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ANAMNESE NA CARDIOLOGIA

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Rafael Venâncio de Souza 
 
⮚ Fundamentos para o Diagnóstico Cardiológico 
 
1. Anamnese 
 
→ História Clínica 
- a obtenção do histórico do paciente com frequência fornece indícios que ligam aspectos relacionados às manifestações clínicas do paciente 
- a observação do paciente deve se iniciar a partir do momento que este entra no consultório, com seu andar, seus gestos, sua fala etc 
- o ato de escutar e de observar são partes fundamentais para a construção do raciocínio clínico, auxiliando a avaliar as atitudes pessoais do paciente, 
assim como sua compreensão, sua aceitação, sua negação, sua motivação, seus medos, etc 
- dessa forma, realizar uma boa história clínica é uma habilidade necessária de se desenvolver, sendo um diferencial como profissional, visto que a história 
clínica é o maior condutor para o diagnóstico 
- a história clínica corresponde à até 70% da realização dos diagnósticos; os outros 20-30% são dados pelo exame físico e pelos exames complementares 
- ao longo do tempo, houve um declínio gradual das técnicas de realização de anamnese e de exame físico (p.ex. restrição de tempo para obtenção do 
histórico do paciente), o que pode ser explicado pela pressão do sistema de saúde para o atendimento dos pacientes – impulsionando um atendimento 
rápido de inúmeros pacientes – e pela solicitação excessiva de exames complementares – os exames complementarem NÃO substituem a anamnese e o 
exame físico, sendo necessário ponderar sua prescrição no que tange o desconforto, o dano e o custo para o paciente 
- o declínio da utilização de técnicas de anamnese e exame físico fez aumentar a utilização desnecessária de métodos de imagem cada vez mais 
sofisticados e caros; anamnese, exame físico e exames complementares são intercomplementares na busca do diagnóstico do paciente 
- assim, uma história clínica de qualidade associada a um exame físico sistematizado e abrangente apresenta uma relação custo-efetividade que garante 
a melhor precisão diagnóstica e o menor custo para o sistema de saúde 
→ Importância da Anamnese 
- a anamnese fundamente-se na organização cronológica de todos os dados que o paciente nos informa; coleta-se as informações acerca do princípio e 
da evolução de determinada doença até a 1ª observação do médico e, caso a paciente se queixa de mais de um sintoma, deve-se questioná-lo acerca do 
primeiro sintoma queixado EX: se um paciente apresenta QP de “falta de ar e inchaço nas pernas”, verifica-se qual sintoma apareceu primeiro e formula-
se perguntas acerca do sintoma 
- o papel da anamnese se dá como a mais rica fonte de informação quanto à doença do paciente, assim como estabelecimento do vínculo da relação 
médico-paciente – principalmente de confiança – favorecendo, por exemplo, a adesão do paciente à um plano terapêutico 
- por meio da anamnese, consegue-se avaliar o impacto da doença ou o medo do paciente pela doença, além de avaliar a personalidade, a afetividade e a 
estabilidade emocional do paciente 
- durante a anamnese, sempre que possível, pode-se obter informações de parentes ou amigos EX: em uma situação em que se pesquisa as causas de 
hipertensão de difícil controle e, caso seja identificada, por informação de quem convive com o paciente, a apneia do sono, pode-se inferir que a 
dificuldade de controle da pressão arterial pode estar relacionada com a apneia do sono 
→ Diretrizes para a Realização de uma Boa Anamnese 
• oferecer ao paciente tempo suficiente espontaneamente relatar seus sintomas – haverá situações em que será necessário conduzir a entrevista, por 
exemplo, em situações em que o paciente começa a fugir do assunto da entrevista, logo deve-se reconduzir o paciente para a entrevista 
• atenção e cuidado com as informações do paciente para registro e análise adequados 
• observar sintomas que mais comumente levantam a suspeita de doença cardiovascular (DCV) como dispneia aos esforços, dor torácica, palpitações, 
síncope, cianose, tosse, fadiga, hemoptise e edema de MMII 
• inclusão de dados como AP, HF, HPP, HV e ISDA 
• estabelecimento de adequada relação de confiança com o paciente – deve-se ter a postura correta perante o paciente, de modo que o paciente sinta 
que o médico está totalmente disposto e focado a auxiliá-lo com seus problemas de saúde do diagnóstico ao tratamento 
→ Técnica de Anamnese 
- inicialmente, deve-se deixar o paciente relatar suas queixas da sua própria maneira, o que permite perceber o perfil emocional dos seus sintomas, além 
de promover a satisfação de seu atendimento por parte do paciente 
- em um segundo momento, o médico pode dirigir o diálogo: obtenção de informações sobre cronologia dos sintomas, localização, qualidade, intensidade, 
fatores desencadeantes, fatores de melhora ou piora, situações nas quais os sintomas ocorrem, sintomas associados e resposta à terapia 
- além disso, deve-se observar atitudes, reações e gestos do paciente enquanto este é examinado e questionado 
 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
→ Sintomas Fundamentais de Doenças Cardiovasculares 
 
