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AAP - Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio

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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM PROCESSO
Língua Portuguesa
3ª série do Ensino Médio Turma _________________________
2º Bimestre de 2018 Data _______ / _______ / _______
Escola _______________________________________________________________________
Aluno ______________________________________________________________________
 
 
 
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM PROCESSO 
Língua Portuguesa 
3ª série do Ensino Médio Turma ___________________ 
2º Bimestre de 2018 Data ______ / ______ / ______ 
Escola ________________________________________________ 
Aluno ________________________________________________ 
 
 
 
 
 
Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio 
 
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2 Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
Leia o texto e responda à questão 01.
Madrigal Lúgubre 
Carlos Drummond de Andrade
Em vossa casa feita de cadáveres,
ó princesa! ó donzela!
em vossa casa, de onde o sangue escorre,
quisera eu morar.
Cá fora é o vento e são as ruas varridas de pânico,
e o jornal sujo embrulhando fatos, homens e comida guardada.
Dentro, vossas mãos níveas e mecânicas tecem algo parecido com um véu.
O mundo, sob a neblina que criais, torna-se de tal modo espantoso
que o vosso sono de mil anos se interrompe para admirá-lo.
Princesa: acordada sois mais bela, princesa.
E já não tendes o ar contrariado dos mortos à traição.
Arrastar-me-ei pelo morro e chegarei até vós.
[...] é tempo de guerra [...]
Não vos direi dos meninos mortos
(nem todos mortos é verdade, 
alguns, apenas mutilados).
Tampouco vos contarei a história
algo monótona talvez
dos mil e oitocentos atropelados
no casamento do rei da Ásia.
Algo monótono... Ásia monótona...
Se bocejardes, minha cabeça
cairá por terra, sem remissão.
Sutil flui o sangue das escadarias.
Ah, esses cadáveres não deixam
conciliar o sono, princesa? [...]
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3Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
[...] Princesa, os mortos! Gritam os mortos!
querem sair! querem romper!
Tocai tambores, tocai trombetas,
imponde silêncio, enquanto fugimos!
[...] Adeus, princesa, até outra vida.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Madrigal Lúgubre In: Sentimento de Mundo. 1. ed. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2012. p. 63-64. (adaptado)
Questão 1
No poema, a palavra “cadáveres” é sinônimo de corpos
(A) sinistros.
(B) pavorosos 
(C) mortos.
(D) mutilados.
(E) atropelados.
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4 Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
Leia o texto e responda às questões 02, 03 e 04.
Mayombe
Pepetela
[...]
A refeição foi comum: arroz com feijão e depois peixe, que Lutamos e um 
trabalhador apanharam no rio Lombe. Os trabalhadores não tentavam fugir, se 
bem que mil ocasiões se tivessem apresentado durante a marcha. Sobretudo 
quando Milagre caiu com a bazuka e os guerrilheiros vieram ver o que se 
passara; alguns trabalhadores tinham ficado isolados e sentaram-se, à espera 
dos combatentes, sem escaparem. A confiança provocava conversas animadas.
Aproveitando algumas informações colhidas, o Comissário falou para os 
trabalhadores, enquanto os garfos levavam o arroz com feijão ao seu destino.
— Vocês ganham vinte escudos por dia, para abaterem as árvores a machado, 
marcharem, marcharem, carregarem pesos. O motorista ganha cinquenta escudos 
por dia, por trabalhar com a serra. Mas quantas árvores abate por dia a vossa 
equipa? Umas trinta. E quanto ganha o patrão por cada árvore? Um dinheirão. 
O que é que o patrão faz para ganhar esse dinheiro? Nada, nada. Mas é ele que 
ganha. E o machado com que vocês trabalham nem sequer é dele. É vosso, 
que o compram na cantina por setenta escudos. E a catana é dele? Não, vocês 
compram-na por cinquenta escudos. Quer dizer, nem os instrumentos com que 
vocês trabalham pertencem ao patrão. Vocês são obrigados a comprá-los, são 
descontados do vosso salário no fim do mês. As árvores são do patrão? Não. São 
vossas, são nossas, porque estão na terra angolana. Os machados e as catanas 
