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Metodos de valoracao economica dos recursos naturais

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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL 
DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL 
Curso de Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural 
 
 
 
 
 
 
 
Métodos de valoração económica ambiental 
 
 
 
 
 
Discentes: Docente: 
Dulcídia Max Jaime Matimele Eng. Sosdito Estevão Mananze 
Ribeiro Vasco Nhambi 
Roque José Frio 
Sandra Luciano Mute 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vilankulo, Maio de 2019 
Índice 
Conteúdo Página 
I. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1 
1.1. Contextualização .................................................................................................................. 1 
1.2. Objectivos ............................................................................................................................ 2 
1.2.1. Geral: ................................................................................................................................ 2 
1.2.2. Específicos: ...................................................................................................................... 2 
1.3. Metodologia ......................................................................................................................... 2 
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 4 
2.1. A Valoração Económica Ambiental .................................................................................... 4 
2.1.1. Valor económico total do recurso natural ........................................................................ 4 
2.1.2. Métodos de valoração económica ambiental ................................................................... 6 
2.1.2.1. Métodos Indirectos ....................................................................................................... 6 
2.1.2.1.1. Métodos de função de produção ................................................................................... 7 
2.1.2.1.1.1. Método da produtividade marginal ........................................................................... 7 
2.1.2.1.1.2. Métodos de Mercado de Bens Substitutos ................................................................ 8 
2.1.2.2. Métodos Directos ........................................................................................................ 14 
2.1.2.2.1. Métodos de função de demanda ................................................................................. 14 
2.1.2.2.1.1. Método dos bens complementares .......................................................................... 15 
2.1.2.2.1.1.1. Método de preços hedónicos ............................................................................... 16 
2.1.2.2.1.1.2. Método do custo de viagem ................................................................................ 18 
2.1.2.2.1.2. Método da valoração contingente (MVC) .............................................................. 19 
2.1.2.2.1.2.1. Procedimentos requeridos para aplicação deste método ..................................... 21 
2.1.2.2.1.2.2. Ranqueamento contingente ................................................................................. 23 
2.2. Valoração económica do rio Limpopo recorrendo ao uso do método de valoração 
contingente .................................................................................................................................... 24 
III. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ........................................................................... 26 
3.1. Conclusão ........................................................................................................................... 26 
3.2. RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................ 27 
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 30 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
UEM-ESUDER C.E.R 4º Nível Página 1 
 
I. INTRODUÇÃO 
1.1. Contextualização 
Conforme MOTTA (1998), determinar o valor económico de um recurso ambiental é estimar o 
valor monetário deste em relação aos outros bens e serviços disponíveis na economia. Para MAY 
(1995), a valoração de um ecossistema tem como principais objectivos a determinação dos custos 
e dos benefícios de sua conservação. 
A valoração económica é um importante critério no processo de tomada de decisão, para um 
desenvolvimento sustentável e a definição de políticas ambientais. É feita por meio de métodos 
que captam e atribuem valores para os bens e serviços gerados pelo meio ambiente, tornando-se 
possível aos órgãos competentes e aos tomadores de decisão a base para a implementação de 
políticas de conservação e preservação dos recursos naturais e ambientais (FARIA & 
NOGUEIRA, 1998). 
Os métodos de valoração ambiental são importantes de serem estudados, pois além de 
dimensionar os impactos ambientais internalizando-os à economia, também evidenciam custos e 
benefícios da expansão da actividade humana. Ter uma ideia do valor do ambiente\ natural e 
incluí-lo na análise económica é uma tentativa de corrigir as tendências negativas do livre 
mercado (FARIA & NOGUEIRA, 1998). 
Cada método de valoração apresenta suas limitações na captação dos diferentes tipos de valores 
do recurso ambiental. A melhor escolha deverá considerar, o objectivo da valoração, a\ eficiência 
do método para o caso específico e as informações disponíveis para o estudo. No processo de 
análise devem estar claras as limitações metodológicas, e as conclusões restritas às informações 
disponíveis (RIBEIRO, 2009). 
 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
UEM-ESUDER C.E.R 4º Nível Página 2 
1.2. Objectivos 
1.2.1. Geral: 
 Estudar os Métodos de valoração económica ambiental. 
1.2.2. Específicos: 
 Descrever a valoração Económica Ambiental; 
 Identificar e descrever os métodos de valoração económica ambiental; 
 Demonstrar as expressões matemáticas de cada método de valoração 
económica ambiental; 
 Apresentar as vantagens e desvantagens de alguns métodos de valoração 
económica ambiental; 
 Apresentar um protocolo para a valorização económica de… com base no 
método…; 
 Apresentar recomendações de alguns métodos de valoração económica 
ambiental. 
 
1.3. Metodologia 
Com base nos objectivos que se pretendem alcançar, usou-se o método qualitativo. Para 
obtenção de dados usou-se: a pesquisa bibliográfica e a discussão pelos membros do grupo, visto 
que: 
a) Pesquisa Bibliográfica - Para a discussão de conceitos - chave, que atribuem o cunho da 
cientificidade do trabalho, foi exequível recorrer ao método bibliográfico, pois o mesmo 
possibilitou a obtenção dos instrumentos e obras de referência que permitiram a 
sistematização teórica da pesquisa e ter noções básicas de alguns conceitos ligados ao 
tema. Segundo GIL (2008), este método procura dar explicações do assunto abordado, a 
partir de referências teóricas publicadas em documentos, com objectivo de traçar as 
linhas gerais do trabalho. 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
UEM-ESUDER C.E.R 4º Nível Página 3 
b) Discussão pelos membros do grupo - Este método consistiu na discussão pelos 
membros do grupo com objectivo de filtrar a informação ou melhor, selecção da melhor 
informação para se colocar no trabalho. 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
UEM-ESUDER C.E.R 4º Nível Página 4 
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
2.1. A Valoração Económica Ambiental 
Todas as espécies de animais e vegetais dependem dos serviços ecossistémicos dos recursos 
naturais para sua existência. Essa importânciatraduz-se em valores associados aos bens ou 
recursos ambientais, que podem ser valores morais, éticos ou económicos (FARIA & 
NOGUEIRA, 1998). 
A valoração económica de recursos ambientais pode ser entendida como um conjunto de técnicas 
que tem como propósito ordenar opções excludentes, implicando na determinação do valor 
económico de um recurso ambiental, o que significa estimar o valor monetário do recurso 
ambiental em relação aos outros bens e serviços disponíveis na economia (MOTTA, 
1998). 
Valoração ambiental busca avaliar economicamente o valor de um recurso disponível, que 
estaríamos dispostos a abrir mão de maneira a obter uma melhoria de qualidade ou quantidade do 
recurso ambiental (PEARCE, 1993). 
Apesar dos avanços nas técnicas de valoração económica do meio ambiente, existem variações 
nos valores estimados para os mesmos bens. E ainda existem muitas controvérsias nas questões 
de equidade associadas à determinação de valor entre grupos sociais distintos, afectados por um 
mesmo dano ambiental. (ROMEIRO, 2004). 
As técnicas de valoração económica ambiental buscam medir as preferências das pessoas por um 
recurso ou serviço ambiental, o que está recebendo “valor” não é o meio ambiente ou o recurso 
natural, mas as preferências das pessoas em relação a mudança de qualidade ou quantidade 
ofertada do recurso, que são traduzidas em medidas de bem-estar. Estas podem ser interpretadas 
como a disposição a pagar (DAP) de um indivíduo por uma melhoria ou incremento no recurso 
ambiental ou como a disposição a aceitar (DAA) uma piora ou decréscimo na oferta do recurso 
(RANDALL, 1987). 
2.1.1. Valor económico total do recurso natural 
O Valor económico total do recurso natural compreende o somatório do valor de uso e do valor 
de não-uso. O valor de uso também é um somatório de valores, compreende a soma dos valores 
de uso directo, indirecto e de opção, já o valor de não-uso é compreendido como o valor de 
existência (MOTTA, 1998). 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
UEM-ESUDER C.E.R 4º Nível Página 5 
Segundo FARIA & NOGUEIRA (1998), a atribuição de valor económico a recursos ambientais 
pode ser resumida da seguinte forma: 
 Valor de Uso (VU): valor que os indivíduos atribuem a um recurso natural pelo uso 
no presente ou seu potencial uso no futuro. Pode ser subdividido em: valor de uso 
directo, valor de uso indirecto e valor de opção: 
 Valor de Uso Directo (VUD): Apropriação directa de recursos naturais, via 
extracção, visitação ou outra actividade de produção ou consumo directo 
(MOTTA, 1997). O valor de uso directo é aquele derivado do consumo 
directo do recurso natural, considerando que este pode ter usos distintos e, 
assim, ter vários valores de uso Directo; 
 Valor de Uso Indirecto (VUI): Benefícios indirectos gerados pelas funções 
ecossistêmicas (MOTTA, 1997). O valor de uso indirecto é aquele advindo 
das funções ecológicas do recurso natural; 
 Valor de Opção (VO): Intenção de consumo directo ou indirecto do bem 
ambiental no futuro (MOTTA, 1998). O valor de opção reflecte a quantia que 
os consumidores estão dispostos a pagar pra manter o recurso para o uso 
futuro do mesmo. 
 Valor de Não-uso (VNU): valor dissociado do uso, expressando o valor intrínseco 
do uso e reflectindo o seu valor de existência: 
 Valor de Existência (VE): Valores não associados ao consumo, e que se referem a 
questões morais, culturais, éticas ou altruísticas em relação à existência dos bens 
ambientais (MOTTA, 1998). 
Assim, o Valor Económico do Recurso Natural (VERA) é expresso matematicamente da 
seguinte forma (MOTTA, 1997): 
 
