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1 Anatomia丨Mariana Oliveira丨UCI XVI aul� 3 - anatomi� Formação reticular e tronco encefálico Formação reticular Definição - é uma agregação difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes. •Está localizada na parte central do tronco encefálico •Trata-se de uma formação intermediária (não é classificada como substância branca nem cinzenta) Núcleos da formação reticular ✓Núcleos da rafe: trata-se de um conjunto de 8 núcleos. Principal é o núcleo magno da rafe - Neurônios serotoninérgicos ✓Locus ceruleus: está relacionado com o mecanismo eferente do sono. Quando lesada, o indivíduo permanece acordado por tempo indeterminado, em vigília (incapaz de dormir). - Neurônios noradrenérgicos ✓Substância cinzenta periaquedutal: substância cinzenta que circunda o aqueduto cerebral. Está envolvido na regulação da dor ✓Área tegmentar ventral: - Neurônios dopaminérgicos Classificação de acordo com a citoarquitetura ✓Zona magnocelular: células grandes que ocupam seus 2/3 mediais ✓Zona parvocelular: células pequenas que ocupam o terço lateral *A zona magnocelular dá origem às vias ascendentes e descendentes longas e pode ser considerada a zona efetuadora da formação reticular. Conexões da formação reticular *A formação reticular recebe impulsos que entram pelos nervos cranianos e mantém relações nos dois sentidos com o cérebro, cerebelo e medula. ✓Cérebro - o córtex cerebral e o diencéfalo recebem fibras talâmicas e extra-talâmicas da formação reticular. Várias áreas do córtex cerebral, do hipotálamo e do sistema límbico enviam fibras descendentes à formação reticular. ✓Cerebelo - existem conexões nos 2 sentidos entre o cerebelo e a formação reticular ✓Medula - as fibras (rafe-espinhais e do tracto retículo-espinhal) conectam a formação reticular à medula. Por outro lado, a formação reticular recebe informações provenientes da medula através das fibras espino-reticulares. ✓Núcleos dos nervos cranianos - a FR recebe impulsos sensitivos dos nervos cranianos e conecta formações límbicas aos núcleos dos nervos cranianos e sistema nervoso autônomo, integrando, assim, componentes emocionais subjetivos (como memória, recordações) e componentes emocionais objetivos (rir, chorar, tremer, taquicardia, sudorese). Funções *A FR influencia quase todos os setores do SNC 1. Ativação cortical (funciona como um interruptor para o SNC) - Despertar ou coma 2. Controle eferente da sensibilidade 3. Controle da motricidade somática 4. Controle do sist. nervoso autônomo (SNA) 5. Controle neuroendócrino 6. Integração de reflexos: centro respiratório e vasomotor Controle da atividade elétrica cortical 2 Anatomia丨Mariana Oliveira丨UCI XVI Controle da atividade elétrica cortical = sono e vigília SARA - Sistema Ativador Reticular Ascendente: capacidade que a FR tem em ativar o córtex cerebral - Trata-se de um sistema de fibras ascendentes que se projetam para o córtex cerebral e possuem uma ação ativadora sobre ele *A ação do SARA sobre o córtex ocorre através dos núcleos inespecíficos do tálamo ➔ Os impulsos que chegam dos nervos espinhais e cranianos também podem ativar o SARA *Ou seja, os impulsos sensoriais podem chegar ao córtex através do SARA ou das vias sensoriais Ex: os indivíduos acordam quando submetidos a fortes estímulos sensoriais, como por exemplo, um ruído muito alto. Isso se deve não à chegada de impulsos nervosos na área auditiva do córtex (onde o impulso seria apenas interpretado), mas à ativação do córtex pelo SARA, o qual, por sua vez, é estimulado por fibras que se destacam da própria via auditiva. Assim, se forem lesadas estas vias depois de seu trajeto pela