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Economia Monetária - Resumos e Artigos Extras

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UNIVERSIDADE de SÃO PAULO
FACULDADE de ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO e CONTABILIDADE
DEPARTAMENTO de ECONOMIA 
ECONOMIA MONETÁRIA – MOEDA E BANCOS EAE-313
Primeiro Semestre de 2011
Prof. João Sayad
O objetivo deste curso é dar ao aluno instrumentos para analisar dois temas : a política monetária brasileira atual e a crise financeira internacional. 
Começa com uma revisão do modelo IS- LM , necessária para entender o curso. A primeira prova terá apenas questões sobre este modelo. 
Em seguida, apresenta a discussão da teoria monetária mostrando como ela foi se alterando em função das modificações da economia. 
No final, o aluno estará preparado para as duas últimas partes do curso: a análise do regime de metas de inflação e a análise da crise financeira atual. 
Vídeos e Blog
http://www.youtube.com/playlist?list=PL9B175DCCA462A826
http://moedaebancos2012.blogspot.com.br/
Bibliografia Total: 
• Mankiw, N. Gregroy - Macroeconomics (Worth Publishers Inc: NY,1992), lançado agora em português pela Editora LTC.
• Dornbusch, Rudiger e Fischer, Stanley -- Macroeconomia, Quinta Edição ( Makron Books Editora, 1991).
• The Economist, "Fear of Finance", September, 19th, 1992.
• Tobin, James - Commercial Banks as Creators of "Money", in Essays in Economics, vol.1, Macroeconomics, (Markham Publishing Company: Chicago,1971).
• Friedman, Milton - "The Quantity Theory of Money - A Restatement" in Monetary Theory and Policy, ed. by Richard Thornton (Random House New York: 1968) e Studies in the Quantity Theory of Money, (Chicago University Press, 1956).
• Bailey, M. J. - "The Welfare Cost of Inflationary Finance", Journal of Political Economy, abril 1956, vol. 64, pp. 93-110.
• Tobin, James - "Money, Capital and Other Stores of Value", American Economic Review ( Papers and Proceedings ), 51, May 1961.
• Sargent, T.J. - "Some Unpleasant Monetarist Arithmetic". Quarterly Review 5, Federal Reserve Bank of Minneapolis, 1983, p. 1-17 incluído em Sargent, T.J., Rational Expectations and Inflation, 2nd ed. Nova Iorque, Harpert Collings College Publishers, 1993.
• Sayad, João - O dinheiro é um mito. Mimeo.
• Sayad, João - O Dólar e o Sistema Financeiro Internacional. Editora Publifolha: S.Paulo. 2001.
• Keynes, J.M. - Teoria Geral do Emprêgo e da Renda, Capitulo 17.
• Mac Kinnon, Ronald - "Optimum Currency Areas", American Economic Review, vol.53, pp.717-724, reproduzido em International Finance ed. por R.N.Cooper (Penguin Modern Economics Readings: Maryland, 1969).
• Friedman, M. - "The Island of Stone Money". in Friedman, M., Money Mischief.
• Polanyi, Karl - Primitive, Archaic and Modern Economies, ed. by George Dalton, Anchor Books, Doubeday Cy.Inc: Garden City, N.Y. 1968 Expositor:
• Aglietta, Michel e Orlean, André - A Violência da Moeda, (Brasiliense: 1990), Caps. 1,2 e 3 (ver pagina 17).
• Kindlleberger, Charles P. - A structural view of the German Inflation, in Keynesiams vs. Monetarism and Other Essays in Financial History, (George Allen & Unwin: London, 1986).
• Cagan, P. - "The Monetary Dynamics of Hyperinflation" in Friedman, M., editor Studies in the Quantity Theory of Money. Também em Beluzzo,ed. Hiperinflação, Algumas Experiências (Paz e Terra, 1988).
• Franco, Gustavo H.B. - " Hyperinflations - The experience of the 20s reconsidered ", Tese de Doutorado, Harvard University, 1986. Mimeo. Caps. 2, 4, 6 e 7. ATENÇAO: COPIA de 89, DIFERENTE DA TESE de 86.
• Eichengreen, Barry - Golden Fetters, Introdução, (Oxford University Press, 1992).
• Fiori, José Luiz - "Globalização, Hegemonia e Império" em Tavares, Conceição e Fiori (organizadores) Poder e Dinheiro, Editora Vozes, Coleção Zero a Esquerda : Petrópolis, 1997.
• Brainard, W. e Lovel, Michael, "Some Simple Propositions Concerning Cost Push Inflation", American Economic Review, vol.56, nº 4, September 1966.
• Olivera, Julio H.G. - " Inflacion Estructural y el Estructuralismo Latinoamericano", Oxford Economic Papers ,vol. XVI, nº.3, nov. 1964, pp.331-352.
• Pastore, A.C. - "Reforma Monetaria, Inércia e Estabilização", mimeo, sem data.
• Barros de Castro, Lavinia - História Precoce das Idéias do Plano Real, Tese de Mestrado apresentada a UFRJ, 1999, Mimeo.
• Oreiro, José Luiz e Rocha, Marcos, A Experiência Internacional com Regimes de Metas de Inflação: um estudo com painel dinâmico.
Aula 1 – Introdução e Programa do Curso
1- Ciência econômica não é uma ciência madura. Convivem vários paradigmas:
Clássicos--A. Smith, Ricardo e Mill- consumidores livres e soberanos, mercados eficientes.
Marx- o sujeito é o capital.
Keynesianos- salvar o capitalismo de si mesmo.
2- Objetivo do curso: visão geral do debate sobre moeda. 
3- Moeda, a instituição mais importante da economia capitalista. Sem moeda não há mercadoria e sem mercadoria, não há capitalismo. 
4- Grande esforço necessário a compreender e discutir moeda. “como ensinar aos peixes o que é a água”.
5- Macroeconomia e Moeda - macroeconomia só faz sentido para uma economia próspera e diversificada. Onde existe suficiente possibilidade de substituição entre produtos tanto no consumo quanto na produção para que se possa falar em um produto único, o PIB ou o PNB . Um produto plástico que pode ser transformado em consumo, investimento, exportações ou importações. 
6-Na abordagem macro, agentes econômicos escolhem entre dois produtos-- Moeda ou PIB. Por isto o problema macro pode ser chamado de um problema monetário. Na Universidade de Chicago os cursos de Macro são chamados de cursos de Moeda. 
7- O curso apresentará o debate entre clássicos e keynesianos, neoclássicos e monetaristas, novos clássicos e novos keynesianos. O pano de fundo, a base sobre a qual apresentaremos este debate é a visão de livro texto, o modelo IS- LM que desde os anos 40 constitui o modelo padrão apresentado aos estudantes de economia.
8- As próximas aulas apresentam uma rápida revisão deste modelo que os alunos estudaram no curso de Macro I. 
9- O curso dedicará atenção especial às crises espetaculares: a hiperinflação dos anos 20 na Alemanha e outros países da Europa Oriental, a crise de 1930, as reformas monetárias brasileiras dos anos 80 e a crise atual.
Artigo de Paul Krugman
PAUL KRUGMAN* - O Estado de S.Paulo
As coisas vão muito mal por aqui, com o desemprego ultrapassando a marca dos 13%. A situação é ainda pior na Grécia, na Irlanda e também na Espanha, e a Europa como um todo parece estar escorregando de volta à recessão.
Por que a Europa se converteu no paciente doente da economia mundial? Todos sabem a resposta. Infelizmente, aquilo que a maioria das pessoas sabe a respeito do problema não é verdadeiro - e histórias falsas a respeito dos problemas europeus estão distorcendo nosso discurso econômico.
Basta lermos um artigo opinativo sobre a Europa - ou, com frequência, uma reportagem supostamente factual - para nos depararmos com uma de duas histórias, um par que eu descreveria como a narrativa republicana e a narrativa alemã. Nenhuma destas histórias corresponde aos fatos.
A versão republicana - ela consiste num dos temas centrais da campanha de Mitt Romney - diz que a Europa está em má situação porque fez demais para ajudar aos pobres e desafortunados, e que estaríamos testemunhando os últimos estertores do Estado de bem estar social. Esta versão é, por sinal, uma eterna favorita entre os políticos de direita: em 1991, quando a Suécia enfrentou uma crise bancária decorrente da desregulamentação (soa familiar?), o Cato Institute publicou um relatório triunfante mostrando como o episódio comprovava o fracasso de todo o modelo do Estado de bem estar.
Cheguei a mencionar que a Suécia, país que ainda conta com um generosíssimo Estado de bem estar, é atualmente um mercado altamente próspero, apresentando um crescimento econômico mais acelerado que o de qualquer outro país rico? Mas é melhor adotar uma abordagem sistemática. Vamos analisar os 15 países europeus que atualmente usam o euro (excluindo Malta e Chipre), e organizá-los de acordo com a proporção do seu PIB que era investida em programas sociais antes da crise. Será queos principais países problemáticos (Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália) se destacam por contarem com Estados de bem estar desproporcionalmente grandes? Não, este não era o caso deles; somente a Itália figurava entre as cinco posições mais altas deste ranking e, ainda assim, seu Estado de bem estar era menor do que o alemão.
Assim, o problema não foi provocado por Estados de bem estar excessivamente grandes.
A seguir, a versão alemã, segundo a qual tudo não passa de uma questão de irresponsabilidade fiscal. Esta história parece se encaixar no caso grego, e só. A Itália apresentou déficits nos anos anteriores à crise, mas estes foram apenas um pouco maiores do que os apresentados pela Alemanha (a imensa dívida da Itália é um legado de políticas irresponsáveis de muitos anos atrás). Os déficits de Portugal eram significativamente menores, enquanto Espanha e Irlanda chegavam a registrar superávits.
Ah, e os países que não usam o euro parecem poder arcar com grandes déficits e grandes dívidas sem passar por crises. Grã-Bretanha e Estados Unidos conseguem empréstimos de longo prazo a juros de aproximadamente 2%; o Japão, muito mais endividado do que qualquer país europeu, incluindo a Grécia, paga juros de apenas 1%.
