Buscar

atualizacao-trf-juiz-federal

Prévia do material em texto

163
QUESTÕES PARA A MAGISTRATURA FEDERAL coMEnTADAS
QUESTÕES DE 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Comentários: Karine da Silva Cordeiro
164
165
QUESTÕES PARA A MAGISTRATURA FEDERAL coMEnTADAS
 TRF - 1ª Região
1) Acerca do poder constituinte, da CF e do 
ADCT, assinale a opção correta. 
A) As normas que versam sobre a interven-
ção federal nos estados e no DF, bem como 
dos estados nos municípios, incluem-se 
entre os chamados elementos de estabili-
zação constitucional. 
B) O poder constituinte originário dá início a 
nova ordem jurídica, e, nesse sentido, todos 
os diplomas infraconstitucionais perdem 
vigor com o advento da nova constituição. 
C) Consideram-se elementos socioideoló-
gicos da CF as normas que disciplinam a 
organização dos poderes da República e o 
sistema de governo. 
D) O ADCT não tem natureza de norma cons-
titucional, na medida em que dispõe sobre 
situações excepcionais e temporárias. 
E) Segundo disposição literal da CF, os 
estados e municípios dispõem do chamado 
poder constituinte derivado decorrente, 
que deve ser exercido de acordo com os 
princípios e regras dessa Carta. 
 
COMENTÁRIO
A) Esta é a assertiva correta. De acordo com 
a classificação de José Afonso da Silva, é 
possível distinguir, na estrutura normativa 
das constituições contemporâneas, cinco 
categorias de elementos: (1) elementos or-
gânicos, contidos nas normas que regulam 
a estrutura do poder; (2) elementos limitati-
vos, que limitam a ação dos poderes estatais 
e dão a tônica do Estado de Direito, mani-
festando-se nas normas que consubstan-
ciam o elenco dos direitos e garantias fun-
damentais; (3) elementos socioideológicos, 
consubstanciados nas normas que revelam 
o caráter de compromisso das constituições 
modernas entre o Estado individualista e o 
Estado Social, intervencionista; (4) elemen-
tos de estabilização constitucional, consa-
grados nas normas destinadas a assegurar a 
solução de conflitos constitucionais, a defesa 
da constituição, do Estado e das instituições 
democráticas, premunindo os meios e técni-
cas contra sua alteração e infringência, e são 
encontrados, entre outros, nos arts. 34 a 36, 
que tratam da intervenção da União nos Es-
tados e no Distrito Federal e da intervenção 
dos Estados em seus municípios e da União 
nos Municípios localizados em Território 
Federal; e (5) elementos formais de aplica-
bilidade, são os que se acham consubstan-
ciados nas normas que estatuem regras de 
aplicação das constituições1. 
 
B) O poder constituinte originário efetiva-
mente dá início à ordem jurídica. No entan-
to isso não significa que todos os diplomas 
infraconstitucionais deixem de vigorar com 
o advento da nova Constituição. Apenas as 
normas materialmente incompatíveis com 
o novo diploma constitucional é que o dei-
xam. Discutiu-se se haveria revogação ou 
inconstitucionalidade superveniente, e o Su-
premo Tribunal Federal decidiu pela tese da 
revogação na ADI 2, reafirmando, sob a égi-
de da Constituição de 1988, orientação ju-
risprudencial já consagrada no regime ante-
rior: “CONSTITUIÇÃO. LEI ANTERIOR 
QUE A CONTRARIE. REVOGAÇÃO. 
INCONSTITUCIONALIDADE SUPER-
VENIENTE. IMPOSSIBILIDADE. (…) O 
vício da inconstitucionalidade é congênito à 
lei e há de ser apurado em face da Constitui-
ção vigente ao tempo de sua elaboração. Lei 
anterior não pode ser inconstitucional em 
relação à Constituição superveniente; nem 
o legislador poderia infringir Constituição 
futura. A Constituição sobrevinda não tor-
na inconstitucionais leis anteriores com ela 
conflitantes: revoga-as.”2 
As normas materialmente compatíveis 
com a nova Constituição são por ela 
recepcionadas e, assim, permanecem 
em vigor. Trata-se do fenômeno da re-
cepção, desenvolvido por Hans Kelsen, 
pelo qual a “nova ordem recebe, i.e., 
adota normas da velha ordem; isso quer 
dizer que a nova ordem dá validade (co-
loca em vigor) a normas que possuem o 
mesmo conteúdo que normas da velha 
1 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 34. 
ed., rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2011. p. 44-45. 
2 ADI 2, Relator Ministro Paulo Brossard, Tribunal Pleno, julgado 
em 06/02/1992, DJ 21/11/1997.
166
ordem. A ‘recepção’ é um procedimento 
abreviado de criação de Direito”3.
Vale lembrar que a incompatibilidade me-
ramente formal não interfere na recepção 
do ato normativo pela novel ordem consti-
tucional. O Código Tributário Nacional, por 
exemplo, foi recepcionado pela Constituição 
de 1988, embora esta exija lei complementar 
para estabelecer normas gerais em matéria 
de legislação tributária (art. 146, inciso III), 
e aquele seja fruto de lei ordinária. 
C) Como referido acima, seguindo a clas-
sificação de José Afonso da Silva, os ele-
mentos socioideológicos da Constituição 
são as normas que “revelam o caráter de 
compromisso das constituições modernas 
entre o Estado individualista e o Estado So-
cial, intervencionista, como as do Capítulo 
II do Título II, sobre os Direitos Sociais, e 
as dos Títulos VII (Da Ordem Econômica e 
Financeira) e VIII (Da Ordem Social)”4. As 
normas que disciplinam a organização dos 
poderes da República e o sistema de gover-
no constituem os elementos orgânicos da 
Constituição. 
D) Embora disponham sobre situações ex-
cepcionais e temporárias, as normas do 
ADCT são normas constitucionais com 
mesmo status jurídico das normas do texto 
permanente da Constituição. Conforme de-
cidiu o Supremo Tribunal Federal no RE 
160.4865, o ADCT “qualifica-se, juridica-
mente, como um estatuto de índole consti-
tucional. A estrutura normativa que nele se 
acha consubstanciada ostenta, em conse-
qüência, a rigidez peculiar às regras inscri-
tas no texto básico da Lei Fundamental da 
República. Disso decorre o reconhecimento 
de que inexistem, entre as normas inscritas 
no ADCT e os preceitos constantes da Carta 
Política, quaisquer desníveis ou desigual-
3 KELSEN, Hans. Teoria geral do Direito e do Estado. Tradução de 
Luís Carlos Borges. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 172.
4 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 34. 
ed., rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2011. p. 44-45.
5 RE 160.486, Relator Ministro Celso de Mello, Primeira Turma, 
julgado em 11/10/1994, DJ 09/06/1995.
dades quanto à intensidade de sua eficácia 
ou à prevalência de sua autoridade. Situam-
-se, ambos, no mais elevado grau de posi-
tividade jurídica, impondo-se, no plano do 
ordenamento estatal, enquanto categorias 
normativas subordinantes, à observância 
compulsória de todos, especialmente dos 
órgãos que integram o aparelho de Estado”. 
Na ADI 8306, o Supremo Tribunal Federal 
explicitou que, “contendo as normas cons-
titucionais transitórias exceções à parte per-
manente da constituição, não tem sentido 
pretender-se que o ato que as contém seja 
independente desta, até porque é da natureza 
mesma das coisas que, para haver exceção, 
é necessário que haja regra, de cuja existên-
cia aquela, como exceção, depende. A enu-
meração autônoma, obviamente, não tem o 
condão de dar independência àquilo que, por 
sua natureza mesma, é dependente”.
E) Pela disposição literal do art. 25 da CF, 
o poder constituinte derivado decorrente de 
que dispõem os Estados deve ser exercido 
de acordo com os princípios daquela Car-
ta, sem referir a expressão regras: “Art. 25. 
Os Estados organizam-se e regem-se pelas 
Constituições e leis que adotarem, observa-
dos os princípios desta Constituição”. Da 
mesma forma, o art. 11 do ADCT estabelece: 
“Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com 
poderes constituintes, elaborará a Constitui-
ção do Estado, no prazo de um ano, contado 
da promulgação da Constituição Federal, 
obedecidos os princípios desta”. 
A doutrina entende que os Municípios não 
detêm poder constituinte derivado decor-
rente, na medida em o art. 11do ADCT atri-
buiu tal poder apenas aos Estados, porque os 
Municípios não são regidos por uma consti-
tuição, mas por lei orgânica que não deriva 
de um poder constituinte, e porque a lei or-
gânica está subordinada tanto à Constituição 
Federal como à Estadual. 
Situação mais controversa é a do Distrito 
Federal, haja vista a maior proximidade do 
6 ADI 830, Relator Ministro Moreira Alves, Tribunal Pleno, julgado 
em 14/04/1993, DJ 16/09/1994.
167
QUESTÕES PARA A MAGISTRATURA FEDERAL coMEnTADAS
ente distrital aos Estados-membros do que 
aos Municípios e a subordinação de sua lei 
orgânica apenas à Constituição Federal. O 
Supremo Tribunal Federal já decidiu que a 
Lei Orgânica do Distrito Federal apresenta a 
“natureza de verdadeira Constituição local”. 
A partir daí, parte da doutrina defende que 
o Distrito Federal, assim como os Estados-
-membros, detém poder constituinte deriva-
do decorrente7.
De qualquer forma, ainda que adotado en-
tendimento diverso, a assertiva estaria erra-
da, pois o art. 29 da CF, tal qual o art. 25, não 
menciona a expressão regras: “Art. 29. O 
Município reger-se-á por lei orgânica, vota-
da em dois turnos, com o interstício mínimo 
de dez dias, e aprovada por dois terços dos 
membros da Câmara Municipal, que a pro-
mulgará, atendidos os princípios estabeleci-
dos nesta Constituição, na Constituição do 
respectivo Estado e os seguintes preceitos”.
RESPOSTA: A
2) Assinale a opção correta a respeito da inter-
venção federal e da disciplina constitucional 
sobre os estados-membros e os municípios. 
A) A CF estabelece, de forma enumerada, os 
poderes dos estados e municípios, dispondo 
sobre áreas comuns de atuação administrativa 
paralela entre eles; nesse sentido, pode-se 
dizer que as competências desses entes estão 
taxativamente previstas no texto constitucional. 