são do patrão? Não, são vossos. O suor do trabalho é do patrão? Não, é vosso, 
pois são vocês que trabalham. Então, como é que ele ganha muitos contos por 
dia e a vocês dá vinte escudos? Com que direito? Isso é exploração colonialista. 
O que trabalha está a arranjar riqueza para o estrangeiro, que não trabalha. O 
patrão tem a força do lado dele, tem o exército, a polícia, a administração. É com 
essa força que ele vos obriga a trabalhar, para ele enriquecer. Fizemos bem ou 
não em destruir o buldózer?
— Fizeram bem – responderam os trabalhadores.
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5Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
— E esta serra mecânica, a quem é que ela pertence verdadeiramente? O patrão 
comprou-a aos alemães, mas onde arranjou dinheiro para comprá-la? Quem 
explorou ele para comprar esta serra? Respondam.
— Aos trabalhadores – respondeu o jovem António. [...]
PEPETELA, pseud. Mayombe. Publicações D. Quixote Ltda. 5 ed.. Lisboa, Portugal: 1980. pp. 20-
21. Disponível em: <https://farofafilosofica.files.wordpress.com/2016/10/mayombe-livro-pepetela.
pdf>. Acesso em: 07 abr. 2018.
Vocabulário
ba·zu·ca (inglês bazooka) substantivo feminino
1. Arma portátil, em forma de tubo, que serve para lançar foguetes anticarro.
“bazuca”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, 
<https://www.priberam.pt/dlpo/bazuca> Acesso em: 06 abr. 2018.
bul·dô·zer (inglês bulldozer) substantivo masculino
1. Engenho de terraplenagem essencialmente constituído por um .trator de 
lagartas, na frente do qual está montada uma fortíssima lâmina de aço que se 
eleva ou abaixa cavando o terreno. (Emprega-se também para arrotear, abater 
árvores, nivelamentos, aterros, etc.)
Plural: buldôzeres.
• Grafia em Portugal: buldózer.
“buldozer”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, 
<https://www.priberam.pt/dlpo/buldozer> Acesso em: 06 abr. 2018.
ca·ta·na (japonês katana) substantivo feminino
1. Sabre longo de origem japonesa.
2. Pequena espada curva bigume muito utilizada pelos indígenas em África.
3. Espada, com bainha de madeira, usada em Timor.
“catana”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, 
<https://www.priberam.pt/dlpo/catana> Acesso em: 09 abr. 2018.
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6 Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
Questão 02
No trecho do romance “Mayombe”, do autor angolano Pepetela, o tema é: 
(A) A conversa do Comissário com os trabalhadores enquanto comiam.
(B) O isolamento de alguns guerrilheiros antes de voltarem ao rio Lombe.
(C) A falta de segurança dos combatentes e dos nativos durante a marcha.
(D) As árvores derrubadas pelos trabalhadores e vendidas pelos patrões.
(E) Os instrumentos usados pelos trabalhadores para abaterem as árvores.
Questão 03
No excerto de “Mayombe”, há referências 
(A) à riqueza dos trabalhadores angolanos apreendidos e dominados pelos 
guerrilheiros.
(B) às diferenças sociais por causa da exploração dos trabalhadores pelos 
colonizadores.
(C) aos receios da população quanto aos ideais de libertação propostos pelos 
combatentes.
(D) ao ideal nacionalista dos trabalhadores angolanos de classes sociais 
diversas.
(E) à igualdade de condições entre as pessoas com origens culturais de 
diferentes povos da região. 
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7Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
Questão 04
Conforme se nota no trecho de “Mayombe”, Pepetela utiliza, na fala do Comissário, 
uma linguagem caracterizada pela escolha de palavras
(A) incompreensíveis por parte dos trabalhadores de baixaescolaridade.
(B) carregadas de ideologia para difundir os objetivos dos guerrilheiros.
(C) próprias dos povos cultos de Angola onde se passa o conflito narrado.
(D) sofisticadas do vocabulário das populações da região do rio Lombe.
(E) difíceis de entender por serem de dialetos angolanos em extinção.
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8 Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
Leia o texto e responda às questões 05, 06 e 07.
Triste, Louca Ou Má
Composição: Juliana Strassacapa
Interpretação: Francisco, El Hombre
Triste louca ou má
Será qualificada
Ela quem recusar
Seguir receita tal
A receita cultural
Do marido, da família
Cuida, cuida da rotina