Em outras palavras, a helenização do nosso discurso econômico, de acordo com a qual bastaria a todos nós um ou dois anos de déficits para nos tornarmos outra Grécia, é completamente infundada.
Questão monetária. Assim sendo, o que aflige a Europa? A verdade é que se trata principalmente de uma questão monetária. Ao introduzir uma moeda única desprovida das instituições necessárias para garantir o funcionamento desta moeda, a Europa reinventou na prática os defeitos do padrão ouro - defeitos que desempenharam um papel importante ao precipitar e perpetuar a Grande Depressão.
Mais especificamente, a criação do euro fomentou uma falsa sensação de segurança entre os investidores privados, desencadeando imensos e insustentáveis fluxos de capital destinados aos países de toda a periferia europeia. Como consequência da entrada destes fluxos, os custos e os preços aumentaram, a manufatura perdeu a competitividade, e países que apresentavam uma balança comercial relativamente equilibrada em 1999 começaram, em vez disso, a acumular imensos déficits comerciais. Foi então que a música parou.
Se os países periféricos ainda tivessem suas próprias moedas, eles poderiam usar a desvalorização para restaurar rapidamente a competitividade - coisa que certamente fariam. Mas eles não podem mais contar com esta alternativa, o que significa que têm diante de si um prolongado período de desemprego maciço e deflação lenta e arrastada.
Suas crises de endividamento são principalmente um produto desta triste perspectiva, pois economias deprimidas levam a déficits orçamentários e a deflação amplia o fardo do endividamento.
Ora, compreender a natureza dos problemas que afetam a Europa é algo que proporciona um benefício limitado para os próprios europeus. Os países em pior situação, em especial, só têm opções ruins diante de si: terão de sofrer as dores da deflação ou tomar a drástica decisão de deixar o euro, algo que não será politicamente viável a não ser que (ou até que) tudo o mais fracasse - um ponto do qual a Grécia está se aproximando. A Alemanha poderia ajudar ao reverter suas próprias políticas de austeridade e ao aceitar uma inflação mais alta, mais o país se recusa a fazê-lo.
Mas, para o restante de nós, entender corretamente o problema europeu é algo que faz uma imensa diferença, pois falsas histórias a respeito da Europa estão sendo usadas para fazer avançar políticas que seriam cruéis, destrutivas, ou ambas as coisas. Da próxima vez que aparecer algum especialista evocando o exemplo europeu para exigir que os americanos destruam sua rede de assistência social ou cortem os gastos em face de uma economia profundamente deprimida, eis o que precisamos saber: tais especialistas não têm ideia do que estão dizendo. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
*PRÊMIO NOBEL DE ECONOMIA
Aula 2 - O processo de criação de moeda
Aula 2- A oferta de moeda.
A DEFINIÇAO DE MEIOS DE PAGAMENTOS
Esta é a primeira aula de revisão. Começamos pela definição de moeda e pelo processo de criação de moeda. 
Moeda é definida convencionalmente como:
M= Papel Moeda em Poder do Publico(PMPP) + Depósitos a Vista.(DV)
A definição convencional soma todos os ativos (as posses, as propriedades) mais líquidas da economia.
Liquidez é o atributo de um ativo qualquer relacionado a facilidade com que o ativo é trocado por outro a determinado preço. Mais especificamente: dada a intenção de vender um ativo (um automóvel ou uma casa) e um preço desejado de venda, quanto menor o tempo necessário para encontrar um comprador a este preço, mais liquido o ativo. 
Assim, se desejo vender minha casa por 100 mil reais , publico um anuncio hoje, no momento t e preciso aguardar até o tempo t+A para que apareça um comprador disposto a pagar 100 mil. A casa tem características especificas-- localização, número de cômodos, data de construção -- que não são adequadas para todos os potenciais compradores. É preciso esperar o tempo A para que apareça um comprador que deseje comprar a casa e ache o preço aceitável. Um imóvel é pouco líquido.
Um automóvel é mais liquido do que uma casa, pois tem uma marca conhecida pelos compradores, mas tem uma data de fabricação, um estado de conservação e é preciso esperar um tempo B para que apareça um comprador que aceite o preço pedido.
No caso do dinheiro, uma nota de 100 reais vale 100 reais, é homogênea, pois todas as notas de cem reais são iguais e uma vez que a apresento para “venda”, para ser trocada por alguma coisa, o preço da nota de cem reais é aceito imediatamente, não há tempo de espera para encontrar um “ comprador” de notas de cem reais. Além de o dinheiro ser aceito pelo seu valor de face sem discussão espontaneamente, por convenções social (excluindo momentos de crise monetária aguda) , o dinheiro tem esta característica de liquidez garantida por lei. O real ou o dólar são os instrumentos legais de liquidação de qualquer divida e de todas as transações de troca. O vendedor é obrigado a aceitar reais pelo pagamento da mercadoria que colocou a venda. 
Para analisar o processo de criação de moeda, começamos pela análise do balancete do Banco Central. Vamos apresentar o balancete de um banco central dos anos 80 , um banco central de livro texto. Não existiam bancos centrais antes no século XIX embora existissem bancos que cumprissem algumas ou varias funções de banco central - o Banco da Inglaterra, o Banco da França, o Reichbank, o Banco do Brasil. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve foi criado apenas em 1913. 
Entre 1871 (fim da Guerra Franco Prussiana) e 1918, o mundo operava com uma moeda mercadoria. O dinheiro era o ouro. É a época do padrão ouro. Entre 18 e 45, as economias mais importantes do mundo ocidental tentaram voltar ao padrão ouro, mas o retorno a este tipo de dinheiro foi marcado por várias crises, inclusive a Grande Depressão dos anos 30. 
Atualmente, o dinheiro vem sendo substituído por dinheiro plástico-- cartões de crédito e débito- e trabalhamos com uma moeda de puro credito, onde o dinheiro-- a nota de 50 reais que temos no bolso-- é usado apenas para pequenas despesas ou em lugares que não tem acesso a um sistema eletrônico de pagamentos. Portanto, o papel moeda tem uma importância menor nos dias de hoje do que nos últimos cinquenta anos.
No livro texto, é apresentado um banco central que controla a quantidade de dinheiro fiduciário (aceito por confiança que todos tem no dinheiro) . 
O BALANÇO DO BANCO CENTRAL 
O balancete do Banco Central: no passivo temos os recursos que financiam as atividades do banco central. O Banco Central se financia emitindo papel moeda. (imprimiu, numerou e obteve a assinatura do presidente do Banco Central e do Ministro da Fazenda). Uma parte do papel moeda emitido é mantido no caixa do próprio Banco Central. O restante é usado para pagar as propriedades, os ativosque o Banco Central compra. O que sai do banco central é chamado de papel moeda em circulação. Assim, temos:
Papel moeda emitido(PME) - Caixa do Banco Central ( CAM) = Papel Moeda em Circulação ( PMC)
O PMC é utilizado pelo Banco Central para que ele exerça suas funções comprando ativos .
No ativo do Banco Central temos: o dinheiro que emprestou ao governo ( os títulos da divida publica). 
O Banco Central é o banco do governo assim como o banco X é o seu banco. Assim ele financia o governo que lhe dá em troca do dinheiro recebido promessas de pagamento que rendem juros e serão pagas em uma data futura-- os títulos da divida publica. 
O Banco Central é o banco dos bancos. Ele empresta dinheiro para os bancos privados. Compra créditos que os bancos têm a receber. Esta compra tem o nome de “redesconto” (o Banco Central redesconta, isto é , troca o titulo de credito privado de propriedade do banco privado, que é uma promessa de pagamento de uma empresa ou indivíduo por dinheiro).
Se a taxa cambial for fixa, o Banco Central compra e vende qualquer quantidade de dólares ou euros a um preço fixo. Para que desempenhe esta função, precisa comprar e reter uma quantidade grande de moedas estrangeiras. Assim, outra propriedade ou ativo do Banco Central são as reservas de divisas. 
Assim, temos que o passivo= PMC é igual à soma de todos os ativos: titulos da divida publica+ redescontos+ reservas de divisas. 
O PMC é também chamado de Base Monetária ou Passivo Liquido do Banco Central. 
Passivo liquido significa que o banco central é obrigado a pagar imediatamente, a vista, a divida que tem, ou seja, paga a nota de cem reais que você apresentasse ao banco central imediatamente. Pagaria com outra nota de cem reais, ou com duas de cinquenta se você quiser! 
Em inglês a Base Monetária é chamada de High Powered Money, ou dinheiro de alta potencia. É na realidade a última troca que pode ser feita entre ativos financeiros, o porto de destino das trocas - o dinheiro. Não se pode trocar o dinheiro por nada mais liquido ou de menor risco que o dinheiro. 
A Base Monetária ou o PMC é recebido pelos bancos que guardam uma parte no seu próprio caixa, as reservas voluntarias (RV) e são obrigadas a guardar uma quantidade mínima de dinheiro no banco central, as reservas compulsórias (RC). 
Assim, o PMPP, o papel moeda em poder do publico não bancário é igual ao
PMPP=PMC-(RV+RC)
O Banco Central controla apenas a Base Monetária, PMC que chamaremos de B a partir de agora. 
O MULTIPLICADOR DA BASE MONETARIA
Como controlando B pode controlar a oferta de moeda M= PMPP + DV ?
Uma forma simples de descobrir esta relação entre base monetaria e oferta de meios de pagamentos é a seguinte:
suponha que os bancos mantenham uma proporção constante dos depósitos a vista que recebem como reservas voluntarias ou compulsórias, isto é, 
(RC+RV)= a.DV
e que o público mantenha uma proporção fixa dos depósitos a vista como papel moeda ou PMPP
PMPP=b.DV
então:
 M=PMPP + DV= a.DV+DV= (1+a) DV
A base monetária B é igual ao PMC= (RV+RC) + PMPP=a.DV+b.DV= (a+b).DV
Então M= (1+a) DV e B= (a+b) DV ou
M / B= (1+a)DV / (a+b) DV 
ou M= [(1+a) / (a + b) ] . B
o multiplicador da base, isto é, o número que relaciona a base monetária a oferta de meios de pagamentos é dado por 
(1+a) / (a+b)
Se ninguem depositasse dinheiro no banco , isto é , se b=1, a oferta de meios de pagamento seria dada pelo papel moeda emitido menos o caixa dos bancos privados e o multiplicador seria 1+a / 1+a =1 ., o multiplicador seria 1 e M= PMC, a oferta de meios de pagamento seria dada pelo papel moeda emitido menos o que ficou retido nos caixas do banco central e dos bancos privados .