B) Os municípios poderão, mediante leis 
aprovadas por suas respectivas câmaras 
municipais, instituir regiões metropolitanas e 
microrregiões, constituídas por agrupamentos 
de municípios limítrofes, com o objetivo de 
oferecer soluções para problemas e carências 
de interesse comum. 
C) Uma das hipóteses que pode ensejar a 
intervenção estadual nos municípios é a falta 
de prestação de contas pelo prefeito municipal. 
D) A intervenção federal nos estados só 
pode ocorrer por iniciativa do Presiden-
te da República e nas hipóteses taxativa-
mente previstas no texto constitucional. 
7 A exemplo de LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 
15. ed., rev. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 180-181.
E) Visando uniformizar tema de interesse 
predominantemente regional, a CF confere aos 
estados a competência de promover o adequado 
ordenamento territorial, mediante planejamento 
e controle do uso, do parcelamento e da ocupa-
ção do solo urbano. 
COMENTÁRIO
A) Diversamente do que consta na asserti-
va, os poderes dos Estados e dos Municípios 
não estão taxativamente previstos no texto 
constitucional. A Constituição enumera os 
poderes da União (arts. 21 e 22); reserva aos 
Estados poderes remanescentes, ou seja, as 
competências que não lhes sejam expressa-
mente vedadas no texto constitucional (art. 
25, § 1º); e atribui aos Municípios poderes 
definidos indicativamente (art. 30)8.
B) De acordo com o art. 25, § 3º, da CF, 
os Estados (e não os Municípios) poderão, 
mediante lei complementar, instituir regiões 
metropolitanas, aglomerações urbanas e mi-
crorregiões, constituídas por agrupamentos 
de municípios limítrofes, para integrar a or-
ganização, o planejamento e a execução de 
funções públicas de interesse comum. 
C) A assertiva está correta, refletindo a pre-
visão expressa do art. 35, inciso II, da CF: 
“Art. 35. O Estado não intervirá em seus 
Municípios, nem a União nos Municípios 
localizados em Território Federal, exceto 
quando: (…) II - não forem prestadas contas 
devidas, na forma da lei;”.
D) A intervenção é medida excepcional, so-
mente admitida nas hipóteses taxativamente 
previstas na Constituição. De outro lado, 
não é verdadeiro que a intervenção federal 
nos Estados só pode ocorrer por iniciativa 
do Presidente da República. Isso depende da 
hipótese que ensejou a decretação da medi-
da, conforme discriminado no art. 36 da CF. 
No caso de intervenção para garantir o livre 
exercício de qualquer dos Poderes nas uni-
8 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 34. 
ed., rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2011. p. 479
168
dades da Federação, a medida pode ocorrer 
por solicitação do Poder Executivo ou do 
Poder Legislativo coacto ou impedido, ou 
de requisição do Supremo Tribunal Federal, 
se a coação for exercida contra o Poder Judi-
ciário. No caso de desobediência à ordem ou 
decisão judicial, a intervenção depende de 
requisição do Supremo Tribunal Federal, do 
Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal 
Superior Eleitoral. E nos casos de interven-
ção para assegurar a observância dos princí-
pios constitucionais sensíveis e de recusa à 
execução de lei federal, a medida depende 
de provimento, pelo Supremo Tribunal Fe-
deral, de representação do Procurador-Geral 
da República.
E) Segundo expressa previsão do art. 30, 
inciso VIII, compete aos Municípios (e não 
aos Estados) promover, no que, couber, o 
adequado ordenamento territorial, mediante 
planejamento e c SILVA, José Afonso da. 
Curso de direito constitucional positivo. 34. 
ed., rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2011.
ontrole de uso, do parcelamento e da ocupa-
ção do solo urbano.
 
RESPOSTA: C
3) Com relação às cláusulas pétreas e às 
normas constitucionais que versam sobre o 
processo legislativo, assinale a opção correta. 
A) O processo legislativo envolve a elabo-
ração de várias espécies normativas, entre 
as quais se incluem as leis delegadas, as 
medidas provisórias, os decretos e os regu-
lamentos. 
B) A forma federativa de Estado e a forma 
republicana de governo constituem limites 
materiais explícitos ao poder de reforma 
constitucional, na medida em que o poder 
constituinte originário deixou assente, de 
modo expresso, a impossibilidade de su-
pressão de tais matérias da normatividade 
constitucional. 
C) Compete ao STF a iniciativa de proposição 
de lei complementar que disponha sobre o 
Estatuto da Magistratura. 
D) São de competência da União as leis 
que disponham sobre a organização admi-
nistrativa e judiciária, matéria tributária e 
orçamentária, serviços públicos e pessoal da 
administração do DF. 
E) Os limites materiais da CF impedem 
emendas que alterem o texto das cláusulas 
pétreas, visto que qualquer alteração nessas 
disposições descaracterizaria o núcleo es-
sencial desenvolvido e explicitado pelo poder 
constituinte originário. 
COMENTÁRIO
A) Nos termos do art. 59 da CF, o proces-
so legislativo compreende a elaboração de 
emendas à Constituição, leis complementa-
res, leis ordinárias, leis delegadas, medidas 
provisórias, decretos legislativos e resolu-
ções. Decretos e regulamentos não são ob-
jeto do processo legislativo.
B) A forma federativa de Estado constitui li-
mite material explícito ao poder de reforma 
constitucional, estando elencada expressa-
mente entre as cláusulas pétreas (art. 60, § 
4º, inciso I, da CF) A forma republicana de 
governo não está prevista no rol do art. 60, § 
4º, da CF e, assim, não é um dos limites ma-
teriais explícitos ao poder de reforma consti-
tucional. Oportuno lembrar que o constituin-
te originário de 1988, no art. 2º do ADCT, 
previu a realização de um plebiscito para 
que o eleitorado definisse a forma (república 
ou monarquia constitucional) e o sistema de 
governo (parlamentarismo ou presidencia-
lismo). A doutrina majoritária entende que, 
realizado o plebiscito e eleita a forma repu-
blicana de governo, esta não pode ser alte-
rada pelo poder reformador, tratando-sede 
autêntico limite material, porém implícito9. 
Além disso, do voto periódico – estabeleci-
do como cláusula pétrea no inciso II do § 4º 
do art. 60 da CF – decorre a obrigatoriedade 
de os mandatos serem periódicos. Assim, 
adverte Gilmar Mendes, uma “emenda não 
está legitimada para transformar cargos po-
9 Cf. SARLET, Ingo Wolfgang. Eficácia dos direitos fundamentais: 
uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva 
constitucional. 10. ed., rev., atual. e amp. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2009. p. 421.
169
QUESTÕES PARA A MAGISTRATURA FEDERAL coMEnTADAS
líticos que o constituinte originário previu 
como suscetíveis de eleição em cargos vitalícios 
ou hereditários. Isso, aliado também à decisão do 
poder constituinte originário colhida nas urnas 
do plebiscito de 1993 sobre a forma de governo, 
gera obstáculo a uma emenda monarquista”10. 
Soma-se ainda o fato de a forma republicana 
configurar princípio constitucional sensível (art. 
34, inciso VII, alínea a). 
C) De acordo com o art. 93 da CF, “Lei 
complementar de iniciativa do Supremo Tri-
bunal Federal, disporá sobre o Estatuto da 
Magistratura”. Correta, portanto, a assertiva.
D) A Constituição confere à União compe-
tência privativa para legislar sobre a organi-
zação judiciária e administrativa do Distrito 
Federal (art. 22, inciso XVII), mas atribui 
competência concorrente à União, aos Esta-
dos e ao Distrito Federal para legislar sobre 
direito tributário e orçamento (art. 24, inci-
sos I e II). Além disso, o Distrito Federal de-
tém as competências legislativas reservadas 
aos Estados e Municípios (art. 32, § 1º), as 
quais naturalmente abrangem, em decorrên-
cia do princípio federativo, a de dispor sobre 
os serviços públicos e pessoal da respectiva 
administração, afinal não existe autonomia 
federativa sem que seja garantida a capa-
cidade normativa de auto-organização e de 
autoadministração. 
Importante registrar que a competência le-
gislativa do Distrito Federal em matéria de 
pessoal restringe-se aos servidores sob regi-
me estatutário, sendo-lhe vedado dispor so-
bre as normas de Direito do Trabalho aplicá-
veis aos empregados celetistas, cuja compe-
tência é da União, conforme jurisprudência 
do Supremo Tribunal Federal11.
E) O objetivo das cláusulas pétreas é prote-
ger a essência do projeto do poder consti-
10 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. 
Curso de direito constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 
145 . . Correta, portanto, a assertiva.”emo Tribunal Federal, disporºa 
rno, gera obst notadamente porque uso, do parcelamento e da ocu
11 V.g. AI 466131 AgR, Relator Min. Ayres Britto, Segunda Turma, 
julgado em 14/12/2010, DJe-052 PUBLIC 21/03/2011.
tuinte originário corporificado na Constitui-
ção, e não o texto das normas constitucio-
nais. Portanto os limites materiais ao poder 
de reforma não impedem meras alterações 
no enunciado das normas constitucionais 
protegidas pelas cláusulas pétreas, e sim as 
propostas de emenda tendente a abolir a 
forma federativa de Estado, o voto direto, 
secreto e universal, a separação dos Poderes 
e os direitos e garantias individuais. Nesse 
sentido, decidiu o Supremo Tribunal Fede-
ral, na ADI 2024, que “as limitações mate-
riais ao poder constituinte de reforma, que o 
art. 60, § 4º, da Lei Fundamental enumera, 
não significam a intangibilidade literal da 
respectiva disciplina na Constituição ori-
ginária, mas apenas a proteção do núcleo 
essencial dos princípios e institutos cuja 
preservação nelas se protege”12. Há quem 
defenda que tende a abolir um bem protegi-
do pelas cláusulas pétreas apenas a emenda 
que atinja o núcleo essencial do princípio em 
questão, e não a que afete os seus elementos 
circunstanciais, de modo que não fica obsta-
culizada a sua regulamentação, alteração e 
mesmo restrição13. 
RESPOSTA: C
4) Acerca da desapropriação por necessida-
de ou utilidade pública, da função social da 
propriedade e do regime das jazidas, assinale 
a opção correta. 
A) O bem particular desapropriado com 
base no interesse social destina-se à ad-
ministração, devendo ser obrigatoriamente 
incorporado ao patrimônio público, vedada 
sua transferência a terceiros. 