● Dispneia 
- a dispneia é um dos mais importantes sintomas de doenças cardíacas ou pulmonares 
- é caracterizada por uma sensação anormalmente desconfortável ou por uma dificuldade para respirar, geralmente desencadeadas por esforço físico 
→ MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS 
• Quando decorrente de DOENÇA CARDÍACA: 
- geralmente ocorre secundária ao AUMENTO DA PRESSÃO DE CAPILAR PULMONAR 
- o aumento da pressão de capilar pulmonar pode ser secundário ao aumento da pressão do átrio esquerdo ou do ventrículo esquerdo devido aumento 
da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo (Pd2VE) 
- qualquer patologia que comprometa funcionalmente ou estruturalmente o lado ESQUERDO do coração pode, em um determinado momento, gerar 
aumento da pressão intracavitária ou do átrio esquerdo ou do ventrículo esquerdo ou de ambos, tendo, como consequência, o EXTRAVASAMENTO DE 
LÍQUIDO PARA O ESPAÇO INTERSTICIAL PULMONAR 
- dessa forma, os pulmões se tornam mais rígidos e ingurgitados, o que gera um maior trabalho respiratório, alterando a relação ventilação/perfusão 
(para que ocorram as trocas gasosas, é necessário que as áreas ventiladas sejam perfundidas em uma proporção apropriada, o que é denominado relação 
ventilação/perfusão), além de aumento do espaço morto pulmonar (espaço em que não há realização de trocas gasosas) e de maior resistência das vias 
aéreas e de hipoxemia – TODAS ESSAS AÇÕES SÃO ESTÍMULOS ADICIONAIS PARA A SENSAÇÃO DE DISPNEIA 
 
