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Legislação e Normalização para Operadores de Refinaria

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Legislação e Normalização
1
CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA
LEGISLAÇÃO E NORMALIZAÇÃO
2
Legislação e Normalização
Legislação e Normalização
3
CURITIBA
2002
Equipe Petrobras
Petrobras / Abastecimento
UN´s: Repar, Regap, Replan, Refap, RPBC, Recap, SIX, Revap
LEGISLAÇÃO E NORMALIZAÇÃO
CAPÍTULO I
ELOISIA B. DE ALMEIDA P. COELHO – CONSULTOR TÉCNICO
REGAP/SMS
CAPÍTULO II
ADAPTAÇÃO AUTORIZADA DO MANUAL TÉCNICO DE CALDEIRAS E
VASOS DE PRESSÃO MINISTÉRIO DE TRABALHO – SSST –
SECRETARIA DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO
4
Legislação e Normalização
363.11 Coelho, Eloisia B. de Almeida P.
C672 Curso de formação de operadores de refinaria: legislação e
normalização / Eloisia B. de Almeida P. Coelho; adaptação autorizada
do manual técnico de caldeiras e vasos de pressão Ministério do
Trabalho-SSST-Secretaria de Saúde e Segurança no Trabalho. – Curitiba :
PETROBRAS : UnicenP, 2002.
64 p. : il. (algumas color) ; 30 cm.
Financiado pelas UN: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC,
RECAP, SIX, REVAP.
1. Segurança industrial. 2. Legislação. 3. Norma reguladora. I. Brasil.
Ministério do Trabalho. Secretaria de Saúde e Segurança no Trabalho.
II. Título.
Legislação e Normalização
5
Apresentação
É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você.
Para continuarmos buscando excelência em resultados, dife-
renciação em serviços e competência tecnológica, precisamos de
você e de seu perfil empreendedor.
Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre o
Centro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representada
pela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicos
que auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria.
Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planos
de aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc-
nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po-
dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como um
processo contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizado
pela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades da
Petrobras.
Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outras
fontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundar
seu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão na
Petrobras.
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6
Legislação e Normalização
Sumário
1 LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA NO TRABALHO –
NORMAS REGULAMENTADORAS (NR´S)
VISÃO GERAL ....................................................................... 7
1.1 Introdução ........................................................................ 7
1.2 Histórico .......................................................................... 7
1.3 Órgãos do Governo e Entidades ....................................... 9
1.4 Normas Regulamentadoras ............................................ 10
1.4.1 NR 1 – Disposições Gerais ................................ 11
1.4.2 NR 2 – Inspeção Prévia ..................................... 12
1.4.3 NR 3 – Embargo ou Interdição .......................... 12
1.4.4 NR 4 – Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho ....................................................... 12
1.4.5 NR 5 – Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes – CIPA ......................................... 13
1.4.6 NR 6 – Equipamentos de Proteção
Individual – EPI ................................................ 13
1.4.7 NR 7 – Programa de Controle Médico
de Saúde Ocupacional (PCMSO) ...................... 13
1.4.8 NR 8 – Edificações ........................................... 14
1.4.9 NR 9 – Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais – PPRA ............................... 15
1.4.10 NR 10 – Instalações e serviços em
eletricidade ........................................................ 15
1.4.11 NR 11 – Transporte, movimentação,
armazenagem e manuseio de materiais ............. 15
1.4.12 NR 12 – Máquinas e equipamentos .................. 16
1.4.13 NR 13 – Operação de Caldeiras
e Vasos de Pressão ............................................. 16
1.4.14 NR 14 – Fornos ................................................. 16
1.4.15 NR 15 – Atividades e operações insalubres ...... 17
1.4.16 NR 16 – Atividades e operações perigosas ....... 18
1.4.17 NR 17 – Ergonomia .......................................... 18
1.4.18 NR 18 – Condições e meio ambiente
de trabalho na indústria da construção .............. 19
1.4.19 NR 20 – Líquidos combustíveis e inflamáveis .. 19
1.4.20 NR 23 – Proteção contra incêndios ................... 19
1.4.21 NR 24 – Condições sanitárias e de conforto
nos locais de trabalho ........................................ 19
1.4.22 NR 25 – Resíduos Industriais ............................ 19
1.4.23 NR 26 – Sinalização de segurança .................... 20
1.4.24 NR 27 – Registro Profissional do Técnico
de Segurança do Trabalho no Ministério
do Trabalho ....................................................... 20
2 NR-13 – CALDEIRAS E VASOS DE PRESSÃO ................. 21
13.1 Caldeiras a vapor – disposições gerais ........................... 21
13.2 Instalação de Caldeiras a Vapor ..................................... 29
13.3 Segurança na Operação de Caldeiras ............................. 32
13.4 Segurança na Manutenção de Caldeiras ........................ 34
13.5 Inspeção de Segurança de Caldeiras .............................. 35
ANEXO I-A ........................................................................... 39
1. Noções de Grandezas Físicas e Unidades ......................... 39
1.1. Pressão ..................................................................... 39
1.2. Calor e Temperatura ................................................. 39
2. Caldeiras – Condições Gerais ........................................... 39
2.1. Tipos de caldeiras e suas utilizações ........................ 39