formação reticular, embora não cheguem impulsos na área auditiva do córtex, o animal acorda com o ruído (ele acorda, mas não ouve). Por outro lado, se forem mantidas intactas as vias auditivas e lesada a parte mais cranial da formação reticular, o animal dorme mesmo quando submetido a fortes ruídos, apesar de chegarem impulsos auditivos na área de seu córtex. O córtex cerebral possui atividade elétrica espontânea, que pode ser detectada através do eletroencefalograma (EEG). •Traçado de vigília - dessincronizados •Traçados de sono - sincronizados Sono paradoxal •Também chamado de sono REM •Núcleo da FR responsável: Locus ceruleus •Condição em que o indivíduo encontra-se profundamente adormecido porém apresenta traçado encefalográfico dessincronizado, assemelhando-se ao estado de vigília - Durante esse sono ocorrem os sonhos, grande relaxamento muscular e rápidos movimentos dos olhos (há uma intensa ativação cortical) Tipos de sono •REM - Dessincronizado - É importante para o processo de consolidação da memória •Não REM - Sincronizado - Sonambulismo (indivíduo não lembra do que fez) *O sono REM é gerado na junção ponte-mesencéfalo. *O locus ceruleus faz a transição entre sono e vigília Regulação do sono *Assim como FR é capaz de ativar o córtex, ela possui núcleos capazes de desativar o mesmo. - Conexões ascendentes dos núcleos da rafe *Lesões desses núcleos causam insônia permanente. *A formação reticular, além de controlar diretamente o despertar, contém mecanismos capazes de regular o sono de maneira ativa. *Durante o sono há uma inibição dos neurônios pelo SARA Núcleo supraquiasmático + Glândula pineal são responsáveis por sincronizar o ritmo sono-vigília com o claro e o escuro. Controle eferente da sensibilidade Atenção seletiva - O SN é capaz de selecionar as informações sensitivas que lhe chegam: 3 Anatomia丨Mariana Oliveira丨UCI XVI eliminando ou diminuindo algumas e concentrando-se em outras. Ex: Quando prestamos atenção em um filme, deixamos de perceber as sensações táteis da cadeira do cinema. Vias de analgesia - Substância cinzenta periaquedutal - Núcleo magno da rafe - Fibras rafe-espinhais *Essas vias inibem a penetração de impulsos dolorosos no SNC Controle da motricidade somática •A estimulação elétrica da FR resulta em inibição ou ativação da atividade dos neurônios motores medulares (motricidade somática, tônus). •A influência da formação reticular sobre esses neurônios se faz através do tracto retículo-espinhal, que se originam em áreas de formação reticular do bulbo e da ponte. •As funções motoras da formação reticular relacionam-se com as aferências que ela recebe das áreas motoras do córtex cerebral e do cerebelo. ✓Córtex cerebral - transitam através da via córtico-retículo-espinhal, controlando a motricidade voluntária dos músculos axiais e apendiculares proximais. ✓Cerebelo - as vias retículo-cerebelares enquadram-se nas funções do cerebelo de regulação automática do equilíbrio, do tônus e da postura, agindo sobre os mesmos grupos musculares. Sistema nervoso autônomo Os principais controladores do SNA, o sistema límbico e o hipotálamo, enviam projeções para a formação reticular, a qual, por sua vez, funcionando como um centro integrador de informações, liga-se aos neurônios pré-ganglionares do SNA (estejam eles nos núcleos da coluna eferente visceral geral dos nervos cranianos ou na coluna lateral da medula), estabelecendo assim o principal mecanismo de controle da formação reticular sobre esse sistema. *Uma das principais funções da formação reticular: servir de elo entre o hipotálamo/sistema límbico e o SNA. Integração de reflexos: centro respiratório e vasomotor A FR estimula centros