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AULA 1 - O Surgimento das Ciências Sociais e da Antropologia

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O Surgimento das Ciências Sociais e 
da AntropologiaAntropocentrismo: 
O homem como centro e a medida para todas as outras coisas.
O CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA
A Sociologia tem como campo de estudo o contexto social e é diretamente influenciada por ele.
Surge em meio ao Iluminismo e, ao seu fim, há o processo de industrialização, momento em que o continente europeu passa por uma crise que alcançou âmbitos sociais, políticos e culturais. Essa crise resultou na famosa Revolução Francesa.
Além deste processo histórico na Europa feudal, as sociedades medievais e muitas autoridades religiosas anteriores a esta fase já faziam especulações sobre o homem e o seu comportamento. As observações feitas por eles não tinham comprovação científica, mas eram consideradas padrão moral da época, portanto, ditavam o comportamento da sociedade naquele período. Nesta época, alguns filósofos já apostavam que, no futuro, o estudo do homem e seu comportamento seria uma realidade.
Na história do ocidente, com a queda do Império Romano, o fim da Idade Antiga e o início da Idade Média, a Igreja Católica exercia grande influência, pois havia uma menor produção intelectual, escassa de pensadores e filósofos, o que fez com que este período ficasse conhecido como Idade das Trevas. Os pensadores renascentistas buscavam reestabelecer valores que afirmassem o antropocentrismo, no lugar do teocentrismo ou do racionalismo.
Com o Renascimento em curso, as pesquisas foram retomadas em busca de entender o porquê das coisas. No século XVII, com a chegada do Iluminismo, a ciência é consolidada como fonte de verdade e conhecimento. A partir das ideias iluministas e inspirados pelos problemas sociais que surgiram com as revoluções, alguns autores passaram a criticar as injustiças na sociedade, enquanto consequência da desigualdade na distribuição de riquezas, e a maneira como os trabalhadores eram tratados. Defendiam-se, portanto, relações mais equitativas entre os homens. Esse movimento ficou conhecido como doutrina socialista.
Em 1789, com o fim simbólico dos regimes europeus de modelo agrário e absolutismo monárquico, aconteceu a Revolução Francesa, onde as ideias de libertação republicanas e direitos da cidadania ganharam destaque em primeiro plano. A Revolução Francesa era vista em parte como uma consequência do Iluminismo.
No final do século XVIII e início do século XIX, aconteceu a Revolução Industrial, que alterou completamente o modo de viver e ganhar dinheiro. Juntamente a essas mudanças, os problemas sociais tornaram-se mais graves, como o excesso de pessoas nas áreas de concentração das grandes indústrias, a falta de estrutura para prover saneamento básico a toda essa população, aumento da poluição industrial da água, solo e ar e, consequentemente, o surgimento de doenças. Diante desse contexto, os teóricos sociais da época buscaram maneiras de realizar pesquisas e reunir evidências que comprovassem os impactos dessas mudanças na sociedade e, portanto, a necessidade de uma mudança de comportamento.
A partir do século XIX, os teóricos europeus proporcionaram contribuições pioneiras para o desenvolvimento de uma ciência do comportamento humano. Dentre eles, destacamos: Augusto Comte, Harriet Martineau, Herbert Spencer, Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx.
Teocentrismo:
Deus é o centro do universo, pois criou e rege todas as coisas.
Racionalismo:
Método baseado na razão.
OS PRIMEIROS PENSADORES NA SOCIOLOGIA
AUGUSTO COMTE (1798-1857)
Comte foi considerado um filósofo muito influente no início do século XIX. Ele defendia que os estudos científicos sobre o comportamento humano e a sociedade em si deveriam ser realizados para a busca de uma sociedade mais evoluída. Augusto Comte era um estudioso que tinha grande preocupação com a objetividade. Para Comte, a Matemática estava na base do entendimento do homem e de suas relações. Possuía um posicionamento diferente de outros sociólogos, buscava defender suas concepções por bases científicas e longe de ideias preconcebidas. O teórico defendia que o comportamento humano deveria ser ditado por regras que resumia na frase: “saber para prever, a fim de prover”.
Na obra O Curso da Filosofia Positivista, publicada em 1839, Comte tentou descrever a sociedade em três princípios básicos:
1. A prioridade do todo sobre as partes - para estudar uma parte da sociedade, seria necessário analisar o todo.
2. O progresso dos conhecimentos é característico da sociedade humana - a organização social está diretamente ligada ao conhecimento acumulado por uma sociedade por gerações.
3. O homem é o mesmo por toda a parte e em todos os tempos - o sistema biológico e cerebral dos homens é idêntico.
Baseado nesses princípios, Comte concluiu em seus estudos que as sociedades em qualquer lugar evoluem para o mesmo sentido do desenvolvimento e, a partir desta conclusão, criou a Lei dos Três Estados:
Estado teológico ou fictício
Estado metafísico ou abstrato
Estado positivo ou científico
+ SAIBA MAIS
O propósito central das obras de Comte era provar a necessidade de substituir o absoluto pelo relativo. Outras duas obras de Comte que demonstram essa linha de raciocínio do teórico foram: Curso de Filosofia Positiva e Política Positiva (1839).