2.2. Partes de uma caldeira ............................................. 39
2.3. Instrumentos e dispositivos de controle de caldeira . 40
3. Operação de Caldeiras ...................................................... 40
3.1. Partida e parada ........................................................ 40
3.2. Regulagem e controle ............................................... 40
3.3. Falhas de operação, causas e providências ............... 40
3.4. Roteiro de vistoria diária .......................................... 40
3.5. Operação de um sistema de várias caldeiras ............ 40
3.6. Procedimentos em situações de emergência ............. 40
4. Tratamento de Água e Manutenção de Caldeiras ............. 40
4.1. Impurezas da água e suas conseqüências ................. 40
4.2. Tratamento de água .................................................. 40
4.3. Manutenção de caldeiras .......................................... 40
5. Prevenção Contra Explosões e Outros Riscos .................. 40
5.1. Riscos gerais de acidentes e riscos à saúde .............. 40
5.2. Riscos de explosão ................................................... 40
6. Legislação e Normalização ............................................... 40
6.1. Normas Regulamentadoras ...................................... 40
6.2. Norma Regulamentadora 13 (NR-13) ...................... 40
ANEXO II .............................................................................. 40
13.6 Vasos de Pressão – Disposições Gerais .................... 41
13.7 Instalação de Vasos de Pressão ................................. 46
13.8 Segurança na Operação de Vasos de Pressão ............ 48
13.9. Segurança na Manutenção de Vasos de Pressão ....... 50
13.10 Inspeção de Segurança de Vasos de Pressão ............. 52
ANEXO I-B ...........................................................................55
1. Noções de Grandezas Físicas e Unidades ......................... 55
1.1. Pressão ..................................................................... 55
1.2. Calor e Temperatura ................................................. 55
2. Equipamentos de Processo ............................................... 55
2.1. Trocadores de calor .................................................. 55
2.2. Tubulação, válvulas e acessórios .............................. 55
2.3. Bombas .................................................................... 55
2.4. Turbinas e ejetores ................................................... 55
2.5. Compressores ........................................................... 55
2.6. Torres, vasos, tanques e reatores .............................. 55
2.7. Fornos ...................................................................... 55
2.8. Caldeiras .................................................................. 55
3. Eletricidade ...................................................................... 55
4. Instrumentação ................................................................. 55
5. Operação da Unidade ....................................................... 55
5.1. Descrição do processo .............................................. 55
5.2. Partida e parada ........................................................ 55
5.3. Procedimentos de emergência .................................. 55
5.4. Descarte de produtos químicos e preservação
do meio ambiente ..................................................... 55
5.5. Avaliação e controle de riscos inerentes
ao processo ............................................................... 55
5.6. Prevenção contra deterioração, explosão
e outros riscos .......................................................... 55
6. Primeiros Socorros ........................................................... 55
7. Legislação e Normalização ............................................... 55
ANEXO II .............................................................................. 56
ANEXO III ............................................................................. 56
1. Esta NR deve ser aplicada aos seguintes equipamentos ... 56
2. Esta NR não se aplica aos seguintes equipamentos .......... 57
ANEXO IV ............................................................................ 60
Legislação e Normalização
7
1Legislação de Segurança noTrabalho – NormasRegulamentadoras (NR´s) VisãoGeral
1.1 Introdução
O trabalho humano é fruto da inteligência
e da criatividade. Foi graças à capacidade de
raciocínio e ao instinto gregário que o ser hu-
mano conseguiu, ao longo dos tempos, criar e
aprimorar técnicas que permitiram o progres-
so e a adaptação das comunidades nas mais
diversas partes do planeta. Tal evolução par-
tiu da atividade predatória, atingiu o processo
industrial e prossegue a passos enormes, em
todas as áreas de conhecimento.
A Revolução Industrial, fenômeno histó-
rico ocorrido na Europa, abrangendo parte dos
séculos XVIII e XIX, provocou a mais mar-
cante mudança nas relações entre o homem e
o trabalho. Os camponeses empregavam-se em
“fábricas”, que não passavam de meras cons-
truções improvisadas. Os locais e os instru-
mentos de trabalho ofereciam inúmeros riscos.
Foi preciso que muitos trabalhadores, princi-
palmente mulheres e crianças, morressem em
conseqüência de acidentes e doenças ineren-
tes ao trabalho, para que ações governamen-
tais, em vários países europeus, manifestas-
sem-se em prol da segurança e da saúde dos
trabalhadores.
No Brasil, o período de desenvolvimento
industrial mais intenso ocorreu a partir de
1930. O processo não foi muito diferente do
que ocorreu na Europa, no que tange à preo-
cupação com a segurança e saúde dos traba-
lhadores. A falta de ações mais ágeis dos go-
vernos, que não estão ainda suficientemente
aparelhados para fiscalizar plenamente o cum-
primento das leis, é um fator que favorece a
manutenção das condições precárias a que fica
submetida grande parte dos trabalhadores bra-
sileiros.
O ritmo crescente do desenvolvimento tec-
nológico faz com que os trabalhadores do li-
miar do século XXI tenham que enfrentar no-
vos riscos, e fiquem expostos aos mais diver-
sos agentes potencialmente nocivos à saúde.