Só mesmo rejeita
Bem conhecida receita
Quem não sem dores
Aceita que tudo deve mudar
Que um homem não te define
Sua casa não te define
Sua carne não te define
Você é seu próprio lar
Um homem não te define
Sua casa não te define
Sua carne não te define
Ela desatinou
Desatou nós
Vai viver só
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9Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
Eu não me vejo na palavra
Fêmea: Alvo de caça
Conformada vítima
Prefiro queimar o mapa
Traçar de novo a estrada
Ver cores nas cinzas
E a vida reinventar
E um homem não me define
Minha casa não me define
Minha carne não me define
Eu sou meu próprio lar
Ela desatinou
Desatou nós
Vai viver só
STRASSACAPA, Juliana. Triste, louca ou má. Disponível em: <https://www.letras.com/francisco-
-el-hombre/triste-louca-ou-ma/>. Acesso em: 10 abr. 2018.
Questão 05
Em “Eu não me vejo na palavra/ Fêmea: Alvo de caça”, a autora usou os dois 
pontos (:) para
(A) expor o complemento verbal.
(B) indicar o adjunto adnominal.
(C) destacar o objeto direto.
(D) introduzir o aposto.
(E) enfatizar o sujeito.
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10 Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
Questão 06
O tema da canção “Triste, louca ou má” é
(A) a imposição da figura feminina visando a preservação da felicidade no 
casamento.
(B) o confronto em situações familiares em que há domínio feminino e desrespeito 
nas relações.
(C) a trajetória de uma mulher que corajosamente reage contra o machismo 
imposto culturalmente.
(D) o relacionamento abusivo que se torna insuportável à mulher por causa dos 
ciúmes doentios.
(E) a fuga das responsabilidades da rotina doméstica, conforme determina a 
cultura machista.
Questão 07 
Em “Ela desatinou/Desatou nós/Vai viver só.”, a escolha das palavras utilizadas 
nesses versos colabora para
(A) demonstrar maior abrangência de significado graças ao uso de sinônimos. 
(B) ressaltar a postura do eu lírico ao recusar-se a viver sozinho em meio às 
adversidades.
(C) sinalizar menor comprometimento do eu lírico quanto à solidão e ao 
abandono.
(D) garantir a sonoridade e a coesão de sentido com o trocadilho repleto de 
significado.
(E) demonstrar a força do vocabulário empregado com duplo sentido.
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11Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
Leia o texto e responda às questões 08 e 09.
Apólogo Brasileiro sem Véu de Alegoria
Alcântara Machado
O trenzinho recebeu em Magoarí o pessoal do matadouro e tocou para Belém. 
Já era noite. Só se sentia o cheiro doce do sangue. As manchas na roupa dos 
passageiros ninguém via porque não havia luz. De vez em quando passava uma 
fagulha que a chaminé da locomotiva botava. E os vagões no escuro.
Trem misterioso. Noite fora, noite dentro. O chefe vinha recolher os bilhetes de 
cigarro na boca. Chegava a passagem bem perto da ponta acesa e dava uma 
chupada para fazer mais luz. Via mal e mal a data e ia guardando no bolso. 
Havia sempre uns que gritavam:
— Vai pisar no inferno!
Ele pedia perdão (ou não pedia) e continuava seu caminho. Os vagões 
sacolejando.
O trenzinho seguia danado para Belém porque o maquinista não tinha jantado 
até aquela hora. Os que não dormiam aproveitando a escuridão conversavam e 
até gesticulavam por força do hábito brasileiro. Ou então cantavam, assobiavam. 
Só as mulheres se encolhiam com medo de algum desrespeito.
Noite sem lua nem nada. Os fósforos é que alumiavam um instante as caras 
cansadas e a pretidão feia caía de novo. Ninguém estranhava. Era assim mesmo 
todos os dias. O pessoal do matadouro já estava acostumado. Parecia trem de 
carga o trem de Magoarí. [...]
Disponível em: <http://www.releituras.com/amachado_apologo.asp>. Acesso em: 30 abr. 2018.
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12 Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
Questão 08
Em “De vez em quando passava uma fagulha que a chaminé da locomotiva 
botava.”, o vocábulo fagulha pode ser substituído por
(A) faísca.
(B) fumaça.
(C) poeira.
(D) mancha.
(E) labareda.
Questão 09
No trecho de “Apólogo brasileiro sem véu de alegoria”, há aspectos de crítica 
social em linguagem despretensiosa e coloquial, evocando o nacionalismo e a 
ruptura com os padrões clássicos, característicos do
(A) Simbolismo.