B) As jazidas pertencem ao proprietário do 
solo, para efeito de exploração ou aproveita-
mento, sendo-lhe garantida, ainda, a proprie-
dade do produto da lavra. 
C) A propriedade urbana cumpre sua função 
social quando atende às exigências funda-
12 ADI 2024, Relator Ministro Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, 
julgado em 03/05/2007, DJe-042 PUBLIC 22/06/2007.
13 Cf. SARLET, Ingo Wolfgang. Eficácia dos direitos fundamentais: 
uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva 
constitucional. 10. ed., rev., atual. e amp. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2009. p. 421.
170
mentais de ordenação da cidade expressas 
no plano diretor. 
D) Diferentemente da desapropriação por inte-
resse social, o pagamento da desapropriação 
por necessidade ou utilidade pública somente 
é possível mediante títulos da dívida pública. 
E) A política de desenvolvimento urbano é 
atribuição do poder público municipal; por 
isso, compete privativamente aos municípios 
legislar sobre direito urbanístico. 
COMENTÁRIO
A) Como decidiu o Supremo Tribunal Fe-
deral na SS 2.21714, os bens desapropriados 
com base no interesse social “não se desti-
nam à Administração ou a seus delegados, 
mas sim à coletividade ou, mesmo, a certos 
beneficiários que a lei credencia para rece-
bê-los e utilizá-los convenientemente”15. 
Não há obrigatoriedade de incorporação 
desses bens ao patrimônio público e nem é 
vedada sua transferência a terceiros, desde 
que observado o prazo de dez anos. Com 
efeito, o art. 189 da CF estabelece que os be-
neficiários da distribuição de imóveis rurais 
pela reforma agrária receberão títulos de do-
mínio ou de concessão de uso, inegociáveis 
pelo prazo de dez anos. 
Vale lembrar que a Constituição consagra a 
possibilidade de desapropriação por necessi-
dade ou utilidade pública, ou por interesse 
social (art. 5º, inciso XXIV). Nas palavras 
de Hely Lopes Meirelles: “Não pode ha-
ver expropriação por interesse privado de 
pessoa física ou organização particular. O 
interesse há de ser do Poder Público ou da 
coletividade: quando o interesse for do Po-
der Público, o fundamento da desapropria-
ção será necessidade ou utilidade pública; 
quando for da coletividade, será interesse 
social. Daí resulta que os bens expropriados 
por utilidade ou necessidade pública são 
destinados à Administração expropriante ou 
a seus delegados, ao passo que os desapro-
14 Noticiada no Informativo n. 320.
15 Decisão monocrática da lavra do Ministro Maurício Corrêa, 
proferida em 02/09/2003 e publicada no DJU de 09/09/2003. O Agravo 
Regimental interposto contra essa decisão foi julgado prejudicado em 
decisão publicada no DJE de 04/04/2011.
priados por interesse social normalmente se 
destinam a particulares que irão explorá-los 
segundo as exigências da coletividade, em-
bora em atividade de iniciativa privada, ou 
usá-los na solução de problemas sociais de 
habitação, trabalho e outros mais”16. 
B) Por expressa previsão do caput do art. 
176 da CF, as jazidas, em lavra ou não, e 
demais recursos minerais e os potenciais de 
energia hidráulica constituem propriedade 
distinta da do solo, para efeito de exploração 
ou aproveitamento, e pertencem à União (e 
não ao proprietário do solo), garantida ao 
concessionário (e não ao proprietário do 
solo) a propriedade do produto da lavra. Ao 
proprietário do solo é assegurada a partici-
pação nos resultados da lavra, na forma e 
no valor que dispuser a lei (art. 176, § 2º, da 
CF).
C) A assertiva repete a previsão do § 2º do 
art. 182 da CF: “A propriedade urbana cum-
pre sua função social quando atende às exi-
gênciasfundamentais de ordenação da cida-
de expressas no plano diretor”.
D) A regra geral é a de que a desapropriação 
por necessidade ou utilidade pública, ou por 
interesse social, pressupõe justa e prévia in-
denização em dinheiro (art. 5º, inciso, XXIV, 
e art. 182, § 3º, da CF). Constituem exceção 
à regra a desapropriação do imóvel urbano 
não edificado, subutilizado ou não utilizado 
(art. 182, § 4º, inciso III) e a desapropriação 
por interesse social, para fins de reforma 
agrária, de imóvel rural que não esteja cum-
prindo sua função social (art. 184, caput, da 
CF), em que o pagamento da indenização se 
dá em títulos da dívida pública e em títulos 
da dívida agrária, respectivamente. 
E) A política de desenvolvimento urbano 
é executada pelo Poder Público municipal, 
porém em conformidade com diretrizes 
gerais fixadas em lei (art. 182 da CF). E o 
poder de instituir diretrizes para o desenvol-
16 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. 
ed. atual. São Paulo: Editora Malheiros, 1997. p. 519-521.
171
QUESTÕES PARA A MAGISTRATURA FEDERAL coMEnTADAS
vimento urbano inscreve-se na competência 
constitucional da União (art. 21, inciso XX, 
da CF), havendo competência concorrente 
da União, dos Estados e do Distrito Federal 
para legislar sobre direito urbanístico (art. 
24, inciso I, da CF). 
RESPOSTA: C
5) Considerando a disciplina constitucional a 
respeito do controle de constitucionalidade 
das leis e dos atos normativos, assinale a 
opção correta. 
A) A ADI admite a intervenção de terceiros, 
mas a ADC, não. 
B) Uma vez proposta a ADI por omissão, todos 
os demais legitimados podem manifestar-se, 
por escrito, sobre o objeto da ação e pedir a 
juntada de documentos reputados úteis para o 
exame da matéria, no prazo das informações, 
bem como apresentar memoriais. 
C) Sendo a ADPF espécie de controle con-
centrado que visa evitar ou reparar lesão às 
normas que, materialmente constitucionais, 
fazem parte da Constituição formal, e não 
à Constituição em seu conjunto, não cabe 
reclamação para o STF no caso de descum-
primento da decisão. 
D) O STF, seguindo a doutrina constitucional 
majoritária, entende que a ADPF é cabível 
contra ato do poder público de natureza 
administrativa ou normativa, mas não contra 
ato judicial. 
E) A decisão sobre a constitucionalidade ou a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo 
pelo STF está sujeita à manifestação, em um 
ou em outro sentido, de, pelo menos, oito 
ministros, quer se trate de ADI, quer se trate 
de ADC. 
COMENTÁRIO
A) A Lei n. 9.898/99 veda a intervenção de 
terceiros tanto no processo de ADI (art. 7º) 
como no de ADC (art. 18). É importante re-
gistrar que, para a ADI, há previsão expressa 
no art. 7º, § 2º sobre a possibilidade de o re-
lator, considerando a relevância da matéria e 
a representatividade dos postulantes, admitir 
a manifestação de outros órgãos ou entida-
des (cuida-se da figura do amicus curie). O 
mesmo era previsto para a ADC no § 2º do 
art. 18, mas o dispositivo foi vetado. A des-
peito disso, a doutrina defende ser cabível a 
manifestação do amicus curiae, aplicando-
-se à ADC a regra do § 2º do art. 7º, haja 
vista a idêntica natureza das ações17. 
B) Esta é a alternativa correta. Está inscrita 
no art. 12-E, § 1º, da Lei n. 9.868/99 a possi-
bilidade de os legitimados para a propositu-
ra da ADI por omissão se manifestarem, por 
escrito, sobre o objeto da ação e pedirem a 
juntada de documentos reputados úteis para 
o exame da matéria, no prazo das informa-
ções, bem como apresentarem memoriais.
C) A Lei n. 9.882/99, que disciplina o pro-
cesso e julgamento da ADPF, prescreve, em 
seu art. 13, que caberá reclamação contra o 
descumprimento da decisão proferida pelo 
Supremo Tribunal Federal, na forma do seu 
Regimento Interno. Nas palavras de Gilmar 
Ferreira Mendes: “Não há dúvida de que a 
decisão de mérito proferida em ADPF será 
dotada de efeito vinculante, dando azo, por 
isso, à reclamação para assegurar a autorida-
de do Supremo Tribunal Federal”18.
D) O Supremo Tribunal Federal entende 
que a ADPF é cabível contra ato do Poder 
Público de natureza administrativa ou nor-
mativa e, também, contra ato judicial. No 
julgamento da ADPF 10119, em que se dis-
cutia se decisões judiciais que autorizam 
a importação de pneus usados violam os 
preceitos inscritos nos arts. 196 (direito à 
saúde) e 225 (direito ao meio ambiente) da 
CF, o Supremo Tribunal Federal rejeitou a 
preliminar de não cabimento da ação. Votou 
17 Nesse sentido, ver MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo 
Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 6. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2011. p. 145 .
18 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. 
Curso de direito constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
p. 1418.
19 ADPF 101, Relatora Ministra Cármen Lúcia, Tribunal Pleno. O 
julgamento teve início em 11/03/2009, encerrando-se em 24/06/2009. 
O acórdão está pendente de publicação, mas a decisão foi noticiada 
nos Informativos 538 e 552.
172
vencido, no ponto, o Ministro Marco Au-
rélio, entendendo que a jurisdição não 
está incluída na alusão a ato do Poder 
Público contida na parte final do art. 1º 
da Lei n. 9.882/99 e que a ADPF não é 
sucedâneo recursal contra decisões judi-
ciais. Na ADPF 144, a Corte Constitu-
cional decidiu pela “admissibilidade do 
ajuizamento de ADPF contra interpreta-
ção judicial de que possa resultar lesão a 
preceito fundamental”.20
No âmbito doutrinário, Gilmar Ferrei-
ra Mendes leciona: “Pode ocorrer le-
são a preceito fundamental fundada em 
simples interpretação judicial do texto 
constitucional. Nesses casos a contro-
vérsia não tem por base a legitimidade 
ou não de uma lei ou de um ato norma-
tivo, mas se assenta simplesmente na 
legitimidade ou não de uma dada in-
terpretação constitucional. (…) Assim, 
o ato judicial de intepretação direta de 
um preceito fundamental poderá conter 
uma violação da norma constitucional. 
Nessa hipótese, caberá a propositura 
da arguição de descumprimento de pre-
ceito fundamental para afastar a lesão 
a preceito fundamental resultante des-
se ato judicial do Poder Público, nos 
termos do art. 1º da Lei n. 9.882/99.”21
E) De acordo com o art. 23 da Lei n. 