Assim, a mesma inteligência, que viabiliza a
concepção de novas tecnologias, de novas
máquinas e novos materiais e que possibilita
o planejamento de novas formas de organiza-
ção do trabalho, deverá ser capaz, também, de
propiciar aos trabalhadores condições saudá-
veis e seguras de trabalho.
É neste campo que atuam, conjuntamen-
te, a Segurança, a Higiene e a Medicina do
Trabalho, com o objetivo de prevenir os efei-
tos adversos decorrentes das atividades labo-
rativas, identificando e eliminando suas cau-
sas ou minimizando os seus efeitos nos ambi-
entes de trabalho.
1.2 Histórico
A História revela que, desde o início da
civilização, os trabalhos mais penosos e tam-
bém os menos nobres eram destinados aos es-
cravos. Talvez a isto se possa atribuir a escas-
sez de referências aos problemas relacionados
com doenças dos trabalhadores na Antigüida-
de. Mesmo assim, alguns registros foram fei-
tos, ainda que a preocupação principal não
fosse o comprometimento da saúde de quem
trabalhava, mas provavelmente o comprome-
timento dos volumes de produção.
Hipócrates, três séculos antes de Cristo,
já se referia com riqueza de detalhes a casos
de intoxicação por chumbo em trabalhadores
de minas.
Um século antes da era cristã, Lucrécio já
registrava suas preocupações com as condições
de trabalho dos mineiros daquela época e cita-
va: “não viste como morrem em tão pouco tem-
po, quando ainda tinham tanta vida pela frente?”
Plínio, no início da era cristã, após visitar
galerias de minas, descreveu suas impressões
sobre os trabalhadores expostos a poeiras de
toda espécie. O mesmo autor observou, ainda,
a iniciativa daqueles trabalhadores, relatando:
“procuravam minimizar a inalação de poeiras,
fazendo uso de bexigas de carneiro ou trapos
imundos à frente do rosto; era como se esti-
vessem mascarados para não serem reconhe-
cidos em seus horrores.”
8
Legislação e Normalização
Referências mais concretas e abrangentes
sobre a questão da saúde dos trabalhadores só
surgiram a partir do século XVI. Em 1556, foi
publicado o livro de Georgius Agricola, que
fazia referências a acidentes do trabalho e doen-
ças relacionadas às atividades de extração e
fundição de prata e ouro.
Em 1567, foram publicados os trabalhos
de Paracelso, em que eram relacionadas algu-
mas atividades laborativas, os respectivos
métodos de trabalho, as substâncias manusea-
das e as doenças inerentes.
Em 1700, foi publicada a obra de referên-
cia histórica: o livro de Bernardino Ramazzini,
“As Doenças dos Trabalhadores”. Em sua obra,
Ramazzini descreve com detalhes doenças ine-
rentes a mais de 50 atividades. Ramazzini é
considerado o “Pai de Medicina do Trabalho”.
Atribui-se também a ele, as abordagens preli-
minares referentes à medicina social, a partir
de alguns registros em que fica clara a insinu-
ação de alguns elementos básicos, tais como:
o estudo das relações entre o estado de saúde
de uma população específica e suas condições
de renda; os fatores negativos que atuam de
forma especial em determinada população, em
face à sua posição social; os elementos que
exercem influência deletéria sobre a saúde das
populações, impedindo a melhoria do estado
geral de bem-estar.
No transcorrer do século XVIII, a Revo-
lução Industrial ocorrida na Europa provocou
um grande impacto sobre a qualidade de vida
de muitas pessoas. Os trabalhadores do cam-
po, iludidos pelas novas propostas de empre-
gos nas “fábricas” da época, deixaram suas
origens ante a expectativa de melhores opor-
tunidades. O êxodo rural foi intenso, mas,na
verdade, os trabalhadores foram submetidos a
penosas condições de trabalho em ambientes
onde os agentes agressivos à saúde eram nu-
merosos. Não bastasse isto, crianças de sete
anos ou menos já eram “empregadas nas fá-
bricas.” Mulheres grávidas trabalhavam, até o
final da gestação, em ambientes adversos, cum-
prindo jornadas noturnas. As jornadas de tra-
balho duravam, para todos, até 16 horas/dia,
sem descanso semanal.
A conseqüente dizimação da mão-de-obra
operária começou a ameaçar o próprio curso
do desenvolvimento. Isto significava uma
ameaça direta às novas fontes de renda das
classes privilegiadas da época: mão-de-obra
mais escassa era sinônimo de mão-de-obra
cada vez mais cara.
Os movimentos sociais sensibilizaram o
Estado e algumas medidas efetivas começa-
ram a ser tomadas a partir de 1800, através de
leis específicas. Como exemplo, pode-se citar:
– lei que regulamenta a idade mínima
para o trabalho – Inglaterra/1802;
– lei das fábricas, que proibe o trabalho
noturno para menores e exige proteção
nas máquinas, entre outros benefícios –
Inglaterra/1833;
– lei sobre acidentes do trabalho e sua
indenização – Inglaterra/1898;
– lei sobre o repouso semanal – França/
1806;
– lei da aposentadoria após 65 anos –
França/1910;
– lei da jornada de trabalho de 8 horas/
dia para serviços de mineração – Fran-
ça/1913;
– lei da jornada de trabalho de 8 horas/
dia – França/1916;
– lei sobre semana de trabalho de 40 ho-
ras e férias remuneradas – França/1936.