(B) Realismo.
(C) Parnasianismo.
(D) Romantismo.
(E) Modernismo.
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13Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
Leia o texto e responda às questões 10, 11 e 12.
Vidas Secas
Graciliano Ramos
[...]
- Um homem, Fabiano.
Coçou o queixo cabeludo, parou, reacendeu o cigarro. Não, provavelmente 
não seria homem: seria aquilo mesmo a vida inteira, cabra, governado pelos 
brancos, quase uma rês na fazenda alheia. Mas depois? Fabiano tinha a certeza 
de que não se acabaria tão cedo. Passara dias sem comer, apertando o cinturão, 
encolhendo o estômago. Viveria muitos anos, viveria um século. Mas se morresse 
de fome ou nas pontas de um touro, deixaria filhos robustos, que gerariam outros 
filhos.
Tudo seco em redor. E o patrão era seco também, arreliado, exigente e ladrão, 
espinhoso como um pé de mandacaru. Indispensável os meninos entrarem 
no bom caminho, saberem cortar mandacaru para o gado, consertar cercas, 
amansar brabos. Precisavam ser duros, virar tatus. Se não calejassem, teriam o 
fim de seu Tomás da bolandeira. Coitado. Para que lhe servira tanto livro, tanto 
jornal? Morrera por causa do estômago doente e das pernas fracas.
Um dia... Sim, quando as secas desaparecessem e tudo andasse direito... Seria 
que as secas iriam desaparecer e tudo andar certo? Não sabia. Seu Tomás da 
bolandeira é que devia ter lido isso. Livres daquele perigo, os meninos poderiam 
falar, perguntar, encher-se de caprichos. Agora tinham obrigação de comportar-
se como gente da laia deles. [...]
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Disponível em: <https://revistavivelatinoamerica.
com/2017/01/26/vidas-secas-de-graciliano-ramos-em-pdf/>. (p. 12) Acesso em: 13 abr. 2018.
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14 Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
Vocabulário
bo·lan·dei·ra substantivo feminino
1. Roda que transmite o movimento às moendas do engenho de açúcar.
2. [Brasil] Aparelho para descaroçar algodão.
“bolandeira”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-
2013, <https://www.priberam.pt/dlpo/bolandeira>. Acesso em: 13 abr. 2018.
rês (árabe ras, cabeça) substantivo feminino
1. Qualquer quadrúpede que, depois de abatido, é usado para a alimentação 
humana.
“rês”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, 
<https://www.priberam.pt/dlpo/res>. Acesso em: 13 abr. 2018.
Questão 10
Em “Para que lhe servira tanto livro, tanto jornal?”, o autor usou o ponto de 
interrogação (?) para
(A) fazer uma pergunta ao personagem Fabiano.
(B) indicar sua admiração por seu Tomás da bolandeira.
(C) mostrar a dúvida do narrador sobre a morte do personagem.
(D) expressar um questionamento do narrador sobre o valor de ser letrado.(E) enfatizar uma pausa para transformar o personagem Fabiano em herói do 
sertão.
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15Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
Questão 11
No trecho transcrito de “Vidas Secas”, há características da família de Fabiano, 
como um grupo de seres humanos
(A) habitantes da região litorânea do Nordeste, que perderam seus empregos 
na cidade e estão indo para o sertão.
(B) defensores da exploração do homem pelo homem e do processo de 
desumanização em andamento. 
(C) vencedores e acumuladores de riqueza apesar das dificuldades e 
adversidades causadas pela seca.
(D) retratados psicologicamente em sua condição cultural preservada pelos 
costumes impostos pelos patrões.
(E) pobres, oprimidos e marginalizados cultural e socialmente por um sistema 
excludente e dominado por exploradores.
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16 Avaliação da Aprendizagem em Processo ∙ Prova do Aluno – 3ª série do Ensino Médio
Questão 12
No trecho de “Vidas Secas”, há aspectos do contexto histórico e social 
opressivo da região nordestina, em que vivem os personagens. Nesse retrato, 
feito por Graciliano Ramos de forma concisa, objetiva e clara, são observadas 
características 
(A) de obras da Semana de Arte Moderna. 
(B) da terceira fase do Modernismo Brasileiro.
(C) da segunda fase do Modernismo Brasileiro.
(D) do Realismo Brasileiro no final do século XIX.
(E) do Parnasianismo no Brasil da década de 1880.
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