HARRIET MARTINEAU (1802-1876)
Em seus escritos, Martineau destacava o impacto que os aspectos econômicos exerciam sobre a população, ocasionando problemas sociais. A teórica defendia os direitos das mulheres e era a favor da liberdade dos escravos. Sob o seu ponto de vista, os estudiosos deveriam oferecer mais do que observações sobre a sociedade e suas condições sociais; deveriam promover benefícios à sociedade por intermédio de seus estudos. Baseada nestes ideais, seus escritos e pensamentos eram direcionados às ocupações profissionais das mulheres, defendendo, portanto, a necessidade de mais estudos sobre o tema.
+ SAIBA MAIS
Martineu publicou a obra Society in America (1837), onde argumentava que, ao estudar uma sociedade, o foco deveria estar em todos os aspectos, incluindo as questões sociais, políticas e religiosas. Dentre esses aspectos, seus escritos traziam grande destaque a questões como vida doméstica e raciais. 
HERBERT SPENCER (1820-1903)
Herbert Spencer, tinha como referência para seus estudos as ideias de evolução das espécies de Charles Darwin. Para o autor, a sociedade evoluía ao passar do tempo, assim como acontece no conceito de evolução das espécies. Segundo suas concepções, a sociedade pode ser comparada a um ser biológico, sendo o crescimento o desenvolvimento da sociedade, em que a evolução de todos os corpos (sociedades) passa por estágios que vão do mais primitivo ao mais complexo. Como exemplo a essa evolução, Spencer cita os povos nômades sem nenhuma estrutura política e os grupos onde se encontra uma organização política, econômica e social com presença plural de funções e trabalhos.
ÉMILE DURKHEIM (1858-1917)
Durkheim em sua primeira obra, A Divisão do Trabalho Social (1893), contrapõe as ideias de Spencer e lança dois princípios: consciência coletiva e solidariedade mecânica e organismo. O princípio de consciência coletiva considera questões como crenças e sentimentos comuns presentes em um determinado grupo como uma herança que perpassa ao tempo e une gerações. Essas crenças e sentimentos que passam de geração para geração tornam-se regras, que, aplicadas ao coletivo, sobrepõem-se ao comportamento individual. A partir deste pensamento, o indivíduo que foge a essas regras de conduta sofre punições severas.
A T E N Ç Ã O !!!!!!!!!
O princípio da divisão do trabalho está baseado nas diversidades das pessoas e dos grupos, e se opõe diretamente à solidariedade por semelhança.
A divisão do trabalho gera um novo tipo de solidariedade, com base na complementação de partes diversificadas. O encontro de interesses complementares cria um laço social novo, como moral própria, que dá origem a uma nova organização social, chamada de solidariedade orgânica - marcada pela diversidadee consciência individual livre. Na organização social, com característica de sociedade orgânica, os sujeitos não precisam compartilhar das mesmas crenças e ideologias, pois, como foi dito anteriormente, o sujeito possui consciência individual, mas possui também dependência direta do trabalho realizado pelo outro e vice-versa. Essa interdependência traz equilíbrio à sociedade. (LAKATOS E MARCONI, 2019).
As obras mais importantes de Durkheim foram: As Regras do Método Sociológico (1895) e Suicídio (1897). Na primeira obra citada, o autor trouxe regras que deveriam ser seguidas para análise dos fenômenos sociais. Na segunda, ele demonstra que o suicídio varia inversamente ao grau de integração do grupo social do qual o indivíduo faz parte.
Na lei do suicídio, Durkheim diz que a causa é sempre social e classifica o suicídio como egoísta, altruísta e anômico.
O suicídio egoísta é aquele em que o ego individual se sobrepõe ao ego social e devido à dificuldade em estabelecer essa relação, o sujeito deixa de ver sentido na vida, ao ponto de cometer suicídio.
No suicídio altruísta, o ego está localizado fora do sujeito, pertence à ideologia de um grupo e o indivíduo acaba dando fim a vida por entender que precisa fazê-lo. Um exemplo desse suicídio é a situação dos “homem-bomba”.
Já o suicídio anômico acontece por falta ou desequilíbrio das regras sociais pré-estabelecidas. Um exemplo de situação que leva o indivíduo a este tipo de suicídio são as crises econômicas sérias que levam as pessoas da riqueza à pobreza.
Tais conceitos surgem com o objetivo de descrever as patologias sociais da sociedade ocidental, racionalista, individualista, devido, fundamentalmente, ao acelerado processo de urbanização, à falta de solidariedade, às novas formas de organização das relações sociais e à influência da economia na vida da sociedade, produto das revoluções e mudanças dos séculos XVIII e XIX (LAKATOS E MARCONI, 2019).
MAX WEBER (1864-1920)
Weber definia a Sociologia como o estudo das interações significativas de indivíduos que formam uma teia de relações sociais, sendo seu objetivo a compreensão da conduta social.
Essa conduta social se apresentava em quatro categorias:
“
1. Conduta tradicional, relativa às antigas tradições.
2. Conduta emocional, reação habitual ou comportamento dos outros, expressando-se em termos de lealdade ou antagonismo.
3. Conduta valorizadora, agindo de acordo com o que os outros indivíduos esperam de nós.
4. Conduta racional-objetiva, que consiste em agir segundo um plano concebido em relação à conduta que se espera dos demais.”