• Quando decorrente de DOENÇA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO: 
- nesse caso, a dispneia pode manifestar-se devido ALTERAÇÕES DA RELAÇÃO VENTILAÇÃO/PERFUSÃO, LIMITAÇÃO MECÂNICA DA VENTILAÇÃO ou de 
ESTÍMULOS ASSOCIADOS À HIPOXEMIA 
- EXEMPLOS: ① tromboembolismo pulmonar ② doença pulmonar obstrutiva crônica ③ asma brônquico ④ infecções pulmonares 
• Quando não associadas a DOENÇAS CARDÍACAS OU PULMONARES: 
- anemia – ↓ capacidade de transporte de oxigênio, que se dá pela hemoglobina (Hb) 
- descondicionamento físico – ↓ capacidade de redistribuição do fluxo sanguíneo sistêmico 
- obesidade – ↑ trabalho respiratório 
- gravidez – ↓ capacidade pulmonar total 
- distúrbios psicológicos – hiperventilação (crises de ansiedade, ataques de pânico); o paciente relata que a “respiração não faz a volta”, ou seja, o 
paciente não consegue fazer uma inspiração profunda 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
→ CARACTERIZAÇÃO DA DISPNEIA PELO PACIENTE 
- na prática clínica, o paciente com dispneia relata queixas como “falta de ar”, “fôlego curto” ou “dificuldade para respirar” 
- alguns pacientes podem relatar queixas de “cansaço” ou “canseira”, que são situações em que se torna necessário definir se a sensação de cansaço é em 
todo o corpo – FADIGA OU ADINAMIA – ou se a manifestação é mais localizada no tórax – DISPNEIA 
- quando o paciente relata dificuldade para realizar respiração profunda, caracteriza-se como dispneia suspirosaou psicogênica 
- caso seja identificada dispneia aos esforços, é fundamental a caracterização precisa da intensidade do esforço que a desencadeia, sua evolução no 
tempo, bem como o impacto sobre as atividades habituais do paciente 
- a dispneia paroxística noturna é um tipo de dispneia caracterizada pela ocorrência após o paciente ter conciliado o sono por 2 a 4 horas; manifesta-se 
subitamente, geralmente associada à necessidade de levantar-se do leito (sentar-se ou permanecer em pé) em busca de ar, com sensação de morte 
iminente, regredindo gradualmente durante vários minutos com a mudança de posição; ao exame físico, verifica-se sinais de congestão pulmonar como 
taquicardia, taquipneia, turgência jugular patológica, estertores subcrepitantes nas bases do pulmão/terço inferior do pulmão 
- além disso, deve-se questionar o acompanhante do paciente sobre qualquer sinal de alteração da respiração durante o sono como ronco ruidoso e 
períodos de apneia – caso o paciente apresenta apneia do sono, ele pode relatar que “já acorda cansado”, o que se dá pela hipóxia gerada durante a 
apneia do sono, impedindo que o paciente atinja o sono REM, que é o sono reparador que descansa a mente e o corpo 
→ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
- cardiopatias (ICC) – a dispneia é uma das principais manifestações de insuficiência cardíaca 
- dispneia de causa pulmonar – doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), bronquite crônica, enfisema pulmonar ou fibrose pulmonar intersticial 
- dispneia crônica – anemia, hipo ou hipertireoidismo, obesidade ou descondicionamento físico 
- dispneia de início súbito – tromboembolismo pulmonar (TEP), pneumotórax, edema agudo de pulmão, pneumonia ou obstrução aguda de vias aéreas 
- dispneia acompanhada de sibilos pulmonares – broncoconstrição primária (asma brônquica) ou hipertensão venocapilar (asma cardíaca) 
- dispneia como equivalente anginoso – alguns pacientes (IDOSOS E DIABÉTICOS) podem não apresentar a dor torácica como manifestação da doença 
isquêmica, e sim apresentar dispneia causada por isquemia miocárdica 
→ VALOR DIAGNÓSTICO 
- o valor diagnóstico se estabelece à medida em que se utiliza as informações, de forma sistematizada, obtidas na história clínica, o que é fundamental 
para se definir o diagnóstico de doenças cardiovasculares; sabe-se que até 74% dos diagnósticos clínicos foram estabelecidos considerando apenas os 
dados da história de pacientes cuja QP era dispneia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
● Dor Torácica 
- a dor torácica é uma manifestação sintomática relativamente frequente e complexa, visto que envolve causas cardíacas e não-cardíacas, além de 
múltiplos mecanismos fisiopatológicos, manifestando-se de forma aguda ou crônica, com expressão clínica nem sempre de fácil distinção entre as 
diferentes etiologias 
- a DOENÇA ISQUÊMICA CARDÍACA representa o diagnóstico mais importante entre as diferentes causas de dor torácica devido à sua importância 
epidemiológica e elevada morbimortalidade 
- a doença isquêmica cardíaca é a causa mais comum de morte em todo o mundo, sendo a primeira causa a ser investigada quando se atende um paciente 
com dor torácica 
- para se chegar ao diagnóstico envolvendo a dor torácica, deve-se caracterizá-la com os seguintes aspectos: ① localização – precordial, retroesternal ou 
apenas no MSE ② fatores desencadeantes ③ fatores de piora ou melhora ④ sintomas concomitantes ⑤ duração – caso um paciente relate dor 
torácica com duração de dias, pode-se afastar, observando todo o contexto do exame clínico, a possibilidade de doença isquêmica cardíaca, uma vez que a 
duração desta pode ser de minutos (angina) a horas (IAM) ⑥ evolução do sintoma no tempo ⑦ irradiação – mandíbula, pescoço, ombros, face interna 
do MSE ⑧ tipo característico da dor 
- quando um paciente dá entrada num pronto socorro com dor torácica, deve-se pensar em 5 diagnósticos: ① doença isquêmica cardíaca ② 
tromboembolismo pulmonar (TEP) ③ pneumotórax espontâneo ④ dissecção aguda de aorta ⑤ ruptura do esôfago 
 
