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Diagnóstico por imagem ➢ ESTRUTURAS ÓSSEAS Há três pilares verticais do terço médio que fornecem o suporte primário nas direções vertical e anteroposterior. O objetivo principal dos pilares verticais é dissipar as forças e transmiti-las ao longo de um vetor orientado verticalmente. Adicionalmente, os pilares também mantêm a posição espacial da maxila em relação ao crânio, que se encontra acima, e à mandíbula abaixo. São eles: PILARES NASOMAXILAR, ZIGOMÁTICO E PTERIGOMAXILAR. Na direção anteroposterior, as estruturas que dão apoio à projeção facial são o osso frontal, arco zigomático e complexo zigomático, alvéolo maxilar, palato e segmento basal da mandíbula de um ângulo ao outro. Também existem três pilares horizontais da região maxilofacial – os pilares superior, médio e inferior. a. O PILAR HORIZONTAL SUPERIOR é composto pela lâmina orbital do osso frontal e lâmina cribriforme do etmoide. b. O PILAR HORIZONTAL MÉDIO consiste no processo zigomático do osso temporal, corpo e processo temporal do zigoma, processo infraorbitário, superfície orbitária da maxila e segmentos do processo frontal da maxila. Esse pilar fornece estabilidade lateral ao esqueleto facial e protege o esqueleto facial central de forças direcionadas horizontalmente. c. O PILAR HORIZONTAL INFERIOR consiste na crista alveolar e no palato duro. Por causa de suas funções, o realinhamento e a reconstrução apropriada dos pilares nas três dimensões durante o reparo de fraturas maxilofaciais representam um passo importante para a preservação da função e aparência. TRAUMA FACIAL ➢ CAUSA DAS LESÕES FACIAIS Causas mais comuns: acidentes automobilísticos, brigas, quedas e acidentes de trabalho e esportivos. O grau da força gerada pelo impacto ao esqueleto é importante na severidade e complexidade da lesão resultante. Dessa forma, de acordo com a força e o dano, os possíveis resultados são: a. Forças de baixa intensidade: podem causar pequena cominuição ou deslocamento. b. Forças de média intensidade: têm uma chance aumentada de deslocamento da fratura. c. Forças de alta intensidade: podem resultar em fraturas extremamente cominuídas, acompanhadas por instabilidade excessiva e alteração acentuada da arquitetura do esqueleto facial. Portanto, a causa da lesão é um componente importante na anamnese e avaliação do paciente. ➢ DIAGNOSTICO POR IMAGEM a. Radiografias padrão A avaliação radiográfica do trauma severo requer algumas projeções radiográficas essenciais, mesmo apesar de a TC com reformatação tridimensional ter se tornado a modalidade de imagem de escolha em traumas faciais complexos, pois radiografias- padrão continuam sendo amplamente usadas na avaliação inicial do paciente traumatizado. A série para os ossos da face consiste em três a cinco projeções, incluindo cefalométrica lateral, lateral oblíqua de Caldwell e projeções de Walter. A projeção submento vértice (SMV) e a projeção de Towne também podem ser obtidas para ajudar a delinear fraturas que não tenham sido vistas em outras projeções. 1. Projeção de Water É usada para avaliar o terço médio da face e para delinear fraturas do rebordo orbitário, arco zigomático e estruturas faciais anteriores. 2. Projeção cefalométrica Fornece informação para avaliação das vias aéreas, espaço retrofaríngeo, paredes anterior e posterior do seio maxilar e rebordo alveolar anterior, assim como fraturas envolvendo o terço médio da face, como fraturas Le Fort I, II e III e fraturas nasais. 3. Projeção lateral obliqua Pode ser utilizada para a visualização do ângulo da mandíbula e côndilos. 4. Projeção submento vértice A projeção SMV fornece uma boa visão de fraturas do arco zigomático e do terço médio da face. 5. Radiografia de Towne É útil para visualização de fraturas subcondilares pois este é o único estudo radiográfico simples que mostra angulação medial ou lateral e/ou deslocamento nesse tipo de fratura. Também tem suas vantagens para a avaliação das órbitas por fornecer uma excelente visualização da fissura orbitária inferior. O método de Towne proporciona exposição adicional do seio maxilar e do rebordo orbitário inferior, auxiliando na avaliação pós- operatória em casos de reparo dessas fraturas. Quando a incidência de Towne é obtida em uma angulação posteroanterior (PA) é utilizada para avaliar áreas como as cristas petrosas e os espaços pneumatizados do mastoide, assim como o forame magno, a sela túrcica e o osso occipital. Na projeção radiográfica Towne reversa, que é o inverso da semiaxial ou método de Towne, os mesmos padrões de fratura vistos na PA de Towne podem ser observados. 