9.868/99, a decisão sobre a constitu-
cionalidade de lei ou ato normativo 
pelo Supremo Tribunal Federal exige 
a manifestação de pelo menos seis (e 
não oito) Ministros, seja no sentido da 
constitucionalidade, seja no da incons-
titucionalidade. É necessário, contudo, 
que estejam presentes pelo menos oito 
Ministros na sessão de julgamento (art. 
22).
RESPOSTA: B
20 ADPF 144, Relator Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, 
julgado em 06/08/2008, DJe-035 PUBLIC 26/02/2010.
21 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. 
Curso de direito constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
p. 1253-1254.
6) Com relação às atribuições e às respon-
sabilidades do presidente da República, ao 
Conselho da República e ao Conselho de 
Defesa Nacional, assinale a opção correta. 
A) Na vigência de seu mandato, o presidente 
da República não poderá ser responsabiliza-
do por atos estranhos ao exercício de suas 
funções, tanto na esfera penal quanto na civil, 
administrativa, fiscal e tributária. 
B) O presidente da República somente poderá 
ser processado por crime de responsabilidade 
após autorização do Senado Federal, pelo 
voto da maioria absoluta de seus membros. 
C) O Conselho de Defesa Nacional é órgão 
de consulta do presidente da República nos 
assuntos relacionados com a soberania 
nacional e a defesa do Estado democrático, 
sendo suas decisões vinculantes nos casos 
que envolvam declaração de guerra e cele-
bração da paz. 
D) Compete ao presidente da República 
nomear dois membros do Conselho da Repú-
blica, órgão superior de consulta convocadoe presidido pelo chefe do Poder Executivo. 
E) O presidente da República possui compe-
tência para dispor, mediante decreto, sobre a 
criação e extinção de órgãos despersonaliza-
dos, mas não de órgãos e entidades dotados 
de personalidade jurídica e capacidade 
processual. 
COMENTÁRIO
A) A regra do art. 86, § 4º, da CF – que 
estabelece que o Presidente da Repúbli-
ca, na vigência de seu mandato, não pode 
ser responsabilizado por atos estranhos ao 
exercício de suas funções – não se aplica a 
situações jurídicas de responsabilidade civil, 
administrativa, fiscal e tributária, conforme 
decidiu o Supremo Tribunal Federal no In-
quérito 67222: “… A norma consubstanciada 
no art. 86, § 4º, da Constituição, reclama e 
impõe, em função de seu caráter excepcio-
nal, exegese estrita, do que deriva a sua ina-
plicabilidade a situações jurídicas de ordem 
22 Inq 672 QO, Relator Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado 
em 16/09/1992, DJ 16/04/1993. No mesmo sentido, AP 305 QO, 
Relator Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 30/09/1992, 
DJ 18/12/1992.
173
QUESTÕES PARA A MAGISTRATURA FEDERAL coMEnTADAS
extrapenal. O Presidente da República não 
dispõe de imunidade, quer em face de ações 
judiciais que visem a definir-lhe a responsa-
bilidade civil, quer em função de processos 
instaurados por suposta prática de infrações 
político-administrativas, quer, ainda, em vir-
tude de procedimentos destinados a apurar, 
para efeitos estritamente fiscais, a sua res-
ponsabilidade tributária”.
B) O art. 86 da CF estabelece que o Pre-
sidente da República somente poderá ser 
processado por crime de responsabilidade 
depois de haver autorização pela Câmara 
dos Deputados (e não Senado Federal), pelo 
voto de 2/3 (e não maioria absoluta) de seus 
membros.
C) O Conselho de Defesa Nacional é órgão 
de consulta do Presidente da República nos 
assuntos relacionados com soberania nacio-
nal e defesa do Estado democrático, caben-
do-lhe, entre outras atribuições, opinar nas 
hipóteses de declaração de guerra e de cele-
bração da paz (art. 91, caput e § 1º, inciso I). 
A declaração de guerra e a celebração da paz 
são da competência privativa do Presidente 
da República (art. 84, incisos XIX e XX, da 
CF). Portanto é evidente que os pareceres do 
Conselho não são vinculantes, revestindo-se 
de caráter meramente opinativo.
D) A assertiva expressa o previsto no art. 
89, caput e inciso VII, da CF: “Art. 89. O 
Conselho da República é órgão superior de 
consulta do Presidente da República, e dele 
participam: (…) VII - seis cidadãos brasilei-
ros natos, com mais de trinta e cinco anos de 
idade, sendo dois nomeados pelo Presidente 
da República …”. Além disso, o art. 84 da 
CF estabelece ser competência privativa do 
Presidente da República nomear membros 
do Conselho da República, nos termos do 
art. 89, VII (inciso XVII), e convocar e pre-
sidir o Conselho da República e o Conselho 
de Defesa Nacional (inciso XVIII).
E) A assertiva está em desacordo com a 
previsão do art. 84, inciso VI, alínea a, da 
CF: “Art. 84. Compete privativamente ao 
Presidente da República: (…) VI - dispor, 
mediante decreto, sobre: a) organização e 
funcionamento da administração federal, 
quando não implicar aumento de despesa 
nem criação ou extinção de órgãos públi-
cos;”. Quanto às entidades dotadas de per-
sonalidade jurídica, o art. 37, inciso XIX, 
da CF estabelece que somente lei específica 
pode criar autarquia e autorizar a instituição 
de empresa pública, de sociedade de econo-
mia mista e de fundação. 
Releva destacar que, tecnicamente, os ór-
gãos públicos não têm personalidade jurídi-
ca. Conforme definido no art. 1º, § 1º, da Lei 
n. 9.784/99, órgão é “a unidade de atuação 
integrante da estrutura da Administração 
direta e da estrutura da Administração in-
direta”; e entidade é “a unidade de atuação 
dotada de personalidade jurídica”.
RESPOSTA: D
7) Acerca da organização e atribuições do 
Poder Legislativo e da fiscalização financeira e 
orçamentária exercida pelo Congresso Nacional, 
assinale a opção correta. 
A) Ao tomarem conhecimento de qualquer 
irregularidade ou ilegalidade ocorrida no âmbito 
do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do 
Poder Judiciário, os responsáveis pelo controle 
interno dela devem dar ciência à Controladoria 
Geral da União, sob pena de responsabilidade 
solidária. 
B) As normas da CF que versam sobre o TCU 
aplicam-se à organização e à fiscalização dos 
tribunais de contas dos estados e do DF, caben-
do às respectivas casas legislativas estabelecer 
o número de conselheiros dessas cortes de 
contas e a sua forma de nomeação. 
C) O Poder Legislativo é composto por deputa-
dos federais, eleitos pelo sistema proporcional, e 
por senadores, eleitos pela maioria absoluta do 
total de eleitores de cada unidade da Federação. 
D) Diferentemente das mesas do Senado Federal 
e da Câmara dos Deputados, a mesa do Con-
gresso Nacional será presidida, alternadamente, 
pelo presidente do Senado Federal e da Câmara 
dos Deputados, com mandato de dois anos. 
E) Compete privativamente ao Senado Federal 
processar e julgar os ministros do STF e os 
membros do CNJ nos crimes de responsabi-
lidade. 
174
COMENTÁRIO
A) Os responsáveis pelo controle interno 
que tomarem conhecimento de irregulari-
dade ou ilegalidade ocorrida no âmbito do 
Poder Executivo, do Poder Legislativo e do 
Poder Judiciário tem a obrigação de dela dar 
ciência ao Tribunal de Contas da União (e 
não à Controladoria Geral da União), sob 
pena de responsabilidade solidária (art. 74, 
§ 1º, da CF).
B) A Constituição define expressamen-
te o número de conselheiros dos Tribu-
nais de Contas dos Estados e do Dis-
trito Federal, qual seja, sete (art. 75, 
parágrafo único). Além disso, a disci-
plina desses Tribunais de Contas deve 
estar prevista na respectiva Constitui-
ção Estadual.
C) O Poder Legislativo é composto por de-
putados federais e por senadores, aqueles 
eleitos pelo sistema proporcional (art. 45 da 
CF), e estes, segundo o princípio majoritá-
rio (art. 46 da CF). Logo, elege-se senador 
o candidato que obtiver o maior número de 
votos em um único turno entre os eleitores 
do respectivo Estado ou do Distrito Federal, 
ou seja, maioria simples (e não maioria ab-
soluta). Cada Estado e o Distrito Federal con-
tam com três senadores. 
Como explicita Manoel Gonçalves Ferreira Fi-
lho23, há duas modalidades de sistema majo-
ritário, uma quando a escolha se dá num só 
turno, e outra quando pode passar por vários 
turnos. Na primeira, elege-se o candidato 
que mais votos obtiver, representem estes 
a maioria absoluta do eleitorado ou não. 
É esse o sistema da eleição para o Senado 
Federal. Na segunda, elege-se quem obtiver 
maioria absoluta no primeiro ou nos primei-
ros turnos, ou, se a maioria absoluta não for 
alcançada, aquele que receber mais votos no 
derradeiro turno. É o sistema adotado para a 
eleição de Presidente da República.
23 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito 
constitucional. 37. ed., rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 131-132.
D) A Mesa do Congresso Nacional será pre-
sidida pelo Presidente do Senado Federal 
(art. 57, § 5º, da CF).
E) A alternativa reproduz o art. 52, inciso II, da 
CF: “Art. 52. Compete privativamente ao Sena-
do Federal: (…) II processar e julgar os Minis-
tros do Supremo Tribunal Federal, os membros 
do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho 
Nacional do Ministério Público, o Procurador-
-Geral da República e o Advogado-Geral da 
União nos crimes de responsabilidade;”.
RESPOSTA: E
8) Assinale a opção correta com referência ao 
Poder Judiciário. 
A) A permuta de juízes dos TRFs e a determi-
nação de sua jurisdição e sede se darão por 
resolução do Conselho da Justiça Federal. 
B) Aos juízes federais compete processar e 
julgar as causasem que a União e as entida-
des da administração indireta forem interessa-
das na condição de autoras, rés, assistentes 
ou oponentes, excetuando-se as de falência, 
de acidentes de trabalho e as sujeitas à justiça 
eleitoral e à justiça do trabalho. 