Entretanto, um tipo de uso pode excluir outro tipo de uso do recurso ambiental. Portanto, deve-se 
tomar o devido cuidado de não somar valores mais de uma vez. Assim, o primeiro passo na 
determinação do VERA seria identificar estes conflitos de uso e em seguida determinar os 
valores (MOTTA, 1998). 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
UEM-ESUDER C.E.R 4º Nível Página 6 
2.1.2. Métodos de valoração económica ambiental 
O método de valoração estima os valores económicos para os recursos naturais, simulando um 
mercado hipotético para estes bens sem preço definido. Não se trata de transformar um bem 
ambiental num produto de mercado, mas sim mensurar as preferências dos indivíduos sobre as 
alterações em seu ambiente (PEARCE, 1993). 
Cada método de valoração apresenta limitações na obtenção dos diferentes possíveis valores do 
recurso ambiental. A escolha do método de valoração económica do meio ambiente depende do 
objectivo da valoração, das hipóteses consideradas, da quantidade de dados disponíveis e do 
conhecimento científico a respeito da dinâmica ecológica e do objecto a ser analisado 
(RIBEIRO, 2009). 
Os principais métodos de valoração económica ambiental são classificados de diferentes 
maneiras nas literaturas. Geralmente são classificados como métodos directos e métodos 
indirectos, observados e hipotéticos, ou baseados em função da produção e função da demanda 
(CAVALCANTI, 2002). 
2.1.2.1. Métodos Indirectos 
Os Métodos Indirectos de Valoração estimam o valor de um bem ambiental, indirectamente por 
meio de uma função de produção. Os métodos indirectos de valoração estimam o valor de um 
recurso ambiental indirectamente através de uma função de produção. O objectivo é calcular o 
impacto de uma alteração marginal do recurso ambiental na actividade económica, utilizando 
como referência produtos no mercado que sejam afectados pela modificação na provisão do 
recurso ambiental (MÉRICO, 1996). 
O impacto económico sofrido na produção deste produto será uma estimativa dos benefícios 
embutidos no recurso ambiental. Estes métodos exigem o conhecimento da relação entre a 
alteração ambiental e o impacto económico na produção, que pode ser calculado directamente no 
preço de mercado do produto afectado ou num mercado de bens substitutos (MÉRICO, 1996).Os 
métodos indirectos de valoração são divididos em dois outros subgrupos: o método de 
produtividade marginal e o método de mercado de bens substitutos. 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
UEM-ESUDER C.E.R 4º Nível Página 7 
2.1.2.1.1. Métodos de função de produção 
Segundo MOTTA (1998), este método é uma das técnicas de valoração mais simples, por isso 
mesmo, largamente utilizada. Através deste método, observa-se o valor do recurso ambiental, 
pela sua contribuição como insumo ou factor na produção de um outro produto industrializado. 
Verifica-se o impacto do uso do recurso ambiental em uma actividade económica. 
Para uma melhor percepção, suponha uma função produção P, onde o seu nível de produção é 
dado por: 
 
Onde: 
Y - corresponde aos insumos privados; e 
R – corresponde aos recursos ambientais de preço zero. 
Calcula-se a variação de P frente a uma variação da quantidade/qualidade do recurso ambiental R 
utilizado como insumo para o produzir P. 
Considerando pP e pY, os preços P e Y, a função do lucro na produção de P seria: 
 
Segundo MOTTA (1997), O produtor ajusta assim a utilização do seu insumo de forma a 
maximizar o seu lucro. Assumindo que a variação de Z é marginal e, portanto, não altera seu 
preço, a variação de lucro seria: 
 e 
Neste caso, segundo CAVALCANTI (2002), estima-se a variação do produto decorrente da 
variação da quantidade de bens e serviços ambientais do recurso ambiental utilizado na 
fabricação do produto industrializado. Este método é empregado quando é possível obter preços 
de mercado para a variação do produto industrializado ou de seus substitutos. Deste método, são 
reconhecidas duas variantes: método da produtividade marginal e método dos bens substitutos. 
2.1.2.1.1.1. Método da produtividade marginal 
Para SILVA (2003), o método de produtividade marginal atribui valorao uso da biodiversidade 
relacionando a quantidade ou a qualidade de um recurso ambiental directamente à produção de 
outro produto com preço definido de mercado. O papel do recurso ambiental no processo 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
UEM-ESUDER C.E.R 4º Nível Página 8 
produtivo será representado por uma função dose-resposta (DR), que relacionam o nível de 
fornecimento do recurso ambiental ao nível de produção respectivo do produto no mercado. Esta 
função mensura o impacto no sistema produtivo, dada uma variação marginal no fornecimento 
do bem ou serviço ambiental, e a partir desta variação, estimar o valor económico de uso do 
recurso ambiental. 
O método de produtividade marginal estima apenas uma parcela dos benefícios ambientais, e os 
valores tendem a ser subestimados. Os valores de existência, como a preservação das espécies 
não fazem parte das estimativas, pois a função de produção capta apenas os valores de uso do 
recurso ambiental (MAIA, 2002). Segundo MOTTA (1997), o método da produtividade marginal 
assume que pP é conhecido e o valor económico de R (VER) seria: 
 