Se os bancos privados não fossem obrigados a manter reservas compulsórias ou voluntarias , a =0 e o multiplicador seria 1/b. A oferta de meios de pagamento seria um múltiplo grande do papel moeda em circulação, a base. 
A CRIAÇAO DE DINHEIRO PELO SETOR PRIVADO
Precisamos agora, analisar como os bancos comerciais se comportam quando recebem um depósito, ou seja como a decisão de manter a dos depositos em dinheiro como caixa .
O banco privado recebe dinheiro como deposito a vista, isto é, como dinheiro que pode ser reclamado imediatamente pelo depositante. O depositante pode sacar o dinheiro em especie ou emitir cheques contra os depositos a vista. 
Como o banco tem a confiança do depositante, este retira apenas uma parcela dos depositos a vista e utiliza cheques para fazer pagamentos. O banco privado sabe que o dinheiro não será retirado enquanto o depositante confiar na solvencia do banco, isto é, na sua capacidade de cumprir o prometido isto é pagar em dinheiro os cheques que nós emitimos contra os depositos a vista. 
Por isto , o banco mantem apenas uma parcela pequena em caixa, e aplica o restante na compra de ativos fazendo emprestimos, comprando titulos de credito privados ou publicos.
Assim, se um cliente depositar 100 reais no banco, ele mantem em caixa apenas a% de 100 e empresta (1-a)% do deposito realizado. Esta parcela emprestada se transforma em deposito de outro banco que mantem a% em caixa e empresta (1-a)% para outro cliente, que, por sua vez deposita em outro banco que tem o mesmo comportamento. 
Portanto o deposito inicial de 100 cria depositos adicionais de (1-a) 100 num primeiro banco mais (1-a)(1-a) no segundo banco, mas (1-a)ao cubo no terceiro banco e assim por diante. O deposito de 100 inicial gerou uma soma com um numero infinito de parcelas cada vez menores de 100 . (1-a) é menor do que 1 , e (1-a) ao quadrado, ao cubo, a quarta potencia, a quinta , a sexta e potencia n são numeros decrescentes e menores do que um .
Apesar de ser uma soma de um numero infinito de parcelas, estas parcelas são cada vez menores e a soma tem um limite, dado pela soma de uma PG com numero infinito de termos e razão 1-a que é igual a 
DV = 100/ a 
Se a= 0,20, por exemplo, os 100 reais iniciais de deposito geram depositos totais no sistema bancario de 100/0,2= = 500.
Assim, a oferta de moeda depende tanto da base monetaria controlada pelo Banco Central como dos bancos comerciais através da decisão dos bancos em emprestar os depositos em emprestimos. 
Na realidade o comportamento dos bancos ao fixar a e do publico ao fixar b depende da taxa de juros. Portanto a criação de meios de pagamentos depende das taxas de juros. 
Se as taxas de juros forem muito baixas os bancos emprestarao uma parcela menor dos depositos que detem e a assumirá um valor muito alto e a criação de deposito será pequena.
Depositos a vista não rendiam juros nos anos 60 do seculo passado. Portanto manter o dinheiro em papel moeda ou em depositos a vista não dependia da taxa de juros. Mas hoje existem formas de aplicação muito liquidas, concorrentes dos depositos a vista, contra as quais podemos emitir cheques para fazer pagamentos. Assim, manter o dinheiro no banco ou não tambem dependeria das taxas de juros e b = b(i) onde i é a taxa de juros. 
O aluno deve ler o artigo do Tobin, Banks as creators of Money, mencionado na lista de leitura para completar esta exposição. 
PADRAO OURO E DINHEIRO PLASTICO 
Num sistema monetário onde a moeda é uma mercadoria, como o ouro no sistema do padrão ouro, as moedas de valor maior, são moedas de ouro . As moedas de pequeno valor , centavos, mil reis, usadas apenas para pequenos pagamentos eram moedas de metal menos valioso, como cobre por exemplo. Mesmo assim, havia um processo de multiplicação do “ ouro” depositado no banco central, se existisse ou nos bancos privados, já que estes retinham uma quantidade de ouro menor do que a depositada nos seus cofres e emprestavam ou aplicavam o restante. 
Atualmente , a moeda é fiduciaria baseada em creditos contra o setor privado ou contra o setor publico. 
Numa economia que não usa ou usa menos o dinheiro fisico, substituido pelo dinheiro de plastico, cartoes de credito ou debito, o dinheiro “ de verdade” não aparece nas transações. É substituido por creditos ou debitos eletronicos. Assim, o ouro foi substituio pela moeda fiduciaria, como fim do padrao ouro e a moeda fiduciaria está sendo substituida por lançamentos contabeis feitos por sistemas eletronicos. 
Esta modificação torna mais frágeis e instaveis as relações entre base monetaria e meios de pagamento ou seja , a e b das demonstrações anteriores são valores instaveis . 
Antes dos anos 80, as propostas de politica monetaria dos monetaristas ( Friedman, por exemplo) eram de controlar e fixar metas para o crescimento da base monetaria. Hoje, as propostas de politica monetaria se referem a controle da taxa de juros de curto prazo , como instrumento de maior eficacia para controlar a liquidez da economia ou as expectativas, como veremos durante o curso. 
NOTA DIDATICA
Nos exercicios que faremos como parte da revisão do modelo IS- LM, de alteração na politica monetaria ou na politica fiscal é preciso estar atento para o fato de que a politica fiscal pode alterar a politica monetaria e vice versa. 
Os recursos que o governo tem para gastar G são dado pelo montante de impostos arrecadados T mais os emprestimos que pedem o Banco Central representados pela variação da divida publica , ou seja , G= T + Acréscimo da Divida Publica. Assim, quando o governo gasta mais do que arrecada, há um crescimento da divida publica que o Banco Central precisa financiar aumentando o passivo do banco central, isto é a base monetaria. A politica fiscal afeta a politica monetaria. 
Para evitar este efeito e não misturar politica monetaria e fiscal, precisamos definir politica fiscal pura e politica monetaria pura. 
A politica fiscal pura, o governo aumenta a sua divida, o banco central vende titulos que tem em carteira para o setor privado para evitar o crescimento da base monetaria. 
Na politica monetaria pura, o banco central vende ou compra titulos publicos que tem na carteira, sem colocar mais recursos a disposição do Tesouro. 
A definição tem apenas importancia analitica ou didática para que possamos analisar os efeitos de uma politica monetaria ou fiscal separadamente.
NOTICIA SOBRE EFEITO DO CRESCIMENTO DAS RESERVAS SOBRE O BALANÇO DO BANCO CENTRAL
Investimento direto pode ter 'pedágio'
Por Claudia Safatle | De Brasília
Aumentaram e muito as preocupações do governo com a valorização do real frente ao dólar e estão em estudos novas medidas cambiais. Após taxar o mercado de derivativos em julho do ano passado, onde identificava forte especulação de fundos de hedge, a área econômica agora coloca o foco nas empresas multinacionais, que estariam aplicando no país parte relevante de seus caixas ou, ainda, tomando empréstimos a juros muito baixos no mercado internacional para investir no Brasil à taxa Selic, de 10,5% ao ano.
Em geral, essas são operações travestidas de investimento estrangeiro direto (IED), mas que acabam indo desaguar nas aplicações financeiras. Estariam fora da mira do governo, segundo garantiram fontes oficiais, tanto restrições a aplicações de estrangeiros em bolsas de valores quanto os investimentos diretos legítimos.
Uma forma de barrar essas operações (que entram no país como IED, mas não se transformam em projetos produtivos) seria por meio da cobrança de um "pedágio" das empresas enquanto os recursos estiverem parados em aplicações financeiras. Ou, ainda, só permitir o ingresso do investimento gradativamente, à medida que ele for executado, segundo sugerem fontes oficiais.
Voltou também à mesa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a proposta de começar a usar o Fundo Soberano para comprar dólares que entram no país, numa ação conjunta com o Banco Central. Reforçado com moeda estrangeira, o fundo poderia até comprar empresas no exterior, hoje bem mais baratas. Embora o fundo disponha de algo próximo a RS 20 bilhões em caixa, não há limite para sua ação na área cambial. O Tesouro está autorizado a emitir títulos para prover o fundo soberano de recursos.
"O senso de urgência com esse assunto é grande", indicou outra fonte do governo. Não é possível, na avaliação do Ministério da Fazenda, ficar assistindo à crescente entrada de moeda estrangeira no país, com todo o custo fiscal de sua esterilização, sem fazer nada. O cronograma de iniciativas do governo começou com a compra de dólares no mercado à vista e por swaps, pelo Banco Central, mas além de insuficientes, na visão de economistas do governo, essas ações trazem custos fiscais.
O saldo das operações compromissadas cresceu R$ 112 bilhões entre dezembro e janeiro e chegou a R$ 424,5 bilhões, em grande parte por causa da esterilização das reservas cambiais. Essas operações colocam no mercado títulos da dívida da carteira do BC para enxugar a liquidez, com compromisso de recomprá-los na data contratada. Em geral, são papéis com prazo muito curto, concentrados em até dois meses. A acumulação de reservas, portanto, aumenta a dívida bruta federal, que passou de 54,3% do PIB em dezembro para 55,1% do PIB em janeiro.
Aula 3- O modelo IS- LM
O modelo IS-LM resume a teoria keynesiana graficamente e de forma extremamente simplificada. Mas é parte do conhecimento básico de macroeconomia. Nesta aula, fazemos uma revisão verbal deste modelo. O aluno deve estar preparado para trabalhar com os gráficos.