(BRYM et al., 2016)
Em seus estudos, Weber dizia que o comportamento social não pode ser analisado com os mesmos critérios engessados que utilizamos para medir temperatura, altura ou peso. Os comportamentos precisam ser analisados sob o olhar subjetivo de seus significados e o valor que são atribuídos a eles pelas pessoas. Weber também desenvolveu uma ferramenta conceitual-chave: o tipo ideal. Trata-se de um modelo para avaliar casos específicos, em que seu principal objetivo é a formulação de regras sociológicas, ou seja, o tipo ideal é um parâmetro de perfeição criado pelo autor para poder realizar análises sociais gerais. Em suas principais obras, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905), é possível identificar a descrição do autor sobre o tipo ideal.
Embora as características profissionais de Durkheim e Weber coincidam, eles nunca se encontraram e um não tinha conhecimento da existência do outro. Já em relação a Karl Marx, Durkheim o tinha como inspiração e referência, mas isso não aconteceu em relação ao trabalho de Karl Marx. O pensamento de Durkheim sobre o impacto da divisão do trabalho nas sociedades industriais estava relacionado aos escritos de Marx. Assim, não surpreende o fato de que Marx, que veremos a seguir, seja visto como a maior figura do desenvolvimento da Sociologia, bem como da Antropologia e de outras Ciências Sociais.
KARL MARX (1818-1883)
Nas análises de Marx, a sociedade dividia-se fundamentalmente em duas classes que entravam em conflito na busca de seus interesses:
INFRAESTRUTURA
A infraestrutura é a estrutura econômica formada pelas relações de produção e forças produtivas.
SUPERESTRUTURA
A superestrutura é formada pela estrutura jurídico-política e pela estrutura ideológica.
Entendendo que a infraestrutura é determinante, Marx diz que toda mudança social se origina das modificações das forças produtivas e das relações de produção.
Ao estudar grandes indústrias na Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, Weber pontuou a fábrica como o foco dos conflitos entre trabalhadores e patrões ou exploradores e explorados, como dizia. Para o autor, os proprietários conseguiam manter o poder sobre os trabalhadores, porque detinham o controle das relações políticas, sociais e econômicas. Marx argumentava que a classe trabalhadora deveria “derrubar” o sistema de classes existente e enfatizava as identificações e associações de grupos de trabalhadores que influenciaram o lugar de um indivíduo na sociedade. Esse foco de estudo é o mais importante da Sociologia contemporânea. Enquanto obra principal, podemos citar a famosa O Capital (1867).
O CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA ANTROPOLOGIA
Você já parou para pensar que tanto a Sociologia quanto a Antropologia estudam as relações humanas?
Os estudiosos dessas Ciências Sociais as diferem da seguinte maneira:
A Sociologia preocupa-se em estudar os padrões pré-estabelecidos por uma sociedade
x
A Antropologia tem como foco hábitos, gestos e expressões que são compartilhados por um grupo social, ao passo que os antropólogos estudam a cultura e as diferenças culturais na sociedade.
 
A etimologia da palavra Antropologia é de origem grega, anthropos (homem) e logos (ciência, conhecimento e estudo). Os estudos do homem pelo homem direcionaram os antropólogos às populações mais primitivas, como a indígena ou a população nativa de um determinado território. Dessa forma, buscou-se entender o homem sem as interferências do desenvolvimento da sociedade.
A Antropologia possui quatro eixos principais de estudos:
· ANTROPOLOGIA BIOLÓGICA
Seu foco de estudo é o homem como ser biológico e com abordagem relacionada à natureza e à cultura em que esse ser está inserido.
· ANTROPOLOGIA PRÉ-HISTÓRICA
Também conhecida como Arqueologia, tem foco de estudo voltado para os rastros deixados no solo ou em inscrições rupestres.
· ANTROPOLOGIA LINGUÍSTICA
Seu foco é o estudo da linguagem como meio de transmissão cultural.
· ANTROPOLOGIA SOCIAL, ETNOGRÁFICA OU CULTURAL
Seu foco de estudo é entender o homem em seu contexto de vida, relacionado aos aspectos socioculturais.
Desde a Antiguidade Grega, onde já se identificavam estudos realizados por pensadores, como Heródoto e Aristóteles, que realizavam pensamentos sobre a natureza do homem e costumes dos povos estrangeiros - período que ficou conhecido como Renascimento do Novo Mundo e da diversidade de grupos sociais e paisagens existentes -, há uma pulverização de ideias sobre alteridade.
O século XV tem como grande marco da Antropologia a realização de missões exploratórias que contribuíram muito para o imaginário da sociedade europeia sobre novas culturas, novos costumes e civilizações diferentes. A imaginação da população europeia na época chegava a idealizar novos povos com hábitos selvagens. As informações sobre essas missões exploratórias, que eram feitas através dos relatos das viagens, faziam muito sucesso e se tornaram mais acessíveis à população com a chegada da imprensa. Essas expedições e a exploração dos povos chamados primitivos sofriam grande influência da religião.
A justificativa dada para a dominação através da escravidão dos povos colonizados era de que precisavam colonizar as terras com população pagã, levando até eles o Cristianismo para que pudessem ser salvos. Além disso, ainda baseados na religião, acreditavam que esses povos eram atrasados, em contraposição aos europeus, que se diziam privilegiados por Deus, portanto, mais evoluídos.Dessa maneira, acreditavam ter permissão para dominar os povos.