Neste método, utilizando novamente a função de produção P = F(Y,R), considera-se que o valor 
económico do recurso ambiental R é um valor de uso dos bens e serviços ambientais e que para 
calculá-lo é preciso determinar a correlação de R em F e a variação do nível de estoque e de 
qualidade de R em razão da produção do próprio P ou de outra função de produção, por exemplo, 
de T (MOTTA, 1998). Para isso, estimam-se as funções de dano ambiental (funções dose-
resposta - DR), representada como: 
 1 2 
Onde X1, X2,... são as variáveis que junto com o nível de estoque ou qualidade Q do recurso 
natural afectam a disponibilidade de R. Assim: 
 
Dessa forma, as funções DRs relacionam a variação do nível de estoque ou qualidade de R, com 
o nível de danos físicos ambientais provocados com a produção de P ou T para identificar o 
decréscimo da disponibilidade de R para a produção de P (DEBEUX, 1998). 
2.1.2.1.1.2. Métodos de Mercado de Bens Substitutos 
Conforme MOTTA (1998), na hipótese de variações marginais de quantidade de um produto 
industrializado, devido à variação do bem ou serviço ambiental, outros métodos que utilizam 
preços de mercado podem ser adoptados com base nos mercados de bens substitutos para o 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
UEM-ESUDER C.E.R 4º Nível Página 9 
produto e para o serviço ambiental. Estes métodos são importantes para os casos onde à variação 
do produto industrializado, embora afectada pelo bem ou serviço ambiental, não oferece preços 
observáveis de mercado ou são de difícil mensuração. Casos típicos são aqueles em que os 
produtos são também um bem ou serviço ambiental consumido gratuitamente. Existem também 
os considerados substitutos perfeitos, como por exemplo, o gás liquefeito de petróleo (GLP), que 
pode substituir o gás natural quando há escassez mantendo o nível de bem-estar dentro da 
expectativa dos usuários. Segundo MAIA (2002), Por meio da expressão, se uma função da 
produção P = f (Y, R), R tem em S seu substituto perfeito, a função de produção pode ser 
demonstrada em: 
 
 Onde a perda de uma unidade de R pode ser compensada por uma quantidade constante de S. 
Sendo P constante, uma unidade a menos de R será compensada por uma quantidade a mais de S 
e a variação de R passa a ser valorada pelo preço de mercado de S. O P, sendo um bem ou 
serviço ambiental sem preço de mercado, poderia ser substituído por S, se não houvesse função 
de produção ou dose-resposta a disposição (SILVA, 2003). Da mesma forma, os indivíduos nas 
suas funções de utilidade podem encontrar substitutos perfeitos para o produto P que consomem 
quando sua disponibilidade se altera devido a variação de R. Logo: 
 
Onde U(P+S,Y1,...,Yn) é denominada como uma função de produção familiar e Y os bens da 
cesta de consumo familiar. No caso, U pode ser também expressa por uma função de gastos 
(ou dispêndios) familiar. Assim, reduzindo uma unidade de P devido a , o valor de uma 
unidade de P será PS. Neste caso: 
 
Portanto, existirá um cs positivo na função de gastos dos indivíduos equivalente a ps . Note 
que estes métodos também admitem que variações de R ou P não alteram preços dos seus 
substitutos e, portanto, não induzem a variações do excedente do consumidor e produtor 
(MOTTA, 1998). 
 
