relacionam entre si. 
- O ser humano se diferencia por ser o único a ter consciência 
sobre sua finitude, sendo que tal percepção se inicia na 
infância. A consciência que se tem sobre a finitude ao 
mesmo tempo em que é uma característica que diferencia o 
ser humano dos outros seres, também propicia o 
questionamento sobre a vida. O discurso popular assegura 
que a única certeza que se tem na vida é de que algum dia 
se morre, porém, às vezes, evita-se o assunto. Algumas 
pessoas ainda tentam desafiar a morte na ânsia de vencê-la. 
-A morte e o processo de morrer são fenômenos que geram 
angústia, medo e ansiedade e, apesar de fazerem parte da 
vida, ainda são considerados tabus. As atitudes das pessoas 
em relação à morte são influenciadas por sistemas de 
crenças pessoais, culturais, sociais e filosóficas que irão 
moldar seus comportamentos conscientes ou não. 
-Os conceitos de irreversibilidade (alguém que morre não 
pode voltar a viver), não-funcionalidade (com a morte 
cessam as funções vitais) e universalidade (todos os seres-
vivos morrem) são aspectos fundamentais para a obtenção 
do conceito de morte. 
-Além do desajustamento social, os sentimentos que 
acompanham a morte são intensos e multifacetados, 
afetando emoções, corpos e vidas por um longo período de 
tempo do ponto de vista individual, as tentativas de domínio 
da morte, ou seja, de negação da mortalidade, muitas vezes 
encontram apoio em crenças religiosas que retratam a 
morte como uma passagem, um estado transitório e não a 
cessação da vida. Esta última concepção provoca o 
surgimento de fortes defesas, uma vez que sem elas seria 
impossível imaginar qualquer espécie de futuro. 
 
2 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
ESTÁGIOS DA MORTE 
-Estágios da morte e do morrer Elisabeth Kübler-Ross, 
psiquiatra e tanatologista, organizou, de forma abrangente 
e útil, as reações dos indivíduos à morte iminente. Um 
paciente que está morrendo raramente apresenta uma série 
regular de respostas que possam ser identificadas com 
clareza; não há uma sequência estabelecida que seja 
aplicável a todas as pessoas. No entanto, os cinco estágios a 
seguir propostos por Kübbler-Ross são amplamente 
encontrados. 
-ESTÁGIO 1: Choque e negação. Quando lhes é dito que 
estão morrendo, as pessoas inicialmente reagem com 
choque. Primeiro ficam aturdidas, e depois se recusam a 
acreditar no diagnóstico; elas podem também negar que 
alguma coisa esteja errada. Alguns indivíduos nunca vão 
além deste estágio, e podem percorrer vários médicos até 
encontrar um que apoie sua posição. 
O grau em que a negação é adaptativa ou mal-adaptativa 
parece depender de o paciente continuar a se tratar mesmo 
enquanto está negando o prognóstico. Em tais casos, os 
médicos devem fornecer aos pacientes e suas famílias, com 
respeito e diretamente, informações básicas sobre a doença, 
seu prognóstico e as opções de tratamento. Para uma 
comunicação efetiva, os médicos devem permitir respostas 
emocionais dos pacientes e assegurá-los de que não serão 
abandonados. 
-ESTÁGIO 2: Raiva. As pessoas ficam frustradas, irritadas e 
com raiva por estarem doentes. Elas comumente 
perguntam: “Por que eu?”. Podem ficar zangadas com Deus, 
com seu destino, um amigo ou um membro da família; 
podem até mesmo se culpar. Podem deslocar sua raiva para 
os membros da equipe do hospital e o médico, a quem 
culpam por sua doença. Os pacientes nesse estágio são 
difíceis de tratar. 4 
Os médicos que têm dificuldade em compreender que a 
raiva é uma reação previsível e representa um deslocamento 
podem se afastar dos pacientes ou transferi-los para os 
cuidados de outro profissional. Os médicos que estão 
tratando pacientes enraivecidos precisam se dar conta de 
que a raiva que está sendo expressa não pode ser tomada 
como pessoal. 
 Uma resposta empática e não defensiva pode ajudar a 
acalmar a raiva do paciente e auxiliá-lo a focar em seus 
sentimentos profundos subjacentes à raiva (p. ex., pesar, 
medo, solidão). Os médicos também devem reconhecer que 
a raiva pode representar o desejo do paciente de controlar 
uma situação na qual ele se sente completamente sem 
controle. 
-ESTÁGIO 3:Barganha. Os pacientes podem tentar negociar 
com médicos, amigos ou até mesmo com Deus; em troca da 
cura, prometem cumprir uma ou muitas promessas, como 
doar para a caridade e frequentar a igreja regularmente. 
Alguns acreditam que, se forem bons (cordatos, não 
questionadores, animados), o médico os fará melhorar. O 
tratamento desses pacientes envolve deixar claro que serão 
tratados da melhor maneira possível ao alcance das 
habilidades do médico, e que tudo o que puder ser feito será 
feito, independentemente de qualquer ação ou 
comportamento. O paciente também precisa ser encorajado 
a participar como parceiro em seu tratamento e a entender 
que ser um bom paciente significa ser o mais honesto e 
direto possível. 
-ESTÁGIO 4: Depressão. No quarto estágio, os pacientes 
apresentam os sinais clássicos de depressão – retraimento, 
retardo psicomotor, distúrbios do sono, falta de esperança 
e, possivelmente, ideação suicida. A depressão pode ser uma 
reação aos efeitos da doença em suas vidas (p. ex., perda do 
emprego, dificuldades econômicas, desamparo, 
desesperança e isolamento dos amigos e da família) ou pode 
ser uma antecipação da perda da vida que acabará 
ocorrendo. 
Um transtorno depressivo maior com sinais vegetativos e 
ideação suicida pode requerer tratamento com medicação 
antidepressiva ou eletroconvulsoterapia (ECT). Todas as 
pessoas sentem alguma tristeza diante da perspectiva da 
própria morte, mas tristeza normal não requer intervenção 
biológica. 
 Já o transtorno depressivo maior e a ideação suicida ativa 
podem ser aliviados e não devem ser aceitos como reações 
normais à morte iminente. Uma pessoa que sofre de 
transtorno depressivo maior pode não conseguir manter a 
esperança, que é capaz de melhorar a dignidade e a 
qualidade de vida e até mesmo prolongar a longevidade. 
Estudos mostraram que alguns pacientes terminais 
conseguem retardar a morte até depois de um evento 
significativo de uma pessoa querida, como a formatura de 
um neto na universidade. 
- ESTÁGIO 5: Aceitação. No estágio de aceitação, os 
pacientes percebem que a morte é inevitável e aceitam a 
universalidade da experiência. Seus sentimentos podem 
oscilar desde um humor neutro até eufórico. Em 
circunstâncias ideais, resolvem seus sentimentos sobre a 
inevitabilidade da morte e conseguem falar sobre o 
enfrentamento do desconhecido. 
 Aqueles com fortes crenças religiosas e uma convicção 
sobre vida após a morte encontram conforto na máxima 
eclesiástica: Não tema a morte; lembre-se daqueles que se 
foram antes de você e daqueles que irão depois de você. 
CONSIDERAÇÕES NO CICLO VITAL SOBRE A 
MORTE E O MORRER 
- A diversidade clínica de atitudes e comportamentos 
relacionados à morte entre crianças e adultos tem suas 
raízes em fatores do desenvolvimento e diferenças 
associadas à idade nas causas de morte. Ao contrário dos 
adultos, que em geral morrem de doença crônica, as crianças 
podem morrer por causas repentinas e inesperadas. 
 