Como a política monetária afeta a economia descrita por este modelo? A politica monetária altera o nivel geral de preços e a taxa de juros nominal ( e a taxa de juros real se as expectativas sobre taxa de inflação não forem afetadas pela política monetaria)
1/ P é o preço da moeda. Se em média os produtos componentes do PIB tem preço P, a moeda tem preço 1/ P.
A variação de M pode afetar P . Se P for afetado, nada muda na demanda agregada pois supomos que o consumo real é função da renda real e os investimentos são função da taxa de juros real .
Se a variação de M afetar a taxa de juros real , os investimentos aumentam. Para Keynes, os investimentos são extremamente variáveis-- dependem de expectativas sobre o futuro muito incertas. Resumindo, dependem de “ animal spirits” , dos humores dos capitalistas. No modelo IS- LM , os investimentos são função decrescente da taxa de juros mas não se pode esquecer que muitas outras variáveis são igualmente importantes. 
Assim, quando o BC aumenta a quantidade de moeda , o unico efeito sobre a demand agregada vem atraves da redução da taxa de juros reais que aumenta os investimentos ( se estes forem sensiveis a taxa de juros real). 
Na realidade , o aumento de liquidez pode influenciar consumo também se este estiver restringido por falta de crédito. 
O aumento na oferta de meios de pagamento afeta a taxa de juros através da demanda de moeda. Com mais moeda, agentes economicos aumenta a quantidade retida de moeda para transações e especulação e a taxa de juros ( aqui, o custo de reter moeda) diminue, possibilitando o aumento de investimentos e consequentemente o aumento da demanda agregada. 
Assim, no modelo, o aumento da oferta de meios de pagamentos aumenta a demanda agregada através da redução dos juros reais.
Isto só pode acontecer se:
a- a demanda de moeda não for infinitamente elastica com relação a taxa de juros(caso contrario, a taxa de juros não cai e os investimentos não aumentam). 
b- os investimentos forem sensiveis a taxa de juros ( caso contrário, a demanda agregada não aumenta) 
c- se as taxas de câmbio forem fixas e houver perfeita mobilidade de capital financeiro entre o pais e o resto do mundo, a taxa de juros nominal e real ( constante as expectativas de desvalorização cambial ou de inflação) NAO CAEM e a politica monetária não afeta a demanda agregada( a politica monetária se torna impotente como se estivessemos no regime do padrão ouro) . 
d- se as taxas cambiais forem flutuantes, o aumento de M afeta a demanda agregada muito mais do que no caso anterior, pois além do efeito das taxas de juros, o aumento de M provoca desvalorização cambial o que aumenta as exportações e diminue as importações provocando um aumento da demanda agregada maior do que no caso de uma economia fechada. 
Keynes propunha aumentar os gastos fiscais durante a crise de 30 pois afirmava que as taxas de juroseram muito baixas e a demanda de moeda infinitamente elastica, ou que os empresarios estavam pessimistas e a redução dos juros não estimularia os investimentos privados. 
Na realidade, durante a crise de 30, eram as taxas cambiais fixas e a restrição de crédito decorrente que impediam o aumento da demanda agregada e a utilização da politica monetaria. 
Até aqui discutimos como o aumento de M afeta a demanda agregada. É preciso considerar como o aumento de M afeta a produção.
O aumento de produção só ocorrerá se houver algum preço nominal rigido importante como os salários. Se isto acontecer, o aumento de M provoca aumento de P e a redução do salario real. Aumenta o emprego e a produção. Se os salarios forem nominalmente flexiveis o aumento de M causa aumento de P sem afetar a produção e o emprego. 
A teoria keynesiana se apresenta como uma teoria geral , isto é, uma teoria que abrange o caso clássico como um caso especial. 
O resultado classico-- a politica monetária não afeta a produção e o emprego-- ocorre quando: a) os salarios são flexiveis nominalmente ou b) a demanda de moeda não é elastica com relação a taxa de juros ou c) existe mobilidade de capital financeiro e a taxa de juros nominal e real é dada pelo mercado internacional. 
Este modelo em versões mais complicadas ou completas organiza a discussão entre keynesianos e seus descendentes ( neoclassicos e neokeynesianos) e os classicos ( agora representados pelos monetaristas). 
Os monetaristas passam a argumentar que a política fiscal também é ineficaz( não produz aumento de demanda agregada ou de produção) pois o gasto fiscal sem aumento correspondente de aumento de M, aumenta as taxas de juros o que reduz os investimentos privados. Assim, o multiplicador de demanda agregada é menor do que seria se os juros ficassem inalterados. Se os juros subirem muito em reação aos gastos fiscais, o aumento de gastos públicos é totalmente compensado pela redução de investimentos privados. Há uma completa substituição entre investimento privado e gasto publico. 
Mais tarde, argumentam que o aumento de gastos gera uma expectativa de aumento de impostos no futuro que os consumidores incorporam nos seus planos. Assim, o aumento de gastos ( ou a redução de impostos) é compensado por uma redução no consumo corrente e não gera aumento de demanda agregada. 
A discussão entre monetaristas e neoclassicos ( ou entre classicos e keynesianos e todos os seus descendentes) sempre gira em torno desta questão: o governo consegue alterar a produção e o emprego ou não ? 
Para os classicos, politica moentaria ou mesmo fiscal ou são ineficazes ou geram apenas inflação até que a economia volte ao seu estado anterior. Para os keynesianos, a politica monetaria e fiscal conseguem alterar o equilibrio da economia mesmo que seja por um periodo determinado de tempo. No longo prazo, a economia poderia voltar ao estado original em casos especiais. Mas o longo prazo é muito longo e “ todos estariamos mortos”.
Aula 4- A Teoria Quantitativa da Moeda Resgatada por Friedman
No periodo pós guerra , o modelo prevalecente era o modelo IS-LM, ou seja a teoria keynesiana reinterpretada pelos neoclássicos. 
Neste periodo, Friedman escreve o artigo “ The Quantity Theory of Money- a reestatement” cujo resumo feito por um aluno está postado neste blog em seguida. 
Para entender a posição dos monetaristas, representados por Friedman neste artigo e em outros, é preciso considerar em primeiro lugar, uma diferença metodológica. E depois, as teorias da moeda como uma demanda por um ativo qualquer e a teoria da renda permanente. 
Nos clássicos, a demanda de moeda aparece como um enxerto, sem ser deduzida da teoria econômica geral — isto é de um processo de maximização de utilidade e de lucro. 
O dinheiro é uma mercadoria como outra qualquer cujo preço depende da demanda e da oferta. Mais moeda cai o preço da moeda, isto é, sobe o preço de todas as coisas quando expresso em termos de moeda. 
Friedman no “Reestatement” apresenta a demanda de moeda como a demanda de um ativo, de um estoque—como a demanda de capital fisico, de ações, titulos publicos, titulos privados, etc...
A demanda de moeda depende neste modelo da taxa de retorno da moeda mesmo e das taxas de outros ativos. 
Com a diferença específica de que o retorno da moeda é uma taxa de juros nominal - isto é depende da taxa de inflação e dos juros pagos para a moeda ( que é zero por definição ). 
Milton Friedman supõe que as taxas reais de retorno de todos os outros ativos é constante, ou melhor, independente do nível geral de preçøs e da taxa de inflação. 
Assim a demanda de moeda acaba sendo uma função apenas do nível de renda nominal, do estoque de riqueza ou seja, 
M=k.PY ou
MV=PY onde k=1/V é uma constante. 
Se Y é uma constante, por causa do pleno emprego, segue- se que 
Delta M= Delta P pois Delta Y=0 e Delta V= 0.
Ou seja , mostra quais as hipóteses necessárias para que a teoria quantitativa da moeda clássica seja valida—que o retorno de todos os ativos concorrentes e substitutos da moeda sejam constantes em termos reais e que o nível de atividade seja insensível a política monetária. 
Os dados empíricos entretanto mostram que a velocidade renda da circulação da moeda V=PY/M é variável — cresce e decresce junto com a renda corrente, contra a hipótese apresentada por Friedman.
Friedman afirma que a renda corrente não é a variável relevante e sim a renda esperada por um período mais longo de tempo. Esta renda seria a “renda permanente” calculada a partir da hipótese de que a renda esperada é dada por
Renda esperada em t – renda esperada em t-1= (renda esperada em t-1 – renda efetiva em t-1) vezes um fator de correção menor do que 1.
A partir desta hipótese a renda esperada pode ser calculada como uma média ponderada das rendas passadas com pesos dados pelo fator de correção elevado a potencia t, um número menor do que um e decrescente quando t cresce. 
A estimativa de uma demanda de moeda em função da renda permanente assim calculada apresenta um problema para o modelo de regressão. Existe autocorrelação nos resíduos. Para evitar este problema, a regressão é estimada pelo método de máxima verossimilhança. 
Os resultados destas regressões mostra uma velocidade renda constante quando a renda considerada é a renda permanente e não a renda corrente. Assim a teoria quantitativa da moeda não é rejeitada pelos dados empíricos e o argumento monetarista pode ser aceito.
Aula 5 A demanda de moeda por transações também depende da taxa de juros
Em aula, apenas mencionamos que a demanda de moeda para transações também depende da taxa de juros. Abaixo resumimos com mais detalhe este argumento baseado em dois artigos famosos—um do Tobin outro do Baumol. A discussão faz parte da discussão entre neoclassicos e monetaristas. 
Mesmo que a demanda de moeda não tivesse uma parte especulativa, a demanda de moeda também dependeria da taxa de juros. O artigo faz parte do esforço de tratar a moeda como um ativo a partir da teoria de estoques , ou seja, como parte da teoria economica geral e não como um caso especial. Assim como o Friedman reapresenta a TQM como uma teoria de demanda de ativos, que vimos na aula passada, Tobin e Baumol apresenta a demanda de moeda como uma demanda de estoques que depende da taxa de juros, da renda e do custo de transações como veremos abaixo. 
Para decidir a quantidade ótima de estoque de um bem qualquer, num mundo sem incerteza, devemos considerar 
a)os custos de transação associados a compra e transporte do estoque 
b) os juros não auferidos com outras aplicações já que aplicamos capital neste estoque. 