No século XIX, a necessidade de haver estudos mais sistematizados para entender os povos do Novo Mundo aumentou. Os teóricos tinham como base para seus estudos a Teoria da Evolução de Charles Darwin. Criando uma analogia com a teoria de Darwin, os povos do Novo Mundo eram vistos como selvagens que estariam em evolução, dando origem ao termo darwinismo social.
A T E N Ç Ã O !!!!!!!!!
Durante o século XIX, a busca por entender os povos colonizados e seus costumes foi foco da Antropologia. Já no século XX, os antropólogos Franz Boas e Malinowski apresentaram novas formas de se pensar e pesquisar a Antropologia.
OS PRIMEIROS PENSADORES NA ANTROPOLOGIA DA ERA EVOLUCIONISTA
LEWIS HENRY MORGAN (1818-1881)
Em 1877, Morgan publicou a obra A Sociedade Antiga, onde demonstra um esquema com a evolução humana. Conforme Morgan, para o processo de evolução da humanidade, é necessário passar por três estágios importantes:
· A SELVAGERIA
· A BARBÁRIE
· A CIVILIZAÇÃO
Para o autor, a humanidade teve uma só origem, mas devido à sua trajetória foi seguida por canais diferentes, mas uniformes em todos os continentes, e muito semelhantes em todas as tribos e nações da humanidade que se encontram no mesmo status de desenvolvimento. Segundo Morgan, as diferenças estavam presentes no estágio de evolução de um povo, e não em seus hábitos e aspectos culturais.
As ideias de Morgan elucidam a possibilidade vislumbrada por novos pesquisadores de que seria possível, através da observação de sociedades primitivas, as quais apresentavam graus evolutivos inferiores à civilização, supor uma reconstituição histórica da humanidade. (CASTRO, 2009).
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Vale ressaltar que as características etnocêntricas do autor o levaram a utilizar sua própria cultura como padrão para todas as outras.
EDWARD BURNETT TYLOR (1832-1917)
Tylor foi o primeiro a estabelecer um conceito científico sobre cultura em seu livro A Ciência da Cultura, em 1871. Para Taylor, a cultura era uma manifestação presente em todas as sociedades, o que o possibilitava reunir artigos culturais, assim como o pensamento evolucionista. Conforme o autor, não havia diferença entre os aspectos culturais de diferentes povos, mas, sim, estágios diferentes de evolução em também diferentes sociedades.
JAMES GEORGE FRAZER (1854-1941)
Frazer, em seus estudos, reconheceu os hábitos, costumes e as crenças dos povos como superstições. Já nas civilizações mais cultas, denominava esses mesmos hábitos, costumes e crenças de folclore.
Em texto publicado pelo autor em 1908, ele dizia que estudar a era primitiva da humanidade era algo limitado, visto que não se levava em consideração a sociedade enquanto mais civilizada. Mais tarde, o campo de visão antropológica seria modificado, através de um olhar mais amplo para a sociedade e suas diversidades.
OS PRIMEIROS PENSADORES NA ANTROPOLOGIA DA ERA MODERNA
FRANZ BOAS (1858-1942)
Franz Boas rompeu com a Antropologia evolucionista, sendo um grande defensor das pesquisas em campo, onde tudo deveria ser anotado e o pesquisador precisaria vivenciar o local estudado.
Para Boas, um hábito ou costume só teria significado sendo relacionado ao ambiente em que está inserido, por isso a importância da linguagem local. Todo esse conceito desenvolvido por Boas estabeleceu a etnografia profissional, compreendida como uma descrição detalhada e densa dos fatos do que está sendo estudado.
MALINOWSKI (1884-1942)
Defensor da pesquisa etnográfica, Malinowski entendia que era necessário viver junto com a população pesquisada para compreendê-la. Com isso, desenvolveu a observação participante, que, para ele, possibilitava ver cultura, hábitos e costumes dos povos através do olhar deles.
Neste sentido, com o desenvolvimento da Antropologia moderna, é que o contexto da abordagem antropológica passa a estabelecer uma ruptura com qualquer modo de conhecimento abstrato ou subjetivo. A partir daí, portanto, que a experiência de campo se faz necessária para a compreensão de outros modos de vida.
OS PRINCIPAIS PENSADORES SOCIOANTROPOLÓGICOS
A especialista Roberta Georgia aborda os principais pensadores socioantroplógicos.
Verificando o aprendizado
1. A SOCIOLOGIA É UMA CIÊNCIA HUMANA QUE ESTUDA A SOCIEDADE. DAS OPÇÕES ABAIXO, A QUE MAIS CONTEMPLA UM DE SEUS OBJETIVOS É:
a) Compreender e explicar as transformações e mudanças nas sociedades humanas sob uma perspectiva objetiva, baseado em fatos concretos.
b) Entender o funcionamento das sociedades e das relações entre os seres humanos.
c) Estudar os fatores históricos e políticos relacionados com os comportamento social das classes.
d) Compreender a existência humana e o saber por meio da análise racional relacionada com a história.
e) Compreender os interesses dos movimentos sociais, tendo como base o olhar dos donos de indústria que participavam da ordem social econômica do período.