6. Caldwell A incidência de Caldwell é utilizada para examinar o terço médio da face e seios paranasais e fornece uma melhor visão da órbita e das estruturas faciais posteriores. Este método é particularmente usado para avaliar os segmentos nasofrontal e vertical do pilar zigomático, a fossa nasal e a mandíbula. 7. Projeções de PA São úteis para avaliar fraturas do terço médio e mandibulares. Obs: Como radiografia complementar, a radiografia panorâmica é extremamente valiosa quando precisamos avaliar fraturas mandibulares, incluindo fraturas do côndilo. Além disso, filmes oclusais podem ser usados para examinar lesões dentoalveolares. b. Radiografias para a coluna Cervical Em casos de trauma de face, danos à coluna cervical devem ser excluídos por meio de uma série radiográfica completa da coluna cervical, que inclui uma incidência lateral, odontoide (boca aberta) e oblíqua antes de qualquer manipulação do pescoço. Recomendação da TC: Em casos clínicos suspeitos, pois identifica mais fraturas e é mais precisa na localização da posição de fragmentos ósseos, em todos os pacientes inconscientes com suspeita de trauma no pescoço e todos os pacientes conscientes e alertas que se queixem de dor e espasmos na região do pescoço após acidentes em alta velocidade. Contraindicação da TC: identificação de lesão ligamentar na coluna cervical e, apesar de poder ser identificada na projeção lateral com flexão-extensão do pescoço, esse é um procedimento potencialmente arriscado. Deve ser realizado somente em pacientes alertas e cooperativos com espasmos mínimos, que não tenham evidências de fraturas potencialmente instáveis nas radiografias-padrão ou na TC. A ressonância magnética (RM), por outro lado, pode identificar danos ao ligamento e deve ser considerada se as investigações prévias não ajudarem ou não puderem ser realizadas. Um dos principais objetivos da imagem da coluna cervical é identificar lesões potencialmente instáveis, e uma das classificações mais úteis de instabilidade vem sendo proposta por Denis. Esta classificação divide a coluna vertebral em três colunas. 1. Anterior: Compreendida entre o ligamento longitudinal anterior, disco anterior e corpo vertebral anterior. 2. Médio: Composto pelo ligamento longitudinal posterior, disco posterior e corpo vertebral posterior. 3. Posterior: Onde fazem parte o complexo ligamentar posterior, pedículos, lâmina e processo espinhoso. Uma lesão é considerada instável se duas ou três dessas colunas forem interrompidas. Um paciente consciente e assintomático sem lesão confundível, ou déficit neurológico, e que possa ter uma avaliação motora ou alcance funcional completamente realizados, pode seguramente ser liberado da imobilização cervical, mesmo sem avaliação radiográfica. c. Tomografia Computadorizada É usualmente produz informação adicional ou pode ser usada quando precauções para a coluna cervical ou outras lesões não permitam a realização das projeções radiográficas faciais padrão. Existe ampla concordância de que a identificação anatômica exata e quantificação das fraturas faciais, o reconhecimento dareal extensão de deslocamento ósseo e a avaliação precisa das complicações dos principais ossos e tecidos moles podem ser efetivas e cuidadosamente identificadas com TC em alta resolução. A TC permite a visualização de lesões de cada um dos componentes ósseos do esqueleto facial nos planos axial e coronal e propicia a avaliação de vários danos aos tecidos moles. A reconstrução tridimensional dos ossos da face a partir de uma imagem bidimensional pode ajudar a guiar o tratamento de lesões faciais. Além do trauma, a TC também é útil na avaliação de patologias e malformações congênitas. Embora a TC bidimensional tenha alguma utilidade na avaliação do trauma facial, uma das maiores dificuldades é obter secções coronais, pois elas requerem movimentação significativa do pescoço do paciente. Assim, o exame fica restrito às secções axiais, e a impossibilidade de obter secções sagitais exige o uso adicional da tomografia convencional. A interpretação da reconstrução tridimensional permite avaliação mais fácil, e o uso de imagens tridimensionais para avaliar lesões faciais garante um elevado grau de segurança no diagnóstico morfológico. A TC também pode ser utilizada para exclusão de dano neurológico no paciente maxilofacial e usada como complemento para avaliação do dano facial. Essa imagem é também a mais útil em situações emergenciais por causa do curto tempo de realização, detalhamento excelente dos ossos e habilidade de examinar