 
→ CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA DOR TORÁCICA BASEADO NA HISTÓRIA CLÍNICA 
• SINDROME CORONARIANA AGUDA (SCA) 
- desconforto, dor opressiva ou em queimação em região retroesternal ou precordial ou epigástrica 
- duração: desde minutos (angina) até poucas horas (infarto agudo do miocárdio) 
- irradiação: para ombro, braço esquerdo, pescoço ou mandíbula 
- sintomas que podem ou não estar associados: diaforese, náuseas, vômitos, dispneia 
- sinais clínicos de doença oclusiva arterial periférica (DOAP) – entre 40-70% dos pacientes com DOAP apresentam SCA 
- equivalentes anginosos em pacientes com SCA sem dor torácica: a dispneia pode ser sintoma mais importante em idosos e diabéticos 
- manifestações frequentemente atípicas em mulheres e diabéticos 
• DISSECÇÃO DE AORTA 
- dor intensa de início súbito, lancinante (o paciente pode relatar uma dor que “rasga por dentro”) com duração de horas 
- irradiação acompanhando o trajeto da dissecção na aorta, geralmente para dorso na região interescapular 
- pode ser identificada assimetria nos pulsos periféricos, assim como da medida de PA entre membros 
- caso a dissecção aconteça na aorta ascendente ou no início da aorta descendente, pode-se identificar sopro diastólico no foco aórtico e, principalmente, 
no foco aórtico acessório devido perda de sustentação da válvula aórtica 
• PERICARDITE AGUDA 
- dor precordial de caráter pleurítico, a qual piora com a inspiração, ou dor retroesternal opressiva 
- duração: horas ou dias – frequentemente relacionada à um processo infeccioso 
- piora com a movimentação do tórax; pode melhorar com a inclinação anterior do tórax 
- atrito pericárdico (ruído semelhante ao esfregar dos cabelos) pode estar presente 
- ECG com elevação de seguimento ST (supradesnivelamento) distribuída em múltiplos territórios coronários 
- ecocardiografia tem grande sensibilidade para detecção de pericardite aguda, evidenciando um derrame pericárdico 
• EMBOLIA PULMONAR 
- dor tipicamente associado à dispneia, taquipneia e dor precordial pleurítica 
- há relação com antecedentes de decúbito prolongado (facilita fenômenos tromboembólicos), cirurgia recente (principalmente na região pélvica), 
traumas, IC, estados de hipercoagulação 
- ECG (pode ou não apresentar alterações): desvio do eixo elétrico para a direita, bloqueio de ramo direito e padrão S1Q3T3 (onda S em D1. onda Q em D3 e 
onda T invertida em D3) 
Rafael Venâncio de Souza 
 
• PNEUMOTÓRAX 
- dor de início súbito, geralmente mais lateralizada, no dorso ou nos ombros, associada à dispneia e variando com a respiração a intensidade da dor, 
apresentando caráter não opressivo 
- ao exame clínico: ausência de ruídos ventilatórios ipsilateral ao pneumotórax ou diminuição importante de murmúrios vesiculares; radiografia de tórax 
com sinais típicos 
• DOR MUSCULO-ESQUELÉTICA 
- piora com a movimentação do tórax e a inspiração 
- dor à palpação do local, reproduzindo a sintomatologia 
• HERPES ZOSTER 
- pode se manifestar com dor precordial intensa, geralmente muito prolongada (até dias) 
- aparecimento subsequente de lesões de pele características, que podem ser precedidas de parestesia no local 
• DOR DE ORIGEM PULMONAR (PLEURITE/PNEUMONIA) 
- manifestação clínica de infecção 
- caráter pleurítico da dor, de localização geralmente não precordial 
• DOR DE ORIGEM EPIGÁSTRICA 
- dor epigástrica ou retroesternal em queimação, tendo relação com horário ou tipo de alimentação 
- pode ser uma dor epigástrica intensa e em faixa (pancreatite) 
- pode ser dor intensa em cólica, no hipocôndrio direito ou epigástrio (doença biliar) 
OBS: pacientes com dor epigástrica com risco para doença isquêmica cardíaca devem primeiro ter o diagnóstico de DIC excluído para, então, direcionar o 
raciocínio clínico para outro diagnóstico 
• DOR DE ORIGEM PSICOGÊNICA 
- manifestações de depressão (faltade interesse, desesperança, insônia, irritabilidade, diminuição da autoestima) ou ansiedade excessiva 
- é responsável por até 40% dos casos de dor em que uma causa cardíaca tenha sido excluída 
 