Em 1906, realizou-se em Milão, graças à
proposta do senador italiano De Cristoforis, o
I Congresso Internacional de Doenças do Tra-
balho.
Em 1910, durante o II Congresso Interna-
cional de Doenças dos Trabalhadores, foi dis-
cutida a equiparação entre acidente do traba-
lho e doenças relacionadas ao trabalho.
Em 1919, foi criada a OIT (Organização
Internacional do Trabalho). Esta organização
tem como atribuição principal à divulgação de
informação e recomendações internacionais
que visem à proteção dos trabalhadores. Mui-
tas das recomendações não possuem caráter
obrigatório, ficando a cargo de cada país sig-
natário decidir internamente estas questões, de
modo a regulamentar na forma da Lei todos
os aspectos técnicos envolvidos.
E em termos de Brasil, como evoluíram
as questões de segurança e saúde dos traba-
lhadores? A história mostra um quadro seme-
lhante ao dos europeus em termos de atenção
para com a segurança e a saúde dos trabalha-
dores. Utilizou-se mão-de-obra escrava até o
final do século XIX. O escravo trabalhava até
18 horas por dia e seu proprietário podia
castigá-lo sem interferência do poder público.
Provavelmente, foram as graves epidemi-
as (cólera, febre amarela, entre outras), que
começaram a despertar o interesse social para
o binômio saúde/trabalho, já que tais epide-
mias associavam-se direta ou indiretamente às
Legislação e Normalização
9
condições de trabalho da época, afetando de
forma negativa a produção nos engenhos e nas
áreas de plantio, principalmente.
As progressivas limitações impostas ao
tráfico de escravos, a partir da segunda meta-
de do século XIX, concorreram para uma li-
geira melhoria das condições de trabalho, vi-
sando ao aumento da vida útil dos escravos.
Com a abolição da escravatura, a fonte de
mão-de-obra passa a ser a corrente migrató-
ria, principalmente a européia, mas a econo-
mia brasileira continuava sendo fundamen-
talmente agrícola, embora as primeiras indús-
trias datassem da segunda metade do século
XIX, constituídas principalmente por fábricas
de tecidos, velas, charutos, sabão, vestuário e
produtos alimentícios.
As condições de trabalho, naquela época,
eram duríssimas. As jornadas de trabalho es-
tendiam-se por até 16 horas, sem repouso se-
manal; a utilização de mão-de-obra infantil e
feminina era comum e indiscriminada, inclu-
sive em trabalhos pesados e ou noturnos; a
arbitrariedade dos patrões era gritante, pois os
“erros cometidos” por trabalhadores adultos
eram punidos com pesadas multas e quando
se tratava de crianças, a punição era o espan-
camento; os prédios em que se instalavam as
“fábricas” não ofereciam as mínimas condi-
ções de higiene, segurança e conforto, pois não
tinham sido projetados para tal finalidade.
É neste contexto que a classe operária bra-
sileira começou a se mobilizar gradativamen-
te, até que, sob influência dos imigrantes e ins-
pirados nos movimentos sindicais europeus,
os protestos explodiram. Entre 1901 e 1914,
ocorreram 129 greves. Em 1917, o movimen-
to grevista foi marcante, particularmente em
São Paulo, onde quase todos os setores indus-
triais pararam. A pressão social levou o Esta-
do a intervir nas relações de trabalho.
Em 1919, foi aprovado o nosso primeiro
texto legal sobre acidentes do trabalho, trata-
se do Decreto Legislativo 3724, de 15/01/19.
Em 1923, foi instituído o Regulamento
Sanitário Federal, a partir do qual se criou a
Inspetoria de Higiene Industrial.
Em 1930, foi criado o Ministério do Tra-
balho, Indústria e Comércio, através do De-
creto 19.443, de 26/11/30.
Em 1938, foram instituídos o salário mí-
nimo e o adicional de insalubridade, por força
do Decreto-Lei 399, de 30/04/38.
 Em 1º de maio de 1943, foi criada a CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho), através
do Decreto-Lei 5452. A CLT reuniu as legis-
lações já existentes anteriormente, relaciona-
das à organização sindical, à previdência so-
cial, à proteção ao trabalhador e à Justiça do
Trabalho. Em seu Capítulo V, a CLT tratou
exclusivamente da segurança e da higiene no
trabalho.
Em novembro de 1944, foi publicado o
Decreto-Lei 7036, o qual introduziu notáveis
aperfeiçoamentos na legislação de acidentes
do trabalho; destaca-se no texto, por exemplo,
a criação da CIPA (10/11/44).
Em 1955, foi instituído o adicional de
periculosidade, através da Lei 2.573, de 15/8/55.
 Em dezembro de 1977, o Capítulo V da
CLT foi alterado pela Lei 6514, de 22/12/77.