3 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
- Quase metade das crianças que perdem a vida entre 1 e 14 
anos, e quase 75% daquelas que morrem no fim da 
adolescência e início da idade adulta, morrem por acidentes, 
homicídios e suicídios. Com suas características de violência, 
caráter repentino e mutilação, essas causas de morte não 
naturais são estressores especiais para o luto dos 
sobreviventes. 
- Pais e irmãos em luto de crianças e adolescentes mortos 
frequentemente se sentem vitimizados e traumatizados por 
suas perdas; suas reações de pesar se parecem com o 
transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Podem 
ocorrer perturbações devastadoras na família, e os irmãos 
sobreviventes correm o risco de ter suas necessidades 
emocionais colocadas em segundo plano, ignoradas ou 
completamente despercebidas. 
 CRIANÇAS 
- As atitudes das crianças em relação à morte refletem suas 
atitudes em relação à vida. Embora elas compartilhem 
medos, ansiedades, crenças e comportamentos sobre 
morrer com adolescentes, adultos e idosos, algumas de suas 
intepretações e reações são específicas da idade. 
- Nenhuma criança recebe a morte sem ambivalência, e 
todas tentam temperar sua aceitação com doses sadias de 
negação e esquiva. Crianças terminais com frequência têm 
consciência de sua condição e querem discuti-la. Elas em 
geral têm uma visão mais sofisticada sobre morrer do que 
seus pares que estão clinicamente bem, engendrada por sua 
própria saúde frágil, pela separação dos pais, submissão a 
procedimentos dolorosos e morte de companheiros no 
hospital. 
- Na fase da educação infantil, no estágio pré-operativo do 
desenvolvimento cognitivo, a morte é vista como uma 
ausência temporária, incompleta e reversível, como uma 
partida ou sono. 
- A separação do(s) cuidador(es) primário(s) é o medo 
principal das crianças em idade pré-escolar. Esse medo vem 
à tona como um aumento nos pesadelos, um brincar mais 
agressivo ou a preocupação com a morte de outras pessoas, 
em vez de um discurso direto. 
- Crianças em estágio terminal podem assumir a 
responsabilidade por sua morte, sentindo-se culpadas por 
morrerem. Crianças em idade pré-escolar podem não 
conseguir relacionar o tratamento à doença; em vez disso, o 
veem como punição, e as separações da família como 
rejeição. Elas precisam ser asseguradas de que são amadas, 
não fizeram nada errado, não são responsáveis por sua 
doença e não serão abandonadas. 
- Crianças em idade escolar manifestam pensamento 
concreto-operativo e reconhecem a morte como uma 
realidade final. No entanto, a encaram como algo que 
acontece a pessoas idosas, não a elas. Entre 6 e 12 anos, as 
crianças têm fantasias ativas de violência e agressão, 
frequentemente dominadas por temas de morte e matar. 
Crianças em idade escolar fazem perguntas sobre doenças 
sérias e morte se encorajadas a fazê-lo; contudo, se recebem 
sinais de que o assunto é tabu, elas podem se retirar e 
participar de forma menos integral de seus cuidados. 
Facilitar a discussão aberta e atualizar as crianças com 
informações importantes, incluindo as alterações no 
prognóstico, pode ser muito útil. 
- Além disso, elas podem precisar de auxílio para lidar com 
as demandas dos pares e da escola. Os professores devem 
ser informados e atualizados. Os colegas precisam de 
educação e assistência para ajudá-las a compreender a 
situação e responder de maneira apropriada. 
 ADOLESCENTES 
- Sendo capazes de operações cognitivas formais, os 
adolescentes compreendem que a morte é inevitável e final, 
porém podem não aceitar que sua própria morte seja 
possível. Os grandes temores dos adolescentes que estão 
morrendo são semelhantes aos de todos os adolescentes – 
perda do controle, ser imperfeito e ser diferente. 
- As preocupações com a imagem corporal, a perda do 
cabelo ou do controle de seu corpo podem gerar grande 
resistência à continuidade do tratamento. Emoções 
alternantes de desespero, raiva, pesar, amargura, 
insensibilidade, terror e alegria são comuns. 
- O potencial para afastamento e isolamento é grande, 
porque eles podem equiparar o apoio parental à perda da 
independência ou negar seus sentimentos de abandono 
repelindo gestos de amizade. Os adolescentes devem ser 
incluídos em todos os processos de tomada de decisão que 
envolvem sua morte. Muitos são capazes de grande 
coragem, elegância e dignidade ao se defrontarem com a 
morte. 
 ADULTOS 
- Alguns dos medos expressos pelos pacientes adultos que 
passam a receber cuidados paliativos, listados na ordem 
aproximada de frequência, incluem: (1) separação das 
pessoas amadas, da casa e do trabalho; (2) transformar-se 
em um peso para os outros; (3) perder o controle; (4) o 
futuro dos dependentes; (5) dor ou outros sintomas de 
agravamento; (6) ser incapaz de concluir tarefas ou 
responsabilidades; (7) morrer; (8) estar morto; (9) os medos 
dos outros (medosrefletidos); (10) o destino do corpo; e (11) 
a vida após a morte. 
- Da apreensão surgem problemas na comunicação, 
tornando importante que aqueles envolvidos nos cuidados 
de saúde proporcionem um ambiente de confiança e 
segurança no qual seja possível falar sobre as incertezas, 
ansiedades e preocupações. 
- Adultos em idade avançada em geral aceitam que seu 
tempo acabou. Seus medos principais incluem uma morte 
prolongada, dolorosa e desfigurante, um estado vegetativo 
 