→ CAUSAS CARDÍACAS DE DOR TORÁCICA CRÔNICA 
- angina estável – condição em que o paciente apresenta dor retroesternal ou epigástrica ou na parede anterior do tórax desencadeada por um mesmo 
estímulo 
- prolapso valvar mitral – alterações em que os folhetos apresentam degeneração mixomatosa (de tecido conjuntivo), fazendo com que, durante a sístole 
ventricular, as cúspides da valva se projetam para dentro do átrio esquerdo, produzindo dor torácica atípica (sem características da dor torácica na doença 
isquêmica cardíaca) 
- estenose valvar aórtica – pode acontecer devido sequela de febre reumática, envelhecimento, depósito de cálcio etc; paciente com estenose valvar 
aórtica que manifesta dor torácica deve-se ser submetido à intervenção cirúrgica 
- cardiomiopatia hipertrófica – doença com componente genético (de transmissão autossômica) em que há aumento da espessura da parede ventricular 
(VE), podendo se manifestar também somente na região do septo interventricular (hipertrofia septal assimétrica), sendo causa mais comum de morte 
súbita em jovens; pode-se diagnosticar durante o exame clínico por meio da ausculta de sopro de insuficiência da valva mitral, assim como ECG, o qual se 
mostra alterado em repouso 
 
 
→ VALOR DIAGNÓSTICO 
- a acurácia dos preditores diagnósticos em relação às manifestações clínica de dor torácica depende do contexto clínico: ① para pacientes crônicos, 
estáveis e com dor torácica o melhor preditor diagnóstico é a DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA DOR TORÁCICA PELO PACIENTE (sensibilidade: 50-
91% especificidade: 78-94%) ② para quadros agudos, o ECG mostra um maior valor diagnóstico 
Rafael Venâncio de Souza 
 
● Palpitações 
- é um sintoma cardiovascular muito comum, porém é uma manifestação muito pouca específica 
- a palpitação é caracterizada como uma sensação desconfortável da PERCEÇÃO DO BATIMENTO CARDÍACO, geralmente associada à alteração da 
regularidade dos batimentos cardíacos (o paciente relata que o “coração está falhando”) assim como ao aumento da intensidade dos batimentos cardíacos 
e/ou ao aumento da frequência cardíaca 
- o paciente pode relatar os sintomas como “golpes no coração”, “batedeira”, “coração disparando” ou “batidas fora do tempo” 
- as palpitações podem ocorrer em associação a situações fisiológicas (atividade física e estresse emocional) ou patológicas (ansiedade, crises de pânico, 
uso de drogas como cigarro, cafeína, álcool etc) 
- quando o paciente relata palpitações, é importante a definição de seu início, de sua duração e de sua intensidade 
- caso associadas a sintomas de baixo débito cardíaco como tontura, síncope, sudorese fria, mal estar, náuseas e vômitos, pode estar relacionado à uma 
maior gravidade da palpitação, significando uma grave alteração do ritmo cardíaco com alto risco de morte 
- caso associadas a distúrbios psiquiátricos, podem ser fugazes e autolimitadas 
- os fatores desencadeantes e de alívio devem ser pesquisados, visto que podem sugerir as causas da palpitação: ① situações de vagotonia – aumento 
reflexo do tônus vagal (maior ação do nervo vago), como é visto na síncope vasovagal/síncope neuromediada e síndrome do seio carotídeo 
② exercício físico ③ estresse psíquico ④ mudanças posturais – hipotensão postural ⑤ uso de drogas – uso de crack, cocaína, cigarro, café etc 
Se a palpitação ocorre: Suspeitar de: 
Como “falhas” ou “saltos” Extrassístoles (batimentos precoces que podem se originar nos átrios, na 
junção atrioventricular ou nos ventrículos) 
Em ataques de início súbito, com FC ≥ a 120 bpm, com ritmo 
regular ou irregular 
Taquicardias paroxísticas (o termo paroxístico refere-se a uma 
particularidade do quadro clínico que se caracteriza por início e término 
abruptos da taquiarritmia) 
Independentemente de exercício ou estímulo adequado para 
gerar o sintoma 
FA, flutter atrial, tireotoxicose, anemia, estado febril, hipoglicemia, estado de 
ansiedade 
Em ataques rápidos, mas não abruptos, sem relação com 
exercícios ou outros estímulos 
Hemorragia, hipoglicemia, tumores adrenais 
Associada ao uso de drogas Tabaco, café, chá, álcool, epinefrina, efedrina, aminofilina, atropina, extratos 
de tireoide, inibidores da MAO 
Ao levantar-se Hipotensão Postural 
Com FC normal e regular Distúrbio de ansiedade 
 