Se um consumidor ganha renda de Y e deixa todo o dinheiro na conta corrente para gastar durante o mês. Terá um saldo médio de (Y+0)/ 2= Y/2. Se transferir apenas metade da renda para a conta corrente e deixar o resto aplicado em outra conta, deposita (Y/2) na primeira quinzena e no fim da quinzena tem 0. Saldo médio de (Y/2)/2=Y/4. Na segunda quinzena, mesma coisa. Saldo médio mensal igual a Y/4. Em geral,seu saldo médio será dado por Y/2n onde n é o numero de transações que faz entre outra aplicação e a conta corrente. 
Quando deposita em conta corrente, não ganha juros. 
O custo total de ter depósitos em conta corrente é dado por 
CT= n.tc + (Yi)/2n
Onde tc é o custo de transação. 
O custo total portanto de manter dinheiro em conta corrente é dado pelo numero de transações vezes o custo de transação , mais os juros não ganhos no saldo médio de y/2n 
Derivando CT com relação a n e igualando a zero temos 
dCT/dn= tc- (1/2)(yi)n**2
onde ** indica potencia. 
Resolvendo, chegamos a 
n= (1/2){(Y.i)/tc}**(-2)
o numero ótimo de transações é dado por raiz quadrada de meio de yi/tc. Varia diretamente com a taxa de juros e inversamente com o custo de transação. 
O estoque ótimo de moeda é dado substituindo n ótimo na expressão M= y/2n
M ótimo= Raiz quadrada de { (Y.tc) /(2i) 
A quantidade demandada de dinheiro varia diretamente com o custo de transação e inversamente a taxa de juros. A elasticidade renda da demanda de moeda é ½ neste caso. 
Portanto, obtivemos uma demanda de dinheiro que depende da taxa de juros mesmo sem a demanda especulativa.
Aula 6 - Money and Other Stores of Value
Money, Capital and Other Stores of Value (Monetary Theory: New and Old Looks)
James Tobin
O debate entre monetaristas e os neoclássicos é esclarecedor sobre o papel da moeda na economia. 
Vimos como a demanda de dinheiro para transações é sensível a taxa de juros se considerarmos a teoria dos estoques. A demonstração vai contra o ponto de vista dos clássicos e da teoria quantitativa da moeda que supõe que o dinheiro é demandado como uma proporção fixa e constante da renda nominal. 
Do outro lado Friedman no artigo sobre a Teoria Quantitativa tenta enquadrar a demanda por moeda como uma demanda por um ativo que seria função das taxas de retorno e das expectativas de ganhos ou perdas de capital. Assume que todas as taxas de retorno são constantes em termos reais e insensiveis a politica monetaria-- e neste caso, temos como resultado, a teoria quantitativa da moeda. Ou , em outras palavras: se as taxas de retorno reais dos ativos que concorrem com o dinheiro forem constantes, a teoria quantitativa da moeda é valida.
O debate entre monetaristas e neoclassicos, principalmente entre Tobin e Friedman é longo. E a afirmação de que o debate economico se vale da retorica, isto é, da arte de discutir e persuadir , tem nesta discussão um exemplo interessante. 
Os monetaristas defendem a teoria quantitativa da moeda supondo que o governo provoque uma chuva de dinheiro na economia que geraria um efeito riqueza que aumentaria o consumo e consequentemente os preços. Este exemplo não é realista e não mostra como funciona de fato a politica monetaria. Tobin, no artigo apresentado abaixo em Tradução livre mostra que a politica monetaria se for baseada em uma compra de titulos publicos do setor privado e consequentemente uma alteração no portfolio do setor privado que teria mais papel moeda em poder do publico e menos titulo publico, não haveria efeito riqueza algum e sim uma alteração no setor privado com consequências diferentes do que as previstas pela teoria quantitativas. 
Se o aumento de base se originasse de gasto publico financiado por mais titulos e mais base monetaria o resultado tambem seria diferente do resultado da teoria quantitativa. O deficit publico precisa ser financiado por poupança privada, exige um esforço da população e não pode ser estudado a partir das hipoteses de chuva de dinheiro. O efeito de ambos os casos de politica monetaria é apresentado no artigo abaixo. 
Os monetaristas não cedem . A evidencia empirica mostra que o nivel geral de preços é correlacionado com a oferta de meios de pagamentos e portanto não rejeitam a hipotese da teoria quantitativa da moeda. A velocidade renda de circulação da moeda é aparentemente variavel, mas se considerarmos a renda permanente, a velocidade é constante como previsto pela teoria quantitavia. 
Além disto a teoria quantitativa é uma teoria simples( portanto mais atraente para os monetaristas que teorias complexass) e tem um apelo popular. Seria uma teoria consistente com o passado feudal da moeda, quando os senhores feudais diminuiam a quantidade de metal precioso das moedas em circulação e desvalorizariam estas moedas criando inflação. 
Harry Johnson da Universidade de Chicago tenta compatibilizar a teoria quantitativa da moeda e as teorias neoclassicas, onde o aumento de moeda não causa necessariamente inflação, afirmando que a teoria quantitativa é valida em paises onde o mercado de capitais não existe ou é muito rudimentar E a teoria neoclassica seria valida para os paises contemporaneos onde existe um mercado de capitais que oferece diversos ativos que concorrem com o ativo dinheiro. 
O artigo abaixo do Tobin mostra o ponto de vista neoclassico e as consequencias de uma politica monetaria sobre o preço dos ativos concorrentes , o nivel de atividade e o nivel geral de preços. 
Abaixo , uma tradução livre de parte do artigo do Tobin. É preciso que o aluno leia o artigo na integra.
1. Introduction.
A teoria monetária surge para a teoria econômica mais geral como um verdadeiro problema ainda longe de ser solucionado. A aplicabilidade de conceitos básicos em Economia, em especial de conceitos de maximização na explicação de como os recursos são alocados, ainda são extremamente falhos no que se refere à parcela monetária.
Na verdade, a teoria clássica tem pouco espaço para a moeda como objeto de interesse. Em um mundo de competição perfeita, onde inexistem custos de transação, de transporte ou de obtenção de informação, não é razoável supor que pedaços de papel e de metal gerem alguma utilidade (a menos que seja a utilidade específica de um numismata!) e por isso, não há motivos para que sejam retidos. Mas eles o são. O desenvolvimento posterior da teoria econômica, ao incluir problemas como o de assimetria de informação, custos de transação e de transportes etc., pela primeira vez deu um espaço para que a teoria monetária se introduzisse como uma necessidade teórica. O exemplo mais claro talvez seja o desenvolvimento da teoria de escolha envolvendo risco: a existência de aversão ao risco e diversificação dos ativos pessoais por meio de portfólios envolve necessariamente a alocação de riqueza na forma de dinheiro, de moeda.
Nesse novo contexto, Tobin põe em evidência a necessidade da elaboração de uma teoria monetária ligada ao estudo dos ativos de forma geral. Tal teoria necessariamente envolve o lado real da economia, a partir do qual vem a renda a ser transformada em riqueza e alocada entre ativos diversos, e o lado monetário, devendo envolver todos os estoques de riqueza, como moeda e capital. É fundamental observar aqui que tal teoria deverá lidar de um lado com fluxos e, de outro, com estoques.
2. The Capital Account in Aggregative Models.
O desenvolvimento de uma teoria monetária robusta requer, em primeiro lugar, a definição da composição da riqueza; em conseqüência, deve envolver a especificação explícita das formas não-monetárias que tal riqueza pode assumir e delinear quais são as formas monetárias de riqueza de que tratará o modelo (moeda, títulos de curto e longo prazo etc.).
Além disso, outro problema recorrente nas análises monetárias atuais é a confusão que se faz entre meios de pagamento e débitos do governo (na forma de moeda emitida – lembrar que o PMPP é um passivo do BC) – segundo Tobin, muita discussão poderia ter sido evitada pelo reconhecimento de que os bancos criam meios de pagamento.
Por fim, outro problema recorrente das análises monetárias é considerar a oferta monetária como algo exogenamente determinado pelas autoridades competentes. Na verdade, acabamos de observar que parte dos meios de pagamento é criada justamente pelos bancos comerciais, de forma que a simplificação acima já deixa de valer. Além disso, é verdade que um Banco Central eficiente é capaz de determinar uma oferta monetária em concordância com seus propósitos,mas deve ser tarefa de uma teoria monetária explicar como ele o faz.
O autor trata, então, de dois modelos relativos à teoria monetária: o Keynesiano e aquele desenvolvido a partir das idéias clássicas pelos modernos teóricos quantitativos da moeda.
a. Modelo Keyesiano.
Keynes assume a existência de cinco tipos de ativos na economia: 1) demanda por débitos do governo principalmente na forma de meios de pagamento; 2) depósitos bancários; 3) títulos públicos de longo prazo; 4) capital físico e 5) débitos privados, atuando como uma espécie de título público.
Keynes seguiu a idéia clássica da existência de uma taxa de juros de equilíbrio para os diversos ativos em função de concorrerem em um mercado competitivo. A taxa de retorno ao capital, por esta medida de arbitragem entre os diversos ativos, é também observada como constante e proporcional aos retornos dos demais ativos. Além disso, a taxa de retorno da moeda e dos depósitos bancários é zero por determinação do governo. 
É importante observar aqui que Keynes não afirmava que as taxas de retorno dos títulos eram todas iguais entre si para garantir a existência de um equilíbrio. Na verdade, cada tipo de ativo possui características próprias, como risco diferenciado. O que se faz é assumir que as diferenças entre as taxas de retorno permanecem constantes ao longo do tempo e que refletem estas características peculiares de cada ativo, de forma que se chega a uma situação equilibrada entre eles.
A teoria monetária Keynesiana baseava-se, portanto, na explicação do por que existem diferenças entre a taxa de retorno da moeda (zero) e a taxa de retorno geral dos títulos. Isto se deve, no modelo por ele desenvolvido, à preferência pela liquides dos agentes e sua relação com a referida taxa de juros genérica.
b. Modelo moeda-capital.