C) A CF estabelece que as unidades federati-
vas com elevado número de ações judiciais 
devem constituir seções judiciárias nas capi-
tais, cabendo aos juízes da justiça local, nos 
estados em que não existirem varas federais, 
o exercício da jurisdição e das atribuições 
cometidas aos juízes federais. 
D) Afora a remoção de ofício, os magistrados 
podem ser removidos independentemente de 
sua vontade, em razão de interesse público, 
por decisão tomada pelo voto da maioria 
absoluta do respectivo tribunal ou do CNJ, 
assegurada ampla defesa. 
E) Os membros da magistratura, incluídos os 
ministros do STF e os dos tribunais superio-
res, somente perderão o cargo por decisão 
judicial transitada em julgado. 
COMENTÁRIO
A) A disciplina da remoção e da permuta de 
juízes dos Tribunais Regionais Federais e a 
determinação de sua jurisdição e sede cons-
175
QUESTÕES PARA A MAGISTRATURA FEDERAL coMEnTADAS
tituem matéria reservada à lei (art. 107, § 1º, 
da CF). Portanto não se darão por resolução 
do Conselho da Justiça Federal.
B) Segundo dispõe o art. 109 da CF, com-
pete aos juízes federais processar e julgar as 
causas em que a União, entidade autárquica 
ou empresa pública federal forem interessa-
das na condição de autoras, rés, assistentes 
ou oponentes, exceto as de falência, as de 
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça 
Eleitoral e à Justiça do Trabalho. 
Depreende-se daí que as sociedades de eco-
nomia mista (como o Banco do Brasil e a 
Petrobrás, por exemplo), embora integrem 
a administração indireta, não atraem a com-
petência da Justiça Federal. Nesse sentido, 
oportuno citar a Súmula 556 do Supremo 
Tribunal Federal: “É competente a justiça 
comum para julgar as causas em que é parte 
sociedade de economia mista”. Na mesma 
linha é a Súmula 508: “Compete à justiça 
estadual, em ambas as instâncias, processar 
e julgar as causas em que for parte o Banco 
do Brasil”. 
Mas as fundações públicas se equiparam às 
autarquias e, assim, a sua presença na lide 
na condição de autoras, rés, assistentes ou 
oponentes acarreta a competência da Justiça 
Federal. Este é o entendimento do Supremo 
Tribunal Federal: “RECURSO EXTRA-
ORDINÁRIO. UNIVERSIDADE DO RIO 
DE JANEIRO. EXPEDIÇÃO DE DIPLO-
MA. CONDENAÇÃO. CONFLITO DE 
COMPETÊNCIA. NATUREZA JURÍDI-
CA DAS FUNDAÇÕES INSTITUÍDAS 
PELO PODER PÚBLICO. CONFLITO 
DE COMPETÊNCIA. ART. 109, I DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A Fun-
dação Universidade do Rio de Janeiro tem 
natureza de fundação pública, pois assume 
a gestão de serviço estatal, sendo entidade 
mantida por recursos orçamentários sob a 
direção do Poder Público, e, portanto, inte-
grante da Administração Indireta. 2. Confli-
to de competência entre a Justiça Comum e 
a Justiça Federal. Art. 109, I da Constituição 
Federal. Compete à Justiça Federal proces-
sar e julgar ação em que figure como par-
te fundação instituída pelo Poder Público 
Federal, uma vez que o tratamento dado 
às fundações federais é o mesmo deferido 
às autarquias. 2.1. Embora o art. 109, I da 
Constituição Federal não se refira expressa-
mente às fundações, o entendimento desta 
Corte é no sentido de que a finalidade, a ori-
gem dos recursos e o regime administrativo 
de tutela absoluta a que, por lei, está sujeita 
a entidade, fazem dela espécie do gênero 
autarquia e, por isso, são jurisdicionadas à 
Justiça Federal, se instituídas pelo Governo 
Federal. Recurso extraordinário conhecido e 
provido”24.
C) O art. 110 da CF determina que cada Es-
tado, bem como o Distrito Federal, constitua 
uma seção judiciária que terá por sede a res-
pectiva Capital, e varas localizadas segundo 
o estabelecido em lei. Sobre a competência 
federal delegada à justiça estadual, dispõe o 
§ 3º do art. 109 da CF: “Serão processadas 
e julgadas na justiça estadual, no foro do 
domicílio dos segurados ou beneficiários, 
as causas em que forem parte instituição de 
previdência social e segurado, sempre que a 
comarca não seja sede de vara do juízo fede-
ral, e, se verificada essa condição, a lei pode-
rá permitir que outras causas sejam também 
processadas e julgadas pela justiça estadual”. 
Dessa forma, o exercício da jurisdição e das 
atribuições cometidas aos juízes federais pe-
los juízes da justiça local somente é admitido 
quando não houver vara federal na comarca 
e, cumulativamente, tratar de causas em que 
sejam parte instituição de previdência social 
e segurado ou de outras causas previstas em 
lei. Ou seja, se a causa não for de natureza 
previdenciária, é necessário que lei autorize 
o exercício da jurisdição federal delegada. 
Nas palavras do Supremo Tribunal Federal 
no RE 228.955: “O dispositivo contido na 
parte final do § 3º do art. 109 da Constituição 
é dirigido ao legislador ordinário, autorizan-
do-o a atribuir competência (rectius jurisdi-
ção) ao Juízo Estadual do foro do domicílio 
24 RE 127489, Relator Min. Maurício Corrêa, Segunda Turma, 
julgado em 25/11/1997, DJ 06/03/1998.
176
da outra parte ou do lugar do ato ou fato que 
deu origem à demanda, desde que não seja 
sede de Varas da Justiça Federal, para causas 
específicas dentre as previstas no inciso I do 
referido artigo 109”25. 
A partir desse precedente da Corte Constitu-
cional, o Superior Tribunal de Justiça cance-
lou a Súmula 183 – que previa competir ao 
“juiz estadual, nas comarcas que não sejam 
sede de vara da Justiça Federal, processar e 
julgar ação civil pública, ainda que a União 
figure no processo” –, haja vista a ausência 
de previsão expressa na Lei n. 7.437/85. 
É importante lembrar que o Superior Tribu-
nal de Justiça fixou o entendimento de que 
“a competência federal delegada para 
processar a ação de execução fiscal (art. 
15, inciso I, da Lei n. 5.010/66) se es-
tende também para a oposição do execu-
tado, seja ela promovida por embargos, 
seja por ação declaratória da inexistên-
cia da obrigação ou desconstitutiva do 
título executivo”26.
D) A assertiva está correta. A Constitui-
ção garante aos magistrados a prerroga-
tiva de inamovibilidade (art. 95, inciso 
II). Os magistrados não podem removi-
dos contra a sua vontade, a não ser em 
caso de interesse público, por decisão 
tomada pelo voto da maioria absoluta 
do respectivo tribunal ou do Conselho 
Nacional de Justiça, assegurada a am-
pla defesa, nos termos do art. 93, inciso 
VIII. 
E) Uma das garantias de que gozam os juí-
zes é a vitaliciedade, que, no primeiro grau, 
só é adquirida após dois anos de exercício. 
Essa garantia significa que os juízes somen-
te perderão o cargo por sentença judicial 
25 RE 228955, Relator Ministro Ilmar Galvão, Tribunal Pleno, julgado 
em 10/02/2000, DJ 24/03/2001.
26 AgRg no CC 96.308/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Primeira 
Seção, julgado em 14/04/2010, DJe 20/04/2010. Precedentes citados: 
CC 98.090/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 
4.5.2009; CC 95.840/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 
Primeira Seção, DJe 6.10.2008; CC 89267/SP, Rel. Min. Teori Albino 
Zavascki, Primeira Seção, DJ 10.12.2007.
transitada em julgado (art. 95 da CF). Essa 
regra é excepcionada no caso dos ministros 
do Supremo Tribunal Federal, que podem 
sofrer impeachment (por crime de responsa-
bilidade) em processo julgado pelo Senado 
Federal (art. 52, inciso II, da CF).
RESPOSTA: D
9) Relativamente à disciplina constitucional 
sobre a administração pública, o MP e a AGU, 
assinale a opção correta. 
A) Segundo decisão liminar exarada pelo 
STF, permanece em vigor a redação original 
do dispositivo da CF que consagra o regime 
jurídico único no âmbito da administração 
direta,das autarquias e das fundações, tanto 
na esfera federal como estadual e municipal. 
B) Conforme a CF, o MPU compreende o MP 
Militar, o MP do Trabalho, o MP Militar e o MP 
Eleitoral, todos dotados de estrutura própria. 
C) Ao MP é assegurada autonomia funcional 
e administrativa, mas não financeira, pois a 
elaboração de sua proposta orçamentária é 
realizada pelo Poder Executivo. 
D) A AGU é instituição chefiada pelo advoga-
do-geral da União, cargo de livre nomeação 
pelo presidente da República, entre os mem-
bros da carreira da advocacia da União. 
E) As funções de confiança e os cargos em co-
missão, no âmbito da administração pública 
direta, só podem ser exercidos por servidores 
ocupantes de cargo efetivo. 
COMENTÁRIO
A) Esta é a assertiva correta. De fato, a reda-
ção originária do art. 39 da CF, que consagra 
o regime jurídico único dos servidores da 
administração pública direta, das autarquias 
e das fundações públicas, permanece em 
vigor por força de decisão liminar proferi-
da pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 
2.135-427 suspendendo a eficácia do caput 
do dispositivo na redação dada pela Emenda 
Constitucional n. 19/98. 
27 ADI 2135 MC, Relator Ministro Néri da Silveira, Relator 
p/ Acórdão Ministra Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 
02/08/2007, DJe-041 PUBLIC 07/03/2008.
177
QUESTÕES PARA A MAGISTRATURA FEDERAL coMEnTADAS
Observe-se que a decisão tem efeitos ex 
nunc, de modo que subsiste a validade dos 
atos anteriormente praticados com base em 
legislações eventualmente editadas durante 
a vigência do dispositivo suspenso. 
B) Conforme o art. 128 da CF, o Ministério 
Público da União compreende o Ministério 
Público Federal (não referido na assertiva), 
o Ministério Público do Trabalho, o Minis-
tério Público Militar e o Ministério Público 
do Distrito Federal e Territórios. 
C) Além da autonomia funcional e adminis-
trativa (art. 127, § 2º, da CF), é assegurada 
ao Ministério Público a autonomia financei-
ra, competindo-lhe elaborar sua proposta or-
çamentária dentro dos limites estabelecidos 
na lei de diretrizes orçamentárias (art. 127, 
§ 3º, da CF).
