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Clínica cirúrgica - 8 º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela Resum� síndrome� colestática�: MEDCURSO COLELITÍASE: Etiologia: cálculos na vesícula biliar; ● Cálculos amarelos (de colesterol): maioria é do tipo misto → mais de 70% de sua composição de colesterol e o restante de sais de cálcio, sais biliares, proteínas e fosfolipídios. ● Cálculos pigmentados (cálcio e bilirrubina): menos de 25% de colesterol em sua composição. ○ Castanhos: bilirrubinato de cálcio alternado por camadas de colesterol e outros sais de cálcio. Na maioria das vezes, formados no colédoco, anos após uma colecistectomia. ○ Pretos: formados na vesícula; composto por bilirrubinato de cálcio; < 1 cm .Relacionados à hemólise crônica e cirrose (↑ secreção de bilirrubina não conjugada). Patogenia: fatores de risco para litíase biliar ● Fatores genéticos: risco aumentado em 2-4 vezes; ● Dismotilidade vesicular: hipertrigliceridemia, vagotomia troncular (secção do ramo hepático do vago anterior), vesículas em “repouso” (nutrição parenteral total, diabéticos, gestantes). ● Fatores ambientais: ↑ incidência de cálculos de colesterol (ocidentalização dos hábitos). ● Dieta: pobre em fibras, com lentificação do trânsito intestinal. Carboidratos refinados aumentam a concentração biliar de colesterol. ● Estrogênio e progesterona: 15 a 40 anos, principalmente nas multíparas, gestantes e naquelas que usam anticoncepcionais; ○ Estrogênio: age no hepatócito (síntese de colesterol); ○ Progesterona: ↓ contratilidade da vesícula; ● Idade: pior em > 60 anos. Rara na infância e adolescência. ● Obesidade: hipersecreção de colesterol. Emagrecimento significativo acelerado, aumenta o risco de colelitíase (mobilização rápida de estoques corporais de colesterol); ● Hiperlipemias: clofibratos usados para tratar as hiperlipemias → octreotide (estase vesicular) e ceftriaxona (pode se precipitar na bile em forma de cristais) ● Ressecção ileal e doença de Crohn; ● Anemia hemolítica: litíase pigmentar; ● Cirrose: incidência 2-3 vezes > população em geral. Raramente desenvolvem cálculos de colesterol, ● Infecções: E. coli Fatores de proteção: ● Alimentação: dieta pobre em carboidratos e rica em fibras, frutas e Clínica cirúrgica - 8 º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela vegetais; consumo de cafeína, magnésio e gorduras mono ou poliinsaturadas. ● Atividades físicas. ● Uso de estatinas, AAS e AINE; Patologia da vesícula biliar: ● ↓ volume; ● Parede espessada; ● Às vezes calcificada (vesícula escleroatrófica); ● Interior: um ou mais cálculos e lama biliar. ● Mucosa: ulcerada, com cicatrizes, e pode haver aderências com as vísceras adjacentes. Clínica: ● Dor aguda contínua (erroneamente referida como "cólica biliar"): ○ Principal sintoma; ○ Após refeição: com alimentos gordurosos; farta e que se segue a jejum prolongado ou mesmo após uma refeição habitual. ○ Motivo da dor: obstrução (na maioria das vezes intermitente) do colo da vesícula por um cálculo. ○ Localização: hipocôndrio direito e/ou epigastro; ○ Às vezes, irradiação para a escápula; ○ Intensidade: maior no período de 30 minutos a 5 horas de seu início, com melhora gradual ao longo de 24h. ● Náuseas e vômitos: podem aparecer no início do quadro clínico, repetindo episódios em dias a meses. ● Sintomas tipo dispepsia (eructações, plenitude, náuseas): após a ingesta gordurosa, ou mesmo com um "mal-estar" vago e impreciso. ● Febre ou outros sinais de reação inflamatória: NÃO ocorrem. Exame abdominal: ● Dor à palpação em hipocôndrio direito na topografia da vesícula na inspiração profunda (Sinal de Murphy) e/ou epigástrio. ● Não há massa palpável nesta topografia Exames: ● Radiografia simples: ○ Forma e a disposição da vesícula biliar dependem do biotipo do indivíduo (acima da 12ª costela até abaixo da crista ilíaca); ○ Cálculos vesiculares radiopacos (maioria cálculos de pigmento); ○ Parede da vesícula edemaciada ou calcificada (vesícula em porcelana); ○ Pneumobilia: ar no interior da vesícula e devido a fístula biliodigestiva (cirúrgica ou espontânea). ● USG: ○ 1º solicitado (extremamente útil); ○ Visualiza: sistemas biliares intra e extra-hepático (dilatações), fígado e pâncreas. ○ Cálculos de até 3 mm; ○ Lesões neoplásicas e anomalias congênitas; ○ Ductos biliares intra-hepáticos dilatados: icterícia secundária a obstrução das vias biliares extra-hepáticas. ○ Obstrução visível → 95% das icterícias que têm bilirrubina > 10 mg/dl. ○ Excelente precisão diagnóstica para a colelitíase (96% - similar ao colecistograma oral). Diferente para o diagnóstico de coledocolitíase (25%). Clínica cirúrgica - 8 º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela ● TC: útil para avaliar os outros órgãos abdominais e tem a mesma eficácia que a USG para determinar as dilatações do trato biliar. ○ Mais acurácia que a USG: detecção de cálculos de colédoco; ○ Menor acurácia que a USG: detecção de cálculos da vesícula biliar (a USG é superior à TC na investigação de doenças da vesícula). ● Colangiopancreatografia por RM; ● USG endoscópica: endoscópio especial que tem em sua extremidade distal um transdutor de ultrassom. ● Cintilografia biliar: tecnécio (tc99), administrado EV, é captado pelo fígado e excretado na bile. As imagens são obtidas por uma gama-câmera de forma seriada. ● Colangiografia trans-hepática percutânea (CTP): punção percutânea direta de um ducto biliar intrahepático por agulha, introduzida no 8º ou 9º espaço intercostal direito. ○ Determinação do local e da etiologia da obstrução; ○ Pode ser colhido material para exame citológico e bile para cultura. ○ Finalidades terapêuticas: drenagem biliar externa, colocação de endopróteses biliares percutâneas e dilatação biliar por balões. ○ Contraindicações: ascite importante; distúrbio da coagulação; colangite; ○ Complicações: fístulas biliares com coleperitônio; hemorragia; pneumotórax; sepse (geralmente por Gram-negativos, em colangite). ● Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica: passagem de um cateter através da ampola de Vater, com injeção de contraste para obter amostras de bile e suco pancreático. Visualiza vias biliares e ducto pancreático principal. ○ Indicações: paciente ictérico suspeito de obstrução biliar extra-hepática ou pacientes anictéricos, com características clínicas e laboratoriais de doença biliar extra-hepática e/ou pancreática. ○ Vantagens: identificação da ampola de Vater; estudo associado do trato gastrointestinal alto (esôfago, estômago e duodeno); possibilidade de se associar uma modalidade terapêutica endoscópica (papilotomia; extração de cálculos; e biópsia de tumores de duodeno). ○ Complicações: pancreatite aguda (+ comum) e colangite. OBS: tanto a CTP quanto a CPRE estão contraindicadas quando há colangite, a não ser quando se planeja uma manobra terapêutica de desobstrução. Diagnóstico: USG abdominal é o melhor método (sensibilidade e especificidade > 95%). Complicações: ● Colecistite aguda; ● Coledocolitíase; ● Pancreatite aguda; Clínica cirúrgica - 8 º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela ● Colangite aguda (e abscesso hepático); ● Vesícula "em porcelana" (calcificação difusa da parede da vesícula → radiografia simples de abdome – similar a uma casca de ovo. Fator de risco para o surgimento de Ca de vesícula biliar); ● Íleo biliar; ● Síndrome de Bouveret (mais rara): Tratamento: ● Analgesia: AINE; opioides (dor excruciante ou refratária aos AINE); anticolinérgicos e antiespasmódicos (alívio imediato). Não altera a evolução da doença. ● Definitivo: cirúrgico – colecistectomia ( técnica convencional - ou aberta - e a videolaparoscópica) , indicada em: ○ História de dor biliar (litíase biliar SINTOMÁTICA); ○ História de complicação prévia da doença calculosa