Outra escola de pensamento, baseada principalmente nos clássicos, aborda a teoria monetária partindo do princípio que existem apenas dois tipos de ativos na economia: moeda e capital. Como no curto prazo o capital é fixo, sua produtividade também será fixa, de tal maneira que a taxa de retorno ao capital investido é constante. Se a taxa de retorno do capital é constante e os agentes têm à sua disposição apenas moeda e capital entre os quais alocar sua riqueza, a demanda por moeda também será uma constante, ou seja, há a teorização de que a velocidade de circulação da moeda é constante. Alterações na velocidade de circulação da moeda ocorreriam apenas se houvesse um excesso de oferta de moeda (por exemplo por meio de um financiamento inflacionário do governo), o que faria com que os indivíduos tivessem mais moeda do que o necessário ou o desejado (buscando livrar-se da moeda, aumentam sua velocidade de circulação).
Uma modelagem mais moderna deste esquema é apresentada pelo próprio Tobin.
Neste modelo, novamente existem apenas dois ativos: moeda e capital. Os agentes alocam suas riquezas entre esses dois ativos dependendo do volumo de transações e da taxa de retorno do capital. A taxa de retorno do capital agora não é mais assumida como constante, como no modelo anterior, mas como uma função da utilização do capital (ou seja, relacionado à produtividade deste capital no curto prazo). Além disso, a taxa de retorno do capital difere da taxa de retorno da moeda (zero); a magnitude desta diferença dependerá da oferta relativa de capital e de moeda.
Tobin observa que este modelo poderia ainda incluir outros tipos de ativos, como títulos da dívida pública e privada de curto ou longo prazo. Seria necessário apenas definir estes ativos como ativos monetários perfeitamente substituíveis entre si e com a moeda, embora não sejam perfeitamente substituíveis com o capital (já que prevalece a taxa de retorno diferenciada descrita acima).
3. Towards a Synthesis.
Dadas as características positivas dessas duas abordagens, Tobin propõe uma síntese entre elas. A principal característica de tal síntese seria definir a estrutura das taxas de retorno dos diferentes ativos como o aspecto teórico mais relevante: tais taxas deveriam variar entre zero (retorno da moeda) e taxa de retorno do capital. Entre os ativos que não são substitutos perfeitos, a taxa de juros variaria de acordo com a oferta relativa de cada um deles. Em última análise, o grande determinante para explicar a demanda do público por moeda seria a taxa de retorno do capital, uma medida da produtividade deste estoque na economia.
Ainda há muito por desenvolver no campo da teoria monetária. No entanto, Tobin evidencia a necessidade de se abordarem alguns aspectos relevantes básicos.
Para a economia norte-americana há quatro tipos de ativos constituintes da riqueza que têm de ser considerados em uma análise séria: 1) demanda por débito público (PPMP); 2) débito público de curto prazo; 3) débito público de longo prazo; 4) estoque de capital. Além disso, há necessidade de se considerar dois ativos intermediários: depósitos bancários e dívida privada.
Quanto a esses ativos diversos, há duas taxas de retorno fixadas: zero para a moeda e um valor pré-determinado para as reservas bancárias. As demais taxas são determinadas naquele continuum de taxas descrito acima: são as taxas de retorno dos títulos de curto e longo prazo, da dívida privada e do retorno do estoque de capital.
Como existe uma restrição orçamentária (riqueza que pode ser alocada entre os diversos tipos de ativo), é possível determinar endogenamente todas as taxas relevantes para o modelo, desenvolvendo, assim, uma teoria monetária mais completa.
Perguntas Sugestivas Para a Primeira Prova
1)Em que casos a política monetária não consegue afetar a demanda agregada? Considere apenas o caso de uma economia fechada. Mostre no gráfico. 
2) Sob que hipóteses um aumento na oferta de meios de pagamento gera apenas um aumento proporcional do nível geral de preços no modelo IS- LM. Mostre no gráfico. 
3) Numa economia fechada, quando o aumento dos gastos do governo é compensado parcialmente por redução dos investimentos privados? Quando é compensado totalmente? Mostre graficamente. 
4) Suponha que o Banco Central amplie a oferta monetária em uma economia aberta com mobilidade perfeita de capitais e taxas de câmbio fixas. O que acontece com
a- a demanda agregada, os investimentos, os gastos de consumo, 
b- as exportações e importações e o nível geral de preços? 
c- Como se modifica o balancete do Banco Central- o que acontece com as reservas em moeda estrangeira?
Aula 7 Duas visões diferentes sobre a moeda
Nas duas aulas passadas, vimos o resgate da teoria quantitativa da moeda , artigo do friedman, e a moeda como um ativo financeiro que pode concorrer com o capital,artigo do Tobin. São duas visões distintas sobre a moeda. 
O resgate da teoria quantitativa apresentou a moeda como um ativo que concorre com outros. Por ai, não difere da teoria apresentada por Tobin. Mas supos que os retornos dos ativos concorrentes é constante em termos reais. Ou que não mudam em função da quantidade de moeda, são insensiveis as mudanças do nivel geral de preços. 
No artigo do Tobin, esta hipotese não existe , ja que a moeda, concorrendo com outros ativos, afeta seus preços e as suas taxas de retorno. 
Para compreendermos esta diferença, vamos usar as funções da moeda. 
Para os classicos e para o Friedman, a moeda não é uma reserva de valor. Não rende juros e no longo prazo não faz sentido decidir entre reter moeda ou reter  mais ativos reais ( criados por investimento) direta ou indiretamente ( ações, emprestimos, bonus). Supoe tambem que os preços são flexiveis em termos nominais , isto é , sobem ou descem rapidamente em função da demanda e da oferta ate que o preço relativo equilibre o mercado. Embora sejam expressos em dolar, o preço em dolar e muito variavel. O preço que importa para as decisões economicas é o preço relativo sempre conhecido pelos agentes consumidor, trabalhador ou empresario. O preço nominal é usado apenas para as realizar os pagamentos. Desta forma, o dinheiro também não e uma unidade de conta. Em outraspalavras, o dinheiro classico é apenas meio de pagamento, como se fosse um passe escolar ou um bilhete de cinema. Sob estas hipoteses , o aumento da oferrta de passes escolares ou de bilhetes de cinema acaba sem duvida reduzindo o seu preço. E o aumento da quantidade de moeda tambem reduz o valor da moeda  ou, o que é a mesma coisa, aumenta o nivel geral de preços. 
Para Keynes e seus descendentes a moeda é reserva de valor face a incerteza ( diferente de risco = a imprevisibilidade dos efeitos de decisões não repetitivas, que são as decisões de investimento). Não rende juros mas concorre com  o capital, sendo o porto seguro disponivel para os empresarios face ao medo ou a incerteza sobre o resultado dos investimentos. 
Além disto, a moeda dos keynesianos e descendentes é unidade de conta. Agentes economicos tomam decisões a partir de preços nominais, preços expressos em moeda nacional. Ainda que comparem estes preços nominais com outros preços nominais ( e portanto olhem para preços relativos), podem controlar e negociar apenas em termos de preços nominais. E estes preços são rigidos. Portanto, a moeda keynesiana é reserva de valor e unidade de conta. 
 
Esta diferença de pontos de vista sobre a moeda pode ser vista na analise do Bailey sobre o imposto inflacionario, no artigo mencionado na bibliografia. Para ele, as pessoas economizam moeda , pois  retendo moeda deixam de ganhar juros. E esta decisão é uma decisão não otima. Como o custo marginal de produzir moeda é zero, a quantidade otima de moeda retida deveria ser a correspondente ao caso em que a taxa de juros nominal fosse zero, ou seja, onde i= r+taxa de inflação= 0. Este ponto so seria atingido se tivessemos uma taxa de deflação ( inflação negativa) igual a taxa de retorno real media da economia. Portanto, uma deflação igual a r garantiria uma retenção de moeda otima, dada por custo marginal= a custo de reter moeda= i = r - taxa de deflação=0.
Um economista keynesiano faz proposta simetrica. Como a moeda concorre com o capital e é uma aplicação que reduz os investimentos, a retenção de moeda deveria ser penalizada. Propoe que a moeda perdesse valor todos os meses se não fosse carimbada e seria carimbada smpre que trocasse de mãos. Esta proposta é analoga a propor alguma taxa de inflação para desincentivar o investimento em moeda. 
 
São duas visões opostas decorrentes da visão oposta que cada lado tem sobre as funções que  a moeda desempenha no mundo real. 
Aula 8-O que é dinheiro? Capitulo 17 da Teoria Geral
Taxas próprias de juros e taxas monetárias próprias de juros.
Para entender o Capítulo 17 da Teoria Geral é preciso antes entender os conceitos de taxas próprias e taxas monetárias próprias de juros. 
Podemos calcular taxas de juros para qualquer produto que seja negociado a termo.
Negócios a termo são compras e vendas realizadas hoje a preços fixados em mercados, hoje, para entrega futura. Existe um preço hoje para entrega hoje, preço spot, e um preço futuro, para entrega em data futura. Mas o preço é válido hoje, ainda que seja para entrega futura. 
O preço futuro não é um preço esperado. É o preço em vigor hoje, que pode ser praticado hoje, mas para entrega de mercadoria futura. 
Suponha, como no capítulo 17 da Teoria Geral que trigo esteja sendo negociado a 100 para entrega hoje e 107 para entrega daqui a um ano. 
Posso comprar e vender trigo spot e trigo futuro a preços spot e futuro, respectivamente.pagos e recebidos hoje. 
Se comprar trigo spot, gasto 100 agora e vendo trigo futuro a 107.Tenho em estoque 100 de trigo para entregar daqui a um ano a 107.
Quaisquer que sejam os preços do trigo daqui a um ano, o que eu vendi está vendido ao preço de 107. Não corro risco de variação de preço do trigo.Se o preço aumentar ou cair não ganho nem perco em relação a operação realizada.
No caso desta operação- comprar trigo spot e vender trigo futuro, estou vendido em trigo futuro a 107. 
A taxa de juros do trigo vendido é 107. Se a taxa de juros monetária for de 5% a.a., ganho 2% de retorno, pois apliquei 100 que poderiam render 5% e rendem 7¨%. Vale a pena ficar vendido em trigo, isto é, vender trigo futuro a 107. 
