Buscar

Resumo do livro O Alienista

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

ALIENISTA , de Machado de Assis
Após conquistar respeito em sua profissão de médico tanto no Brasil quanto na Europa, o Dr. Simão Bacamarte retorna para sua terra natal, a cidade de Itaguaí, para se dedicar mais ainda ao ofício. Passado algum tempo, ele se casa com D. Evarista, uma mulher que, mesmo viúva, ainda era jovem, com cerca de 25 anos, mas não era nem simpática, nem bonita. O médico a escolheu porque a julgava capaz de gerar bons filhos, o que, contraditoriamente, nunca chegou a ocorrer.
O Dr. Bacamarte resolve dedicar-se também aos estudos da mente humana. Então constrói a Casa Verde, que abrigaria todos os loucos da região. Quanto mais obcecado pelo trabalho ele fica, mais lotado o local se torna.
Inicialmente, os internos eram tidos como casos inegáveis de loucura. Em determinado momento, entretanto, o médico começa a enxergar problemas e a internar todos que provocassem qualquer tipo de espanto.
A primeira dessas pessoas foi o Costa, um homem que perdeu todo o seu patrimônio emprestando dinheiro aos outros e não conseguia cobrar de volta o que lhe era devido.
Todas essas internações deixam a cidade alarmada. Mas a população esperava que o retorno de D. Evarista, em viagem pelo Rio de Janeiro, reduzisse as atividades do marido. Porém, mesmo com a sua volta, o Dr. Bacamarte continua agindo da mesma maneira.
Com o passar do tempo, a cidade adquire um clima cada vez mais hostil. Então, o barbeiro Porfírio, que deseja ingressar na carreira política, resolve armar um protesto.
As internações são momentaneamente interrompidas, mas ele consegue levar a cabo a Revolta dos Canjicas (Canjica era o seu apelido). Quando os manifestantes chegam até a casa do médico, são recebidos de forma muito racional e equilibrada, o que diminui a sua fúria por algum tempo.
A insatisfação volta quando Bacamarte retoma seus estudos. A força armada da cidade tenta controlar a situação, mas a própria polícia acaba se juntando aos revoltosos e Porfírio se vê numa posição de poder, como um líder dessa revolução.
Agora com plenos poderes, Porfírio chama o Dr. Bacamarte para uma conversa. Mas o médico não é mandado embora, como a população esperava. Pelo contrário, os dois se unem e continuam com as internações na cidade.
Alguns dias depois, 50 apoiadores da Revolução dos Canjicas são internados. Então, João Pina, outro barbeiro da região, arma uma confusão tão grande que Porfírio é deposto de seu cargo.
A história se repete e o novo governo não é capaz de derrubar a Casa Verde. As internações seguem de forma mais acelerada ainda. Até D. Evarista é internada, pelo simples fato de não conseguir dormir por estar em dúvida sobre qual roupa usaria para ir a uma festa.
Por fim, a cidade fica com três quartos de sua população internados na Casa Verde. Simão Bacamarte se dá conta de que sua teoria estava errada e resolve libertá-los. Se a maioria das pessoas apresentava desvios de personalidade, então o louco seria quem mantinha regularidade nas suas ações e possuía muita firmeza de caráter.
Baseando-se na sua nova teoria, ele recomeça as internações e o primeiro paciente é o vereador Galvão, que havia proposto uma lei para impedir que qualquer um dos vereadores fosse enviado para a Casa Verde. Continuam as internações, porém são consideradas curadas as pessoas com desvios de caráter.
Passado um tempo, o médico percebe que mais uma vez suas teorias estavam erradas e libera todos os pacientes. Descobrindo que todas as pessoas têm personalidades distintas e com defeitos, pensa que apenas ele possui caráter perfeito e conclui que deve morar sozinho na Casa Verde para o resto de sua vida.