O Artigo 200 desta lei atribuiu ao Ministério
do Trabalho a competência para normatizar os
procedimentos referentes à segurança e medi-
cina do trabalho.
Em junho/78, a Portaria Ministerial 3214,
de 08/06/78, instituiu as Normas Regulamen-
tadoras (NR), relativas à segurança e medici-
na do trabalho, em cumprimento ao disposto
no Artigo 200 da Lei 6514, citada no parágra-
fo anterior. Atualmente, são vinte e nove Nor-
mas Regulamentadoras.
Em abril/88, foram instituídas cinco Nor-
mas Regulamentadoras Rurais (NRR), referen-
tes à proteção do trabalhador rural (Portaria
3067, de 12/04/88).
Desde então, textos legais complementa-
res e ou substitutivos vêm aperfeiçoando a re-
gulamentação pertinente à segurança e higie-
ne no trabalho.
1.3 Órgãos do Governo e Entidades
 O Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE) é o órgão executivo responsável pela
representação política e social do governo re-
ferentes aos assuntos relacionados com as
interfaces envolvidas nas relações de trabalho.
Através do seu gabinete e demais secretarias,
atua no campo das relações públicas, com o
compromisso de acompanhar o andamento dos
projetos em tramitação no Congresso Nacio-
nal, providenciar a publicação oficial e divul-
gar as matérias relacionadas com a área de atu-
ação do governo para as questões de trabalho.
A Secretaria de Segurança e Saúde no
Trabalho (SSST) está ligada ao ministro do
trabalho e tem como função principal, formu-
lar e propor as diretrizes de atuação da área de
segurança e saúde do trabalhador.
10
Legislação e Normalização
A Secretaria de Relações do Trabalho
tem como objetivo garantir a autonomia das
relações empregados e empregadores, respei-
tando os princípios da não-interferência e não-
intervenção na organização sindical.
A Secretaria de Fiscalização do Trabalho
tem como missão, formular e propor as diretri-
zes da inspeção do trabalho, ouvidaa Secreta-
ria de Segurança e Saúde no Trabalho, de modo
a priorizar o estabelecimento da política de com-
bate ao trabalho escravo e infantil, bem como
todas as formas de trabalho degradante.
As Delegacias Regionais do Trabalho
(DRT) têm como objetivo principal, coorde-
nar, orientar e controlar, na área de sua juris-
dição, a execução das atividades relacionadas
com a fiscalização do trabalho, à inspeção das
condições ambientais de trabalho e à orienta-
ção ao trabalhador.
A Fundação Jorge Duprat Figueiredo
de Segurança e Medicina do Trabalho
(FUNDACENTRO) é o braço técnico do Mi-
nistério do Trabalho e Emprego (MTE) com
atribuições bastante definidas no campo da
pesquisa e assessoramento técnico. Tem por
finalidade principal a realização de estudos e
pesquisas pertinentes aos problemas de segu-
rança, higiene e medicina do trabalho.
1.4 Normas Regulamentadoras
As Normas Regulamentadoras são de ob-
servância obrigatória, tanto para as empresas,
pessoas jurídicas, quanto por qualquer outro
que possua empregados regidos pela CLT.
A seguir estão relacionadas as Normas
Regulamentadoras vigentes no Brasil:
NR 1 – Disposições Gerais — especifica as
competências do poder público, das empresas
e dos empregados quanto à preservação da
saúde do trabalhador.
NR 2 – Inspeção Prévia — estabelece procedi-
mentos para a aprovação de instalações, antes
que um novo estabelecimento entre em atividade.
NR 3 – Embargo ou Interdição — confere po-
deres para interrupção de atividades que apre-
sentem grave e iminente risco de acidentes.
NR 4 – SESMT — estabelece as exigências e
critérios para constituição do Serviço Especi-
alizado em Engenharia de Segurança e Medi-
cina do Trabalho.
NR 5 – CIPA — estabelece as exigências e
critérios para constituição da Comissão Inter-
na de Prevenção de Acidentes.
NR 6 – EPI — estabelece as exigências feitas
às empresas e aos empregados com relação ao
uso dos equipamentos de proteção individual.
NR 7 – PCMSO — estabelece as diretrizes
para elaboração e implementação do Progra-
ma de Controle Médico de Saúde Ocupacional.
NR 8 – Edificações — estabelece critérios mí-
nimos a serem observados nas edificações,
visando garantir a segurança e o conforto das
pessoas que ali trabalharão.
NR 9 – PPRA — estabelece as diretrizes para
elaboração e implementação do Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais.
NR 10 – Instalações e Serviços em Eletricida-
de — especifica exigências mínimas com vis-
tas a garantir a segurança dos trabalhadores
cujas atividades envolvam o manuseio de ins-
talações elétricas, em suas diversas etapas, in-
cluindo projeto, execução, operação, manuten-
ção, reforma, ampliação e ainda a segurança
de usuários e de terceiros.
NR 11 – Transporte, Movimentação, Armaze-
nagem e Manuseio de Materiais — estabelece
requisitos de segurança para operações de
elevadores, guindastes, transportadores indus-
triais e máquinas transportadoras.