4 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
prolongado, isolamento e perda do controle ou da 
dignidade. Pacientes idosos podem falar ou brincar 
abertamente sobre morte e, às vezes, a recebem bem. 
- Dos 70 anos em diante, é raro terem ilusões de 
indestrutibilidade – a maioria já teve várias situações 
próximas: seus pais morreram e eles já foram a funerais de 
amigos e parentes. Embora possam não estar felizes por 
morrer, é possível que estejam em harmonia com a 
perspectiva. 
- De acordo com Erik Erikson, o oitavo e final estágio do ciclo 
vital traz um sentimento de integridade ou desespero. 
Quando entram na última fase de suas vidas, os idosos 
refletem sobre seu passado. Quando cuidaram de seus 
assuntos, foram relativamente bem-sucedidos e se 
adaptaram aos triunfos e às decepções da vida, eles 
conseguem olhar para trás com satisfação e têm apenas 
alguns arrependimentos. 
- A integridade do self permite às pessoas que aceitem a 
doença e a morte inevitáveis sem o medo de sucumbirem 
desamparadas. Entretanto, se olham para sua vida como 
uma série de oportunidades perdidas ou desventuras 
pessoais, seu sentimento é de desespero e amargura, uma 
preocupação com o que poderia ter sido se isto ou aquilo 
tivesse acontecido. A morte é temida porque simboliza vazio 
e fracasso. 
OBJETIVO 2: ABORDAR AS REAÇÕES 
COMPORTAMENTAIS DOS DIFERENTES MEMBROS 
DA FAMÍLIA FRENTE AO PROCESSO DE MORTE DO 
PACIENTE E O QUE PODE SER FEITO PERANTE TAIS 
COMPORTAMENTOS REATIVOS. 
- Ao lidarmos com as perdas no decorrer de nossas vidas, 
geralmente lamentamos por certo tempo; tempo este que 
vai depender do que foi perdido, da importância do que 
perdemos tinha em nossas vidas, da idade em que 
vivenciamos a perda, da nossa história de vida, se estamos 
ou não preparados para isso, e do apoio externo que 
poderemos dispor. 
A PERDA DOS PAIS 
- Na infância, a perda dos pais é algo que pode acarretar 
consequências a curto e a longo prazo, incluindo sintomas 
físicos e transtornos emocionais. As crianças que 
experimentam a perda de um dos pais podem desenvolver 
certa dificuldade nos relacionamentos íntimos, temendo 
muitas vezes que a separação e o abandono se repitam. As 
reações das crianças dependem muito do seu estágio de 
desenvolvimento e do modo como os outros adultos 
encararam a perda no momento. 
- É importante que os adultos compreendam as diferentes 
reações que as crianças podem ter, e principalmente se as 
mesmas já são capazes de entender o que aconteceu. É 
importante ressaltarmos que as crianças não devem ser 
excluídas de conversas e rituais que acompanham a perda, 
devendo ser esclarecidas e informadas sobre o que se passa 
ao redor delas. Muitos pais na tentativa de poupá-las da dor 
acabam deixando-as de fora em um momento que o luto 
deve ser elaborado em conjunto. 
- As funções do pai / mãe que faleceram, no caso de famílias 
com crianças pequenas, deverão ser desempenhadas por 
outros membros da família, a fim de se dar suporte às 
crianças e ao cônjuge sobrevivente no manejo da nova 
configuração e distribuição de tarefas. Portanto, a família 
neste momento servindo de rede de apoio acaba sendo de 
fundamental importância, pois o modo como a criança vai 
lidar com a perda depende diretamente do estado 
emocional do pai/mãe sobrevivente. 
- Perder um dos pais na adolescência pode acarretar um 
sentimento de culpa, pelo desejo implícito do adolescente 
nesta fase de se ver “livre” dos pais e do controle deles. A 
perda parental pode gerar uma sobrecarga, em uma fase em 
que a reestruturação de papéis e tarefas na família já faz 
parte do ciclo de vida “natural”, só que desta vez, com o 
agravante da perda. No âmbito clínico, quando presentes 
queixas sobre o comportamento dos adolescentes neste 
momento, é importante avaliarmos os contextos onde 
ocorrem os problemas, que muitas vezes aparecem nas 
relações familiares, na escola, entre outros. 
- Os meninos que perdem um dos pais geralmente se 
retraem socialmente, ou ainda se envolvem com roubo, 
brigas e drogas, enquanto as meninas possuem tendência de 
se unirem às irmãs e em muitas das vezes sexualizam as 
relações amorosas. Em muitas ocasiões, as meninas casam-
se ou saem de casa precocemente logo após a perda, 
buscando proximidade e conforto no parceiro. 
- A perda de um dos pais durante a vida adulta pode muitas 
vezes servir de incentivo para o desenvolvimento, 
impulsionando os filhos para o crescimento e 
desenvolvimento da maturidade; já em outros casos, perder 
os pais para um adulto jovem pode fazer com que o mesmo 
sinta-se dividido entre seus planos para o futuro e a tarefa 
de lidar com uma perda repentina. 
- Nesta fase os jovens geralmente estão se afastando de sua 
família de origem para formar a sua própria família nuclear. 
As expectativas de cuidados dos pais nesta fase geralmente 
são depositadas sobre os filhos mais velhos, ou ainda sobre 
as filhas mulheres. Estas tendem a se preocupar muito mais 
com as situações de doença ou perda, pois existe a forte 
crença em nossa cultura de que as mulheres devem tomar 
conta dos pais, dos progenitores sobreviventes, irmãos e 
avós. Já os filhos homens, ou os filhos (as) mais velhos (as) 
em geral, ao invés do papel de cuidadores, acabam 
frequentemente assumindo o papel de “chefe” na família, se 
envolvendo muito mais com as questões financeiras e 
burocráticas. 
 
 
 