responsáveis por: •Vômito/ Centro do vômito (bulbo) •Deglutição (ponte) •Locomoção/ Centro locomotor (mesencéfalo) •Mastigação •Movimentos oculares no sentido horizontal (núcleo do nervo parabducente - ponte) •Alterações respiratórias e vasomotoras - Controlam a frequência respiratória, ritmo cardíaco e PA *Centro respiratório - bulbo (controle da respiração) - a FR recebe informações sobre o grau de distensão dos alvéolos pulmonares, [ ] de CO2 no sangue e controla, junto com outros sistemas, a inspiração, expiração e movimentos respiratórios. *Centro vasomotor - bulbo (Controle vasomotor) - controlam o calibre vascular, ritmo cardíaco e PA Controle neuroendócrino Localizado no mesencéfalo,estimulando a secreção dos hormônios adrenocorticotrófico (ACTH, pela adeno hipófise), e antidiurético (ADH, pela neurohipófise). Considerações clínicas Os processos patológicos, mesmo localizados, que comprimem o mesencéfalo ou a transição deste com o diencéfalo, quase sempre levam a uma perda total da consciência, isto é, ao coma. Sabe-se hoje que isso se deve à lesão da formação reticular com interrupção do SARA. 4 Anatomia丨Mariana Oliveira丨UCI XVI Tumores ou hematomas que levem a um aumento da pressão no compartimento supratentorial podem causar uma hérnia do uncus que, ao insinuar-se entre a incisura da tenda e o mesencéfalo, comprime este último e produz um quadro de perda de consciência. Em casos de hipertensão intracraniana, é comum que as estruturas encefálicas tendem a sair pelo orifício de escape mais acessível – que no caso do crânio, corresponde ao forame magno. A herniação descendente das tonsilas cerebelares pelo forame magno comprime a medula oblonga e a medula espinhal superior e pode resultar em insuficiência respiratória súbita por compressão dos centros respiratórios e vasomotores do bulbo. Desta forma, pode haver parada respiratória súbita seguida de queda importante do nível de consciência. Uma complicação temida da punção lombar é herniação, especialmente herniação das tonsilas cerebelares, devido à retirada do LCR espinhal e súbita geração de um potencial de pressão negativo no local em que ocorreu a punção. Bulbo •Também chamado de medula oblonga •Sua extremidade caudal é contínua com a medula espinhal ✓Limite superior - Sulco bulbo-pontino ✓Limite inferior - Nível do forame magno Funções •Controle do ritmo respiratório e cardíaco (FR) + movimento automático/ voluntário para a ventilação •Reflexo do vômito (Estímulos provenientes da mucosa gastrointestinal aferem o centro do vômito por meio do nervo vago, desencadeando o reflexo do vômito) Anatomia •Fissura mediana anterior •Forame cego •Pirâmides bulbares - liga áreas motoras do cérebro aos neurônios motores da medula •Decussação das pirâmides - cruzamento das fibras do trato corticoespinhal •Oliva - eminência entre os sulcos laterais anterior e posterior (movimento) •Sulcos laterais anteriores - Nervo hipoglosso (XII) •Sulcos laterais posteriores - Nervo glossofaríngeo (IX), Nervo vago (X) e Nervo acessório (XI) •Fascículo grácil - (conduz impulsos proprioceptivos conscientes, originados dos membros inferiores e metade inferior do tronco) •Fascículo cuneiforme - (conduz impulsos proprioceptivos conscientes, originados dos membros superiores e metade superior do tronco) •Sulco intermédio posterior - divisão entre os fascículos •Sulco mediano posterior (abertura do IV ventrículo) •Núcleo grácil •Núcleo cuneiforme •Tubérculo do núcleo grácil •Tubérculo do núcleo cuneiforme •Pedúnculos cerebelares inferiores •Área postrema (reflexo do vômito) Os fascículos grácil e cuneiforme conduzem pelo SNC impulsos relacionados a tato epicrítico, propriocepção