NR 12 – Máquinas e Equipamentos — esta-
belece critérios para o uso seguro de máqui-
nas e equipamentos, incluindo sistemas de pro-
teção, dispositivos de acionamento e arranjo
físico.
NR 13 – Caldeiras e Vasos de Pressão — es-
pecifica as exigências de operação e manuten-
ção de caldeiras e vasos de pressão, incluindo a
o treinamento e a habilitação dos operadores.
NR 14 – Fornos — especifica as exigências
de uso e manutenção em fornos industriais que
utilizem combustíveis gasosos ou líquidos.
NR 15 – Atividades e Operações Insalubres —
trata das atividades que, por conclusão de in-
vestigações técnicas, qualitativas ou quantita-
tivas, possam gerar condições insalubres de-
correntes de agentes de risco de natureza físi-
ca, química ou biológica.
Legislação e Normalização
11
NR 16 – Atividades e Operações Perigosas —
trata das atividades que, mediante investiga-
ções técnicas, exponham os trabalhadores a
riscos envolvendo explosivos, inflamáveis,
radiações ionizantes e eletricidade.
NR 17 – Ergonomia — estabelece critérios que
permitam a adaptação das atividades laborati-
vas às condições psicofisiológicas dos traba-
lhadores, visando ao conforto, segurança e efi-
ciência desses trabalhadores.
NR 18 – Condições e Meio Ambiente do Tra-
balho na Indústria da Construção — estabele-
ce diretrizes com vistas à implementação de
medidas de prevenção de acidentes nas ativi-
dades de construção civil.
NR 19 – Explosivos — especifica as exigên-
cias para manuseio e armazenamento de ex-
plosivos.
NR 20 – Líquidos Combustíveis e Inflamáveis —
especifica as exigências para manuseio e ar-
mazenamento de líquidos combustíveis e infla-
máveis, inclusive gás liqüefeito de petróleo.
NR 21 – Trabalhos a Céu Aberto — estabele-
ce as exigências com vistas à proteção dos tra-
balhadores contra as intempéries.
NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na
Mineração — estabelece as exigências a se-
rem cumpridas com vistas a tornar compatí-
vel o planejamento e o desenvolvimento da
atividade de mineração com a busca perma-
nente da segurança e saúde dos trabalhadores.
NR 23 – Proteção Contra Incêndios — esta-
belece os procedimentos para prevenção e
combate a incêndios,
visando à segurança das instalações e das pes-
soas nos locais de trabalho.
NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto
nos Locais de Trabalho — regulamenta as exi-
gências com relação às instalações sanitárias,
incluindo banheiros, alojamentos, refeitórios,
chuveiros, vestiários, cozinha, etc., a fim de
assegurar condições de conforto e higiene dos
trabalhadores.
NR 25 – Resíduos Industriais — estabelece as
exigências feitas às empresas com relação à
liberação de poluentes na forma de energia,
gases, líquidos ou sólidos nos ambientes de
trabalho ou no ambiente externo.
NR 26 – Sinalização de Segurança — estabe-
lece procedimentos a serem seguidos pelas em-
presas com vistas a padronizar as sinalizações
educativas e de advertência, dentro dos esta-
belecimentos, de modo a visar à prevenção de
acidentes.
NR 27 – Registro Profissional do Técnico de
Segurança no Ministério do Trabalho — trata,
exclusivamente, do registro profissional do
técnico de segurança do trabalho no Ministé-
rio do Trabalho e Emprego.
NR 28 – Fiscalização e Penalidades — esta-
belece as penalidades e os critérios de aplica-
ção das mesmas, para o caso de não cumpri-
mento das normas regulamentadoras (NR).
NR 29 – Segurança e Saúde no Trabalho Por-
tuário — trata, exclusivamente, da prevenção
de acidentes de trabalho e doenças associadas
ao trabalho dos empregados que exercem ati-
vidades portuárias.
Normas Aplicadas a Refinarias de Petróleo
Para uma refinaria de petróleo, são apli-
cáveis as seguintes NR’s: 01, 02, 03, 04, 05,
06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17,
18, 20, 23, 24, 26 e 28. Desta forma será feita
a seguir uma descrição resumida de cada nor-
ma aplicável.
1.4.1 NR 1 – Disposições Gerais
Esta norma estabelece o campo de aplica-
ção de todas as Normas Regulamentadoras de
segurança e medicina do trabalho urbano, bem
como os direitos e obrigações do governo, dos
empregados e dos trabalhadores.
Compete às Delegacias Regionais do Tra-
balho – DRT:
– Fiscalizar o cumprimento das normas
de segurança e medicina do trabalho;
– Adotar medidas que se tornem exigí-
veis, determinando as obras e reparos
que, em qualquer local de trabalho, fa-
çam-se necessárias;
– Impor as penalidades cabíveis por des-
cumprimento das normas.
Compete às empresas:
– Cumprir e fazer cumprir as normas de
segurança e medicina do trabalho;
– Instruir os empregados, através de or-
dens de serviço, quanto às precauções
a tomar no sentido de evitar acidentes
do trabalho ou doenças ocupacionais;
12
Legislação e Normalização
– Adotar as medidas que lhes sejam de-
terminadas pelo órgão regional compe-
tente;
– Facilitar o exercício da fiscalização pelaautoridade competente.