5 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
A PERDA DO CÔNJUGE 
- Na morte de um dos cônjuges, chora-se “(...) o 
companheiro, o amante, o amigo íntimo, o protetor, o 
provedor ou parceiro na criação dos filhos. Pode-se chorar o 
fato de não ser mais parte de um par”. A autora comenta 
ainda que a morte do cônjuge destrói uma unidade social, 
impondo novos papéis e colocando o outro em uma posição 
solitária. 
- Em algumas situações, a família e os amigos do cônjuge 
viúvo, esperam que ele inicie um novo relacionamento 
rapidamente, a fim de “dar a volta por cima”, porém corre-
se o risco de que a dor seja negligenciada neste momento e 
mais tarde possa vir à tona. Em geral, as mulheres possuem 
mais dificuldades em iniciar um novo relacionamento do que 
os homens, principalmente quando a família do cônjuge 
falecido insinua que isto é algo desleal. Os homens 
geralmente tocam a vida mais rapidamente, e esperam que 
a nova parceira seja solidária com a sua dor. 
- A morte de um dos cônjuges na fase da formação do casal 
tende a ser muito chocante e desorientadora, tornando o 
luto muito mais difícil para o sobrevivente, já que a formação 
do novo casal representa a modificação de dois sistemas 
inteiros com a finalidade de desenvolver um terceiro. 
- A perda do cônjuge nas famílias com crianças pequenas 
implica em o cônjuge sobrevivente assumir a posição de 
único cuidador, e também sozinho as responsabilidades 
financeiras. As crianças muitas vezes acabam desenvolvendo 
sintomas, o que distrai o cônjuge sobrevivente do foco da 
sua própria elaboração da perda. Membros adultos da 
família e amigos constituirão uma rede de apoio 
fundamental, auxiliando nas tarefas e cuidados. 
- A perda de um dos cônjuges no momento de lançamento 
dos filhos e no estágio tardio da vida tende a ser 
preocupante para ambos os sexos, pois neste momento a 
reestruturação da família gira em torno da renegociação das 
funções do casal, não mais centrados na criação dos filhos. 
Quando os filhos saem decasa, geralmente o casal reinveste 
energia no casamento e faz planos para o futuro, ao mesmo 
tempo em que começa a entrar em contato com a sua 
própria mortalidade. 
- As mulheres estatisticamente ficam viúvas mais cedo, 
tendo quatro vezes mais chances de sobreviver, do que os 
homens. Sendo assim, as mulheres nesta fase devem 
priorizar a reconstrução de redes de apoio social, bem como 
considerar como estas vão se sustentar a partir do 
falecimento do cônjuge. 
- Já os homens possuem menor tendência de ficarem viúvos, 
já que estes geralmente morrem antes do que as mulheres. 
Vale a pena ressaltar que a taxa de suicídios entre homens 
viúvos é bastante alta, dado que mostra o despreparo dos 
homens em perder aquelas que geralmente foram 
emocionalmente centradas neles durante a vida conjugal. 
- O cônjuge sobrevivente, muitas vezes, pode se fechar em 
seu sofrimento, evitando compartilhar seus sentimentos 
com os filhos que acabaram de sair de casa. As principais 
tarefas nesta etapa constituem-se em fazer o luto da perda 
do cônjuge e reinvestir no futuro. 
A PERDA DOS FILHOS 
- De uma forma geral, a morte de um filho é algo 
extremamente doloroso, algo que reverte a ordem natural 
da vida e frustra as expectativas geracionais de uma família, 
em especial para os pais. Para VIORST (2005:261), “a morte 
de um filho é como uma morte fora de tempo, uma 
monstruosidade, um ultraje contra a ordem natural das 
coisas”. 
- A perda de um filho, independendo da idade, produz um 
sofrimento duradouro, e a família pode ter a sensação de 
que alguma “injustiça” ocorreu. 
- A morte de uma criança tende a ser um momento de muita 
perturbação para todos os familiares, “Quando seus pais 
morrem, você perde seu passado; quando seus filhos 
morrem, você perde seu futuro”. 
- A perda da criança muitas vezes vulnerabiliza a relação 
conjugal e saúde dos pais, havendo grandes possibilidades 
de divórcio. Os pais acabam questionando o real sentido de 
suas vidas, muitas vezes culpando-se e responsabilizando-se 
pela morte da criança – já que as crianças pequenas são 
inteiramente dependentes dos pais para segurança e 
sobrevivência. 
- O papel da criança que morre influencia diretamente a 
forma como os pais vão lidar com a situação: a perda de um 
primogênito, de um filho único, de um filho único de um dos 
sexos, ou ainda as mortes por acidentes podem ser muito 
mais difíceis de lidar do que em algumas outras situações. 
Grupos de auto-ajuda e crenças religiosas neste momento 
podem ser fundamentais para o apoio e conforto dos pais. 
- A perda de um filho adolescente geralmente envolve 
acidentes, associados a comportamentos arriscados, 
envolvendo álcool, drogas, automóveis ou ainda suicídio, 
homicídio e câncer. Em muitas das mortes ocasionadas por 
comportamentos autodestrutivos, é comum que a família 
sinta raiva do filho que morreu, gerando uma confusão de 
sentimentos, misturadas com a dor da perda. Nos casos de 
doença, como por exemplo, o câncer, a rebeldia em muitos 
casos faz com que o adolescente não leve o tratamento tão 
a sério, e os pais tenham um pouco mais de dificuldades em 
colocar os limites e distinguir o que é adequado ou o que não 
deve se fazer neste momento. 
- Conclui que “a mais profunda e duradoura de todas as 
dores é a do pai e da mãe pelo filho ou pela filha já 
crescidos”, apesar de o lamento pela perda de um filho, ou 
das esperanças do que o filho seria, pode começar em 
qualquer estágio do processo de maternidade / paternidade. 
Quando se perdem filhos adultos – geralmente cheios de 
 
6 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
planos para o futuro –, a dor e culpa dos familiares que 
ficaram vivos pode paralisá-los e impedi-los de continuar 
seus projetos de vida por um bom tempo. 
A PERDA DOS IRMÃOS 
- A perda de um dos irmãos por parte das crianças pode ser 
experimentada também como parte da perda dos pais, já 
que os mesmos estarão mais vulneráveis e voltados à perda 
do filho. A rivalidade natural entre irmãos pode contribuir 
para um grande sentimento de culpa nos mesmos, o que 
pode bloquear seu desenvolvimento e provocar reações nos 
aniversários após a perda. 
- A perda de um dos irmãos na infância pode ser considerada 
algo extremamente doloroso e confuso, algo que combina 
triunfo e culpa: “(...) Triunfo por ter se livrado finalmente do 
rival. Culpa por ter desejado se livrar do rival. Dor pela perda 
do companheiro de brinquedos, de quarto. A dor de ter 
perdido – e de ter ganho”. 
- Um dos irmãos sobreviventes nestas situações pode ainda 
ser colocado em função substituta – algo que futuramente 
pode prejudicar sua individuação e separação da família; ou 
ainda os pais engravidam logo em seguida ou adotam uma 
criança. Alguns estudos comprovam que o investimento de 
energia nos filhos sobreviventes torna o ajustamento à 
perda algo mais fácil de ser elaborada para os pais. 
- A perda de irmãos na adolescência geralmente vem 
acompanhada de um distanciamento da família e dos 
amigos, fazendo com que muitas vezes o adolescente 
sobrevivente não tenha vontade de falar com ninguém sobre 
a perda. Este geralmente se afasta dos possíveis 
compartilhamentos de sentimentos com a família, mas o que 
realmente determina a forma com que o irmão sobrevivente 
vai lidar com a perda é a bagagem da família e a possibilidade 
de todos lidarem com a perda. 
- Em muitas vezes, um irmão (ã) “perde seu melhor 
confidente, ou vê partir aquele que lhe dava atenção, ou que 
assumia um pouco a função de ‘escudo’ entre eles e os pais”. 
- Na idade adulta, a perda dos irmãos vai depender muito 
dos vínculos estabelecidos por estes, pois alguns fortalecem 
seus vínculos, fazendo-os durar até a fase adulta, vendo uns 
aos outros como pessoas que podem ser seus amigos, já 
outros buscam manter o mínimo de contato. Na realidade 
com o passar do tempo e a morte dos pais, os irmãos são 
tudo o que resta da família. A perda é lamentada, de uma 
forma ou de outra, pois como define a autora, são os irmãos 
os guardiões do nosso passado. 
PERDA DURANTE A INFÂNCIA E A 
ADOLESCÊNCIA 
-Cerca de 4% das crianças norte-americanas perdem um ou 
ambos os genitores até os 15 anos de idade; a morte de um 
irmão é a segunda perda mais comumente experimentada. 
As reações de luto são coloridas pelos níveis do 
desenvolvimento e conceitos de morte, e podem não se 
parecer com as reações dos adultos. As crianças podem 
exibir um luto mínimo no momento da morte e 
experimentar o efeito integral da perda posteriormente. 
-Crianças em processo de luto podem não se retrair nem se 
deter no falecido, mas, em vez disso, se lançar em atividades. 
Indiferença, raiva ou má conduta podem ser exibidas em vez 
de tristeza; os comportamentos podem ser erráticos e 
lábeis. No comportamento de crianças em processo de luto 
podem aparecer fortes sentimentos de raiva e medo de 
abandono ou de morte. As crianças costumam fazer 
brincadeiras relacionadas com morte como uma forma de 
elaborar seus sentimentos e ansiedades. Tais brincadeiras 
lhes são familiares e oferecem oportunidades seguras de 
expressarem seus sentimentos. Embora suas demonstrações 
de luto possam parecer apenas ocasionais e breves, o luto 
de uma criança frequentemente dura mais do que o de um 
adulto. 
-O luto em crianças pode precisar de abordagens repetidas à 
medida que elas vão crescendo. As crianças pensarão muitas 
vezes sobre a perda, em especial durante momentos 
importantes de suas vidas, como ir para um acampamento, 
formar-se na escola, casar-se ou dar à luz os próprios filhos. 
O luto de uma criança pode ser influenciado por sua idade, 
personalidade, pelo estágio do desenvolvimento, por 
experiências precoces com a morte e pelo relacionamento 
com o falecido. O ambiente, a causa da morte e a capacidade 
dos membros da família de se comunicarem entre si e de 
continuarem unidos depois da morte tambémpodem afetar 
o luto. 
-A necessidade constante que a criança tem de cuidados, as 
oportunidades que tem de compartilhar sentimentos e 
lembranças, a capacidade dos pais para lidar com o estresse 
e as relações estáveis da criança com outros adultos são 
outros fatores que podem influenciar o luto. Mesmo as 
crianças maiores com frequência se sentem abandonadas ou 
rejeitadas quando um dos genitores morre e podem 
demonstrar hostilidade em relação ao que morreu ou ao 
sobrevivente, agora percebido como aquele que pode vir a 
abandoná-la. Elas podem se sentir responsáveis devido a um 
mau comportamento anterior ou porque em determinado 
momento disseram ou desejaram que aquela pessoa 
morresse. 
-Crianças menores de 2 anos podem apresentar perda da 
fala ou sofrimento difuso. As com menos de 5 anos podem 
responder com disfunções alimentares, do sono ou do 
intestino e da bexiga. Podem ocorrer fortes sentimentos de 
tristeza, medo e ansiedade, mas eles não são persistentes e 
tendem a se alternar com estados normais de maior 
duração. 
- Crianças em idade escolar podem se tornar fóbicas ou 
hipocondríacas, retraídas ou pseudomaduras, e o 
rendimento escolar e as relações com os pares 
frequentemente são abalados. Os adolescentes, assim como 
os adultos, apresentam uma grande variedade na expressão 
 