D) Ser membro da carreira da advocacia 
da União não é um dos requisitos para ser 
nomeado ao cargo de Advogado-Geral da 
União. Nos termos do § 1º do art. 131 da CF: 
“A Advocacia-Geral da União tem por chefe 
o Advogado-Geral da União, de livre nome-
ação pelo Presidente da República dentre 
cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de 
notável saber jurídico e reputação ilibada”.
E) As funções de confiança, e não os car-
gos em comissão, é que são privativas dos 
servidores ocupantes de cargo efetivo. Os 
cargos em comissão podem ser exercidos 
por pessoas estranhas à Administração. Vale 
registrar que a investidura em cargo ou em-
prego público depende de prévia aprovação 
em concurso público de provas e de provas 
e títulos, mas a Constituição ressalva as no-
meações para cargo em comissão declarado 
em lei de livre nomeação e exoneração (art. 
37, inciso II, da CF). E, conforme dicção 
do inciso V do art. 37 da CF, “as funções 
de confiança, exercidas exclusivamente por 
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os 
cargos em comissão, a serem preenchidos 
por servidores de carreira nos casos, condi-
ções e percentuais mínimos previstos em lei, 
destinam-se apenas às atribuições de dire-
ção, chefia e assessoramento”. 
RESPOSTA: A
10) Tendo em vista os direitos de nacionali-
dade, os direitos políticos, o estado de defesa 
e o estado de sítio, assinale a opção correta. 
A) São requisitos para elegibilidade, entre 
outros, o alistamento eleitoral e o domicílio 
eleitoral na circunscrição em que o indivíduo 
pretenda candidatar-se. 
B) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade 
somente poderão requerer a nacionalidade 
brasileira se residirem na República Federati-
va do Brasil há mais de trinta anos ininterrup-
tos e não tiverem condenação penal. 
C) O estado de sítio, medida excepcional, 
somente pode ser decretado nos casos de 
declaração de estado de guerra ou resposta 
a agressão armada estrangeira. 
D) O indivíduo que sofrer condenação penal 
transitada em julgado terá seus direitos 
políticos suspensos, mas apenas no caso de 
crimes dolosos, não no de crimes culposos 
e contravenções penais. 
E) O presidente da República pode decretar, 
com a finalidade de preservar a ordem pública 
ameaçada por grave instabilidade institucio-
nal, estado de defesa em locais determinados, 
dependendo, para isso, de autorização do 
Congresso Nacional. 
COMENTÁRIO
A) Esta é a assertiva correta. Segundo o art. 
14º, § 3º, da CF, são condições de elegibi-
lidade, entre outras, o alistamento eleitoral 
(inciso III) e o domicílio eleitoral na circuns-
crição em que o indivíduo pretenda se can-
didatar (inciso IV). 
As outras condições são a nacionalidade 
brasileira (inciso I); o pleno exercício dos di-
reitos políticos (inciso II); a filiação partidá-
ria (inciso V); e a idade mínima de 35 anos 
para Presidente e Vice-Presidente da Repú-
blica e Senador, 30 anos para Governador 
e Vice-Governador de Estado e do Distrito 
Federal, 21 anos para Deputado Federal, 
Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, 
178
Vice-Prefeito e juiz de paz, e 18 anos para 
Vereador, lembrando que os inalistáveis e os 
analfabetos são inelegíveis (art. 14, § 4º, da 
CF).
B) Os requisitos para que os estrangeiros de 
qualquer nacionalidade requeiram a nacio-
nalidade brasileira são residir no Brasil há 
mais de quinze (e não trinta) anos ininterrup-
tos e não ter condenação criminal (art. 12, 
inciso II, alínea b, da CF).
C) Além das hipóteses de declaração de es-
tado de guerra ou resposta à agressão arma-
da estrangeira, o estado de sítio pode ser de-
cretado em caso de comoção grave de reper-
cussão nacional ou ocorrência de fatos que 
comprovem a ineficácia de medida tomada 
durante o estado de defesa (art. 137 da CF).
D) A Constituição não faz distinção entre 
crime doloso ou culposo, estabelecendo que 
os direitos políticos serão suspensos, entre 
outros, “nos casos de condenação criminal 
transitada em julgado, enquanto durarem 
seus efeitos” (art. 15, inciso III, da CF). A 
jurisprudência do Tribunal Superior Eleito-
ral é no sentido de que o art. 15, inciso III, 
da CF determina a suspensão dos direitos 
políticos pelo tempo que durar a pena, in-
dependentemente da natureza do crime e 
da pena, abrangendo os crimes culposos28 
e, inclusive, as contravenções penais29. E o 
Supremo Tribunal Federal tem precedente 
entendendo que “a suspensão dos direitos 
políticos se dá ainda quando, com referência 
ao condenado por sentença criminal transita-
da em julgado, esteja em curso o período de 
suspensão condicional da pena”30. Impende 
lembrar o Supremo Tribunal Federal reco-
28 RMS 252/SP, Relator Ministro Luiz Carlos Lopes Madeira, DJ 
16/05/2003; Respe 13027/SC, Relator Ministro Nilson Vital Naves, 
Publicado em Sessão, em 18/09/1996.
29 Cf. REspe 13.293/MG, Relator Ministro Eduardo Andrade Ribeiro 
de Oliveira, Publicado em Sessão, em 07/11/1996; Agr-Respe 30218/
MG, Relator Ministro Arnaldo Versiani Leite Soares, Publicado em 
Sessão, em 09/10/2008.
30 RE 179502, Relator Ministro Moreira Alves, Tribunal Pleno, 
julgado em 31/05/1995, DJ 08/09/1995. No mesmo sentido, RE 577012 
AgR, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, julgado 
em 09/11/2010, DJe-056 PUBLIC 25/03/2011.
nheceu a existência de repercussão geral no 
RE 601.182, em que se discute a suspensão 
dos direitos políticos de condenado à pena 
privativa de liberdade substituída por pena 
restritiva de direitos, mas a questão está 
pendente de julgamento. Diante disso, é re-
comendável que o candidato acompanhe o 
andamento do processo.
E) A autorização do Congresso Nacional é 
requisito prévio para a decretação do estado 
de sítio pelo Presidenteda República (art. 
137 da CF), mas não o é para a decretação 
do estado de defesa (art. 136). Primeiro o 
Presidente da República decreta o estado de 
defesa, e, depois, dentro do prazo de vinte 
quatro horas, submete o ato ao Congresso 
Nacional, que, dentro do prazo de dez dias 
contados de seu recebimento, apreciará o 
decreto e decidirá por maioria absoluta (art. 
136, §§ 4º e 6º, da CF). Se rejeitá-lo, o estado 
de defesa cessa imediatamente (art. 136, § 
7º, da CF).
RESPOSTA: A
TRF - 2ª Região
1) De acordo com o disposto na CF sobre o 
Poder Judiciário, assinale a opção correta. 
A) Compete à justiça militar processar e 
julgar, singularmente, os militares das forças 
estaduais nos crimes militares definidos em 
lei, bem como julgar as ações judiciais contra 
atos disciplinares militares, sendo da compe-
tência dos juízes federais processar e julgar 
os crimes militares cometidos contra civis. 
B) O STF é o órgão competente para proces-
sar e julgar as causas fundadas nas relações 
internacionais e as relativas à tutela da 
nacionalidade. 
C) Compete aos tribunais regionais federais 
processar e julgar os juízes federais e os 
desembargadores dos tribunais de justiça es-
taduais da área de sua jurisdição, nos crimes 
comuns e de responsabilidade. 
D) Em razão da chamada quarentena, os ex-
-ocupantes de cargos na magistratura estão 
impedidos de exercer atividade advocatícia 
perante qualquer juízo ou tribunal até que 
179
QUESTÕES PARA A MAGISTRATURA FEDERAL coMEnTADAS
decorram três anos do afastamento por apo-
sentadoria ou exoneração. 
E) Causas que envolvam grave violação de 
direitos humanos podem ser transferidas 
para a justiça federal, mediante incidente de 
deslocamento de competência suscitado pelo 
procurador-geral da República, em qualquer 
fase do inquérito ou processo. 
COMENTÁRIO
A) A Constituição Federal distingue entre a 
Justiça Militar Federal (arts. 122 a 124) e a 
Justiça Militar Estadual (art. 125, §§ 3º, 4º 
e 5º). A assertiva se refere aos militares da 
forças armadas estaduais e, portanto, remete 
aos §§ 4º e 5º do art. 125 da CF: “Art. 125. 
Os Estados organizarão sua Justiça, ob-
servados os princípios estabelecidos nesta 
Constituição. (…) § 4º Compete à Justiça 
Militar estadual processar e julgar os mili-
tares dos Estados, nos crimes militares defi-
nidos em lei e as ações judiciais contra atos 
disciplinares militares, ressalvada a compe-
tência do júri quando a vítima for civil, ca-
bendo ao tribunal competente decidir sobre 
a perda do posto e da patente dos oficiais 
e da graduação das praças. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo 
militar processar e julgar, singularmente, os 
crimes militares cometidos contra civis e as 
ações judiciais contra atos disciplinares mi-
litares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob 
a presidência de juiz de direito, processar e 
julgar os demais crimes militares. (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
Valendo-se do resumo de Pedro Lenza31 
acerca da competência da Justiça Militar 
Estadual, pode-se dizer que: (a) a Justiça Mi-
litar dos Estados não julga civil (ao contrário 
da Justiça Militar da União, que, além dos 
militares das Forças Armadas, também jul-
ga civis em determinados casos); (b) crime 
militar definido em lei praticado por militar 
estadual contra militar é julgado Conselho 
de Justiça Especial ou Permanente; (c) crime 
31 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed., rev. 
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 691.
militar definido em lei praticado por militar 
estadual contra civil é julgado por juiz de 
direito do juízo militar, singularmente (art. 
125, § 5º, da CF), e não pelo Conselho, res-
salvada a competência do júri popular; (d) 
crime doloso contra a vida praticado por mi-
litar contra militar é julgado pelo Conselho 
de Justiça, presidido pelo juiz de direito do 
juízo militar; e (e) ações judiciais contra atos 
disciplinares militares são julgadas por juiz 
de direito do juízo militar, singularmente (a 
Justiça Militar da União não tem competên-
cia para julgar matéria civil ou disciplinar).