A observância das Normas Regulamenta-
doras – NR não desobriga as empresas do cum-
primento de outras disposições, tais como, re-
gulamentos sanitários dos Estados e Municípios,
convenções e acordos coletivos do trabalho.
Compete aos empregados:
– Observar as normas de segurança e me-
dicina do trabalho, inclusive as ordens
de serviço;
– Colaborar com a empresa na aplicação
dos dispositivos dessa norma.
Constitui ato faltoso do empregado a
recusa injustificada quanto à observân-
cia das instruções expedidas pelo em-
pregador através das ordens de serviço
e ao uso dos equipamentos de proteção
individual fornecidos pela empresa.
1.4.2 NR 2 – Inspeção Prévia
Esta norma estabelece as situações em que
as empresas deverão solicitar ao MET – Mi-
nistério do Trabalho e Emprego a realização
de inspeção prévia em seu estabelecimento,
bem como a forma de sua realização.
Essa inspeção deverá ser feita para todo
empreendimento novo, antes do início das ati-
vidades ou quando modificações substanciais
forem realizadas nas instalações.
1.4.3 NR 3 – Embargo ou Interdição
Estabelece as situações em que as empre-
sas sujeitam-se a sofrer paralisação de seus
serviços, máquinas ou equipamentos, bem
como os procedimentos a serem observados
pela fiscalização trabalhista, na adoção de tais
medidas punitivas, no tocante à segurança e
medicina do trabalho.
A interdição poderá ser feita em função
de risco grave e iminente, o qual deverá ser
demonstrado através de laudo técnico do ser-
viço competente.
Algumas situações de risco grave e imi-
nente estão explicitadas, por exemplo, na
NR13 (caldeiras e vasos), na NR 15 (opera-
ções insalubres envolvendo ruído e calor). Um
outro exemplo seria a execução de trabalho em
altura sem o uso de cinto de segurança.
1.4.4 NR 4 – Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho
O Serviço Especializado em Engenharia
de Segurança e Medicina do Trabalho -
SESMT tem por finalidade promover a saúde
e proteger a integridade física do trabalhador
no local de trabalho.
 Toda empresa, da iniciativa privada ou
não, que possua empregados regidos pela CLT
e que se enquadre nas exigências da tabela de
dimensionamento (relaciona grau de risco ver-
sus número de empregados versus número de
profissionais da área de segurança e medicina
do trabalho) é obrigada a constituir e manter
em atividade o SESMT.
Um SESMT completo é composto por
profissionais de cinco categorias diferentes:
médico do trabalho; engenheiro de segurança
no trabalho; enfermeiro do trabalho; técnico
de segurança no trabalho; auxiliar de enfer-
magem do trabalho ou técnico de enfermagem
do trabalho.
Todo SESMT, uma vez constituído, deve-
rá ser registrado no órgão regional do Minis-
tério do Trabalho, isto é, na Delegacia Regio-
nal do Trabalho ou Subdelegacia Regional do
Trabalho.
Os graus de risco das diversas atividades
laborativas foram classificados em: grau de
risco 1, grau de risco 2, grau de risco 3 e grau
de risco 4. Nesta classificação, quanto maior
o número, maior é o risco inerente à ativida-
de. São exemplos:
– Grau de Risco 1: Gestão de salas de es-
petáculo, Cooperativas de crédito, Alu-
guel de imóveis.
– Grau de Risco 2: Reprodução de dis-
cos e fitas, Fabricação de artigos de
perfumaria e cosméticos, Comércio
varejista de bebidas.
– Grau de Risco 3: Produção mista: La-
voura e pecuária, Fabricação de vidro,
Beneficiamento de algodão.
– Grau de Risco 4: Extração de Petróleo,
Extração de Minério de Ferro, Curti-
mento e outras preparações de couro.
Desde que se configure a obrigatoriedade
de se constituir o SESMT, os profissionais que
o comporão deverão ser, necessariamente,
empregados da empresa.
Durante o período de trabalho a serviço
do SESMT, é proibido aos seus integrantes o
exercício de quaisquer outras atividades na
empresa, sob pena de se caracterizar desvio
Legislação e Normalização
13
de função. Nada impede, entretanto, que, uma
vez cumprida a jornada específica, o profissio-
nal possa dedicar-se a outras atividades a ser-
viço da empresa.
Cada profissional integrante do SESMT
deverá aplicar os conhecimentos de sua área
de formação, dentro dos limites legais de sua
competência, a fim de eliminar ou reduzir a
níveis aceitáveis os riscos existentes no ambi-
ente ocupacional, e, conseqüentemente, de pre-
servar a saúde e a integridade física do traba-
lhador.
Da mesma forma, cada profissional deve-
rá colaborar, quando solicitado, nos projetos e
na implantação de novas instalações, novos
equipamentos e novos processos de trabalho,
valendo-se sempre de sua competência profis-
sional. É também dever dos profissionais do
SESMT manter permanente relacionamento
com a Comissão Interna de Prevenção de Aci-
dentes do Trabalho (CIPA), apoiando-a, trei-
nando-a e orientado-a no que for necessário.