7 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
do luto, desde problemas de comportamento, sintomas 
somáticos e humor errático até estoicismo. Enquanto 
meninos adolescentes que perdem um dos genitores podem 
se tornar delinquentes, meninas podem se voltar para um 
padrão sexual na busca de conforto e tranquilização. 
Distúrbios comportamentais e depressão são comuns em 
todas as idades. As taxas de episódios depressivos em 
crianças e adolescentes enlutados são tão altas quanto em 
adultos na mesma condição. 
-Os adolescentes, assim como os adultos, apresentam uma 
grande variedade na expressão do luto, desde problemas de 
comportamento, sintomas somáticos e humor errático até 
estoicismo. Enquanto meninos adolescentes que perdem 
um dos genitores podem se tornar delinquentes, meninas 
podem se voltar para um padrão sexual na busca de conforto 
e tranquilização. Distúrbios comportamentais e depressão 
são comuns em todas as idades. As taxas de episódios 
depressivos em crianças e adolescentes enlutados são tão 
altas quanto em adultos na mesma condição. 
-As crianças em processo de luto devem ser tratadas com 
respeito a seus níveis de maturidade emocional e cognitiva. 
Precisam saber que a morte é real e irreversível e que elas 
não têm culpa. Os sentimentos e as preocupações devem ser 
expressos, e as perguntas devem ser bem recebidas e 
respondidas com simplicidade, franqueza e clareza. As 
crianças, assim como os adultos, precisam de rituais para 
celebrar seus entes queridos; assistir ao funeral e participar 
do pesar podem ser os primeiros passos benéficos. 
PERDA DURANTE A IDADE ADULTA 
-Não existe consenso sobre qual tipo de perda está 
associado às reações mais graves. Embora a morte de um 
cônjuge frequentemente esteja classificada como o evento 
vital mais estressante, alguns estudiosos argumentam que 
perder um filho é ainda mais profundo. A morte de um filho 
é uma dor especial, uma perda para toda a vida para mães, 
pais, irmãos, irmãs, avós e outros membros da família. A 
morte de um filho é uma experiência que altera toda a vida. 
-As mortes dos pais e irmãos na vida adulta ainda não foram 
estudadas de forma sistemática, mas em geral são 
consideradas relativamente leves se comparadas com a 
perda do cônjuge ou de um filho. O luto parece ser mais 
intenso para a mãe em perdas perinatais (natimortos ou 
morte neonatal em vez de aborto) e com frequência é 
revivido durante gestações posteriores. A síndrome da 
morte súbita infantil é particularmente problemática uma 
vez que a morte é repentina e inesperada. Os pais podem 
sentir culpa extra ou acusar um ao outro, em geral 
resultando em posteriores dificuldades conjugais. 
PERDA, LUTO E PESAR 
- Perda, luto e pesar são termos que se aplicam às reações 
psicológicas daqueles que sobrevivem a uma perda 
significativa. Luto é o sentimento subjetivo precipitado pela 
morte de uma pessoa amada. O termo é usado como 
sinônimo de pesar, embora, no sentido estrito, pesar seja o 
processo pelo qual o luto é resolvido; ele é a expressão social 
do comportamento e de práticas pós--perda. 
- Perda literalmente significa o estado de estar privado de 
alguém por morte e se refere a estar no estado de pesar. 
Sem levar em conta a linha tênue que diferencia esses 
termos, as experiências de luto e perda têm semelhanças 
suficientes para justificar uma síndrome que tem sinais, 
sintomas, um curso demonstrável e uma solução esperada. 
REAÇÕES NORMAIS À PERDA 
- A primeira resposta à perda, o protesto, é seguida por um 
período mais longo de comportamento de busca. À medida 
que a esperança de restabelecer o laço de apego diminui, os 
comportamentos de busca dão espaço à desesperança antes 
que os indivíduos enlutados acabem se reorganizando em 
torno do reconhecimento de que a pessoa perdida não vai 
voltar. Embora acabe aprendendo a aceitar a realidade da 
morte, o enlutado também encontra formas psicológicas e 
simbólicas de manter muito viva a lembrança da pessoa 
falecida. O trabalho de luto possibilita que o sobrevivente 
redefina sua relação com a pessoa morta e forme novos 
laços duradouros. 
DURAÇÃO DO LUTO 
- A maioria das sociedades dita os modos e o tempo para o 
luto. Nos Estados Unidos, hoje em dia, o esperado é que 
indivíduos enlutados retornem ao trabalho e à escola em 
poucas semanas, estabeleçam o equilíbrio em poucos meses 
e sejam capazes de buscar novas relações no espaço de 6 
meses a 1 ano. Amplas evidências indicam que o processo de 
perda não se encerra em um intervalo prescrito; 
determinados fatores persistem indefinidamente para 
muitos indivíduos que, em outros aspectos, apresentam um 
alto nível de funcionamento. 
- A manifestação mais prolongada de luto, sobretudo depois 
da perda conjugal, é a solidão. Frequentemente presente 
por anos após a morte do cônjuge, a solidão pode, para 
alguns, ser um lembrete diário da perda. Outras 
manifestações comuns de luto prolongado ocorrem de 
modo intermitente. Por exemplo, um homem que perdeu 
sua esposa pode experimentar aspectos de luto agudo toda 
vez que ouvir o nome dela ou ver sua foto sobre a mesa de 
cabeceira. Em geral, essas reações vão se tornando cada vez 
menos prolongadas com o passar do tempo, dissipando-se 
em alguns minutos, e vão recebendo nuances de afetos 
positivos e prazerosos. Essas lembranças, ao mesmo tempo 
doces e amargas, podem durar por toda a vida. Dessa forma, 
boa parte do luto não se resolve completamente ou 
desaparece de forma permanente; em vez disso, ele fica 
circunscrito e submerso, emergindo apenas em resposta a 
certos ativadores. 
 