a anatomia em múltiplos planos. A TC deve ser considerada em casos nos quais o paciente apresente dificuldade de avaliação em radiografias-padrão. Por exemplo, fraturas do terço médio da face são de difícil avaliação com filmes simples, pois estruturas anatômicas se sobrepõem à fratura. Nesses casos, a TC em vários planos espaciais, axial e coronal, e, possivelmente, a reconstrução tridimensional devem ser consideradas. Com o aumento da importância da TC para o exame de pacientes traumatizados, muitos clínicos defendem seu uso. É considerada como “padrãoouro” para avaliação do paciente com trauma facial. No passado, o uso da TC tradicional ou aquisição de corte único produzia imagens através de dados coletados de detectores após uma rotação de 360 graus. Após cada imagem tomográfica, a placa do paciente era movida e outra imagem obtida. Um atraso de tempo de 10 a 15 segundos entre cada corte era necessário, o que tornava a aquisição da imagem um processo muito demorado. O desenvolvimento do scanner espiral ou helicoidal permitiu uma aquisição da imagem mais rápida. A TC helicoidal envolve o movimento simultâneo do tubo de raios X e da placa do paciente, o que resulta em uma aquisição do volume da informação da qual imagens tomográficas individuais podem ser reconstruídas. Como um volume de dados definidos é adquirido, reformações multiplanares excelentes são possíveis quando se usam cortes finos da imagem (≤ 3 mm). Além disso, a TC helicoidal pode rapidamente escanear pacientes agudamente traumatizados em menos de 1 minuto e pode gerar imagens diretas no plano de escaneamento e imagens tridimensionais em questão de segundos. A TC multidetector é outra melhoria em relação à TC helicoidal; enquanto a TC helicoidal faz uso de uma única fileira de detectores, a TC multidetector utiliza uma matriz de detectores que permitem a aquisição de múltiplas imagens tomográficas por rotação, o que aumenta consideravelmente a velocidade de geração da imagem. A detecção da fratura também tem sido bem maior com reformações multiplanares finas. Estas são atualmente consideradas o que há de melhor para pacientes com danos maxilofaciais severos. Embora a TC de lesões maxilofaciais tenha se provado de valor inestimável para o diagnóstico e tratamento dessas fraturas, deve-se lembrar que o plano de tratamento é baseado em outras variáveis, incluindo idade do paciente, estado físico e condições preexistentes. A TC deve ser usada como um coadjuvante na elaboração do plano de tratamento. d. Angiografia por tomografia computadorizada A angiografia por tomografia computadorizada (ATC) é uma importante ferramenta no campo da cirurgia maxilofacial para uma variedade de indicações, desde o manejo de lesões traumáticas até o tratamento de condições patológicas como malformações vasculares e aneurismas vasculares. A ATC em conjunto com a angiografia por ressonância magnética (ARM) é altamente efetiva no diagnóstico da maioria das lesões traumáticas arteriais e venosas no quadro agudo e quando pacientes desenvolvem sintomas tardios. A angiografia convencional é recomendada principalmente com o propósito terapêutico ou quando o diagnóstico permanece pouco claro após a realização de imagens transversais. Levando-se em consideração que aproximadamente 25% das lesões penetrantes no pescoço resultam em dano vascular, além de 80% de chance de lesão da artéria carótida e 43% de chance de lesão da artéria vertebral no paciente traumatizado, o desenvolvimento de técnicas de imagens vasculares tem sido benéfico para o diagnóstico dessas lesões. Modalidades diagnósticas adicionais incluem a dacriocistografia, a ultrassonografia e a sialografia, que se tornou útil no manejo tardio de dano aos ductos lacrimal/salivar. Atualmente, a TC multidetector fornece a aquisição de dados isotrópicos, permitindo que a imagem se reformate com alta definição. Isso fornece uma avaliação excelente e não invasiva das estruturas vasculares principais da região da cabeça e pescoço. Estudos demonstraram 100% de sensibilidade e 98% de especificidade no diagnóstico de oclusão vascular, pseudoaneurismas, fístulas e trombose parcial. e. Ressonancia magnética A RM tornou-se a ferramenta diagnóstica preferida para o exame de estruturas de tecido mole de cabeça e pescoço extracranianas. A RM é uma tecnologia dinâmica e flexível que permite modificar a imagem de acordo com a parte anatômica de interesse e o processo patológico em questão. Com essa dependência nos parâmetros biológicos variáveis da densidade dos prótons, tempo de relaxamento longitudinal (T1) e tempo de relaxamento