B) As hipóteses definidoras da competência 
originária do Supremo Tribunal Federal es-
tão previstas, taxativamente, no art. 102, in-
ciso I, da CF, em cujo rol não se encontram 
as causas fundadas nas relações internacio-
nais e nem as relativas à tutela da naciona-
lidade. 
Este é o entendimento fixado pelo Supremo 
Tribunal Federal: “… A COMPETÊNCIA 
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
- CUJOS FUNDAMENTOS REPOUSAM 
NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - 
SUBMETE-SE A REGIME DE DIREITO 
ESTRITO. - A competência originária do 
Supremo Tribunal Federal, por qualificar-se 
como um complexo de atribuições jurisdi-
cionais de extração essencialmente consti-
tucional - e ante o regime de direito estrito 
a que se acha submetida - não comporta a 
possibilidade de ser estendida a situações 
que extravasem os limites fixados, em nu-
merus clausus, pelo rol exaustivo inscrito no 
art. 102, I, da Constituição da República”32.
C) Efetivamente compete aos Tribunais 
Regionais Federal processar julgar, origina-
riamente, os juízes federais da área de sua 
jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e 
da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e 
de responsabilidade (art. 108, inciso I, alínea 
a, da CF). No entanto compete ao Superior 
Tribunal de Justiça julgar, originariamente, 
32 Pet 1738 AgR, Relator Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, 
julgado em 01/09/1999, DJ 01/10/1999.
180
os desembargadores dos Tribunais de Jus-
tiça dos Estados e do Distrito Federal, nos 
crimes comuns e de responsabilidade (art. 
105, inciso I, alínea a, da CF).
D) Aos juízes é vedado exercer a advoca-
cia no juízo ou tribunal do qual se afastou 
(e não qualquer juízo ou tribunal), antes de 
decorridos três anos do afastamento do car-
go por aposentadoria ou exoneração (art. 95, 
parágrafo único, inciso V, da CF).
E) A assertiva reflete o disposto no art. 109, § 
5º, da CF: “Nas hipóteses de grave violação 
de direitos humanos, o Procurador-Geral da 
República, com a finalidade de assegurar o 
cumprimento de obrigações decorrentes de 
tratados internacionais de direitos humanos 
dos quais o Brasil seja parte, poderá susci-
tar, perante o Superior Tribunal de Justiça, 
em qualquer fase do inquérito ou processo, 
incidente de deslocamento de competência 
para a Justiça Federal. (Incluído pela Emen-
da Constitucional nº 45, de 2004)”.
RESPOSTA: E
2) Assinale a opção correta acerca do pro-
cesso legislativo, das competências e do 
funcionamento do Congresso Nacional. 
A) É competência exclusiva do Congresso 
Nacional aprovar previamente, por voto se-
creto, a escolha de magistrados, nos casos 
estabelecidos no texto constitucional, bem 
como processar e julgar os ministros do STF e 
os membros do Conselho Nacional de Justiça 
nos crimes de responsabilidade. 
B) O presidente do STF tem competência 
para solicitar a convocação extraordinária 
do Congresso Nacional a fim de discutir ma-
térias relativas à organização administrativa 
e judiciária dos órgãos do Poder Judiciário. 
C) É expressamente vedada a edição de 
medida provisória sobre matéria relativa à 
organização do Poder Judiciário e do MP, à 
carreira e à garantia de seus membros. 
D) O decreto legislativo é o instrumento nor-
mativo por meio do qual são disciplinadas as 
matérias de competência privativa da Câmara 
dos Deputados e do Senado Federal. 
E) O tratado sobre direitos humanos aprova-
do, em cada Casa do Congresso Nacional, 
por dois terços dos votos de seus respectivos 
membros equivale a emenda constitucional e 
dispõe de força executória a partir da edição 
do decreto legislativo que promulgue o seu 
texto. 
COMENTÁRIO
A) Compete privativamente ao SenadoFe-
deral (e não ao Congresso Nacional) apro-
var previamente, por voto secreto, após ar-
guição pública, a escolha de magistrados, 
nos casos estabelecidos na Constituição (art. 
52, inciso III, alínea a, da CF), bem como 
processar e julgar os Ministros do Supremo 
Tribunal Federal e os membros do Conselho 
Nacional de Justiça nos crimes de responsa-
bilidade (art. 52, inciso II, da CF).
B) As hipóteses de convocação extraordi-
nária do Congresso Nacional, que são bem 
restritas, estão previstas no § 6º do art. 57 
da CF, cujo inciso II estabelece que o Pre-
sidente da República tem competência para 
fazê-lo em caso de urgência ou interesse pú-
blico relevante, sempre com a aprovação da 
maioria absoluta de cada uma das Casas do 
Congresso Nacional. Além disso, uma das 
garantias institucionais do Poder Judiciário 
é a autonomia orgânico-administrativa, que 
compreende a independência na estrutura-
ção e funcionamento de seus órgãos33 (art. 
96 da CF).
C) O art. 62, § 1º, inciso I, alínea c, da CF 
veda, expressamente, a edição de medida 
provisória sobre matéria relativa à organi-
zação do Poder Judiciário e do Ministério 
Público, à carreira e à garantia de seus mem-
bros. Portanto esta é a alternativa correta.
D) O decreto legislativo é o instrumento nor-
mativo por meio do qual são disciplinadas 
as matérias de competência exclusiva do 
Congresso Nacional, enumeradas no art. 49 
33 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 
34. ed., rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2011. p. 590-59144-45.
181
QUESTÕES PARA A MAGISTRATURA FEDERAL coMEnTADAS
da CF. É também por meio de decreto legis-
lativo que o Congresso Nacional disciplina 
as relações jurídicas decorrentes de medidas 
provisórias não convertidas em lei (art. 62, 
§ 3º, da CF). 
E) Os tratados sobre direitos humanos 
equivalerão às emendas constitucionais se 
aprovados, em cada casa do Congresso Na-
cional, em dois turnos, por três quintos (não 
dois terços) dos votos dos respectivos mem-
bros (art. 5º, § 3º, da CF). Os tratados e con-
venções internacionais somente adquirem 
força executória na ordem jurídica interna 
depois da promulgação de seu texto median-
te decreto do Presidente da República (e não 
decreto legislativo, ato normativo de compe-
tência do Congresso Nacional), seguido da 
publicação em português no Diário Oficial. 
O Congresso Nacional aprova os tratados 
internacionais por decreto legislativo (art. 
49, inciso I, da CF), autorizando o Presiden-
te da República a ratifica-los; e o Presidente 
da República promulga o texto por meio de 
decreto, incorporando o ato internacional ao 
direito positivo interno, dando-lhe publici-
dade e lhe conferindo força executória.
Na ADI 1.480 MC34, o Supremo Tribunal 
Federal examinou o processo de incorpo-
ração dos tratados, acordos ou atos inter-
nacionais. Da ementa, colhe-se o seguinte 
excerto: “O exame da vigente Constituição 
Federal permite constatar que a execução 
dos tratados internacionais e a sua incorpo-
ração à ordem jurídica interna decorrem, no 
sistema adotado pelo Brasil, de um ato sub-
jetivamente complexo, resultante da conju-
gação de duas vontades homogêneas: a do 
Congresso Nacional, que resolve, definiti-
vamente, mediante decreto legislativo, so-
bre tratados, acordos ou atos internacionais 
(CF, art. 49, I) e a do Presidente da Repú-
blica, que, além de poder celebrar esses atos 
de direito internacional (CF, art. 84, VIII), 
também dispõe - enquanto Chefe de Estado 
que é - da competência para promulgá-los 
34 ADI 1480 MC, Relator Ministro Celso de Mello, 
Tribunal Pleno, julgado em 04/09/1997, DJ 18/05/2001.
mediante decreto. O iter procedimental de 
incorporação dos tratados internacionais - 
superadas as fases prévias da celebração da 
convenção internacional, de sua aprovação 
congressional e da ratificação pelo Chefe de 
Estado - conclui-se com a expedição, pelo 
Presidente da República, de decreto, de cuja 
edição derivam três efeitos básicos que lhe 
são inerentes: (a) a promulgação do tratado 
internacional; (b) a publicação oficial de seu 
texto; e (c) a executoriedade do ato interna-
cional, que passa, então, e somente então, a 
vincular e a obrigar no plano do direito po-
sitivo interno”.
RESPOSTA: C
3) No que se refere ao controle incidental de 
constitucionalidade, à ação direta de inconsti-
tucionalidade (genérica e por omissão), à ação 
declaratória de constitucionalidade e à arguição 
de descumprimento de preceito fundamental, 
assinale a opção correta. 
A) Uma vez admitida, pelo STF, a ação declarató-
ria de constitucionalidade, a autoridade respon-
sável pela criação da lei ou do ato normativo e 
o advogado-geral da União deverão ser citados 
para se pronunciarem sobre o objeto da ação. 
B) A ação direta de inconstitucionalidade por 
omissão tem como objeto omissão administra-
tiva que afete a efetividade da CF ou omissão 
legislativa de órgãos legislativos federais, mas 
não estaduais, em face da CF. 
C) Cabe arguição de descumprimento de pre-
ceito fundamental contra lei ou ato normativo 
federal, estadual ou municipal, incluindo-se os 
anteriores à CF; nesse sentido, pode-se dizer 
que tal arguição é cabível mesmo contra leis 
préconstitucionais. 
D) No controle incidental ou concreto, a ques-
tão de constitucionalidade somente pode ser 
suscitada pelas partes da relação processual. 
E) Podem ser objeto de ação direta de inconsti-
tucionalidade, além de leis de todas as formas 
e conteúdos, decretos legislativos, decretos 
autônomos e decretos editados com força de 
lei pelo Poder Executivo, resoluções do Tribunal 
Superior Eleitoral e medidas provisórias, mas 
não resoluções ou deliberações administrativas 
de tribunais, que não são consideradas atos 
normativos primários. 
182
COMENTÁRIO
A) A Constituição determina que o Advo-
gado-Geral da União seja citado quando o 
Supremo Tribunal Federal apreciar a incons-
titucionalidade, em tese, de norma legal ou 
ato normativo (art. 103, § 3º). Pela dicção 
do dispositivo constitucional, o Advogado-
-Geral da União é citado para defender o 
ato normativo ou texto impugnado. Como 
na ação declaratória de constitucionalidade 
o que se afirma é a compatibilidade consti-
tucional da norma legal ou ato normativo, 
não há por que citar o Advogado-Geral da 
União. Nas palavras do Ministro Moreira 
Alves no julgamento da ADC 1: “No pro-
cesso da ação declaratória de constituciona-
lidade, por visar à preservação da presunção 
de constitucionalidade do ato normativo que 
é seu objeto, não há razão para que o Ad-
vogado-Geral da União atue como curador 
dessa mesma presunção”.