 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
UEM-ESUDER C.E.R 4º Nível Página 10 
Vantagens 
 Este método é uma importante ferramenta para mensurar a variação na 
produtividade decorrente de uma variação dos factores de produção utilizados no 
processo produtivo, pois ele valora o recurso ambiental através da sua 
contribuição como insumo na produção de um bem final (SILVA, 2003). 
Desvantagens 
 Uma das grandes desvantagens são as dificuldades na sua aplicação devido a 
indisponibilidade de dados ambientais, uma vez que este método mostra-se 
dependente de tais dados, o que muitas vezes impede que ele seja aplicado 
(SILVA, 2003). 
 Além disso, ele estima apenas uma parte dos benefícios ambientais, de modo que 
os valores tendem a ser subestimados, sendo que os valores de existência, como 
no caso da preservação de espécies, não são estimados, já que a função de 
produção capta apenas os valores de uso do recurso ambiental (SILVA, 2003). 
Dessa forma, com base em mercados de bens substitutos podemos generalizar quatro métodos 
que são normalmente de fácil aplicação, como segue: 
a) Custo de reposição: este método se baseia na avaliação dos gastos que seriam 
necessários para repor a capacidade reprodutiva de um recurso natural que tenha sido 
degradado, de maneira a restabelecer a qualidade ambiental inicial. Esses custos podem 
ser interpretados como o valor da degradação ambiental. Seriam, então, os valores reais, a 
preços de mercado, de alternativas tecnológicas capazes de, pelo menos em parte, 
restaurar serviços ambientais que eventualmente tenham sido destruídos, provocando a 
diminuição no fluxo desses serviços. Este método usa o custo de reposição como uma 
aproximação da variação da medida de bem-estar em função do recurso ambiental 
(PEARCE, 1993). 
Suas estimativas são baseadas em preços de mercado tanto para repor quanto para reparar o bem 
ou serviço danificado, acreditando que um recurso natural possa ser perfeitamente substituído. 
Como são poucas as características do bem ambiental que serão repostas, as estimativas são 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
UEM-ESUDER C.E.R 4º Nível Página 11 
subestimadas. Mas nos fornece uma aproximação dos prejuízos económicos causados pela 
alteração na provisão do recurso natural (CAVALCANTI, 2002). 
Vantagens 
 A grande vantagem desse método é a possibilidade de restauração do dano 
ambiental causado, de modo que esse custo passa a ser uma medida para 
beneficiar a sociedade e o meio ambiente com um todo, com a tentativa de reparar 
o impacto para que o bem alcance a sua forma original. Visando a promoção do 
desenvolvimento sustentável (MAY, 1995). 
Desvantagens 
 O valor dos recursos tende a ser superestimado neste método, uma vez que, por 
haver muitas maneiras de estimar o custo de reposição, utiliza-se geralmente a 
mais fácil e directa, entretanto mais custosa (MAY, 1995). 
 Além disso, a validade dos resultados obtidos depende da inclusão dos custos 
relevantes e dos factores envolvidos na reposição de um bem ambiental. Sendo 
que nesse método só se considera os custos necessários para a reparação do dano 
ambiental (MAY, 1995). 
 A ausência de algum factor pode prejudicar o método e os seus resultados 
alcançados para a recuperação do meio ambiente (MAY, 1995). 
b) Custos evitados ou Gastos defensivos: Este método estima os gastos que seriam 
incorridos embens substitutivos sem alterar a quantidade consumida ou a qualidade do 
recurso. O bem substituto não deve gerar outros benéficos aos indivíduos além de 
substituir o recurso ambiental analisado e deve ser um substituto perfeito do recurso 
ambiental (CAVALCANTI, 2002). 
Os custos evitados são utilizados em estudos de mortalidade e morbidade humana. Nestes 
cálculos o valor humano é estimado pelos ganhos previstos ao longo da vida da pessoa, 
atentando para sua produtividade presente e sua expectativa de vida. As estimativas tendem a ser 
subestimadas, pois desconsideram uma série de factores. Porém é um método de fácil aplicação, 
pois os dados necessários para sua implementação são obtidos através de observações de 
mercados estabelecidos (CAVALCANTI, 2002). 
 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
UEM-ESUDER C.E.R 4º Nível Página 12 
Vantagens 
 O método é importante, pois considera a percepção ambiental do indivíduo para 
valorar, ou seja, ele gasta de maneira preventiva e defensiva, a fim de evitar os 
danos ambientais. 
 Também tem contribuído na realização de estudos sobre a avaliação da 
mortalidade e morbidade humanas e assim como na implicação da poluição sobre 
a saúde populacional (HANLEY E SPASH, 1993). 
Desvantagens 
 Uma das desvantagens é a subestimação de suas estimativas, uma vez que eles 
desconsideram uma série de factores, como os comportamentais, onde não se 
avalia o valor que o indivíduo dá a vida ou a saúde dos outros (HANLEY E 
SPASH, 1993). 
 A falta de informações sobre os benefícios de um bem ambiental pode influenciar 
negativamente nos resultados do método. 
c) Custo de controlo: Baseia-se na utilização de preços de mercado de gastos potenciais, 
relacionando-os com o bem natural, ao estabelecer padrões de qualidade ambiental e 
estimar o custo monetário para se manter ou alcançar esses padrões estabelecidos. Uma 
vez escolhido o padrão ambiental a ser utilizado, são examinados os vários meios de se 
atingirem esses padrões, avaliando-se os custos de capital e de operação de diferentes 
tecnologias e métodos de controlo ambiental (MOTTA, 1997). 
Por impor limite ao consumo presente de capital natural, o controle da degradação ajuda na 
manutenção do nível sustentável de exploração, permitindo o uso dos recursos naturais pelas 
gerações futuras (HANLEY & SAPCH, 1993). Ou seja, o controle da degradação limita o 
consumo presente, porém ele mantém um nível sustentável de exploração e aumenta os 
benefícios da população a longo prazo. 
O custo de controlo reflecte os gastos incorridos para evitar a variação do bem ambiental e 
manter a qualidade dos benefícios gerados à sociedade. Os incentivos ao controle ambiental 
geram alguns benefícios, sendo necessário um estudo muito preciso para identificação de todos 
eles. Como não existe um consenso sobre o nível apropriado para sustentabilidade, as pessoas 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
UEM-ESUDER C.E.R 4º Nível Página 13 
encontram sérios problemas para ajustar os custos aos benefícios marginais, e determinar o nível 
máximo de provisão do recurso natural (CAVALCANTI, 2002). 
d) Custo de oportunidade: a preservação de um recurso ambiental resulta num custo que 
deve ser medido para permitir a partilha entre os diversos agentes que aproveitam os 
benefícios da conservação. Toda preservação trás um custo de oportunidade das 
actividades económicas que poderiam estar sendo desenvolvidas na área de protecção. O 
custo de oportunidade reflecte as perdas económicas da população em razão das 
restrições de uso dos recursos ambientais. O benefício da conservação seria o valor de 
uso directo do recurso ambiental, estimado pela receita perdida em função da não 
utilização do sítio pra outras actividades económicas (CAVALCANTI, 2002). 
A estimativa da oportunidade de exploração deve sempre levar em conta uma possível 
diminuição do capital ambiental no decorrer do tempo, que também é uma oportunidade de 
geração de renda futura. Danos irreversíveis sobre espécies de plantas e animais acabarão 
reduzindo a longo prazo a renda gerada pela exploração (CAVALCANTI, 2002). 
Vantagens 
 Corresponde a um importante mecanismo para a valoração ambiental, pois possibilita a 
mensuração dos custos e benefícios da exploração ambiental, de modo a assegurar a 
sustentabilidade ambiental, para que as gerações futuras possam desfrutar dos recursos 
naturais. Mensurando assim as perdas económicas necessárias para garantir a protecção 
ambiental (HANLEY & SAPCH, 1993). 
Desvantagens 
 A maior limitação do MCO está no fato da subestimação diversos serviços 
ecossistémicos associados ao meio ambiente, assim como os seus reais benefícios à 
população. Uma vez que este método geralmente considera apenas os valores 
relacionados a exploração económica, desconsiderando aspectos ambientais importantes 
para a valoração (HANLEY & SAPCH, 1993). 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
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2.1.2.2. Métodos Directos 
Os métodos directos procuram inferir as preferências individuais por bens ou serviços ambientais 
a partir de perguntas feitas directamente às pessoas, e estes estabelecem suas preferências em 
relação ao recurso ambiental (MOTTA,1997). 
Os métodos directos de valoração estimam o valor económico do recurso ambiental a partir da 
própria disposição a pagar da população para bens e serviços ambientais. Estes métodos partem 
do pressuposto que a variação da quantidade ou da qualidade do recurso ambiental irá afectar os 
padrões de bem-estar das pessoas. Com a variação de bem-estar, podemos estimar a disposição a 
pagar das pessoas para evitar; ou a disposição a receber para aceitar as alterações do ambiente 
(RIBEIRO, 2009). 
2.1.2.2.1. Métodos de função de demanda 
Os métodos de função de demanda consideram que uma variação na disponibilidade de um 
recurso ambiental R altera o nível de bem-estar das pessoas, sendo possível mensurar essa 
alteração através da disposição a pagar (ou aceitar) das pessoas em relação a essa variação de R. 
O valor económico de uma variação de E é dado pela variação do excedente do consumidor 
(ΔEC), sendo necessário para tal identificar a função de demanda D para E (MOTTA,1998) 
Analiticamente, tem-se a seguinte expressão: 
 ∫ 
 
 
 
Onde P1 e P2 são as medidas da disposição a pagar (ou aceitar) por uma variação da 
disponibilidade de E. 
Identificada a função da demanda (D) por um recurso, o valor de uma variação do recurso seria 
dado pela variação do excedente do consumidor (ΔEC), tal que (MOTTA,1997): 
 
Segundo MOTTA (1997), mercados de bens e serviços privados complementares a bens e 
serviços ambientais podem ser utilizados para mensurar o valor de uso de um recurso ambiental. 
Apesar de ser difícil identificar bens perfeitamente complementares, adopta-se a hipótese – 
quando a demanda de um bem privado cai pra zero, o valor do bem complementar cai também 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
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para zero – assim podemos generalizar que, existe uma função utilidade (U), onde X é a 
quantidades de bens privados e Q é o bem ou serviço natural não valorado no mercado 
complementar a X, na seguinte forma: 
 
Assim, torna-se possível estimar indirectamente a demanda de Q e, então, as medidas de 
variação do excedente do consumidor, as variações de Q1 para Q2 podem ser estimadas com a 
área entre as curvas de demanda. 
Duas variantes deste método podem ser generalizadas: método dos bens complementares (preços 
hedónicos e custo de viagem) e método da valoração contingente. 
2.1.2.2.1.1. Método dos bens complementares 
Para MOTTA (1998), bens perfeitamente complementares são aqueles consumidos em 
proporções constantes entre si. Dessa forma, uma análise que recorra aos mercados destes bens 
ou serviços privados complementarespode gerar informações sobre a demanda do bem ou 
serviço ambiental relacionado com estes. Os métodos de mercado de bens complementares 
estimam o valor dos recursos naturais por intermédio do valor de outros bens e serviços com 
preço no mercado. 
Como demonstrado em DEBEUX (1998), o valor dos bens complementares são aqueles 
consumidos em proporções constantes entre si. Seguindo esta orientação, dada uma função de 
utilidade: 
 