A taxa de juros 107/100 é chamada taxa de juros própria do trigo. A taxa de juros 107/100(100/105)=2% é chamada taxa de juros monetária própria decorrente de ficar vendido em trigo. 
O fluxo de caixa desta operação pode ser descrito assim: 
a) vendi trigo futuro: entra 107 no caixa.
b) comprei trigo spot na mesma quantidade: sai 100 de caixa. (Não corro risco de variação no preço do trigo, pois tenho para entregar o trigo que vendi, todos a preços já pagos e realizados.) 
c) apliquei 100 na compra de trigo spot : sai 100 do caixa daqui a um ano recebo o dinheiro com juros: entra 105 no caixa.
d) Resultado : +107-100+100-105= 2%
Se vendesse trigo spot e comprasse trigo futuro- a operação é chamada ficar comprado em trigo- os resultados seriam invertidos. A taxa de juros do trigo vendido spot seria 100/107=-7%.. O retorno do dinheiro obtido com a venda do trigo spot 100 renderia 105 e o ganho final seria 100/107(105/100)=-2%.
O fluxo de caixa da operação ficar comprado em trigo seria:
venda de trigo spot= entra 100 no caixa
aplicação do dinheiro a taxa de 5%$=sai 100 do caixa 
compra trigo futuro= sai 107 do caixa 
retorno do dinheiro aplicado=entra 105 no caixa
resultado=+100-100-107+105=-2%
a taxa de retorno para ficar comprado em trigo é- 2%, 
Se o preço futuro do dólar no mercado futuro no Brasil for 107 enquanto o preço spot for 100 e a taxa de juros monetária for 5%, vale a pena ficar vendido em dólar, isto é, vender dólar futuro ( tomar dólares emprestados para pagar no futuro) e aplicar em reais. A taxa de juros de uma economia aberta com mobilidade de capital leva em consideração o preço da moeda estrangeira no mercado spot e no futuro. Se a taxa de juros for menor do que 7%, haverá entrada de dólares ( tomada de empréstimos em dólar) , se for maior, haverá saida de dólares, se for exatamente 7% não haverá nem entrada nem saída.
Regra geral : vale a pena ficar vendido nas mercadorias cuja taxa própria de juros for maior do que a taxa monetária própria e vale a pena ficar comprado nas mercadorias cuja taxa própria de juros for menor do que a taxa monetária propria. 
Suponha que o preço spot represente o custo marginal corrente, isto é, de curto prazo. E que o preço futuro represente o preço normal de equilíbrio, isto é, o custo marginal de longo prazo. 
Suponha que o preço dos apartamentos a venda no mercado seja 100. E que o preço de longo prazo do apartamento seja 107 enquanto a taxa de juros monetária continua 5%. Vale a pena comprar apartamentos para venda no futuro?
a) Compra de apartamento a ser entregue no futuro=sai 107 do caixa (o custo marginal de construção de um novo apartamento) 
b) Venda de apartamentos na planta (spot- o preço de mercado atual )= entra 100 no caixa
Aplicação do dinheiro da venda do apartamento hoje =sai 100 do caixa.
Recebimento do dinheiro aplicado =entra 105 no caixa. 
Resultado: -107+100-100+105= -2
Se o preço de mercado atual for menor do que o preço de longo prazo e se a taxa de juros for menor do que diferença entre estes dois preços não vale a pena construir apartamentos para vender.É melhor vender apartamentos já construídos, ou seja, comprar apartamentos agora e vendê-los no futuro.
Regra geral : só sáo produzidos os bens cujo preço corrente é maior do que o preço de longo prazo, ou o preço spot maior do que o preço futuro, relativamente a taxa de juros monetária. 
Por que usamos a taxa monetária de juros como base de comparação para outras taxas de juros de outros produtos?
Sempre que se maximiza uma função de várias variáveis, igualamos a derivada da função para cada variável, ou seja, igualamos os valores das funções marginais. 
Na teoria cardinal do consumidor, igualamos a utilidade marginal de cada produto consumido a utilidade marginal da renda , que supomos constante. Assim, a utilidade marginal de cada produto é em equilíbrio igual a utilidade marginal da renda,que é a utilidade marginal constante, ou a que cai mais devagar.
No caso de um monopolista que venda seus produtos em diversos mercados separados, a regra de maximização da receita total é igualar a receita marginal de cada mercado a receita marginal que cai mais devagar, ou aa receita marginal do mercado cuja demanda seja mais elástica. Se vender também em um mercado de concorrência perfeita onde a receita marginal é igual a receita média, ou a um preço dado e independente da quantidade de suas vendas, a regra é igualar a receita marginal de cada mercado a este preço, ou a esta receita marginal que cai mais devagar.
Assim, de forma geral, a variável que determina o valor das demais varíáveis marginais é aquela que cai mais devagar. 
Se utilizamos a taxa de juros monetária como regra de comparação para as outras variáveis deve ser porque a taxa monetária de juros é a que cai mais devagar. 
A questão é explicar porque a taxa de juros monetária é a que cai mais devagar. 
A explicação do Capítulo 17 para o fato de as taxas de juros monetárias serem as que caem mais devagar baseia-se no fato de que a oferta de moeda é absolutamente inelástica, porque a quantidade de dinheiro não é fixada em função da sua taxa de retorno. E porque a elasticidade de substituição do dinheiro com relação a outros ativos financeiros é muito baixa. 
A explicação não é satisfatória. 
Keynes afirma também em um parágrafo deste capítulo que para existir moeda é necessário que os salários nominais sejam rígidos. A a moeda é líquida apenas por que os trabalhadores recebem os seus salários em termos de dinheiro. Se quisessem receber os seus salários em unidades de trigo ou de cestas básicas, seriam as cestas básicas que seriam a moeda. 
Assim, o salário nominal rígido que era uma “imperfeição” de mercado no caso dos clássicos passa a ser uma condição lógica para a existência de moeda no caso do capitulo 17.
A partir deste parágrafo aparecem explicações muito mais convincentes sobre a lentidão relativa da queda da taxa de juros monetária em relação a outras taxas de juros. Apresentamos abaixo a explicação dada por Kaldor. 
A explicação de Kaldor.
1)Keynes afirma que a taxa de retorno de cada ativo é composta por sua produtividade marginal ou rendimento dado por q; o custo de carregar ou manter o ativo dado por c e um premio de liquidez dado por l. O retorno esperado portanto é dado por q-c+l.
2) A máquina tem retorno q-c
o trigo tem retorno – c
a moeda tem retorno l.
3) Kaldor modifica a definição e no lugar de atribuir um premio de liquidez, fala em um desconto de liquidez e assim a taxa de retorno total é dada por q-c-l
4)Vantagem sobre esquema de Keynes:vários ativos com retorno diferente, digamos 10% 8% e 2% , sendo 2% moeda. Quanto é o prêmio de liquidez do Keynes? Pode ser 6 ou 8 . Para ele,o primiero ativo teria um l de 8, o segundo de 6.)
5)Kaldor assume que para ativos reproduziveis, pe é preço de oferta normal e constante no longo prazo e pc é o preço corrente. . Entao, ativo só será produzido se pc for maior do que preço normal de longo prazo 
6) Então , considerando variação de preços, taxa de retorno total do ativo é dada por a+q-c-r
onde a=(pc-pe)/pc
existem ativos cuja taxa de retorno é igualada a dos outros por variação de q-c 
e ativos cujo retorno é igualado por variações de a
no longo prazo, sempre variações de q-c
no curto prazo, variações de a
7)no exemplo do trigo de Keynes
preço spot 100
preço futuro 107
taxa de juros monetária 5%
a=-7% 
taxa monetária propia : a+(q-c)-r=-2%
o que é -2% ?
taxa de juros de empréstimo expresso em trigo
vale a pena ficar vendido em trigo e não vale a pena produzir trigo
vale a pena dever trigo e não produzir trigo,ter trigo no passivo , dever trigo, e não no passivo
só ativos com a>0 serão produzidos, isto é, cujo preço corrente é mario do que o preço normal de longo prazo.
8) Keynes – taxa de juros da moeda é a que cai mais devagar
cai mais devagar porque quantidade cresce mais devagar
entào ouro e terra poderia fazer papel de moeda.
9) para Kaldor- isto verdade se elasticidade expectativas for menor do que 1, isto é
pc sobe, pe sobe menos do que proporcionalmente, 
se for maior do que 1 ,pc sobe hoje e pe sobe proporcionalmente ou mais do que proporcionalmente
então a taxa de juros da moeda é importante se a variar pouco , e a taxa de juros monetária fixa a taxa de retorno dos outros ativos. 
10) do que depende elasticidade de expectativas ?
se salário for expresso em moeda, sobe pc, pe sobe igual porque w nominal vai subir e tudo vai subir
se salário for expresso em ouro, sobe pc do ouro, pe sobe igual porque custo de producao de ouro vai subir junto e pe vai subir
mas salário não pode ser expresso em ouro, porque existe outros custos de manutenção do trabalho
11) para terra, mesmo raciocínio
se q da terra, ou seja , rendimento da terra subisse junto com pc, então a da terra seria invariante,então aluguel da terra deveria variar junto com preço da terra.. Isto não acontece, então terra não serve.
12)mesmo no caso da moeda, 
se salário nominal fosse rigido em termos de moeda , sobe preço da moeda, pc, sobe pe, e a não cai e taxa de juros propria monetaria da moeda cairia pouco 
mas 
13) no pleno emprego salário flexivel para cima, e preços podem ser flexiveis, e pode ser que preços dos ativos sejam sticky com relação a seus prorpios precos e não com relação a moeda. Então , pode ser que a taxa de juros mais iimportante seja o nivel geral de taxas de retorno e nao o juros da moeda.
14) portanto, taxa de juros monetária é a relevante se e somente se a moeda for unidade de conta, pois ai, a=o e se q da moeda não cair quando tiver mais moeda. 
15) Taxa de juros monetária é a taxa que cai mais devagar e ataxa que determina outras taxas se a moeda for unidade de conta
Conclusões
Taxa de juros monetária é a que cai mais devagar porque: elasticidade de oferta nula, de substiuição muito baixa e principalmente:
porque quando seu preço corrente cai, preço esperado cae igualmente se elasticidade de expectativa for menor do que 1.
liquidez da moeda depende de ter carrying costs baixos e salários nominais serem rigidos em termos de moeda.