2. A ANTROPOLOGIA É UMA CIÊNCIA HUMANA QUE ESTUDA HÁBITOS, GESTOS E EXPRESSÕES QUE SÃO COMPARTILHADOS POR UM GRUPO SOCIAL. DAS OPÇÕES ABAIXO, QUAL CONTEMPLA UM DOS OBJETIVOS DA ANTROPOLOGIA?
a) Entender o funcionamento das relações culturais através de uma análise racional do comportamento humano.
b) Compreender a sociedade, seus elementos e como eles se relacionam.
c) Estudar e compreender a cultura e as diferenças culturais na sociedade.
d) Entender como funcionam as diferenças de classe e de grupos sociais e o impacto disso na sociedade.
e) Estudar as dificuldades de relação cultural entre diferentes povos.
A Sociologia é uma ciência que se ocupa em compreender a sociedade e os elementos que envolvem seu funcionamento: estrutura social, grupos sociais, família, classes sociais e papéis que o indivíduo ocupa na sociedade.
A Antropologia tem como foco hábitos, gestos e expressões que são compartilhados por um grupo social. Dessa forma, os antropólogos estudam a cultura e as diferenças culturais na sociedade. Os estudos do homem pelo homem direcionaram os antropólogos aos estudos das populações mais primitivas, como a indígena ou a população nativa de um determinado território, em busca de entender o homem sem as interferências do desenvolvimento da sociedade.
MÓDULO 2
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Reconhecer as teorias e os conceitos dos principais autores que contribuíram para compreensão da sociedade
TEORIA DO POSITIVISMO
O positivismo é uma teoria derivada no Iluminismo, baseado na ideia de que seria possível estudar a sociedade através dos métodos e regras da Matemática.
A base do pensamento positivista está em buscar explicar um determinado fenômeno através de uma visão geral, uma visão macro da situação. Essa visão é realizada por meio do método de observação, em que a repetição e a constância das ações levam ao padrão.
EXEMPLO
No período do crescimento industrial, Auguste Comte, que era um positivista, tentou explicar a necessidade de mão de obra especializada, em que essa mão de obra seria aquela que faria a mesma ação repetidas vezes.
O positivismo vem mostrando a sua importância e influência desde os meados do século XIX. Seu surgimento foi em meio ao sucesso das ciências naturais e suas pesquisas experimentais, ao passo que o interesse dos cientistas da época pela investigação empírica originou o pensamento de que seria possível resolver questões da sociedade e da ciência única e exclusivamente com o empirismo.
Herbert Spencer, que assim como Comte, foi um dos fundadores do positivismo, defendia a importância de estudos científicos que servissem para atender às necessidades humanas. O positivismo foi a base do pensamento de muitos filósofos de diferentes culturas, mas que possuíam argumentos semelhantes.
Os argumentos do positivismo lógico são os seguintes:
1. Uma proposição é significativa quando é verificada no sentido de que a proposição possa ser julgada provável a partir da experiência.
2. Uma proposição é verificável se é uma proposição empírica ouuma proposição da qual pode ser deduzida uma proposição empírica.
3. A proposição é formalmente significativa só quando é verdadeira, em virtude da definição de seus termos, isto é, se ela for a tautológica. Em outras palavras, em virtude do uso de palavras ou termos diferentes para expressar uma mesma ideia.
4. As leis da lógica e da matemática são tautológicas.
5. Uma proposição é literalmente significativa somente se for verificável ou tautológica.
6. Considerando que as proposições da metafísica não são nem verificáveis, nem tautológicas, elas são literalmente insignificantes.
7. Considerando que as proposições teológica, éticas e estéticas não cumprem as condições, também são insignificantes em termos de conhecimento.
8. Considerando que a metafísica, a ética, a filosofia da religião e a estética são eliminadas, a única tarefa da filosofia é a clarificação e a análise.
O positivismo foi um movimento que enfatizou o método científico como fonte de conhecimento, trazendo distanciamento e diferenças com a metafísica, a religião e as questões que consideram fatos e valores como parâmetros para a busca de conhecimento. Esse posicionamento de defesa à ciência dava-se porque os positivistas entendiam que a metafísica era um absurdo e que o alcance do conhecimento só seria possível através de métodos científicos bem elaborados.
TEORIA DO FUNCIONALISMO
Pense em uma sociedade como um organismo vivo no qual cada parte do organismo contribui com sua sobrevivência. Essa visão é a teoria funcionalista, que enfatiza a maneira pela qual as partes de uma sociedade são estruturadas a fim de manter sua estabilidade.
O objetivo principal do funcionalismo é compreender a sociedade a partir das funções de cada instituição e as causas, principalmente, através de atos sociais que podem ser realizados individualmente ou de maneira coletiva. A teoria funcionalista entende que a sociedade é formada por partes, que possuem funções diferentes e que o funcionamento adequado de cada parte irá garantir o bom funcionamento do todo.
EXEMPLO
A teoria do suicídio de Durkheim é um exemplo clássico do que se conhece hoje por funcionalismo.
As teorias funcionalistas têm quatro características principais:
1. Enfatizam que o comportamento humano é governado por padrões estáveis de relações sociais, ou estruturas sociais. Durkheim chama a atenção para como os padrões de solidariedade social influenciam as taxas de suicídio.
2. As teorias funcionalistas mostram como as estruturas sociais mantêm ou enfraquecem o equilíbrio social. É por essa razão, que os funcionalistas são, às vezes, chamados de funcionalistas estruturais, pois eles analisam como as partes da sociedade (estrutura) se encaixam nas outras e como cada parte contribui para estabilidade do todo.
