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Cynara Lisbino – Medicina INTRODUÇÃO ➢ Do plano estrutural dos fungos temos a membrana plasmática constituída de ergosterol. Na parede celular, temos quitina (rigidez), glicanas e glicoproteínas. Os fármacos vão atuar se ligando nessas estruturas, bloqueando o receptor delas. ➢ Fungos de relevância médica: patogênicos e oportunistas. ➢ Os fungos patogênicos: dermatófitos e dimórficos. ➢ Os fungos oportunistas: filamentosos e leveduras. INFECÇÕES POR FUNGOS OPORTUNISTAS: COMBINAÇÃO DE MÚLTIPLOS FATORES ➢ Envelhecimento da população mundial; ➢ Doenças neoplásicas e degenerativas; ➢ Imunossupressores; ➢ Uso de antibióticos de amplo espectro; ➢ Procedimentos médicos invasivos. FÁRMACOS ANTIFÚNGICOS DISPONÍVEIS ➢ Na figura abaixo: Os fármacos com a mesma cor fazem parte do mesmo grupo, com o mesmo mecanismo de ação, porém eles se diferenciam no espectro de atividade, tempo de meia vida, reações adversas e interações medicamentosas, além de outros aspectos farmacocinéticos. MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIFÚNGICOS ➢ Fluocitosina – medicamento único e é utilizada no tratamento de tumores. ➢ Derivados polienos – fármacos: nistatina e anfotericina B. Esses dois fármacos vão se ligar ao lipídio da membrana plasmática (ergosterol) do fungo, abrindo poros e causando a morte dos fungos. ➢ Azóis – bloqueiam a formação do ergosterol através da ligação na enzima 14-alfa-demetilase. Essa enzima é envolvida na via bioquímica da formação do ergosterol. ➢ Equinocandinas – bloqueiam a formação de um constituinte da parede celular (glicanas ou glucanas). Esses fármacos vão se ligar a enzima beta-1,3- glucanosintase, que forma a glucana, impedindo a formação do constituinte da parede celular. Cynara Lisbino – Medicina MECANISMO DE RESISTÊNCIA ➢ O mecanismo de resistência é processo bioquímico no qual agente etiológicos alteram a sua estrutura e o fármaco não consegue exercer o mecanismo de ação. Alguns mecanismos: I) Mecanismo de resistência do azóis – alteração do mecanismo de produção de ergosterol (mutação da enzima). II) Bomba de efluxo – o fármaco entra no fungo e dentro dele tem um grupo de proteínas que “joga” o fármaco pra fora. III) Mutações na conformação da enzima - quando a enzima muda, o fármaco não reconhece o seu sítio e não são ativados. FÁRMACOS ANTIFÚNGICOS COM ATIVIDADE PARA INFECÇÕES SISTÊMICAS ANFOTERICINA B ➢ Maior espectro de ação. ➢ Tempo de meia-vida – 15 dias. ➢ Útil para quase todas as infecções micóticas com risco de vida. ➢ Indução inicial – fármaco que tem a possibilidade de reduzir potencialmente a infecção. ➢ Mecanismo de ação – esse fármaco se liga ao ergosterol, formando poros na membrana e o conteúdo de dentro do fungo vai para fora. ➢ Usos clínicos – Candida sp., Histoplasma capsulatum, Cryptococcus neoformans, Coccidioides immitis, Aspergillus fumigtus. ➢ Candida lusitaniae e Pseudallescheria boydii – são resistentes. ➢ Toxicidade relacionada com a infusão – febre, flebite, coceira, inflamações especificas dentro do organismo. Com isso, são prescritos previamente corticóides, anti- histamínicos e anti-inflamatórios. ➢ Toxicidade cumulativa - o fármaco sobrecarrega o sistema renal. FLUOCITOSINA ➢ Fungitástico de espectro pequeno; ➢ Mecanismo de ação – a fluocitosina é pró fármaco ou pré fármaco (forma inativa). Dessa forma, esse medicamento precisa passar por etapas de ativação. Essas etapas vão acontecer através da ligação do fármaco com estruturas do fungo. De início o fármaco se liga ao primeiro sitio de ligação (citosina permease), permitindo que o antifúngico vá para o citoplasma. Depois que a fluocitosina passa para o citoplasma, ela é convertida em 5- FU pela enzima citosina deaminase. Após essa etapa, a 5-FU é convertida em 5-FUMP pela enzima uracil fosforiltransferase. Essa estrutura (5-FUMP) vai para dentro do núcleo e é convertida em dois compostos ativos (FdUMP e FUTP), feito pelas enzimas quinases. Esses compostos são responsáveis pelo mecanismo final da fluocitosina, que é o bloqueio da síntese de DNA e da síntese