Seguindo a mesma lógica, a Lei n. 9.868/99 
estabelece que o relator da ação direta de in-
constitucionalidade pedirá informações aos 
órgãos ou às autoridades das quais emanou a 
lei ou o ato normativo impugnado (art. 6º) e 
que, decorrido o prazo das informações, se-
rão ouvidos, sucessivamente, o Advogado-
-Geral da União e o Procurador-Geral da 
República (art. 8º). Já na ação declaratória 
de constitucionalidade, a Lei n. 9.868/99 
exige apenas o pronunciamento do Procura-
dor-Geral da República (art. 19).
No que toca à função do Advogado-Geral da 
União nas ações diretas de inconstitucionali-
dade, é interessante atentar para a evolução 
da jurisprudência do Supremo Tribunal Fe-
deral ao longo do tempo. Inicialmente, a Cor-
te Constitucional decidiu que o Advogado-
-Geral da União deveria, obrigatoriamente, 
defender o ato normativo, não lhe cabendo 
“admitir a invalidez da norma impugnada”, 
pois atua como curador especial do princípio 
da presunção da constitucionalidade das leis 
e atos normativos (ADI 72 QO35). Na ADI 
1.616, o Supremo Tribunal Federal passou a 
35 ADI 72 QO, Relator Ministro Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, 
julgado em 22/03/1990, DJ 25/05/1990.
considerarque o Advogado-Geral da União 
“não está obrigado a defender tese jurídica 
se sobre ela esta Corte já fixou entendimen-
to pela sua inconstitucionalidade”36. Final-
mente, na ADI 3.91637, o Supremo Tribu-
nal Federal optou por “uma interpretação 
sistêmica, que concede ao Advogado-Geral 
da União um direito de manifestação”, sem 
“obrigatoriedade de fazer a defesa do ato im-
pugnado” 38, até porque a Constituição não 
prevê qualquer tipo de sanção caso ele não 
o faça.
B) O art. 103, § 2º, da CF estabelece que, 
declarada a inconstitucionalidade por omis-
são de medida para tornar efetiva norma 
constitucional, será dada ciência ao Poder 
competente para a adoção das providências 
necessárias e, em se tratando de órgão ad-
ministrativo, para fazê-lo em trinta dias. O 
art. 12-B da Lei n. 9.868/99 (incluído pela 
Lei n. 12.063/09), por sua vez, dispõe que a 
petição inicial deve indicar a omissão total 
ou parcial quanto ao cumprimento de dever 
constitucional de legislar ou quanto à ado-
ção de providência de índole administrativa. 
Já o art. 102, inciso I, alínea a, da CF confere 
ao Supremo Tribunal Federal a competência 
para processar e julgar, originariamente, 
a ação direta de inconstitucionalidade de 
lei ou ano normativo federal ou estadual. 
Depreende-se daí que a ação direta de in-
constitucionalidade por omissão tem como 
objeto tanto a omissão administrativa como 
a omissão legislativa, seja esta de órgãos 
legislativos federais, seja de órgãos legisla-
tivos estaduais. 
Defendendo a competência do Supremo 
Tribunal Federal para apreciar inconstitu-
cionalidade por omissão de órgão estaduais, 
Gilmar Ferreira Mendes leciona: “O texto 
constitucional outorgou ao Supremo Tribu-
nal Federal a competência para julgar a ação 
direta de inconstitucionalidade de lei ou ato 
36 ADI 1616, Relator Ministro Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, 
julgado em 24/05/2001, DJ 24/08/2001.
37 ADI 3916, Relator Ministro Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado 
em 03/02/2010, DJe-086 PUBLIC 14/05/2010.
38 Trecho do voto do Ministro Gilmar Mendes.
183
QUESTÕES PARA A MAGISTRATURA FEDERAL coMEnTADAS
normativo federal ou estadual (art. 102, I, a). 
A função de guardião da Constituição que 
lhe foi deferida e a ideia subjacente a inúme-
ros institutos de controle, viando concentrar 
a competência das questões constitucionais 
na Excelsa Corte, parecem favorecer enten-
dimento que estende ao Supremo Tribunal 
Federal a competência para conhecer de 
eventuais omissões de órgãos legislativos 
estaduais em face da Constituição Federal 
no âmbito dessa peculiar ação direta”39.
Essa questão ainda não foi examinada pelo 
Supremo Tribunal Federal, mas a ADO 740 
– cujo objeto era a suposta inconstituciona-
lidade por omissão da Lei n. 3.045/06, do 
Estado do Amazonas, de autoria do Presi-
dente do Tribunal de Justiça e aprovada pela 
Assembleia Legislativa do referido Estado 
– foi extinta por decisão monocrática da Re-
latora, Ministra Cármen Lúcia, em virtude 
da perda do superveniente do objeto oca-
sionada pela edição de norma que supriu a 
alegada inconstitucionalidade por omissão, 
e não por eventual incompetência da Corte 
ou porque não cabível a ação.
C) A arguição de descumprimento de pre-
ceito fundamental tem por objeto “evitar ou 
reparar lesão a preceito fundamental, resul-
tante de ato do Poder Público” (art. 1º da Lei 
n. 9.882/99), e é cabível, também, “quando 
for relevante o fundamento da controvérsia 
constitucional sobre lei ou ato normativo 
federal, estadual ou municipal, incluídos os 
anteriores à Constituição” (art. 1º, parágrafo 
único, inciso II, da Lei n. 9.882/99). Há pre-
visão legal expressa, portanto, do cabimento 
da arguição de descumprimento de preceito 
fundamental contra leis pré-constitucionais. 
Assim, a assertiva está correta.
D) No controle incidental ou concreto, a 
questão da constitucionalidade pode ser sus-
citada pelas partes ou pelo Ministério Públi-
39 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. 
Curso de direito constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
p. 1292.
40 ADO 7, Relatora Ministra Cármen Lúcia, julgado em 29/06/2010, 
publicado em DJe-141 PUBLIC 02/08/2010.
co e deve ser conhecida de ofício pelo juiz 
ou tribunal, este observando a cláusula de 
reserva de plenário para o caso de declara-
ção de inconstitucionalidade (art. 97 da CF).
E) De acordo com o art. 102, inciso I, alínea 
a, da CF, são objeto da ação direta de in-
constitucionalidade lei ou ato normativo fe-
deral ou estadual, o que abrange as espécies 
normativas enumeradas no art. 59 da CF 
(emendas à Constituição, leis complemen-
tares, leis delegadas, medidas provisórias, 
decretos legislativos e resoluções) e todos 
os atos de conteúdo normativo, ou seja, os 
revestidos de abstração, generalidade, au-
tonomia jurídica, impessoalidade e eficácia 
vinculante41. Assim, o conceito de ato nor-
mativo engloba, entre outros, decretos autô-
nomos42 e decretos editados com força de lei 
pelo Poder Executivo, extravasando o poder 
regulamentar43, resoluções do Tribunal Su-
perior Eleitoral44 e, também, resoluções45 ou 
deliberações administrativas de tribunais46, 
desde que presentes aquelas características. 
É importante lembrar que o Supremo Tribu-
nal Federal, na ADI 4.048 MC47, reviu sua 
jurisprudência quanto ao não cabimento de 
ação direita de inconstitucionalidade contra 
atos estatais de efeitos concretos, passando 
admitir o controle abstrato da constitucio-
nalidade de leis de todas as formas e con-
teúdos, independentemente do caráter geral 
ou específico, concreto ou abstrato de seu 
objeto: “… CONTROLE ABSTRATO DE 
CONSTITUCIONALIDADE DE NOR-
41 ADI 2321 MC, Relator Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, 
julgado em 25/10/2000, DJ 10/06/2005.
42 ADI 1969 MC, Relator Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado 
em 24/03/1999, DJ 05/03/2004.
43 ADI 1553, Relator Ministro Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado 
em 13/05/2004, DJ 17/09/2004.
44 ADI 3345, Relator Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado 
em 25/08/2005, DJe-154 PUBLIC 20/08/2010.
45 ADI 1787 MC, Relator Ministro Moreira Alves, Tribunal Pleno, 
julgado em 26/02/1998, DJ 03/04/1998; ADI 662, Relator Ministro 
Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em 22/06/2006, DJ 10/11/2006.
46 ADI 1352 MC, Relator Ministro Moreira Alves, Tribunal Pleno, 
julgado em 05/10/1995, DJ 18/05/2001; ADI 4108 MC-REF, Relatora 
Ministra Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 02/02/2009, DJe-
043 PUBLIC 06/03/2009.
47 ADI 4048 MC, Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, 
julgado em 14/05/2008, DJe-157 PUBLIC 22/08/2008.
184
MAS ORÇAMENTÁRIAS. REVISÃO DE 
JURISPRUDÊNCIA. O Supremo Tribunal 
Federal deve exercer sua função precípua de 
fiscalização da constitucionalidade das leis e 
dos atos normativos quando houver um tema 
ou uma controvérsia constitucional susci-
tada em abstrato, independente do caráter 
geral ou específico, concreto ou abstrato de 
seu objeto. Possibilidade de submissão das 
normas orçamentárias ao controle abstrato 
de constitucionalidade”. No mesmo senti-
do, decidiu o Supremo Tribunal Federal na 
ADI 4.049 MC48: “… 1. A lei não precisa de 
densidade normativa para se expor ao con-
trole abstrato de constitucionalidade, devido 
a que se trata de ato de aplicação primária 
da Constituição. Para esse tipo de controle, 
exige-se densidade normativa apenas para o 
ato de natureza infralegal”. Nas duas ações, 
o objeto é constituído por medida provisória 
que abre crédito extraordinário. 
Em suma, entende o Supremo Tribunal Fe-
deral que, se editado sob a forma de lei em 
sentido formal (ato normativo primário, as-
sim considerados os enumerados no art. 59 
da CF), o ato estatal de efeito concreto pode 
ser objeto da ação direta de inconstituciona-
lidade. 
RESPOSTA: E
4) A respeito do que dispõe a CF sobre

Outros materiais