3. As teorias funcionalistas enfatizam que as estruturas sociais, baseiam-se, principalmente, em valores compartilhados. Quando Durkheim escreveu sobre solidariedade social, por exemplo, algumas vezes, ele fazia referência à frequência e à intensidade da interação social, mas, frequentemente, pensava na solidariedade social como um tipo de cimento moral: valores e crenças compartilhadas mantêm pessoas juntas.
4. O funcionalismo sugere que o restabelecimento do equilíbrio social é a melhor solução para os problemas da sociedade.
(BRYM et al., 2016)
Um dos funcionalistas mais importantes depois de Durkheim foi Talcott Parsons. O teórico, em suas pesquisas, identificou como devemos atuar para garantir o funcionamento da sociedade através do bom funcionamento de várias instituições sociais. Parsons defendia que:
A sociedade encontra-se bem integrada e em equilíbrio quando as famílias educam bem as novas gerações, quando os militares defendem satisfatoriamente a sociedade das ameaças externas, quando as escolas ensinam às crianças as habilidades e valores de que elas precisam para funcionar como adultos produtivos e quando as religiões criam um código moral compartilhado entre as pessoas.
(BRYM, 2016)
Outro autor importante desta teoria é Robert Merton (1910-2003), que, através de seus estudos, sugeriu que as instituições sociais podem gerar desigualdades para grupos desiguais. Merton observou que essas desigualdades podem gerar consequências, chamadas por ele de perturbadoras ou disfuncionais. A disfunção a que ele se refere geraria uma instabilidade social (SCHAEFER, 2006). Os funcionalistas valorizavam a metodologia da observação participante e o trabalho de campo, por entender que esses métodos possibilitavam comprovar a realidade dos fatos em suas manifestações presentes. Essa teoria apresentou muita influência nos anos 60 e 70, mas sofreu muitas críticas de outros pensadores que questionavam o fato de o funcionalismo não conseguir trazer contribuições para as mudanças esperadas na sociedade.
TEORIA DO CONFLITO
A teoria do conflito tem como característica das pesquisas de seus estudiosos o foco nas relações de grandes grupos sociais. Os estudos em sua maioria seguem a linha de raciocínio de Marx e Weber, centrados em analisar questões pertinentes à desigualdade de gênero, classe social e etnia. A Sociologia do conflito tornou-se popular nos anos 60. A dificuldade da teoria do funcionalismo em explicar os problemas de desigualdade na sociedade fez com que muitos sociólogos buscassem a teoria do conflito como base e inspiração para seus estudos.
Os funcionalistas estavam focados em demonstrar a importância da estabilidade das partes para o bem da sociedade
x
Os socialistas da teoria do conflito já buscam desnudar uma sociedade cheia de conflitos internos e de lutas.
O comportamento social, segundo a teoria do conflito, é algo que se compreende melhor quando há um ambiente de concorrência, conflitos e tensão. O ambiente de conflito ao qual os autores se referem não será necessariamente um local com lutas corporais e violento. Esse ambiente pode se manifestar através de negociação trabalhista, divergências religiosas e discussões políticas.
A teoria do conflito apresenta os seguintes argumentos em sua base:
1. Geralmente, concentra-se nas estruturas grandes, macrossociais, tais como relações de classe ou padrões de dominação, submissão e luta entre indivíduos de posições sociais altas e baixas.
2. A teoria do conflito mostra como padrões de desigualdade na sociedade produzem estabilidade social em certas circunstâncias e mudança social em outras.
3. A teoria do conflito enfatiza como os membros de grupos privilegiados tentam manter suas vantagens, enquanto grupos subordinados lutam para aumentar as suas. Desse ponto de vista, as condições sociais em um dado período de tempo são a expressão de uma luta por poder contínua entre grupo de privilégio.
4. A teoria do conflito tipicamente sugere que a eliminação dos privilégios diminuirá o grau de conflito e aumentará o bem-estar humano total.
Baseada nas insatisfações sociais, a teoria do conflito teve origem com Karl Marx, que, em meio à Revolução Industrial, observou o aumento da pobreza e o descontentamento da população e elaborou um argumento sobre como as sociedades se desenvolvem. Marx observou que os grandes donos das indústrias da época estavam focados e preocupados em adquirir novas máquinas e métodos de trabalho para melhorar a produção e os lucros e, consequentemente, acabar com os concorrentes que não conseguiram acompanhar esse desenvolvimento tecnológico. Em contrapartida a esse avanço na produção, os proprietários capitalistas não demonstravam preocupação com o ambiente e as condições de trabalho, salários e melhorias.
A T E N Ç Ã O !!!!!!!!!
Marx acreditava que, em algum momento da história, essas organizações procurariam pôr fim à propriedade privada, substituindo-a por um sistema no qual todos dividiriam a propriedade e a riqueza: a sociedade comunista.
Logo em seguida às ideias de Marx, o estudioso Weber, que também era um adepto da teoria dos conflitos, destacou algumas falhas nas argumentações de Marx sobre o fim do capitalismo e observou uma movimentação contrária de crescimento efortalecimento do setor industrial aquecendo a economia.
Weber também demonstrou através de seus estudos que, não apenas os conflitos entre as classes sociais moviam a sociedade, mas também, para ele, os conflitos religiosos e políticos faziam parte desse movimento.