Aula 9 O que é dinheiro
Esta aula se baseia em dois capítulos para um livro sobre o tema. Os textos são preliminares e sujeitos a revisão.
1-O dinheiro na semiótica.
O dinheiro é um mito. 1 Mito é um discurso. Discurso é a realização concreta da língua. 
Papai Noel é um mito - história inventada para graça e encanto das festas de Natal Pode ser utilizado para induzir o bom comportamento das crianças. Há mitos de Atenas-Hércules, Édipo e mitos de Jerusalém. A afirmação é forte - homens realistas e ricos, homens pobres que trabalham de sol a sol para o sustento dos filhos são escravos de um mito, como os fãs de mitos da música popular ou crianças que acreditam em Papai Noel? 
Não poderia definir dinheiro como signo, em vez de mito? Signo é a relação entre o significante (a expressão material das letras, b-o-i ou as ondas sonoras emitidas quando se fala boooi) e o significado boi, (o boi concreto ruminando no pasto). A palavra boi é um signo, a relação entre a expressão material boi (som ou escrita) e o boi. A palavra é parte de um sistema social, a Língua.
O dinheiro é mito e não apenas signo porque é signo de uma segunda língua, um signo de signo. 2 A primeira língua, no caso do dinheiro, diz que um cafezinho vale 3/2 pães com manteiga. Ou que a quantidade A da mercadoria a tem o valor de troca equivalente à quantidade B da mercadoria b. A relação entre A e B é o valor de A expresso por B, ou, o valor de B expresso por A. Dinheiro é a expressão que relaciona a quantidade de qualquer coisa, a , b ou c a um valor. 
O batismo do dinheiro como mito está de acordo com a definição da Semiologia, a ciência dos signos. 
O dinheiro organiza a atividade econômica, a escolha entre diferentes alternativas sob condições de escassez: a produção de mais canhões exige a produção de menos manteiga, consumo exige mais trabalho e custa menos horasde lazer. O preço expresso em dinheiro é utilizado nos cálculos de custos e receitas que maximizam o lucro e determinam a melhor decisão.
No caso do mito dinheiro, pedaço de papel que representa o direito de usar alguma coisa, a expressão material do valor. Forma e sentido brincam de esconde–esconde - o dinheiro é, às vezes, um pedaço de papel impresso, vazio de sentido, pura forma, e é, outras vezes, representante geral do valor, o poder de comprar qualquer coisa. Obedece a “física de um álibi - no álibi há um lugar cheio, onde o suspeito estava, e um lugar vazio, onde não estava” - é uma forma vazia, nenhuma mercadoria e um sentido cheio, qualquer mercadoria. 3 É virtualmente tudo, e efetivamente, nada, um pedaço de papel. 4 O dinheiro é mercadoria e ao mesmo tempo não é mercadoria: é um universal concreto, ou seja, “o animal” no meio de zebras, elefantes e girafas. 5
A nota de dez reais é um pedaço de papel impresso, com cores suaves e sóbrias. As antigas notas de cruzeiro assim como o dólar são decoradas com desenhos e imagens semelhantes com as que se poderia ver numa moeda metálica estampada. Hoje, a decoração da nota de real não se esforça para trazer a lembrança da moeda metálica. Mas foi batizada de “real”, o oposto do mito. Antigamente, nas notas de cruzeiro aparecia a expressão -“pague-se ao portador”. A SUMOC que emitia cruzeiros só pode pagar por dez cruzeiros, outros dez cruzeiros. Hoje, na nota de real está escrito “Deus seja louvado”. Deus também é mencionado no dólar que proclama “In God we Trust”. O dinheiro é um mito e a nota de dez reais, uma das suas formas.
O dinheiro, o significante do valor só cumpre a função de dinheiro se for escasso. Mas a expressão material do valor não é escassa. Um significado encontra muitos significantes. 6 Dinheiro de papel pode ser impresso a custo zero, pode ser reproduzido por bancos e outras instituições financeiras. Depósitos a vista representam depósito de dinheiro de papel ou de metal nos bancos, mas os bancos não têm o dinheiro físico depositado nos cofres. Emprestam este dinheiro para outros clientes. O cheque utilizado para pagamentos é aceito depois que o banco confirma a existência de fundos. Existe saldo na conta do cliente, mas não existe moeda suficiente no banco para que todos os depositantes troquem seus cheques por dinheiro. Os significantes do mito que representam escassez não são escassos, podem assumir múltiplas formas físicas, como cheques, notas bancárias, dívida pública e outros instrumentos financeiros aceitos em pagamento.
Dinheiro pode ser escasso quando não há escassez real. Quando há desemprego, é possível produzir mais canhões e mais manteiga ao mesmo tempo, mas o canhão continua tendo um preço positivo assim como a manteiga. O dinheiro transmite sinais de escassez quando não há escassez real. No mito, o significado deforma o significante, o valor deforma o dinheiro como seu representante.
Dinheiro cria equivalência entre coisas de grandeza diferentes - um cafezinho custa R$1,20 e um pão com manteiga R$ 2, 00, o salário mínimo é R$ 300,00. Se todos os preços forem fixados levando em conta o poder de compra, isto é, o nível médio de preço de todas as coisas, não existe dinheiro. Matematicamente, se o nível médio de preços é dado pela média dos preços de A e de B, e se os preços de A e de B são determinados em função do nível médio de preços, o nível médio de preços é indeterminado - não existe nem preço para o dinheiro nem dinheiro. 7
Para que exista dinheiro como unidade de contas é preciso que o preço do dinheiro seja aceito sem explicações pelo vendedor de A ou de B - um real tem que valer um real para alguém. Dólar é dólar, dinheiro é dinheiro, Papai Noel é São Nicolau que é Papai Noel. A tautologia é uma “mágica vergonhosa, que faz o movimento verbal da razão, mas a abandona imediatamente”. A tautologia é uma das figuras de retórica do mito8 
O dinheiro pode ter qualquer valor - o cafezinho pode custar R$1,20 ou R$120,00 reais, o salário míninmo pode ser R$300 ou R$30 000,00. Mas precisa ter apenas um valor. Quem guarda dinheiro como reserva de valor pode entender de matemática, mas precisa acreditar que o valor do dinheiro que pode ter qualquer valor, tenha um valor só. Dinheiro é reserva de valor se for mito, isto é, se acreditarmos que o seu valor possa ser determinado por alguma coisa. 
Dinheiro representa a possibilidade de comprar mercadorias que não podem ser estocadas ou mercadorias que serão produzidas no futuro. A dívida pública brasileira representa 50% do valor da produção nacional. Os detentores da divida pública acreditam que o seu dinheiro será capaz de comprar 50% do produto em alguma data futura. A moeda do depósito a vista está aplicado em títulos da dívida pública brasileira. Se não acreditarem, o dinheiro não será reserva de valor, nem mito, nem dinheiro. 
Se o dinheiro servir apenas como meio de pagamento, como um passe escolar, ou uma entrada de cinema, será apenas signo - o pedacinho de papel representa o direito de tomar um ônibus, entrar no cinema ou fazer uma refeição. No caso do signo, o significado não distorce o sentido do significante. No mito, o conceito ( valor) deforma o sentido ( o dinheiro).
Mitos são produzidos por escritores, publicitários e, no caso do dinheiro, pelas autoridades monetárias. Os produtores do mito aplicam-se na produção da forma, o dinheiro, expressão material do valor. Se for consciente, é cínico, se bem intencionado, ingênuo, mas garante a existência do dinheiro. 
A função principal do mito é transformar o que é contingente em natural. O dinheiro tem que parecer natural e não político. O dinheiro já foi ouro. Hoje, a taxa de juros é determinada com rituais científicos e com uma liturgia de reuniões de autoridades monetárias, divulgação de atas e transparência de procedimentos inexplicáveis. Antes, o dinheiro brasileiro valia porque era conversível a taxas fixas em dólar. A função do mito é despolitizar o conceito 9.O dinheiro mede o valor de todas as coisas “sem interferência política”, mede o valor natural. É ao mesmo tempo uma notificação- pague R$ 1,20 e uma constatação do valor- o preço é R$ 1,20. 
A teoria monetária analisa o dinheiro como instituição eficaz e racional. De um lado, os economistas do “mainstream” defendem teoremas e leis que têm como científicas, como as únicas soluções comprovadas empiricamente. O dinheiro é tido como objeto natural com leis próprias. Desde o período que chamado de globalização financeira que se inicia com a administração Reagan nos Estados Unidos e se consolida com a a Queda do Muro de Berlin, os economistas- cientistas vencem o debate. 
De outro lado, críticos afirmam que a economia não é uma ciência como a física ou a biologia. O método da economia é a retórica aristotélica onde vence ao melhor técnica de persuasão. Economistas são advogados que defendem o réu como princípio ético profissional. Ao revelarem o método, enfraquecem o próprio argumento (o advogado não revela ao júri que defende o réu por dever de ofício).10 Mas não é por isto são derrotados. São derrotados na política. A missão do mito é despolitizar o dinheiro, passá-lo de anti physis a pseudo physis”11 “ transformar uma intenção histórica em natureza, uma contingência, em eternidade.”12 A retórica dos economistas cientistas é persuasiva. 
A teora monetária, como a mitologia, destrincha o mito, analisando forma e sentido separadamente. O mito é um todo inextricável, como um ovo. Podemos quebrar o ovo e analisar gema e clara. Não será mais um ovo. O resultado é trágico: uma teoria monetária sem dinheiro.
Se o dinheiro é mito, precisa ser estudado como um todo, como uma história ao mesmo tempo real e irreal, como forma, representante mítico do valor, e como mito, a presença viva do valor.13
O mito não pode ser desmitificado. Os economistas cientistas não erram quando se apresentam como cientistas. Os desmistificadores servem a verdade com um desserviço ao dinheiro. 
A teoria monetária clássica, como veremos no próximo capítulo, se apóia sobre o dinheiro

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