independentemente do estado sintomático atual (colecistite, pancreatite, etc.) ● Indicações cirúrgicas: ○ Colecistectomia videolaparoscópica: +usada → idade > 60 anos; cirurgia no contexto de colecistite aguda tardias (> 48h); sexo masculino; mau estado geral; obesidade; vesícula biliar com paredes espessadas (> 4 mm). ○ Colecistectomia aberta: reserva cardiopulmonar ruim (ex.: DPOC avançada); CA de vesícula suspeito ou confirmado; cirrose com hipertensão portal (ascite); gravidez no 3º trimestre; procedimentos combinados. ○ Para assintomáticos: cálculos > 3 cm; pólipos de vesícula biliar; vesícula em porcelana; anomalia congênita da vesícula biliar (vesícula dupla); microesferocitose hereditária com litíase comprovada; pacientes que serão submetidos a uma cirurgia bariátrica ou transplante cardíaco. ● Tratamento clínico para colelitíase: pacientes que se recusam a operar e em situações de risco cirúrgico proibitivo → terapia conservadora com solventes de cálculo (torna a bile menos saturada) COLECISTITE AGUDA CALCULOSA: Etiologia: obstrução persistente do ducto cístico por um cálculo (95% dos casos, ocorre em associação à colelitíase) Patogenia: inflamação da vesícula biliar (danos à mucosa por estase de bile) causada por obstrução persistente de cálculos. 1. Cálculo no ducto cístico → libera fosfolipase A2 que converte lecitina da bile em lisolecitina (inicia a reação inflamatória na parede vascular); 2. ↑ pressão intraluminal da vesícula; 3. Obstrução venosa e linfática; 4. Edema; 5. Isquemia; 6. Ulceração da sua parede; 7. Infecção bacteriana secundária: bile nas vesículas normais é estéril, mas as bactérias são um achado comum quando os cálculos estão presentes → E.coli (+ comum), Klebsiella, Enterococcus faecalis, Proteus e Clostridium Clínica cirúrgica - 8 º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela 8. Perfuração (pode acontecer), principalmente no fundo da vesícula (área menos perfundida → + sensível à isquemia). Clínica: ● Paciente típico: mulher de meia-idade, sabidamente portadora de cálculos biliares com histórico de surtos de dor biliar. ○ Até 50 anos de idade: mulheres + acometidas; ○ > 50 anos de idade: homens + acometidos. ● Crise de colecistite aguda: ○ Dor abdominal que aumenta paulatinamente de intensidade; debaixo do gradil costal direito. OU ○ Dor iniciando no epigástrio, e, horas depois (processo na superfície peritoneal da vesícula), a dor torna-se localizada tipicamente no QSD ○ Duração da dor: > 6 horas (diferente da colelitíase crônica); ○ Irradiação: região infraescapular. ○ Sintomas associados: anorexia, náuseas e vômitos, além de febre baixa a moderada. OBS → febre com calafrios sugere colecistite supurativa ou colangite associada. ● Complicações: empiema; perfuração; abscesso pericolecístico; fístula bilioentérica. ● Exame físico: ○ Dor à palpação da região subcostal direita está hipersensível à palpação, (defesa muscular e contratura involuntária local); ○ Sinal de Murphy positivo em metade dos pacientes. Fortemente preditivo de colecistite aguda. 1- Inspiração profunda do paciente; 2- Palpa a região subcostal direita e o paciente interrompe uma inspiração profunda. ○ Massa palpável: 15% dos pacientes com vesícula distendida e hipersensível ○ Vesícula biliar geralmente é pouco percebida, devido à: contração da parede abdominal, obesidade, localização sub-hepática profunda, ou muito pequena e contraída em função de inflamação prévia. ○ Icterícia : 10% dos pacientes, devido a edema do colédoco adjacente, cálculos no colédoco ou pela síndrome de Mirizzi Exames laboratoriais: ● 12.000-15.000 leucócitos/mm3 (se leucometria muito alta, suspeitar de perfuração); ● ↑ discreto de bilirrubina (se > 4 mg/dl, suspeitar de coledocolitíase associada); ● ↑ discreto de FA e AST (TGO); ● ↑ amilase sérica, que não necessariamente indica pancreatite aguda. Diagnóstico: ● USG: 1º exame a ser solicitado → detecta cálculos biliares e avalia órgãos vizinhos. ● Achados sugestivos de colecistite aguda à USG: ○ Cálculos no colo da vesícula; ○ Espessamento da parede da vesícula; Clínica cirúrgica - 8 º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela ○ Líquido perivesicular; ○ Aumento da interface entre o fígado e a vesícula; ○ Sinal de Murphy ultrassonográfico (dor quando o transdutor está sobre a vesícula); ○ Aumento significativo do diâmetro transverso do fundo da vesícula. ● Diagnóstico presuntivo de colecistite aguda: clínica típica de colecistite aguda + cálculos à USG, sem outros sinais radiológicos de colecistite. ● Cintilografia das vias biliares: exame mais acurado para se confirmar a suspeita clínica de uma colecistite aguda calculosa (alta sensibilidade e especificidade). ○ Suspeita diagnóstica de colecistite aguda: enchimento dos ductos biliares, mas não da vesícula. ● Tomografia computadorizada (TC): solicitada em casos de dor abdominal aguda. Indica: cálculos, espessamento da parede vesicular e líquido pericolecístico (com precisão inferior à da USG). Diagnóstico diferencial: colecistite entra no quadro das patologias inflamatórias intraabdominais. ● Apendicite aguda; ● Pancreatite; ● Úlcera péptica perfurada. ● Outros: pielonefrite, litíase renal, gastrite, abscesso hepático, diverticulite (do ângulo hepático), hérnia de hiato e peri-hepatite gonocócica (mulheres). Tratamento: 1. Internação hospitalar; 2. Hidratação venosa; 3. Analgesia; 4. Dieta zero; 5. Antibioticoterapia parenteral a. Betalactâmicos + inibidores de betalactamase (ex.: amoxicilina + clavulanato, ampicilina + sulbactam) OU b. Betalactâmicos + cefalosporina de 3ª geração (ex.: ceftriaxona) OU c. Quinolona (ex.: ciprofloxacina, levofloxacina) + metronidazol; 6. Definitivo: cirurgia (colecistectomia) → via preferencial é a laparoscópica (contraindicada em coagulopatia não controlada e cirrose hepática terminal). 7. Paciente muito grave: colecistostomia → a vesícula distendida é drenada com um cateter pig-tail após punção percutânea guiada por imagem Complicações: ● Perfurações e fístulas: quadro geral mais exacerbado ○ Perfuração livre para a cavidade peritoneal, com peritonite generalizada; ○ Perfuração localizada (contida por aderências) → abscesso pericolecístico; ○ Perfuração para dentro de uma víscera oca, através de uma fístula. ● Íleo biliar (obstrução do delgado por um cálculo biliar volumoso - mais de 2,5 cm); ● Síndrome álgica pós-colecistectomia (paciente com causas associadas responsáveis pelo sintoma e não a colecistite) Clínica cirúrgica - 8 º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela COLECISTITE AGUDA ACALCULOSA: Etiologia: estase biliar ou isquemia Patogenia: inflamação da vesícula biliar por lama biliar; Clínica: semelhante ao da colecistite aguda calculosa, mas frequentemente os sintomas são mascarados pelo estado crítico do paciente. Exames: semelhante a do tipo calculoso, mas a interpretação dos resultados é dificultada pelas comorbidades presentes. Diagnóstico: mais tardio → maior índice de gangrena e perfuração e a maior morbimortalidade Tratamento: sempre cirúrgico ● Colecistectomia → caráter emergencial ● Colecistostomia → mais instáveis COLEDOCOLITÍASE: Etiologia: ● Coledocolitíase secundária (ducto cístico) ● Coledocolitíase primária (ducto colédoco - maioria - dilatação e estase por obstrução crônica) Patogenia: cálculos na via biliar. Clínica: ● Sintomas clássicos: ○ Dor do tipo biliar = à da colelitíase sintomática: dor no QSD e/ou epigastro, contínua, durando entre 1-5h, podendo irradiar para a escápula direita ou dorso. ○ Pode acontecer: icterícia, geralmente leve a moderada; colúria e acolia fecal. ○ Não é frequente: prurido ○ Surtos transitórios de síndrome colestática e icterícia flutuante → sugestivo de coledocolitíase ● Complicações: ○ Colangite bacteriana aguda: tríade de Charcot (dor tipo