TEORIA INTERACIONISTA
Trabalhadores que interagem no seu trabalho, pessoas que se encontram em locais públicos, como paradas de ônibus e parques, o comportamento em pequenos grupos, todos esses aspectos da microssociologia chamam a atenção dos interacionistas. Enquanto os teóricos funcionalistas e de conflito analisam os padrões de comportamento da sociedade em larga escala, os teóricos interacionistas generalizam sobre formas diárias de interação social para explicar a sociedade como um todo.
Ao reconhecer essas questões, alguns sociólogos se concentraram no aspecto subjetivo da vida social. Ao fazê-lo, estão trabalhando em uma teoria interacionista, que inclui o interacionismo simbólico, mas não se restringe a ele. É o caso da perspectiva dramatúrgica do sociólogo Erving Goffman (1922-1982), um dos interacionistas mais influentes. Em sua teoria, as pessoas são vistas como atores no palco, ele compara a vida diária a um cenário de teatro e ao palco.
O interacionismo incorpora as seguintes características:
1. Concentra-se na comunicação interpessoal em ambiente microssociais, o que o distingue tanto do funcionalismo quanto da teoria de conflito.
2. Enfatiza que a vida social só é possível na medida em que as pessoas atribuem significado às coisas. Uma explicação adequada do comportamento social requer a compreensão dos significados subjetivos que as pessoas associam as suas circunstâncias sociais.
3. Insiste no fato de que as pessoas ajudam a criar suas circunstâncias sociais e não simplesmente reagem a elas. Goffman, por exemplo, analisou as diversas maneiras como as pessoas se apresentam uma as outras na vida cotidiana de forma a aparecerem da melhor forma possível. Goffman comparava a interação social a uma peça cuidadosamente encenada, completa, com um palco, um cenário, papéis definidos e diversos adereços.
4. Ao se concentrar nos significados subjetivos que as pessoas criam em pequenos ambientes sociais, os interacionistas às vezes acabam por validar pontos de vista não oficiais ou impopulares, o que pode aumentar nossa compreensão e tolerância em relação a pessoas que podem ser diferentes de nós.
O interacionismo é uma estrutura sociológica para observar os seres humanos como seres que vivem em um mundo de objetos com significados. Esses objetos podem incluir coisas materiais, ações, outras pessoas, relacionamentos e símbolos. Pelo fato de os interacionistas considerarem os símbolos uma parte especialmente importante da comunicação humana, a perspectiva interacionista é, às vezes, chamada de teoria interacionista simbólica. Isto é, os membros de uma sociedade compartilham os significados sociais dos símbolos.
Enquanto as abordagens funcionalistas e de conflito começaram na Europa, o interacionismo se desenvolveu primeiro nos Estados Unidos. George Herbert Mead (1863-1931) é considerado o fundador da perspectiva interacionista. Sua análise sociológica focava nas interações humanas em situações de dois indivíduos ou de pequenos grupos.
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Mead estava interessado em observar as formas sutis de comunicação (sorrisos e testas franzidas, por exemplo) e entender o quanto os comportamentos individuais são influenciados por um contexto maior de um grupo ou sociedade.
À medida que os ensinamentos de Mead foram se tornando mais conhecidos, os sociólogos começaram a demonstrar interesse pela teoria interacionista. Muitos se distanciaram do que pode ter sido uma preocupação excessiva com o nível de larga escala do comportamento social e tinham redirecionado a atenção para o comportamento que ocorre em pequenos grupos.
TEORIA FEMINISTA
A teoria feminista começou a ganhar espaço entre as outras teorias e o reconhecimento de outros sociólogos apenas da década de 70. Como a teoria feminista também atua com o tema da desigualdade, muitos acabam associando-a à teoria do conflito. Na verdade, isso também se deve ao fato de que a teoria feminista se baseia muito nos trabalhos de Marx e Engels para argumentar que muito do que se vê de subordinação feminina está ligado ao modelo capitalista.
O foco dos estudos da teoria feminista são as injustiças sofridas pelo público feminino e como a sociedade reage a essas injustiças.
Ida Wells Barnett (1862-1931) foi uma teórica feminista que, em seus escritos e publicações na década de 1890, trazia à tona a luta pelos direitos das mulheres, e ficou conhecida como “advogada da campanha de direitos das mulheres”. A autora também abordava as injustiças sofridas por negros norte-americanos, que eram frequentemente linchados.
Devido à falta de oportunidades para que as mulheres cursassem o nível superior, poucas foram as mulheres que alcançaram destaque na história da Sociologia. Seu papel enquanto mulher estava fadado a atender às atividades domésticas e familiares. Em consequência desse arranjo social, poucas mulheres conseguiram contribuir efetivamente para a construção da Sociologia. As mulheres que conseguiram deixar seu nome e contribuição na história da Sociologia tinham estilos de vida incomum às outras da época. Dentre as que conseguiram ocupar esse espaço, o foco de estudo era as questões relacionadas ao gênero, que, em teorias anteriores, foram ignoradas por estudiosos como Weber, Durkheim, Marx e Mead.
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Apesar da agitação inicial, o pensamento feminista teve relativamente pouco impacto sobre a Sociologia até meados da década de 1960, quando o surgimento do movimento feminista moderno chamou a atenção para muitas das desigualdades que ainda existiam entre homens e mulheres.
A teoria feminista possui as seguintes características:
1. A teoria feminista concentra-se nos diversos aspectos do patriarcalismo, isto é, o sistema de dominação masculina na sociedade. O patriarquismo conforme as feministas argumentam, é tão ou mais importante do que as desigualdades de classe na determinação das oportunidades que uma pessoa tem na vida.