→ VALOR DIAGNÓSTICO 
- na maioria das vezes, a queixa de palpitação não está relacionada a alterações cardiovasculares importantes, sendo um indicador pouco preciso de 
alterações do ritmo cardíaco 
- assim, a história clínica detalhada (definição de seu início, de sua duração, sua intensidade, associação a sintomas de baixo débito cardíaco etc) pode 
ajudar a discriminar pacientes que necessitam de maior investigação cardiológica 
 
OBS: PROPRIEDADES DO MÚSCULO CARDÍACO 
• Inotropismo: força de contração do coração 
• Cronotropismo: ritmo cardíaco 
• Dromotropismo: condução elétrica do coração 
• Batmotropismo: autoexcitabilidade do sistema elétrico do coração e das células miocárdicas 
• Lusitropismo: distensibilidade e relaxamento do músculo cardíaco 
 
 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
● Edema 
- em relação ao edema, principalmente o edema de MMII, a história detalhada do sintoma é bastante útil na definição de sua etiologia 
- é importante caracterizar: localização, período de manifestação, piora ou não ao longo do dia, relação do edema com a posição e a presença de 
sintomas associados 
Descrição do sintoma Provável etiologia 
Edema de MMII unilateral sem outros sinais inflamatórios que pode estar associado a trauma 
recente ou a fatores de risco para estase venosa (obesidade ou imobilização) de instalação aguda 
Trombose venosa profunda 
Edema de MMII unilateral e associado a outros sinais inflamatórios, ocasionalmente associado à 
febre 
Celulite 
Edema MMII, bilateral, que piora á tarde ou com posição ortostática, e de caráter crônico Insuficiência cardíaca 
Edema localizado nos tornozelos, simétrico e sem sinais inflamatórios Medicações: nifedipina, 
amlodipina, etc 
Edema ao redor dos olhos e na face, principalmente ao acordar, simétrico e de lenta evolução Síndrome nefrótica 
Edema localizado incluindo face, pescoço e braço de forma unilateral Obstrução/compressão da VCS 
Edema associado à prurido intenso, generalizado e de instalação súbita Urticária 
Edema generalizado, de evolução lenta, associado a queixas de sonolência, fala empastada, 
constipação, ganho de peso 
Hipotireoidismo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
● Síncope 
- é um sintoma que se caracteriza pela perda súbita e temporária da consciência, associada à inabilidade de manutenção do tônus muscular postural, 
tendo início rápido, curta duração e recuperação espontânea, tendo como causa a hipoperfusão cerebral 
- pode haver ou não sintomas premonitórios como tontura, distúrbios visuais e perda do equilíbrio motor 
- outras causas de perda súbita da consciência não classificadas como síncope são: ① convulsões ② hipoglicemia ③ intoxicação exógena 
→ CARACTERÍZAÇÃO DA SÍNCOPE PELO PACIENTE 
- descrição do evento: ① houve realmente alteração do nível de consciência associada à queda? ② quais circunstâncias precederam o evento? 
- posição: decúbito, sentada ou ortostática 
- atividade prévia: repouso, mudança postural, exercício físico, durante diurese ou defecação, tosse ou deglutição 
- fatores precipitantes: ambientes abafados ou quentes (síndrome vasovagal), períodos longos em ortostatismo, período pós-prandial, evento que gerou 
medo no paciente, dor, movimentos cervicais abruptos (hiperestimulação do seio carotídeo) etc 
- início do evento: sintomas anteriores como náusea, vomito, dor abdominal, sudorese, sensação de frio, visão borrada etc- descrição do evento por terceiros: descrição da queda, coloração da pele, duração da perda da consciência, padrão respiratório, movimentos associados 
(mioclônicos ou tônico-clônicos), sintomas associados, liberação esfincteriana etc 
- término do evento: recuperação da consciência, sonolência, confusão mental, palpitação, lesões secundárias à queda, incontinência de esfíncteres etc 