consciente, sensibilidade vibratória e estereognosia. Divisão •Porção fechada – Apresenta um canal central contínuo com o da medula que se abre para formar o IV ventrículo 5 Anatomia丨Mariana Oliveira丨UCI XVI •Porção aberta – Contribui com a metade inferior do assoalho do IV ventrículo Considerações clínicas •Lesões do núcleo ambíguo - disfagia (dificuldade de deglutição) e as alterações de fonação por lesão •Lesão do núcleo hipoglosso - alterações do movimento da língua •Lesão das vias ascendentes e descendentes - podem ocorrer paralisias e perdas de sensibilidade nos troncos e nos membros Ponte •Está localizada entre o bulbo e o mesencéfalo ✓Limite superior - Sulco ponto-mesencefálico ✓Limite inferior - Sulco bulbo-pontino Anatomia •Fibras/ estrias transversais da ponte Pedúnculo cerebelar médio (braço da ponte) - •Nervo trigêmeo (V) •Sulco basilar - A. basilar •Sulco bulbo-pontino (Ângulo ponto-cerebelar) - Nervo abducente (VI) - emerge entre a ponte e a margem superior da pirâmide - Nervo vestibulococlear (VIII) - emerge do flóculo - Nervo facial (VII) - emerge medialmente ao VIII par *Entre o VII e o VIII emerge o nervo intermédio (é a raiz sensitiva e visceral do VII par, VII par = parte motora) Síndrome do ângulo ponto-cerebelar Ocorre em consequência de uma lesão/ compressão na região sulco bulbo-pontino (local de emergência de vários nervos cranianos) resultando em sinais neurológicos como: baixa acuidade auditiva, dificuldade na marcha, vômitos, paralisia facial periférica. Considerações clínicas •Lesão do nervo abducente - oftalmoplegia •Lesão do nervo trigêmeo - perda da sensibilidade facial e fraqueza dos músculos da mastigação •Lesão do nervo facial - fraqueza dos músculos da face •Lesão do nervo vestíbulo coclear - surdez e vertigem •Lesão das vias ascendentes e descendentes - paralisias ou perda de sensibilidade no tronco e membros IV ventrículo •Possui forma de losango •Está situado entre a ponte e o bulbo (ventralmente) e o cerebelo (dorsalmente). - Continua caudalmente com o canal central do bulbo (continuação do canal central da medula) e cranialmente com o aqueduto cerebral (comunicação entre o IV e III ventrículo) •A cavidade do IV ventrículo se prolonga de cada lado para formar os recessos laterais, situados na superfície dorsal do pedúnculo cerebelar. Estes recessos se comunicam de cada lado com o espaço subaracnóideo por meio das: ✓Aberturas laterais do IV ventrículo (forames de Luschka) ✓Abertura mediana do IV ventrículo (forame de Magendie) *É por meio destas cavidades que o líquido cérebro-espinhal (LCR), que enche a cavidade ventricular, passa para o espaço subaracnóideo. Assoalho do IV ventrículo •Também é chamado de fossa rombóide •Limite infero-lateral: pedúnculos cerebelares inferiores e pelos tubérculos do núcleo grácil e cuneiforme. •Limite supero-lateral: pedúnculos cerebelares superiores Tecto do IV ventrículo 6 Anatomia丨Mariana Oliveira丨UCI XVI •Metade cranial: Véu medular superior - forma a metade cranial - Fina lâmina de substância branca •Metade caudal: Nódulo do cerebelo, véu medular inferior e tela coróide do IV ventrículo *Plexo coróide: produção do LCR Anatomia •Sulco mediano posterior •Eminência medial •Colículos faciais (formados pelo núcleo do nervo abducente, circundados pelas fibras do nervo facial) •Sulco limitante (separa núcleos motores dos sensitivos) •Fóvea superior e inferior •Trígono do nervo hipoglosso - núcleo do nervo hipoglosso •Trígono do nervo vago - Núcleo dorsal do nervo vago •Estrias medulares •Área vestibular - núcleos vestibulares do nervo vestíbulo-coclear (VIII) Pares cranianos
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