2. A teoria feminista sustenta que a dominação masculina e a subordinação feminina não são determinadas biologicamente, mas decorrem de estruturas de poder e de convenções sociais. A partir desse ponto de vista, as mulheres são subordinadas aos homens apenas porque os homens desfrutam de mais direitos legais, econômicos, políticos e culturais.
3. A teoria feminista examina como o patriarcalismo funciona nos níveis micro e macrossociais.
4. A teoria feminista argumenta que os padrões existentes de desigualdade de gênero podem e devem ser mudados para o benefício de todos os membros da sociedade. As principais fontes de desigualdade de gênero incluem as maneiras como meninos e meninas são educados, barreiras em relação a oportunidades iguais de educação, trabalho remunerado e política, assim como uma divisão desigual de responsabilidades domésticas entre homens e mulheres.
Usualmente conhecida como uma das primeiras feministas e primeira socióloga, Harriet Martineau (1802-1876) nasceu na Inglaterra, não se casou e trabalhava como jornalista. Com esse emprego, ela conseguia se sustentar e, como dito, foi uma das mulheres que conseguiu esse feito devido a uma vida incomum. Martineau realizou a tradução da obra de Comte para o inglês e foi uma das pioneiras na escrita de livros sobre metodologias de pesquisa, defendeu os direitos das mulheres ao voto e ao acesso à educação de nível superior. Ainda, realizou estudos para criticar a escravidão, as leis praticadas nas fábricas e a desigualdade de gênero.
A representatividade das mulheres na Sociologia e a defesa de seus discursos em defesa do feminismo contribuíram para a compreensão e o respeito da sociedade. A pauta feminina possibilitou discussões mais amplas sobre o comportamento social. A luta feminista nessa época desafiou o que estava posto sobre o papel damulher e do homem, onde o status social de uma família era dosado apenas pela renda masculina. Além de ressignificar esses lugares, elas reivindicavam uma sociedade onde a visibilidade das contribuições das mulheres fosse tão relevante quanto a dos homens.
A teoria feminina apresentou aos sociólogos novas pistas sobre o comportamento social familiar. Por exemplo, pesquisas antigas sobre o crime, raramente consideravam as mulheres e, quando faziam, tendiam a focalizar crimes cometidos por mulheres, como furtar em lojas. Tal visão tendia a ignorar o papel que as mulheres desempenham em todos os tipos de crimes. A pesquisa feita por Meda Chesney-Lind e Noelie Rodriguez (1993) mostrou que quase todas as mulheres presidiárias tinham sofrido abuso físico ou sexual quando eram jovens e a metade delas havia sido estuprada. As contribuições de ambas as feministas e estudiosas das minorias enriqueceram todas as teorias sociológicas.
Verificando o aprendizado
1. (ENEM/2016) A SOCIOLOGIA AINDA NÃO ULTRAPASSOU A ERA DAS CONSTRUÇÕES E DAS SÍNTESES FILOSÓFICAS. EM VEZ DE ASSUMIR A TAREFA DE LANÇAR LUZ SOBRE UMA PARCELA RESTRITA DO CAMPO SOCIAL, ELA PREFERE BUSCAR AS BRILHANTES GENERALIDADES EM QUE TODAS AS QUESTÕES SÃO LEVANTADAS SEM QUE NENHUMA SEJA EXPRESSAMENTE TRATADA. NÃO É COM EXAMES SUMÁRIOS E POR MEIO DE INTUIÇÕES RÁPIDAS QUE SE PODE CHEGAR A DESCOBRIR AS LEIS DE UMA REALIDADE TÃO COMPLEXA. SOBRETUDO, GENERALIZAÇÕES, ÀS VEZES TÃO AMPLAS E TÃO APRESSADAS, NÃO SÃO SUSCETÍVEIS DE NENHUM TIPO DE PROVA.
O TEXTO EXPRESSA O ESFORÇO DE ÉMILE DURKHEIM EM CONSTRUIR UMA SOCIOLOGIA COM BASE NA:
a) Vinculação com a filosofia como saber unificado.
b) Reunião de percepções intuitivas para demonstração.
c) Formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social.
d) Adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais.
e) Incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político.
2. MAX WEBER, UM DOS FUNDADORES DA SOCIOLOGIA, TINHA AMPLO CONHECIMENTO EM MUITAS ÁREAS AFINS A ESSA CIÊNCIA, TAIS COMO: ECONOMIA, DIREITO E FILOSOFIA. ASSIM, AO ANALISAR O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO MODERNO, BUSCOU ENTENDER A NATUREZA E AS CAUSAS DA MUDANÇA SOCIAL. EM SUA OBRA, ELE DESENVOLVEU ALGUNS CONCEITOS FUNDAMENTAIS, OU SEJA:
a) Tipo ideal
b) Suicídio
c) Anomia
d) Fato social
e) Ação racional
f) Parte inferior do formulário
Para Durkheim, o método científico deve ser o mesmo, independentemente da área de atuação. Os fatos sociais (coisas) devem ser analisados com o mesmo distanciamento e a mesma imparcialidade que os objetos de estudo das ciências naturais.
Weber desenvolveu o conceito de tipo ideal, onde este seria um modelo para avaliar casos específicos, baseado no olhar generalista sobre o que seria um modelo para determinada situação.

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