- antecedentes: história familiar de morte súbita, de doença congênita arritmogênica (prolongamento do intervalo QT), doença cardíaca estrutural, 
doença neurológica (AVC, doença de Parkinson, epilepsia), doenças metabólicas (DM), uso de medicamentos etc 
→ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE SÍNCOPE E EPILEPSIA 
 Convulsões Epiléticas Síncope 
Sinais observados durante a 
perda de consciência 
● Movimentos tônico-clônicos se iniciam junto com 
a perda de consciência 
● Movimentos clônicos hemilaterias 
● Movimentos da língua 
● Face azulada 
● Movimentos mioclônicos de curta duração 
precedendo a perda de consciência 
Sintomas que precedem o 
evento 
● Aura ● Náusea, vômito, sensação de frio, sudorese 
Sintomas após o evento ● Confusão mental prolongada 
● Dores musculares 
● Recuperação rápida e usualmente 
assintomática 
● Pode haver palidez e sudorese, mas 
sem relato de desconforto 
Outros sinais ● História familiar 
● Sazonalidade 
● Incontinência de esfíncteres 
● Cefaléia 
● Sonolência após retorno da consciência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
● Tosse 
- a tosse não é um sintoma muito frequente nas doenças cardiovasculares 
- quando presente, a tosse está associada a outros sintomas relacionados à insuficiência cardíaca como edema de MMII, dispneia e ortopneia 
- a tosse pode ser encontrada relacionada ao uso de certos medicamentos, principalmente na Cardiologia, como os inibidores da enzima conversora de 
angiotensina (IECA) 
- deve-se fazer a pesquisa das características da tosse: ① frequência – contínua ou intermitente ② intensidade ③ presença ou não de expectoração 
④ relação com o decúbito ⑤ período do dia em que predomina ⑥ característica do escarro ⑦ sintomas associados – febre, sibilância, cianose, 
síncope, edema, dispneia e ortopneia 
● Hemoptise 
- é a expectoração de sangue, seja ele puro ou associado a secreções 
- quando a hemoptise é acompanhada de expectoração espumosa rósea, é característico de edema agudo de pulmão, em que há uma congestão 
pulmonar importante devido disfunção à E do coração (insuficiência ventricular esquerda) 
- quando a hemoptise é descrita como cor de tijolo, sugere infecções como a pneumonia pneumocócica 
- quando a hemoptise é relatada como raias de sangue que recobrem grumos de muco, sugere bronquites e tumores endobrônquicos 
- quando a hemoptise é volumosa, com sangue vivo, sugere ruptura de vasos brônquicos observada na tuberculose, bronquiectasias, neoplasias 
brônquicas e estenose mitral grave 
● Fadiga 
- é definida como a sensação de desconforto como, por exemplo, a indisposição para realizar tarefas, não somente como uma fraqueza muscular 
- é um dos sintomas mais comuns nas doenças cardiovasculares, especialmente doenças de evolução crônica e em uma fase mais avançada 
- na insuficiência cardíaca, se dá devido ao baixo débito cardíaco com má oxigenação dos músculos esqueléticos 
- a fadiga também pode ocorrer em pacientes que tiveram diurese abundante causada por depleção de volume intravascular ou distúrbios 
hidroeletrolíticos como hipopotassemia 
- o paciente pode relatar a fadiga como “fraqueza”, “cansaço geral”, “desânimo”, “moleza” 
- na anamnese, deve-se pesquisar: ① tempo de início do sintoma ② gravidade ③ grau de acometimento das atividades diárias ④ fatores 
desencadeantes ⑤ sintomas associados 
- como diagnóstico diferencial da causa de fadiga, tem-se: ① insuficiência cardíaca – presente na fase mais avançada da doença ② distúrbios 
hidroeletrolíticos – hipopotassemia ③ síndromes consumptivas – tuberculose, neoplasias, doenças crônicas degenerativas, doenças musculares, 
distúrbios do sono e depressão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
2. Exame Físico 
- o exame físico pode ajudar a: ① identificar uma causa para determinado sintoma ② avaliar a gravidade e a progressão da doença ③ análise do 
impacto de terapêuticas específicas 
 