“No fim de cinco meses e meio estava vazia a Casa Verde; todos curados! O vereador Galvão, tão cruelmente afligido de moderação e eqüidade, teve a felicidade de perder um tio; digo felicidade, porque o tio deixou um testamento ambíguo, e ele obteve uma boa interpretação corrompendo os juízes e embaçando os outros herdeiros. A sinceridade do alienista manifestou-se nesse lance; confessou ingenuamente que não teve parte na cura: foi a simples vis medicatrix da natureza. Não aconteceu o mesmo com o Padre Lopes. Sabendo o alienista que ele ignorava perfeitamente o hebraico e o grego, incumbiu-o de fazer uma análise crítica da versão dos Setenta; o padre aceitou a incumbência, e em boa hora o fez; ao cabo de dois meses possuía um livro e a liberdade. Quanto à senhora do boticário, não ficou muito tempo na célula que lhe coube, e onde aliás lhe não faltaram carinhos.
— Por que é que o Crispim não vem visitar-me? dizia ela todos os dias.
Respondiam-lhe ora uma coisa, ora outra; afinal disseram-lhe a verdade inteira. A digna matrona não pôde conter a indignação e a vergonha. Nas explosões da cólera escaparam-lhe expressões soltas e vagas, como estas:
— Tratante!… velhaco!… ingrato!… Um patife que tem feito casas à custa de ungüentos falsificados e podres… Ah! tratante!…
Simão Bacamarte advertiu que, ainda quando não fosse verdadeira a acusação contida nestas palavras, bastavam elas para mostrar que a excelente senhora estava enfim restituída ao perfeito desequilíbrio das faculdades; e prontamente lhe deu alta.”
Principais personagens da obra
Os principais personagens de O Alienista são:
Simão Bacamarte
O grande protagonista da história, médico obcecado pela profissão.
Evarista
Foi escolhida pelo Dr. Bacamarte para ser sua esposa. Mesmo não sendo nem bonita, nem simpática, ele a considerava perfeita para ser mãe de seus filhos, mas ela nunca conseguiu gerar herdeiros.
Crispim Soares
Amigo do Dr. Bacamarte e boticário da cidade.
Padre Lopes
Homem de muitas virtudes e vigário da cidade.
Porfírio, o barbeiro
Ele é apresentado como um homem ambicioso, que desejava poder a todo custo.
Significado da palavra alienista
O termo alienista é um sinônimo para psiquiatra. Os alienistas são aqueles que se especializam no estudo do diagnóstico e do tratamento das doenças mentais.
Análise da obra
O Alienista inaugura a fase realista dos contos de Machado de Assis, na qual eles antecipam diversas características das obras posteriores do escritor, como análise crítica, social e psicológica.
O narrador é onisciente e em terceira pessoa. Assim, consegue expor o comportamento humano indo além das aparências sociais, mostrando, com ironia, a vaidade e o egoísmo das pessoas.
Machado de Assis põe em questão as fronteiras entre o normal e o anormal  por meio de um médico que tenta entender os distúrbios psicológicos de uma população. Por isso, há uma proximidade entre o autor e seu personagem, o Dr. Simão Bacamarte, já que ambos estão interessados em analisar as pessoas em suas atitudes e relações sociais.
A narrativa gira em torno de Bacamarte, que segue com frieza e rigidez as teorias científicas, mas também conta com outros personagens repletos de características e detalhes.
Entre eles está D. Evarista, esposa dedicada que admira e ama muito seu marido. Mesmo respeitando o profissionalismo do médico, não segue suas recomendações e sente ciúmes de sua devoção à profissão.
Em contrapartida, temos Crispim Soares, o boticário da cidade, que admira e respeita o alienista, mas faz isso por interesses particulares, para conseguir vantagens do médico.
Há também o barbeiro Porfírio, que se apresenta como um homem preocupado com questões sociais, mas que só queria obter ganhos políticos.
Enfim, O Alienista, trazendo os primeiros vislumbres da literatura realista de Machado de Assis, discute temas complexos sobre a condição psicológica humana e está repleto de críticas sociais, ao revelar, de forma irônica, o egoísmo, a vaidade e até mesmo a ambição das pessoas.

Outros materiais