Onde: Q corresponde ao recurso natural sem valor de mercado complementar a X, que representa 
um vector de quantidades de bens que estão no mercado. Q influi na demanda de X, e Q pode ser 
calculado a partir da estimativa da demanda de X para vários níveis de Q. Através da 
fundamentação teórica demonstrada acima, os métodos dos preços hedónicos e do custo de 
viagem, que compõem o método de mercado de bens complementares podem ser discutidos de 
forma adequada (MOTTA, 1998). 
Segundo MOTTA (1998), maximizando U sujeito a restrição orçamentária Y=PX, permite que 
diversos pontos da demanda individual de Xi em X sejam identificados, tal que: 
 
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Como Q influencia a demanda ordinária de , então, estimando a demanda de para vários 
níveis de Q, é possível estimar indirectamente a demanda de Q. Daí medidas de variação do 
excedente do consumidor marshalianas de variações de Q’ para Q’’ podem ser estimadas como a 
área entre as curvas de demandas (P,Q’,Y) e (P,Q”,Y). 
2.1.2.2.1.1.1. Método de preços hedónicos 
O método de Preços Hedónicos identifica os atributos e as características de um bem privado, 
onde esses atributos sejam complementares a bens ou serviços ambientais, sendo assim possível 
estimar o preço implícito do atributo ambiental no preço de mercado. O preço de propriedade é 
um bom exemplo, de forma que o indivíduo pode esclarecer sua disposição a pagar, de acordo 
com atributos ambientais existentes na propriedade. Com a aplicação deste método torna-se 
possível avaliar o preço de um atributo ambiental na formação de um preço observável de um 
bem composto (MOTTA, 1998). 
O método utiliza uma regressão de quadrados mínimos ordinários para ajustar o preço da 
residência às diversas características que possam inferir no seu valor. Além das características 
estruturais, como a área construída e o número de cómodos, e das características ambientais do 
local de construção, também farão parte do modelo econométrico os índices socioeconómicos da 
região, e outras variáveis que possam influenciar o valor da residência (RIBEIRO, 2009). 
Segundo (MAIA, 2002), por meio da função hedónica de preço pode-se estimar o valor dos 
atributos de um ou vários bens e serviços ambientais implícitos no valor de um bem privado. Ao 
assumir que P é o preço de uma propriedade, a função hedónica de seus atributos Ambientais é 
dada por: 
 
Onde, 
 = Atributos da propriedade i; 
 = Nível do bem ou serviço ambiental R da propriedade i. O preço de R é então dado por 
 e Pr a disposição a pagar por uma variação de R. 
Segundo CAMPOS (2003), estas variáveis são importantes pois diminuem possíveis vieses na 
estimativa, e permitem futuras partições da população que tendem a melhorar a precisão do 
modelo ao simular segmentações do mercado, muito comuns nos casos de variáveis como etnia e 
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padrão social. A função de preços hedónicos, relacionando o preço de uma residência i às suas 
características, será expressa por: 
 
Onde, 
 – Preço da residência i 
 - Características estruturais da residência i (cómodos, área construída, etc.) 
 - Características socioeconómicas da região onde a residência está localizada (índices 
sociais, etnia, etc.) 
 - Características ambientais da região (poluição sonora, proximidade de parques, etc.) 
O coeficiente de cada variável no modelo determina a relação entre a característica e o preço da 
propriedade, e será o indicador para a estimativa de seus benefícios na área residencial (CAMPOS, 
2003) 
Após estimarmos a função de preços hedónicos, devemos escolher a característica ambiental de 
interesse para encontrarmos seu preço implícito. Isto será feito isolando-se os demais atributos 
do modelo através da derivada parcial do preço da residência em relação à variável . Numa 
área i, onde a quantidade do serviço seja constante, e as características socioeconómicas dos 
moradores sejam , a curva de demanda inversa pelo serviço será dada por: 
 
Com a identificação dos grupos de moradores e com o cálculo da curva de demanda inversa , 
será possível estimar para cada grupo o excedente dos consumidores referentes a uma variação 
discreta de . O excedente total será dado pela agregação destes excedentes parciais (MOTTA, 
1998). 
Mesmo com toda esta série de dificuldades, o método de preços hedónicos pode fornecer uma 
boa estimativa caso a característica estudada seja quantificável e facilmente detectada pelos 
proprietários, que assim poderão expressar indirectamente sua disposição a pagar pelo recurso no 
preço de sua residência (CAMPOS, 2003) 
 
Vantagens 
 Uma das suas principais vantagens desse método é que ele possibilita a mensuração do 
preço implícito do atributo ambiental no preço de mercado, por meio da 
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complementaridade entre o valor do bem económico e os seus atributos, ou seja, das suas 
características peculiares (MOTTA, 2008). 
 Ainda segundo o autor, este método permite avaliar o preço implícito de um atributo 
ambiental na formação de um preço observável de um bem composto. Possibilitando que 
se conheça o real comportamento do mercado pela observação da variação dos preços. 
Sendo este método bastante detalhado, muito intuitivo e considera os preços de mercado. 
Pelo seu carácter detalhado evidencia claramente as suas imperfeições (FARIA & 
NOGUEIRA, 1998). 
Desvantagens 
 Este método considera apenas os valores de uso (directo, indirecto e de opção), desses 
atributos relacionados a habitação, não utiliza os valores de não uso (FARIA & 
NOGUEIRA, 1998). 
 Outro aspecto negativo é que as informações obtidas muitas vezes não são satisfatórias. 
Os preços da habitação podem ser enviesados e até subestimados por aspectos como os 
fiscais e a avaliação dos impactos ambientais pode não ser satisfatória, devido 
externalidades que muitas vezes não afectam significativamente as propriedades 
afectadas (CAMPOS, 2003). 
 Também enfatiza que o MPE não internaliza as modificações ocorridas nos recursos 
ambientais (FARIA & NOGUEIRA, 1998). 
2.1.2.2.1.1.2. Método do custo de viagem 
De acordo com MOTTA (1998), este método é o mais indicado para a estimação de demanda por 
bem ou serviço ambiental, com base na demanda de actividade recreação, associadas 
complementarmente ao uso do bem ou serviço ambiental que pode ser, por exemplo, um sítio 
natural. 
A curva de demanda destas actividades pode ser construída com base nos custos de viagem ao 
sítio natural, onde o bem ou serviço ambiental é oferecido. Basicamente, o custo de viagem 
representa o custo de visitação do sítio natural (ROMEIRO & MAIA, 2008). 
Quanto mais longe do sítio de viagem seus visitantes vivem, menos uso deste (menor número de 
visitas) é esperado que ocorra porque aumenta o custo de viagem para visitação. Para MOTTA 
(1997), os que vivem mais próximos ao sítio tenderão a usá-lo mais, na medida em que o preço 
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implícito de utilizá-lo, o custo de viagem, será menor. As zonas residenciais são definidas por 
distâncias ao sítio natural e, neste sentido, deve ser conhecidaà população e outras variáveis 
socioeconómicas zonais, como: renda per capita, distribuição etária, perfil de escolaridade, entre 
outras (SILVA, 2003). 
Para se calcular o valor recreacional de um sítio, faz-se uso de procedimentos econométricos. É 
possível identificar, através de pesquisa de campo por amostragem, os visitantes, frequência e 
custo de viagem das visitas, idade, endereço residencial, renda, escolaridade, etc. (FARIA & 
NOGUEIRA, 1998). 
Segundo DEBEUX (1998), a partir destes dados, pode-se estimar a taxa de visitação Vi de cada 
zona residencial da amostra, e correlacioná-la em termos estatísticos com os dados de custo 
médio de viagem de cada zona residencial CV da amostra e as outras variáveis socioeconómicas, 
utilizadas como proxis para indicar preferências da zona em questão Si. Segue a seguir a 
expressão: 
 