 
 
8 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
LUTO ANTECIPATÓRIO 
-No luto antecipatório, as reações de luto são provocadas 
pelo lento processo de morte de uma pessoa amada devido 
a ferimentos, doença ou atividade de alto risco. Ainda que o 
luto antecipatório possa suavizar o impacto da morte 
eventual, também pode levar a separação e afastamento 
prematuros, embora não necessariamente atenuando a 
perda posterior. Às vezes, a intensificação da intimidade 
durante esse período pode aumentar o sentimento pela 
perda real, mesmo que prepare o sobrevivente em outros 
aspectos. 
REAÇÕES DE ANIVERSÁRIO 
- Quando o desencadeante de uma reação aguda de luto é 
uma ocasião especial, como um feriado ou aniversário, o luto 
reavivado é denominado reação de aniversário. Não é 
incomum que ocorram reações de aniversário todos os anos 
no mesmo dia em que a pessoa morreu ou, em alguns casos, 
quando o indivíduo enlutado completa a mesma idade que a 
pessoa falecida tinhaquando morreu. Embora tendam a ser 
relativamente leves e breves com o passar do tempo, essas 
reações podem se experimentadas como uma revivência do 
luto original e perduram por horas ou dias. 
PESAR 
- Desde o início da História, cada cultura registra suas 
próprias crenças, costumes e comportamentos relacionados 
à perda. Os padrões específicos incluem rituais para o pesar 
(p. ex., velórios ou Shiva), descarte do corpo, invocação de 
cerimônias religiosas e evocações periódicas oficiais. O 
funeral é a exibição pública predominante da perda na 
América do Norte contemporânea. 
- O funeral e o serviço funerário reconhecem a natureza real 
e final da morte, contrariando a negação; também angariam 
apoio para o enlutado, encorajando o tributo ao morto, 
unindo a família e facilitando as expressões de pesar da 
comunidade. Se a cremação substitui o enterro, a cerimônia 
associada ao descarte das cinzas cumpre funções similares. 
Visitas, orações e outras cerimônias possibilitam o apoio 
contínuo, a aceitação da realidade, a recordação, a 
expressão emocional e o encerramento de assuntos 
inacabados com o morto. 
- Diversos rituais culturais e religiosos conferem um 
propósito e significado, protegem os sobreviventes do 
isolamento e da vulnerabilidade e estabelecem limites para 
o processo de luto. Os posteriores feriados, aniversários e 
datas comemorativas servem para relembrar a vida do 
falecido e podem despertar um luto tão real e novo quanto 
a experiência original; com o passar do tempo, esses lutos de 
aniversário vão sendo atenuados, mas frequentemente 
permanecem de alguma maneira. 
PERDA 
- Como a perda costuma evocar sintomas depressivos, 
poderá ser necessário diferenciar reações normais de luto de 
um transtorno depressivo maior. Na quinta edição do 
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, foi 
proposta uma nova condição para um estudo mais 
aprofundado, denominada perda complexa persistente, que 
representa uma perda que dura mais de 1 ano. Esse 
transtorno se assemelha a um episódio depressivo maior, 
que é caracterizado por um prejuízo funcional grave e inclui 
uma preocupação mórbida com desvalia, ideação suicida, 
sintomas psicóticos ou retardo psicomotor. 
PERDA COMPLICADA 
-A perda complicada tem uma gama confusa de termos para 
descrevê-la – anormal, atípica, distorcida, mórbida, 
traumática e não resolvida, para nomear alguns tipos. Foram 
identificados três padrões de síndromes de perda 
complicada disfuncional – crônica, hipertrófica e tardia. 
Essas não são categorias diagnósticas do DSM-5, mas são 
síndromes descritivas que, se presentes, podem ser 
prodrômicas de um transtorno depressivo maior. 
LUTO CRÔNICO 
-O tipo mais comum de luto complicado é o crônico, com 
frequência acentuado por amargura e idealização da pessoa 
morta. É mais provável que ele ocorra quando a relação 
entre o enlutado e o morto foi extremamente próxima, 
ambivalente ou dependente, ou quando faltam apoios 
sociais e os amigos e parentes não estão disponíveis para 
compartilhar o pesar pelo período de tempo prolongado 
necessário para a maioria dos enlutados. 
LUTO HIPERTRÓFICO 
-Visto com mais frequência depois de uma morte repentina 
e inesperada, as reações de perda são extraordinariamente 
intensas no luto hipertrófico. As estratégias de 
enfrentamento costumeiras não são eficazes para atenuar a 
ansiedade, e o retraimento é frequente. Quando um 
membro da família está tendo uma reação de luto 
hipertrófico, pode ocorrer perturbação na estabilidade 
familiar. Com frequência esse luto tem um curso demorado, 
embora seja atenuado com o passar do tempo. 
PERDA TRAUMÁTICA 
-Perda traumática refere-se ao luto que é tanto crônico 
quanto hipertrófico. Caracteriza-se por aflição intensa e 
recorrente de luto com anseio persistente, lamento, 
saudades e imagens intrusivas recorrentes do falecido; e 
uma mistura sofrida de esquiva e preocupação com 
lembranças da perda. As lembranças positivas são com 
frequência bloqueadas ou excessivamente tristes, ou são 
experimentadas em estados prolongados de devaneio que 
interferem nas atividades diárias. Uma história de doença 
psiquiátrica parece ser comum nesta condição, bem como 
uma relação muito próxima, de definição de identidade, com 
o falecido. 
 