do RNA mensageiro, respectivamente. ➢ Absorvida via oral e é bem distribuída no organismo. Cynara Lisbino – Medicina ➢ A fluocitosina é usada em associação com anfotericina B ou itraconazol. ➢ Usos clínicos – Candida sp. (algumas espécies); Cryptococcus neoformans. ➢ Reações adversas – náuseas, vômitos, diarreia, disfunção hepática, trombocitopenia, depressão da medula óssea. OBS: OS FÁRMACOS ESTÃO DIVIDIDOS EM DUAS TERMINAÇÕES “CIDA” (MORTE) E “ISTÁTICO” (PARALISAÇÃO DO CRESCIMENTO DA DIVISÃO CELULAR). OBS: FÁRMACOS FUNGICIDAS E FUNGISTÁTICOS PODEM SER DE ESPECTRO ESTREITO OU AMPLIADO. DERIVADOS AZÓLICOS ➢ Imidazóis – cetoconazol, miconazol (tópico), clotrimazol (tópico). ➢ Triazóis – itraconazol (via oral e endovenosa), fluconazol (via oral e endovenosa), voriconazol (via oral e endovenosa) e posaconazol. ➢ Mecanismo de ação – bloqueiam a síntese de ergosterol, agindo na enzima 14-alfa-demitilase. ➢ O fluconazol é o azol de maior espectro. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ITRACONAZOL ➢ É um fármaco que em presença de alimentos e o Ph gástrico afeta a biodisponibilidade. ➢ Não afeta a síntese de esteroides. ➢ Baixa penetração no líquido cefalorraquidiano. ➢ Usos clínicos – Histoplasma, Blatomyces e Sporothrix (preferencialmente). FLUCONAZOL ➢ Boa penetração no líquido cefalorraquidiano. ➢ Não afeta a síntese de esteroides. ➢ Maior índice terapêutico dos azois. ➢ Tratamento e profilaxia secundária da meningite criptocócica. ➢ Tratamento da candidíase mucocutânea. ➢ Atividade limitada contra fungos dimórficos. ➢ Sem atividade contra Aspergillus. VORICONAZOL ➢ Biodisponibilidade pela via oral > 90%. ➢ Similar ao itraconazol em seu espectro de atividade. ➢ Aspergilose invasiva (tratamento preferencial). ➢ Reações adversas - enxatemas, distúrbios visuais (ev), dermatite por fotossensibilidade (vo). OBS: O VORICONAZOL TEM SUBSTITUÍDO O ITRACONAZOL NO TRATAMENTO DE ASPERGILOSE POR CAUSA DA BIODISPONIBILIDADE MAIOR, MENOS REAÇÕES ADVERSAS E O TEMPO DE TRATAMENTO MENOR. Cynara Lisbino – Medicina EQUINOCANDINAS ➢ Medicamentos: anidulafungina, micafungina e caspofungina. Mais utilizado: caspofungina. ➢ Mecanismo de ação – bloqueia a síntese da glicana, atuando na beta- 1,3-glucanositase. CASPOFUNGINA ➢ Tratamento: Candidas disseminadas e mucocutâneas, neutropenia febril (terapia empírica). ➢ Sem ação contra Cryptoccocus neoformans. ➢ Efeitos gastrointestinais. ➢ Interação medicamentosa - ciclosporinas: elevação das enzimas hepáticas. FARMACOS ANTIFÚNGICOS PARA INFECÇÕES MUCOCUTANEAS GRISEOFULVINA ➢ Mecanismo de ação – bloqueia a síntese dos microtúbulos (estruturas responsáveis pelo processo de divisão celular). ➢ Fármaco fungistático. ➢ Fármaco teratogênico e hepatotóxico (via oral). ➢ Pode ser usada via oral e via tópica. ➢ Maior absorção na presença de alimentos gordurosos. ➢ Usado em fungos dermatófitos: Microsporum, Trichophyton, Epidermophyton. ➢ Tempo de tratamento – tinhas (2 a 6 semanas), onicomicose (unhas da mão – 4 meses e unhas dos pés – 6 meses). ➢ Reação adversa - síndrome alérgica semelhante à doença do soro (calafrios, febre). ➢ Interações medicamentosas – varfarina (potencializa o mecanismo de ação) e anticoncepcionais (redução da atividade). ALILAMINAS ➢ Medicamentos: terbinafina (via oral e tópica) e naftifina (via tópica). ➢ Mecanismo de ação – atuam na via bioquímica do ergosterol, através do bloqueio da enzima escaleno epoxidase (evita que o fungo morra portoxicidade), causando a morte do fungo. TERBINAFINA ➢ Fungicida. ➢ Uso: dermatofitoses (onicomicose). ➢ Reações: desconforto gastrointestinal e cefaleia. TERAPIA ANTIFÚNGICA TÓPICA NISTATINA ➢ Tóxica para administração parenteral. ➢ Usos clínicos: monilíase orofaríngea, candidíase vaginal e infecções intertriginosas por Candida. ➢ Formas farmacêuticas: cremes, pomadas, supositórios e suspensão oral. AZOIS TÓPICOS ➢ Clotrimazol e miconazol – utilizado na candidíase vulvovaginal. ➢ Pastilhas de clotrimazol – moniliase oral. ➢ Cetoconazol – dermatite seborreica e pitiríase versicolor.
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