Onde, 
 - Taxa de visitação; 
 - Custo de viagem; 
S - Variáveis socioeconómicos. 
Segundo MOTTA (1997), o benefício gerado pelo sítio aos seus visitantes, representado pela 
variação do excedente do consumidor ( ), seria então: 
 ∫ 
 
 
 
Onde p é o valor da taxa de admissão de entrada ao parque (p=0 se a entrada é gratuita). 
2.1.2.2.1.2. Método da valoração contingente (MVC) 
Segundo RIBEIRO (2009), o método da valoração contingente é uma técnica que se utiliza de 
pesquisas com a finalidade de encontrar valores percebidos pelas pessoas sobre o ambiente. 
Quando se deseja conhecer o valor percebido para uma bela vista, ar puro, segurança, entre 
outros, faz-se pesquisas com pessoas para a identificação dos valores. O método avalia o que as 
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pessoas estão dispostas a pagar por um benefício ambiental ou o que estão dispostas a aceitar 
para tolerar um custo ambiental. 
De acordo com MOTTA (1998), a grande vantagem do MVC em relação aos outros métodos, é 
que pode ser aplicado em um espectro de bens ambientais mais amplos. Sua limitação está no 
fato de captar valores ambientais que indivíduos não entendem, ou mesmo desconhecem. 
Enquanto algumas partes do ecossistema possam não ser percebidas como geradoras de valor, 
elas podem, entretanto, ser condição necessária para a existência de outras funções de produção. 
O (MVC) procura mensurar monetariamente o impacto no nível de bem-estar dos indivíduos 
decorrente de uma variação quantitativa ou qualidade dos bens ambientais. Para tanto, utiliza-se 
dois indicadores de valor, a Disposição a Pagar (DAP) e Disposição a Aceitar (DAA), que dizem 
respeito, respectivamente, o quanto os indivíduos estariam dispostos a pagar para obter uma 
melhoria de bem-estar, ou quanto estariam dispostos a aceitar para compensar perdas de bem-
estar. 
Segundo DEBEUX (1998), o cálculo e a estimação dos benefícios obedecem a diferentes 
modalidades em função da forma de obtenção de valor. Para lances livres que produzem uma 
variável contínua de lances, o valor da DAP ou da DAA pode ser estimado directamente por 
técnicas econométricas. Para as escolhas denominadas dicotómicas ou com mais de um valor que 
produzem um indicador discreto de lances, a DAP ou DAA é estimada por uma função de 
distribuição das respostas afirmativas correlacionadas com uma função de utilidade indirecta, 
geralmente logística. Pela função: 
 
Onde: 
 - Visitas; 
 - Renda; 
 - Factores sociais ou outras variáveis explicativas; 
 - Parâmetro de qualidade ambiental do bem a ser valorado. 
A partir da média dos valores DAP ou DAA obtidos, multiplicada pelo total da população, 
obtém-se o valor económico total do bem ambiental, ou mais precisamente, da alteração de sua 
disponibilidade. Para a autora, esta técnica é de extrema importância para a análise económica do 
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meio ambiente, pois é a única que tem potencialmente a capacidade de captar o valor de 
existência do bem ambiental. 
2.1.2.2.1.2.1. Procedimentos requeridos para aplicação deste método 
Segundo MOTTA (1997), para a pesquisa de campo na aplicação do método da valoração 
contingente, estes são os passos a seguir: 
1º Estágio: Definição da Pesquisa e do Questionário 
 O objecto de Valoração - determinar qual o recurso ambiental a ser valorado e que 
parcela do valor económico está se medindo. É importante especificar com clareza o bem 
ou serviço Ambiental para que o entrevistado entenda, com maior precisão possível, qual 
é a alteração de disponibilidade (qualidade ou quantidade) do recurso que está sendo 
questionada. Para tal, é preciso também determinar quem utiliza o recurso e quem deve 
pagar ou ser compensado. 
 A Medida de Valoração - decidir qual será a forma de valoração entre as duas variações 
básicas: 
 Disposição a pagar (DAP) - como um pagamento para medir uma variação 
positiva de disponibilidade; ou 
 Disposição a receber (DAA) - como uma compensação por uma variação negativa. 
 A Forma de Eliciação - definir a forma de eliciação do valor. As principais opções são: 
 Lances livres ou forma aberta (“open-ended”) - onde o questionário apresenta a 
seguinte questão: “quanto você está disposto a pagar?”. 
 Referendo (escolha dicotómica) - onde o questionário apresenta a seguinte 
questão: “você está disposto a pagar R$ X”? A quantia X é sistematicamente 
modificada ao longo da amostra para avaliar a frequência das respostas dadas frente 
a diferentes níveis de lances. Esta forma de eliciação é a mais usada actualmente e é 
considerada preferível em relação à eliciação aberta porque: 
 Permite menor ocorrência de lances estratégicos dos entrevistados que procuram 
defender seus interesses ou beneficiarem-se da provisão gratuita do bem (“o 
problema do carona”); e 
 Aproxima-se da verdadeira experiência de mercado que geralmente define suas 
acções de consumo frente a um preço previamente definido. 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
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 Referendo com acompanhamento (mais de um valor) - recentemente, observa-se 
a utilização de uma outra forma mais sofisticada de escolha dicotómica. Conforme a 
resposta dada à pergunta inicial, é acrescida uma segunda pergunta iterativa. Por 
exemplo, se o entrevistado responde que está disposto a pagar R$ X será 
perguntado em seguida se pagaria R$ 2X (ou R$ 0,5X se respondeu “não” na 
pergunta inicial). 
 O Instrumento (ou veículo) de Pagamento - definir o instrumento de pagamento ou 
compensação com que a medida de DAP ou DAA será realizada. 
 A Forma de Entrevista - definir como será a aplicação do questionário. Recomenda-se 
que as entrevistas sejam pessoais e que permitam um controlo por meio da amostra das 
entrevistas, além de uma fiel compreensão do questionário e suas respostas. Dessa forma, 
pesquisas domiciliares são mais recomendáveis, embora geralmente mais custosas, que o 
uso de telefone ou correio. 
 O Nível de Informação - determinar qual o conteúdo das informações que devem ser 
prestadas no questionário de forma a transferir, realisticamente, a magnitude das 
alterações de disponibilidade do recurso ambiental em valoração. Neste caso, há que se 
definir formas de apresentação que podem ser desde um texto lido pelo entrevistador até 
ao uso de fotos e desenhos ilustrativos das alterações. 
 Os Lances Iniciais - no caso do método referendo, ou mesmo para os outros de cartão de 
pagamentos e leilão, é preciso determinar um intervalo de valores monetários que variem 
do máximo ao mínimo da DAA ou DAP. Por exemplo, a DAP na qual 100% dos 
entrevistados rejeitariam e a DAP que 100% dos entrevistados aceitariam. Estes pontos 
seriam os dois extremos da curva de demanda e um conjunto de valores intermédios entre 
eles seria utilizado na pesquisa. 
 As Pesquisas Focais - o modo mais prático e eficientepara estabelecer estes pontos 
extremos de máximo e mínimo da demanda é a adopção de pequenas pesquisas de 
eliciação abertas, realizadas em alguns grupos focais que representem uma parcela do 
universo a ser questionado. Estas pesquisas focais são também uma oportunidade para 
testar ou avaliar todos os itens anteriores acima. 
2º Estágio: Cálculo e Estimação 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
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 Pesquisa-Piloto e Pesquisa Final - sempre que possível, deve-se proceder a uma 
pesquisa piloto antes da pesquisa final para testarem o questionário desenvolvido. 
Sugere-se, que nesta pesquisa sejam testadas algumas alternativas que dependem, 
significativamente, da percepção dos entrevistados (por exemplo: conteúdo e 
apresentação de informação, instrumento de pagamento, etc.) e outras questões que 
afectam a logística da pesquisa (por exemplo: a dificuldade de acesso aos entrevistados, a 
confiabilidade dos dados amostrais, etc.). 
 Cálculo da Medida Monetária - no caso de um experimento baseado na escolha 
dicotómica, a média é obtido pelo cálculo do valor esperado da variável dependente 
(DAP ou DAA). Para questionários com eliciação aberta, o valor médio é obtido 
directamente com a aplicação directa de técnicas econométricas de regressão para validar 
o resultado. Uma curva de lances livres pode ser estimada para investigar os 
determinantes das respostas de DAP. Normalmente, a curva de lances correlacionará os 
lances (DAPi) como uma função das visitas (Qij), da renda (Yi), de factores sociais como 
educação (Si) e outras variáveis explicativas (Xi). Um parâmetro da qualidade ambiental 
do lugar (Ej) também pode ser incluído. 
 