 
9 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
DOENÇAS CLÍNICAS OU PSIQUIÁTRICAS 
ASSOCIADAS À PERDA 
-As complicações clínicas incluem a exacerbação de 
problemas existentes e a vulnerabilidade a novas doenças; 
temor pela própria saúde e mais idas ao médico; e uma taxa 
de mortalidade aumentada, especialmente em homens. O 
risco relativo de mortalidade mais elevada é encontrado 
logo após a perda, em particular devido a doença cardíaca 
isquêmica. O maior efeito da perda na mortalidade ocorre 
entre homens com menos de 65 anos. 
- Essas taxas mais elevadas em homens enlutados do que 
em mulheres enlutadas se devem ao aumento no risco 
relativo de morte por suicídio, acidente, doença 
cardiovascular e algumas doenças infecciosas. 
- Em viúvas, o risco relativo de morte por cirrose e suicídio 
pode aumentar. Em ambos os sexos, a perda parece 
exacerbar comportamentos que comprometem a saúde, 
como aumento no consumo de álcool, tabagismo e o uso de 
medicamentos sem prescrição. 
- As complicações psiquiátricas da perda incluem um risco 
aumentado de transtorno depressivo maior, ansiedade 
prolongada, pânico e síndrome semelhante ao estresse pós-
traumático; aumento no consumo de álcool, drogas e 
cigarro; e um risco aumentado de suicídio. Devido a sua 
imaturidade psicossocial, emocional e cognitiva, crianças 
enlutadas podem ser especialmente vulneráveis a 
psicopatologia. 
PERDA E DEPRESSÃO 
-Embora os sintomas se sobreponham, o luto pode ser 
distinguido de um episódio depressivo completo. A maioria 
dos indivíduos enlutados experimenta tristeza intensa, mas 
apenas alguns satisfazem os critérios do DSM-5 para 
episódio depressivo maior. 
- O luto é uma experiência complexa na qual as emoções 
positivas assumem seu lugar ao lado das negativas. O luto é 
fluido e variado, um estado em desenvolvimento no qual a 
intensidade emocional gradualmente diminui e aspectos 
positivos e confortantes da relação perdida passam para 
primeiro plano. 
- A dor do luto está associada a estímulos relacionados a 
lembranças internas e externas da pessoa morta. Isso difere 
da depressão, que é mais generalizada e caracterizada por 
muita dificuldade em experimentar sentimentos positivos de 
autovalidação. 
-O luto é um estado flutuante, com variabilidade individual, 
no qual são feitos ajustes cognitivos e comportamentais de 
maneira progressiva até que o indivíduo enlutado consiga 
manter o falecido em um lugar confortável na memória e 
que uma vida satisfatória possa ser retomada. Por sua vez, o 
episódio depressivo maior consiste em um grupo 
reconhecível e estável de sintomas debilitantes 
acompanhados de um humor deprimido moroso e 
prolongado. O episódio depressivo maior tende a ser 
persistente e está associado a funcionamento laboral e 
social. 
TERAPIA DO LUTO 
- É raro pessoas em luto normal procurarem ajuda 
psiquiátrica porque aceitam suas reações e seus 
comportamentos como apropriados. Assim, uma pessoa 
enlutada não deve ver um psiquiatra ou psicólogo de forma 
rotineira a não ser que seja observada uma reação à perda 
acentuadamente divergente. Por exemplo, em 
circunstâncias habituais, uma pessoa enlutada não faz uma 
tentativa de suicídio; se a possibilidade de suicídio for real, é 
indicada intervenção psiquiátrica. 
- Quando é procurada assistência profissional, ela em geral 
envolve uma solicitação de medicação para dormir a um 
médico da família. Um sedativo leve para induzir o sono 
pode ser útil em algumas situações, mas medicamentos 
antidepressivos ou agentes ansiolíticos raramente são 
indicados em luto normal. 
- As pessoasenlutadas têm que passar por um processo de 
pesar, por mais doloroso que possa ser, para que ocorra uma 
resolução bem-sucedida. A narcotização dos pacientes 
interfere no processo normal que, por fim, pode levar a um 
resultado favorável. 
- Visto que as reações de luto podem se transformar em 
transtorno depressivo ou luto patológico, sessões 
específicas de aconselhamento para indivíduos enlutados 
com frequência são valiosas. A terapia do luto é uma técnica 
cada vez mais importante. Em sessões regularmente 
programadas, as pessoas enlutadas são encorajadas a falar 
sobre os sentimentos de perda e sobre a pessoa que morreu. 
- Muitas têm dificuldade em reconhecer e expressar raiva ou 
sentimentos ambivalentes por uma pessoa morta e precisam 
ser asseguradas de que esses sentimentos são normais. 
- A terapia do luto não precisa ser conduzida apenas 
individualmente; o aconselhamento em grupo também é 
eficaz. Grupos de mútua ajuda também são de grande valor 
em certos casos. Cerca de 30% das viúvas e viúvos relatam 
que se isolaram dos amigos, se afastaram da vida social e, 
por isso, experimentam sentimentos de isolamento e 
solidão. 
- Os grupos de mútua ajuda oferecem companhia, contatos 
sociais e apoio emocional e capacitam seus membros a se 
reinserirem na sociedade de forma significativa. Os cuidados 
de conforto e a terapia do luto têm sido mais eficazes para 
viúvas e viúvos. 
- A necessidade dessa terapia provém, em parte, da redução 
da unidade familiar; os membros da família estendida já não 
estão disponíveis para prover o apoio emocional e a 
orientação necessários durante o período de luto. 
 