→ Aspecto Geral 
• avaliação do estado geral – idade, postura, comportamento, aspecto físico 
• fácies – palidez, cianose, ansiedade, sindrômica etc 
• turgência jugular patológica – distensão das veias do pescoço acima do m. esternocleidomastóideo quando o paciente está em decúbito dorsal com 
cabeceira elevada 30°/40°, que se dá devido ao aumento da pressão no lado D do coração 
• padrão respiratório – eupneico, dispneico, taquipneico 
• perda ponderal 
• extremidades – cianose, hiperemia, baqueteamento digital (reflete hipoxemia crônica) 
• antropometria – peso e altura 
• estado mental 
→ Sinais Vitais 
• temperatura 
• frequência de pulso 
• frequência cardíaca – caso sinta que os batimentos são irregulares, deve-se fazer a contagem durante todo um minuto; geralmente, a FC = FP, porém, 
caso o paciente apresente uma alteração do ritmo do coração, a FC pode estar maior que a FP, principalmente na fibrilação atrial 
• pressão arterial – deve-se medir a PA com o paciente sentado e deitado; a PAS de MMII pode ser até 20mmHg mais elevada que a de MMSS e, caso 
esteja elevada em mais de 20mmHg, pode significar insuficiência aórtica grave ou doença obstrutiva arterial periférica extensa e calcificada 
• frequência respiratória 
• saturação de oxigênio 
● Pulso Arterial 
- deve-se fazer a palpação bilateral dos pulsos carotídeo, radial, braquial, femoral, poplíteo, dorsal do pé (pedioso) e tibial posterior 
- deve-se fazer ausculta de carótidas: pede-se o paciente para prender a respiração e posiciona o estetoscópio na artéria; caso identifique-se um sopro, 
deve-se solicitar um doppler de carótidas para verificar aterosclerose ou tortuosidade de carótidas 
- deve-se analisar a frequência, a regularidade e a forma da onda de pulso 
- deve-se comparar a amplitude do pulso com os lados do corpo, pois a diferença de amplitude pode sugerir informações sobre perfusão tecidual, como na 
doença oclusiva arterial periférica causada pela aterosclerose 
→ Exame Cardiológico 
- Inspeção 
- Palpação 
- Ausculta 
 
● Primeira Bulha Cardíaca (B1) 
- corresponde o fechamento das valvas mitral (M1) e tricúspide (T1); marca o início da sístole 
- a intensidade da B1 depende da distância em que a lacínia (cúspide) anterior da valva mitral deve percorrer após o início da sístole e da sua mobilidade; 
EX: a mobilidade, quando reduzida, produz uma menor intensidade de B1 
- intensidade aumentada de B1: estágios inicias da estenose mitral (as lacínias da valva ainda estão flexíveis, as quais, com a evolução da doença, vão se 
enrijecendo), estados hipercinéticos (tireotoxicose, estados febris) e com intervalos PR curtos 
- intensidade diminuída de B1: estágios tardios da estenose mitral reumática (lacínias rígidas e calcificadas), disfunção contrátil de VE, uso de 
betabloqueadores e intervalos PR longos 
● Segunda Bulha Cardíaca (B2) 
- compreende o fechamento das valvas aórtica (A2) e pulmonar (P2); o componente A2 é normalmente mais intenso do que P2 
- os componentes individuais são mais bem auscultados no 2° EI na posição supina 
- marca o início da diástole 
- com o desdobramento normal ou fisiológico, o intervalo entre o fechamento da valva aórtica e da valva pulmonar (A2- P2) irá aumentar: na inspiração, 
no bloqueio de ramo D (ocorre devido atraso no fechamento da valva pulmonar) e na regurgitação mitral grave (ocorre devido ao fechamento prematuro 
de valva aórtica); irá diminuir na expiração 
- desdobramento reverso ou paradoxal: ocorre devido atraso patológico no fechamento da valva aórtica, no bloqueio de ramo esquerdo, na estimulação 
artificialapical do VD (marcapasso), estenose aórtica grave, cardiomiopatia hipertrófica e na isquemia miocárdica 
 
Rafael Venâncio de Souza 
 
→ Exame Pulmonar 
- Ausculta 
- Frequência Respiratória 
→ Exame do Abdome 
 
→ Membros Inferiores 
- Palpação dos Pulsos 
- Pesquisa de Edema (sinal de Cacifo) 
- Alterações de coloração e temperatura 
- Insuficiência Venosa (presença de varizes)

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