 A Agregação dos Resultados - a partir da média (ou mediana) da DAP ou DAA, o valor 
económico total é estimado multiplicando esta média pela população afectada pela 
alteração de disponibilidade. Isto requer decisões como, por exemplo, optar entre dados por 
família ou individuais e distinguir a população relevante para o valor total do recurso. 
2.1.2.2.1.2.2. Ranqueamento contingente 
Neste método, as pessoas analisam várias possibilidades, cada qual descrevendo uma situação 
diferente ou alternativas hipotéticas, com relação ao bem ambiental e outras características que 
seriam argumentos na função utilidade do entrevistado. (BORGER, 2000). 
Esses indivíduos organizam suas escolhas em ordem de preferência e os valores relativos aos 
recursos podem ser inferidos a partir desse ranqueamento contingente, utilizando-se as taxas 
marginais de substituição entre qualquer das características e o recurso ambiental. Se algum dos 
outros bens ou características tiver preço de mercado, é possível calcular a disposição do 
entrevistado a pagar pelo recurso ambiental. Esse método é aplicável em situações em que o 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
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cenário hipotético poderia ser pouco compreendido pelos entrevistados. A lógica para sua 
utilização é que os indivíduos teriam maior facilidade em expressar suas preferências (ORTIZ, 
2003). 
2.2. Valoração económica do rio Limpopo recorrendo ao uso do 
método de valoração contingente 
O Rio Limpopo é um dos principais rios da província de Gaza, cuja qualidade da água está 
comprometida pela disposição de lixo doméstico e o uso desapropriado pela população das 
margens. Investimentos para melhoria da qualidade das suas águas, bem como na construção de 
infra-estruturas de irrigação e limpeza do mesmo, se fazem necessários para o bem do meio 
ambiente e para uma melhor qualidade de vida da população. Olhando para esta problemática, o 
grupo optou por estimar o valor ambiental dado pela população dos arredores para sua 
preservação, através da aplicação do Método de Valoração Contingente (MVC), bem como 
avaliar as diferenças de percepção ambiental considerando a estratificação das pessoas de acordo 
com a sua relação ou influência do recurso ambiental avaliado, considerando sua localização 
geográfica. 
A recolha de dados foi estabelecida mediante a utilização de questionários, utilizando-se do 
método. Os entrevistados dividiram-se em três grupos de interesse: 
 Marginal Afectado (MA), com um total de 25 entrevistados, considerando-se aqueles 
que residem próximo ao rio e já sofreram de alguma maneira com os impactos 
relacionados às enchentes e inundações; 
 Marginal Não Afectado (MNA), onde foram entrevistadas 19 pessoas, aquelas que 
residem próximo ao curso do rio, porém não sofrem problemas directos com a sua 
influência; 
 Distantes do Rio (DR), 9 pessoas entrevistadas, aquelas que residem distante do curso da 
água aqui relacionado e não sofrem influência directa. 
Foram atribuídas como variáveis explicativas para as entrevistas Idade, género, Escolaridade e 
Renda. 
Os resultados demonstraram a Disposição a Pagar (DAP) negativa para 61% dos entrevistados, 
sendo que 48% foram caracterizados como um “voto contra (protesto) ”. O valor do benefício 
individual estimado pela regressão logística foi de 2,45 MT considerando toda a amostra e de 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
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19,68 quando foram retirados os votos contra (protesto), indicando-se uma forte influência destes 
nos resultados. Na primeira situação, com os votos contra (protesto), os entrevistados distantes 
do rio (DR) diferenciaram-se dos demais caracterizados por aqueles com uma idade maior e do 
sexo feminino. Entretanto, sem os votos contra (protesto), os grupos avaliados são diferentes 
entre si. Nesta situação, o grupo DR caracteriza-se pela maior escolaridade e renda, conferindo 
maior disposição a pagar, o que reflecte maior percepção ambiental. 
Constatou-se que os grupos MA e DR apresentaram comportamentos semelhantes quanto ao 
DAP, com 48% e 42,42% de respostas “positivas”, respectivamente. Por outro lado, o grupo 
MNA foi o que apresentou menor contribuição, com 72,46% respondendo “negativamente”. 
Considerando a análise das respostas dos entrevistados relacionadas aos problemas e benefícios 
proporcionados pelo rio, fica evidente que os moradores não percebem seus atributos ambientais 
como um recurso natural, quer seja pelas funções ambientais ou pelas funções adversas 
relacionadas à água, o que explica a alta percentagem de respostas “negativas” ao método 
referendum e alta incidência de “votos contra (protesto)”, delegando ao poder público a 
responsabilidade para a preservação do mesmo. Assim, caracterizam-se as dificuldades 
relacionadas à preservação de rios, em função do que eles representam para a população. 
Os objectivos deste estudo foram efectivados, uma vez que foi estimado o valor ambiental dado 
pela população que reside aos arredores para a preservação do Rio Limpopo e houve avaliação 
das diferenças de percepção ambiental considerando a estratificação das pessoas de acordo com 
sua relação ou influência do recurso ambiental avaliado. 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
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III. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES 
3.1. Conclusão 
A valoração económica tem grande importância na tomada de decisão quanto ao maneio dos 
recursos ambientais. Porém, a valoração ambiental pode não encontrar somente um valor que o 
represente, mas o importante é haver uma clareza sobre qual valor se pretende mensurar. 
De forma geral os métodos de valoração económica ambiental ainda são pouco conhecidos e 
utilizados. É importante dar-se a devida atenção aos métodos de valoração, pois pode ser uma 
ferramenta útil para auxiliar os responsáveis pelas decisões de políticas públicas na tomada de 
decisões. Na comparação desses valores com os valores de aplicações alternativas dos recursos 
disponíveis, poderão ser escolhidos os projectos com maiores potencialidades de ganho em 
termos de bem-estar social.Cada um dos métodos de valoração económica apresentados possui vantagens e deficiências. Os 
métodos de valoração são ferramentas de auxílio para atribuir um valor monetário a determinado 
conjunto de bens ou serviços ambientais. 
Percebe-se que há vários métodos que podem ser utilizados no processo de valoração, porém a 
escolha do método mais adequado vai depender das especificações de cada caso, e de uma 
revisão de estudos anteriores que se adaptem ao caso analisado. Mas pode-se concluir que entre 
todos os métodos, o Método de valoração Contingente é o único capaz de obter valores de não 
uso de bens e serviços ambientais. 
Pode-se concluir que a valoração económica de recursos ambientais nas operações e na tomada 
de decisões é um factor estratégico que proporciona uma visão mais completa dos custos e 