10 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
OBJETIVO 3: EXPLANAR AS FASES DO LUTO 
(NEGAÇÃO, RAIVA, BARGANHA, DEPRESSÃO E 
ACEITAÇÃO). 
- A morte ou uma doença grave de qualquer membro de uma 
família podem ser vivenciadas pelas pessoas de diferentes 
formas, dependendo da fase do ciclo de vida que esta família 
se encontra, dos contextos culturais, sociais e 
principalmente, dos vínculos afetivos estabelecidos. 
- É importante destacarmos que Kübler-Ross no livro Sobre 
a Morte e o morrer publicado em 1969 apresentava as fases 
do luto que os pacientes geralmente apresentavam quando 
recebiam o diagnóstico de uma doença incurável. 
- Em 2005, no entanto, ao publicar seu último livro On Grief 
and Grieving (sem tradução no Brasil) com a coautoria de 
David Kesller, Kübler-Ross destacou que apresentaria as 
fases do luto de acordo com reações de pessoas que perdiam 
um ente querido (viúvas, viúvos, pais, filhos que perdiam os 
pais, amigos que perdiam algum amigo e assim por diante); 
destacou também que principalmente a fase de negação se 
diferenciava entre aquele que estava doente e entre os que 
perdiam um ente querido. 
- De acordo com Kübler-Ross (2008) e Kübler-Ross e Kesller 
(2005) nem todas as pessoas irão vivenciar seu luto de 
maneira semelhante, na ordem que é apresentada. “Nosso 
luto é tão individual como nossas vidas”. Assim, uma mesma 
pessoa pode ir da fase da negação para a barganha, como da 
barganha para a raiva e voltar para a anterior. 
- Cada luto é singular na medida em que os seres humanos o 
são, com suas particularidades e diferenças. No presente 
trabalho iremos focar no luto pela morte, quando uma 
pessoa perde alguém de seu círculo familiar/amigos, 
apresentando as fases do luto nessa circunstância. 
NEGAÇÃO 
- A primeira fase do luto, de acordo com o “Método Kübler-
Ross” é a negação. Quando uma pessoa recebe a notícia de 
que um ente querido morreu, sua primeira reação, na 
maioria das vezes, é dizer “não”, ou ainda “isso não pode ser 
verdade”. Seria uma defesa psíquica que faz com que o 
indivíduo acaba negando o problema, tenta encontrar algum 
jeito de não entrar em contato com a realidade seja da morte 
de um ente querido ou da perda de emprego. 
- É comum a pessoa também não querer falar sobre o 
assunto. Funciona como um “para-choque” logo após o 
recebimento de notícias inesperadas e chocantes, 
permitindo quem recebeu a notícia se recuperar com o 
tempo. A negação pode ser considerada uma defesa 
temporária e geralmente logo após é substituída por uma 
aceitação parcial do fato. 
- A dificuldade inicial em aceitar os fatos é algo comum no 
ser humano, já que consciente ou inconscientemente 
afastamos a ideia da morte com frequência, vivendo uma 
vida na qual esta é negada a todo o instante. A frase que 
geralmente ouvimos nesta fase é “não, isto não pode estar 
acontecendo comigo”, ou ainda “deve estar havendo algum 
engano”. 
RAIVA 
 - A segunda fase, não é um sentimento que possua muita 
lógica, na medida em que ele pode ser direcionado para 
qualquer coisa ou pessoa que o sujeito enlutado queira. Por 
exemplo, a raiva pode ser direcionada para a equipe de 
saúde que não conseguiu salvar a vida de seu ente querido; 
pode ser direcionada para si própria por não conseguir fazer 
nada para reverter a situação; pode ser direcionada para a 
vida por ser tão injusta e também pode ser direciona para 
Deus, na medida em que se questiona: “Por que, meu Deus? 
Por que você fez isso comigo?”. 
- Nessa fase o indivíduo se revolta com o mundo, se sente 
injustiçada e não se conforma por estar passando por isso. 
Ocorre logo em substituição à negação, quando ela não pode 
mais ser mantida. Esta fase envolve sentimentos 
relacionados à injustiça, revolta, inveja e ressentimentos 
contra os médicos e enfermeiras, ou ainda contra o destino. 
BARGANHA 
- A terceira fase é a barganha. Aqui o sujeito começa a 
suplicar a Deus, a fazer promessas e juramentos de que não 
fará mais as coisas como antes, de que tudo será diferente. 
Frases como “Por favor, Deus. Se eu tiver apenas mais uma 
chance...”. 
- A culpa geralmente vem acompanhada da barganha, em 
que o sujeito acredita que poderia ter feito algo diferente 
para a situação não ter chego onde está. A barganha é um 
sentimento que muda de maneira frequente e constante. 
- Em um instante, o sujeito enlutado pode barganhar com 
Deus no sentido de pedir que seu ente querido não morra, e 
no outro, algum tempo depois, quando o processo de 
aceitação se aproxima, ele pode barganhar com Deus 
pedindo que, já que seu ente querido irá morrer, que seja de 
maneira indolor, sem causar sofrimento. 
- Essa é fase que o indivíduo começa a negociar, começando 
com si mesmo, acaba querendo dizer que será uma pessoa 
melhor se sair daquela situação, faz promessas a Deus. É 
como o discurso “Vou ser uma pessoa melhor, serei mais 
gentil e simpático com as pessoas, irei ter uma vida 
saudável”. 
- Estas negociações quase sempre são feitas com Deus, 
geralmente são mantidas em segredo e almejam um 
prolongamento da vida, ou ainda que a pessoa não sofra 
com a morte. Atos de caridade e promessas são feitas nesta 
tentativa, que pode estar associada a algum tipo de culpa ou 
remorso por erros cometidos no passado. 
 
 
 
11 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
DEPRESSÃO 
- A quarta fase. É muito importante se ter em mente que 
depressão aqui não deve ser compreendida como um estado 
patológico, que requeira a intervenção de medicamentos. 
- A depressão, neste momento, deve ser compreendida 
como uma reação normal e apropriada após a perda de um 
ente querido. Os autores chamam a atenção, ainda, para a 
questão da medicalização do luto, do sofrimento que o 
sujeito está vivenciando neste momento de sua vida; a 
medicalização só deverá ser prescrita em casos de extrema 
necessidade e ainda ser combinada com psicoterapia, para 
um melhor resultado. 
- Já nessa fase a pessoa se retira para seu mundo interno, se 
isolando, melancólica e se sentindo impotente diante da 
situação. 
- Acaba surgindo quando as “fichas começam a cair”, e a 
perda e a separação tornam-se cada vez mais evidentes. Este 
momento de exteriorização do sofrimento e contato com a 
dor é a fase onde secomeça a aceitar a perda. 
- De nada adianta pedir para uma pessoa que se encontra 
nesta fase não ficar triste; estar junto a ela, mostrando-se 
presente neste momento de dor, é algo que pode surtir um 
efeito muito mais significativo 
ACEITAÇÃO 
- A quinta e uma última fase é aceitação. Essa fase é 
caracterizada como a aceitação por parte do enlutado da 
realidade. Ele passa a aceitar que seu ente querido não está 
mais entre ele, fisicamente, e que agora as coisas mudaram. 
É importante estar atento para a ideia de que aceitação não 
significa que tudo está bem e resolvido. 
- A aceitação propicia que o sujeito passe a encarar sua nova 
realidade e a dar significado a ela, na medida em que novas 
relações podem ser estabelecidas e que se possa aprender a 
viver sem a pessoa que se foi. “Nós aprendemos a viver sem 
aquele que se foi. Nós começamos o processo de 
reintegração, tentando colocar de volta nossos pedaços que 
haviam sido arrancados” 
- É o estágio em que o indivíduo não tem desespero e 
consegue enxergar a realidade como realmente é, ficando 
pronto para enfrentar a perda ou a morte. Não representa 
uma fase de “cura”, felicidade ou fim do sofrimento, mas sim 
de aceitação dos fatos. Geralmente as pessoas que 
conseguem chegar nesta etapa puderam “externar seus 
sentimentos, sua inveja pelos vivos e sadios e sua raiva por 
aqueles que não são obrigados a enfrentar a morte tão 
cedo”. 
 
 
 
- É importante esclarecer que não existe uma sequência dos 
estágios de luto, mas é comum que as pessoas que passam 
por esse processo apresentem pelo menos dois desses 
estágios. E não necessariamente as pessoas conseguem 
passar por esse processo completo algumas ficam 
estagnadas em uma das fases. 
- Nem todos passam por esses cinco estágios em cada perda: 
algumas pessoas, por exemplo, acabam passando anos 
agarrados à negação, não conseguindo entrar em contato 
com a sua própria dor. Estas reações, mesmo que ocorram, 
nem sempre acontecem na mesma ordem, e podemos 
passar mais de uma vez pelos estágios. 
FONTES 
As Fases Do Luto De Acordo Com Elisabeth Kübler-ROSS José 
Valdecí Grigoleto Netto 2015 
Morte na família: um estudo exploratório acerca da 
comunicação à criança. Vanessa Rodrigues de lima 2007 
Compêndio de psiquiatria – Kaplan

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