biliar; icterícia; febre com calafrios). Pode complicar para colangite supurativa aguda (pêntade de Reynolds - dor biliar + icterícia + febre + confusão/letargia + hipotensão arterial) ○ Abscesso (s) hepático (s)piogênico (s): formado (s) por casos mais graves e mais frequentes ou prolongados de colangite; ○ Pancreatite aguda biliar; ○ Cirrose biliar secundária: rara. Acontece somente quando há impactação persistente de cálculos por um período mais prolongado (> 30 dias). Exames laboratoriais: podem ser flutuantes e podem estar alterados na ausência de sinais e sintomas. ● Hiperbilirrubinemia: predomínio da fração direta. Entre 2-5 mg/dl e 10-15 mg/dl. ● ↑ Fosfatase alcalina (> 150 U/L); Clínica cirúrgica - 8 º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela ● ↑ moderado das aminotransferases (> 100 U/L) - pode haver falso diagnóstico de doença hepática. ○ Obstrução total do colédoco pode elevar as aminotransferases em até 10 x o valor normal, de forma transitória (DIFERENTE das hepatites virais). Cai após alguns dias e predomina ↑ enzimas biliares - FA e GGT) Diagnóstico: ● Suspeitar: todo paciente com síndrome colestática ou que será submetido à colecistectomia por colelitíase que apresente um dos seguintes fatores de risco: ○ Alterações do hepatograma (ALT, AST, FAL, GGT, bilirrubina) ○ Dilatação do colédoco (> 5 mm) no pré-operatório; ○ Pancreatite biliar. ● USG transabdominal: primeiro exame na investigação diagnóstica. Achados → dilatação leve/moderada do colédoco (> 5 mm) e cálculos nas vias biliares. ● Colelitíase na USG: comum, mas não confirma diagnóstico. Analisar se há risco de coledocolitíase associada → ○ Alto risco: icterícia flutuante, colúria, episódios de acolia fecal ou colangite bacteriana aguda recorrente; → solicitar CPRE (INVASIVO, mas é diagnóstico e terapêutico) ○ Médio risco: HPP de colecistite, colangite ou pancreatite + colédoco ≥ 5 mm à USG + pelo menos 2 dos seguintes: hiperbilirrubinemia, ↑ FA, ↑ transaminases → solicitar colangiorressonância (NÃO INVASIVO e de alta acurácia); ○ Baixo risco: idem, mas com colédoco < 5 mm; → solicitar colecistectomia laparoscópica com colangiografia transoperatória. ○ Muito baixo risco: ausência de todos os acima. ● USG endoscópica: excelente capacidade de detecção de lesões justapapilares (colédoco distal); realização de biópsias (útil no diagnóstico das neoplasias periampulares e uma maior definição da ressecabilidade); sensibilidade < CPRE. Feita em gestante (não pode se submeter à CPRE). ● Colangiopancreatografia por RM: ○ Detecta pequenos cálculos; ○ Sensibilidade 95% e especificidade 89%, no diagnóstico de coledocolitíase. ○ Em alguns lugares, é usada como confirmação deste diagnóstico. Tratamento: tratar sempre, mesmo se assintomática - risco de complicações potencialmente graves (colangite e pancreatite aguda). ● Conduta: retirada dos cálculos ○ Se diagnosticar antes da colecistectomia: retirar pela via endoscópica (CPRE) - papilotomia endoscópica (esfincterotomia endoscópica). Programar depois uma colecistectomia laparoscópica eletiva. ○ Se diagnosticar durante o ato cirúrgico da colecistectomia: retirar os cálculos por colangiografia transoperatória (exploração do colédoco) ou programar a papilotomia endoscópica eletiva no pós-operatório. ● Papilotomia ou esfincterotomia endoscópica: precisa de profissionais experientes (endoscopista, radiologista e cirurgião). É utilizado contraste. Clínica cirúrgica - 8 º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela Quando a presença de um cálculo for confirmada, o cateter diagnóstico é retirado, e o papilótomo é introduzido no esfíncter de Oddi para saída espontânea dos cálculos. ○ Antibioticoprofilaxia no procedimento: obstrução biliar + colangite (ciprofloxacina, ampicilina + sulbactam ou amoxicilina + clavulanato); ○ Complicações: colangite, pancreatite aguda, perfuração e a hemorragia. ● Cirurgia: exploração do colédoco com extração de cálculos. Obrigatoriamente indicada após a falha do procedimento endoscópico. ○ Via laparoscópica (mais usada e junto com a colecistectomia): 2 técnicas (1- usa um basket ou um cateter-balão tipo Fogarty; 2- coledocotomia + dreno de Kehr) ○ Via aberta (laparotômica): indicada em instituições sem experiência com a exploração laparoscópica de colédoco ou em casos de maior complexidade técnica. ○ REGRA: todo paciente com alguma suspeita de coledocolitíase, submetido à colecistectomia, deve ser submetido a uma colangiografia transoperatória durante o procedimento, mesmo nos casos já tratados com papilotomia endoscópica. ● Cálculos residuais: cálculos de colédoco menos de dois anos após uma colecistectomia → retirada por papilotomia endoscópica. COLANGITE: Etiologia: ● Síndrome biliar obstrutiva (parcial ou completa) - corpo estranho ou por parasitas ● Coledocolitíase (+ comum) ● Tumores malignos com icterícia ● Estenoses benignas ● Pancreatite crônica ● Colangiografia, tanto pela via alta (CTP) quanto pela via baixa (CPRE) ● Anastomose bilioentérica Patogenia: infecção bacteriana do trato biliar; Clínica: ● Tríade de Charcot: febre e calafrios intermitente + icterícia e dor abdominal. Não necessita de cirurgia emergencial. ● Colangite supurativa (tóxica aguda): pêntade de Reynolds (tríade de Charcot + hipotensão + ↓ nível da consciência). Necessita de cirurgia emergencial. ● Colangite aguda ocorre entre os 55 e 70 anos. Exames: ● Leucocitose com desvio; ● Hiperbilirrubinemia (90% dos casos, predomínio da BD); ● ↑ FA, GGT, AST e ALT ● Hemoculturas positivas (sempre solicitadas). ○ Organismos mais encontrados em ordem de frequência: E. coli; Klebsiella; Enterococcus faecalis; B. fragilis. Clínica cirúrgica - 8 º semestre - UNIFTC Nícia Torres Estrela ● USG: avaliação inicial (presença de cálculos na vesícula e dilatação dos ductos biliares) ● TC: suspeita de massa no fígado, pâncreas ou sistema porta Diagnóstico: ● Essencialmente clínico ● Pesquisar anormalidade do trato biliar ● Diagnóstico diferencial: colecistite Tratamento: ● Colangiografia trans-hepática percutânea ou endoscópica retrógrada: planeja o tratamento (esperar o quadro estabilizar) ● Controlar o processo séptico: antibioticoterapia baseada nos agentes etiológicos mais comuns → os mesmos usados na colecistite ○ Ticarcilina-clavulannato, piperacilina-tazobactam ou carbapenêmicos (hospitalizados ou com fatores de risco para infecção por germes multirresistentes) ● Corrigir a condição subjacente (desobstrução biliar) ○ Eletiva; ○ Endoscópica (CPRE - colangiopancreatografia retrógrada endoscópica): extração dos cálculos que estão obstruindo os ductos. ○ CTP - trans-hepática percutânea: simples e relativamente segura. Preferida na suspeita de obstruções mais proximais das vias biliares. ○ Cirúrgica (coledocotomia): na impossibilidade de CPRE ou CTP. ● Colangite aguda não complicada: antibioticoterapia empírica; desobstrução biliar retardada até o controle da infecção; ● Colangite tóxica ("pus sob pressão"): sinais de sepse → antibioticoterapia empírica e desobstrução o mais rápido possível. ● Malignidades incuráveis do trato biliar: tratamento conservador stent por CPRE (metálico é mais duradouro que o plástico) ou pela drenagem biliar percutânea (CTP). Prognóstico e complicações: ● Colangite aguda branda: prognóstico excelente e morbidade relacionada à cirurgia realizada para a condição de base. ● Colangite tóxica aguda: índice de mortalidade muito alto – 100% para os pacientes não tratados com ATB + desobstrução e cerca de 25% para os que tiveram a descompressão biliar + tratamento antimicrobiano. A complicação mais temida é o abscesso hepático. ● Abscesso hepático: suspeitar em colangite que não responde ao tratamento. Se forem múltiplos, há maior índice de mortalidade.
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