benefícios, o qual são informações de grande importância para promover o desenvolvimento 
sustentável de maneira mais eficiente e eficaz. É importante e relevante que sejam desenvolvidos 
trabalhos que estimem o valor económico dos recursos naturais e, com isso, atingir a condição de 
sustentabilidade na utilização/consumo dos mesmos. A exploração sem limite dos recursos 
naturais tem como consequência à degradação da qualidade dos serviços gerados pelo meio 
ambiente, e a queda do nível de bem-estar dos indivíduos envolvidos. E a atribuição de valores a 
estes bens e serviços ambientais é uma forma de tornar possível a órgãos competentes e a 
tomadores de decisão implantar políticas de conservação preservação dos recursos naturais e 
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ambientais. O valor dos recursos naturais pode também servir como parâmetro para a 
determinação do valor de taxas e/ou multas por danos ambientais causados ao meio ambiente. 
3.2. RECOMENDAÇÕES 
 Recomendações do método da produtividade marginal: De acordo com MOTTA 
(1997), embora o método da produtividade marginal ofereça indicadores monetários 
bastante objectivos e com base em preços observáveis de mercado, o analista deve ter 
cuidado para que as mensurações, aparentemente triviais, não se tornem enviesadas e 
vazias de conteúdo económico. Para evitar tais situações, recomenda-se: 
 Analisar se o preço de mercado do bem ou serviço privado, o qual está sendo utilizado 
para a valoração, reflecte o seu custo de oportunidade (preço-sombra). Caso não 
reflicta, realizar os ajustes de forma a corrigir estes preços; 
 Determinar o impacto em termos de produção, devido à variação da disponibilidade do 
recurso ambiental, para avaliar a hipótese de preços inalterados. Caso existam 
evidências sobre significantes alterações de produto que afetariam o nível de preço, o 
analista deve procurar avaliar possíveis variações do excedente do consumidor; 
 Avaliar criteriosamente a confiabilidade das funções de produção e de dano e da base 
de dados que serão utilizadas. Evitar utilizar em um local as funções estimadas para 
um outro local, dado que as condições ambientais ou de oferta de recursos ambientais 
são quase sempre distintas. Note que cada função reflete a tecnologia local e sua base 
de recursos ambientais; 
 Oferecer uma dimensão clara e específica da parcialidade das estimativas dos valores 
de uso estimados em relação a outros valores de uso e não-uso que fazem parte do 
valor económico total, mas que não foram estimados; 
 Realizar, sempre que possível, análises de sensibilidade com parâmetros que afectam 
os resultados. 
 Recomendações do método de preços hedónicos: De acordo com MOTTA (1997), o 
método dos preços de propriedade é recomendável somente nos casos: 
 Onde existe alta correlação entre a variável ambiental e o preço da propriedade. 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
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 Em que é possível avaliar se todos os atributos que influenciam o preço de equilíbrio 
no mercado de propriedades, em análise, podem ser captados. Caso contrário, procure 
considerar a adopção de outros métodos. 
 Em que as hipóteses adotadas para cálculo do excedente do consumidor, com base nas 
medidas estimadas do preço marginal do atributo ambiental, podem ser realistas. Caso 
contrário, procure apresentar estimativas alternativas para cada hipótese. 
 Recomendações do Método do custo de viagem: De acordo com MOTTA (1997), para 
contornar ou minimizar estes problemas o analista deve: 
 Realizar um levantamento de dados bastante abrangentes e dispor de instrumental 
econométrico sofisticado. 
 Utilizar o método do custo de viagem somente para a estimação de valores de uso de 
sítios naturais, embora quase sempre restrito ao objectivo de avaliar os benefícios 
recreacionais. 
 Observar que, embora esta seja uma cobertura bastante restrita das estimativas do 
valor económico, o MCV é um instrumento valioso para definir e justificar acções de 
investimentos em sítios naturais, inclusive para orientar formas de contribuição, tais 
como, taxas de admissão, serviços de alimentação e outros. 
 Avaliar, antes de aplicar o MCV, se as informações disponíveis permitem captar todos 
os factores que estão influenciando as visitas ao parque. 
 Cuidar para que a apresentação dos resultados explicite as hipóteses de valoração do 
custo/tempo de viagem e também as hipóteses utilizadas para mensurar o excedente do 
consumidor. Mais uma vez, estimativas alternativas sob outras hipóteses devem, 
sempre que possível, ser apresentadas. 
 Recomendação de método da valoração contingente: De acordo com MOTTA (1997), o 
Painel reconheceu a validade do método da valoração contingente como o único método 
capaz de captar valores de existência, mas incluiu diversas recomendações para sua 
elaboração. As mais importantes estão abaixo relacionadas28: 
 Amostra probabilística é essencial. 
 Evitar respostas nulas. 
 Usar entrevistas pessoais. 
 Treinar o entrevistador para ser neutro. 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
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 Os resultados devem ser apresentados por completo com desenho da amostra, 
questionário, método estimativo e base de dados disponível. 
 Realizar pesquisas-piloto para testar questionário. 
 Ser conservador adoptando opções que subestimem a medida monetária a ser 
estimada. 
 Devido a recomendação anterior, usar DAP ao invés de DAA. 
 Usar método referendo. 
 Oferecer informação adequada sobre o que está se medindo. 
 Testar o impacto de fotografias para avaliar se não estão gerando impactos emocionais 
que possam enviesar respostas. 
 Identificar os possíveis recursos ambientais substitutos que permanecem inalterados. 
 Identificar com clareza a alteração de disponibilidade do recurso. 
 Administrar tempo de pesquisa para evitar perda de acuidade das respostas. 
 Incluir qualificações para respostas sim ou não. 
 Incluir outras variáveis explicativas relacionadas com o uso do recurso. 
 Ver se as informações do questionário são aceitas como verdadeiras pelos 
entrevistados. 
 Entrevistados devem ser lembrados da sua restrição orçamentária, i.e., que sua DAP 
resulta em menor consumo de outros bens. 
 O veículo de pagamento deve ser realista e apropriadas as condições culturais e 
económicas. 
 Questões específicas devem ser incluídas para minimizar o problema da Parte-Todo. 
 Evitar o uso do ponto inicial em jogos de leilão e no cartão de pagamento. 
 
 
Métodos de valoração económica ambiental Maio de 2019 
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IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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São Paulo: Cortez. 
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RIBEIRO, Gregório Dias (2009). Valoração ambiental: síntese dos principais métodos. 
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Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

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