transversal (T2), variações de contraste na imagem podem ser obtidos usando diferentes sequências de pulso e modificando os parâmetros da imagem. Intensidades de sinal em T1 e T2 e imagens ponderadas na densidade de prótons referem-se a características teciduais específicas. Por exemplo, com o tempo, a mudança na estrutura química e física do hematoma afeta diretamente a intensidade de sinal na RM, fornecendo informação relacionada com o tempo da hemorragia. Além disso, com a capacidade da RM multiplanar, o plano da imagem pode ser otimizado de acordo com a área anatômica estudada e a relação da lesão com áreas expressivas do cérebro pode ser definida mais fielmente. Sequências de pulso sensíveis ao fluxo e ARM produzem dados sobre o fluxo sanguíneo e podem revelar a anatomia vascular. Até mesmo a função cerebral pode ser investigada em uma pessoa realizando tarefas mentais específicas e analisando mudanças em regiões do cérebro quanto à oxigenação e ao fluxo sanguíneo. A espectroscopia por RM tem um enorme potencial em providenciar informação sobre a bioquímica e o metabolismo dos tecidos. As imagens obtidas com RM são feitas quando os núcleos de hidrogênio ou prótons no corpo se alinham ao longo da direção do campo magnético principal. Um pulso de radiofrequência curto (RF) em uma frequência e duração próprias é, então, transmitido dentro do corpo. Os prótons absorvem a energia de RF e viram em um plano que forma um ângulo com a direção do campo magnético principal. Em precessão, de volta ao alinhamento original no campo magnético, os prótons reemitem parte da energia absorvida, que induz uma corrente elétrica em uma serpentina receptadora de RF especificamente projetada. A corrente induzida (sinal de ressonância magnética) é, então, transformada em uma imagempor meio de métodos matemáticos computadorizados. Diversos parâmetros afetam a intensidade do sinal – densidade (concentração) dos núcleos de hidrogênio, características dos núcleos como determinadas por duas constantes de tempos de relaxamento (T1 e T2) e volume de fluxo de prótons nos tecidos. Assim, o contraste máximo de tecido pode ser obtido pela seleção apropriada de parâmetros de aquisição de dados. A modificação da variável de sequência de pulso, como o tempo de repetição de pulso ou o tempo de atraso de ressonância, permite a diferenciação dos diversos tipos de tecidos (p. ex., gordura, sangue, osso, músculo). Essa técnica não depende de radiação X, o que é uma vantagem sobre a TC. Uma desvantagem é que o detalhamento de ossos delgados na região maxilomandibular é inferior à TC. Além disso, objetos ferromagnéticos e materiais no paciente, como aparelhos ortodônticos, marca-passos cardíacos, neurotransmissores, implantes cocleares eletrônicos e alguns clipes intracranianos para aneurisma, podem mover-se, com consequências desastrosas. Esses objetos também podem produzir artefatos, capazes de degradar a imagem produzida. Além disso, acesso precário e dificuldade com algumas formas de monitoramento do equipamento fazem a RM ser menos atrativa que a TC para examinar o trauma maxilofacial. Contudo, a RM tem aplicações crescentes em áreas específicas, como avaliação da articulação temporomandibular, detecção de extravasamento de líquido cefalorraquidiano (LCR) e lesões intraoculares e avaliação do complexo da bainha do nervo óptico. Avanços tecnológicos também permitiram a avaliação de estruturas e lesões vasculares com o advento da ARM, tornando essa técnica extremamente importante no tratamento tardio de lesões traumáticas. Ao revisar uma imagem de RM, o meio mais fácil de determinar qual sequência de pulso foi usada, ou a sobrecarga da imagem, é avaliar o LCR. Se o LCR estiver claro (sinal alto), essa é uma imagem em T2. Se o LCR estiver escuro, é uma imagem em T1. Deve- se olhar para a intensidade de sinal das estruturas do cérebro. Em uma RM do cérebro, a determinante primária da intensidade de sinal e contraste são os tempos de relaxamento T1 e T2. O contraste é distintamente diferente em imagens T1 e T2. Patologias do cérebro têm também algumas características de sinal comuns. Lesões patológicas podem ser separadas em cinco grupos principais por características específicas de sinal nas três imagens básicas – hipersinal em T2, densidade de prótons (DP) e recuperação da inversão com atenuação líquida (FLAIR) e hipersinal em T1. Como uma tecnologia de imagem, a RM teve avanços consideráveis ao longo dos últimos 10 anos e continua a evoluir, e novas aplicações irão se desenvolver.
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