Cabe também ao SESMT promover a realiza-
ção de atividades de esclarecimento, consci-
entização, educação e orientação dos trabalha-
dores, com o propósito de prevenir acidentes
do trabalho e doenças inerentes ao trabalho,
seja através de eventos periódicos ou de pro-
gramas permanentes de prevenção de aciden-
tes do trabalho.
O SESMT deverá, ainda, participar ativa-
mente do planejamento e das discussões do
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA), nas suas diversas etapas, bem como
do Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional (PCMSO), respeitadas as com-
petências legais e técnicas de cada profissio-
nal integrante do SESMT. A análise e o regis-
tro dos acidentes do trabalho são também de
responsabilidade do SESMT, o qual deverá
detalhar as ocorrências da melhor forma pos-
sível, bem como preencher os formulários
apropriados.
1.4.5 NR 5 – Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes – CIPA
Será tratada na Apostila de Segurança In-
dustrial.
1.4.6 NR 6 – Equipamentos de Proteção
Individual – EPI
Os agentes de riscos estão presentes nos
mais diversos ambientes ocupacionais. O con-
trole efetivo desses agentes de riscos é que
permite que as atividades desenvolvam-se den-
tro de limites satisfatórios de segurança, pro-
porcionando tranqüilidade aos trabalhadores
e ao empregador.
Uma vez constatado o risco no ambiente
ocupacional, deve-se, em primeiro lugar, ten-
tar eliminá-lo ou reduzí-lo ao mínimo possí-
vel, adotando-se uma ordem preferencial as
seguintes medidas de controle:
Medidas de Proteção Coletiva, que per-
mitam eliminar ou reduzir a intensidade ou a
concentração dos agentes de riscos.
Medidas de caráter administrativo ou
de organização do trabalho, tais como: al-
terar a jornada de trabalho, através da redução
de sua duração ou através da introdução de
pausas com repouso em local onde não exista
o risco; através da execução de tarefas críticas
em horários durante os quais haja menos tra-
balhadores no estabelecimento ou no setor de
trabalho, etc.
Se nenhuma das medidas anteriores for
possível, ou sendo possível, mas insuficiente
para eliminar ou neutralizar o agente de risco,
adota-se a utilização de equipamento de pro-
teção individual – EPI.
Esgotados todos os procedimentos prefe-
renciais de controle do agente de risco, ou seja,
quando as medidas de proteção coletiva são im-
praticáveis ou insuficientes ou quando as me-
didas de caráter administrativo ou de organiza-
ção do trabalho não forem possíveis, utiliza-se
o equipamento de proteção individual, que nada
mais é que uma intervenção no trabalhador.
É importante lembrar que o EPI, na maio-
ria dos casos, não evita o acidente do traba-
lho, porém deve ser considerado do ponto de
vista prevencionista. O EPI evita ou minimiza
a lesão. Pode-se, então, dizer que o EPI busca
evitar o acidente-tipo. Além disto, o EPI pro-
tege o organismo contra substâncias capazes
de exercerem ação tóxica, evitando-se, assim,
o surgimento de doençasprofissionais.
A NR 6 é a Norma Regulamentadora que
trata especificamente de EPI, regulamentando
as exigências de uso, comercialização, regis-
tro, obrigações de aquisição, manutenção, trei-
namento dos empregados quanto ao uso, re-
posição de EPI avariado, etc.
1.4.7 NR 7 – Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional (PCMSO)
Essa norma estabelece a obrigatoriedade
de elaboração e implantação do PCMSO, por
parte de todos os empregadores e instituições,
14
Legislação e Normalização
com o objetivo de monitorar, individualmen-
te, aqueles trabalhadores expostos aos agen-
tes químicos, físicos e biológicos definidos
pelo Programa de Prevenção de Riscos Ambien-
tais – PPRA (NR 9).
O PCMSO é parte integrante do conjunto
mais amplo da saúde dos trabalhadores, de-
vendo estar articulado com as exigências das
demais normas regulamentadoras, em especial
a NR 9; considerando as questões incidentes
sobre o homem, com ênfase no instrumental
clínico-epidemológico, na abordagem da re-
lação entre a saúde e o trabalho, que deverá
ter prioridade na prevenção, rastreamento e
diagnóstico preventivo dos aspectos de saúde
relacionados ao trabalho, inclusive de nature-
za subclinica, além das constatações da exis-
tência de doenças ocupacionais.
Através do reconhecimento dos agentes,
realizado de acordo com a NR 9, deve ser es-
tabelecido um conjunto de exames clínicos e
complementares específicos para a prevenção
ou detecção precoce dos agravos à saúde dos
trabalhadores, para cada grupo de trabalhado-
res da empresa, deixando claro, ainda, que
deverão ser seguidos na interpretação dos re-
sultados dos exames e as condutas que deve-
rão ser tomadas, no caso de encontro de alte-
rações. Se o reconhecimento não detectar ris-
co ocupacional especifico, o controle médico
poderá resumir-se a uma avaliação clínica glo-
bal, em todos os exames exigidos: admissional,
periódico, demissional, mudança de função e
retorno ao trabalho.
A toxicologia é o estudo analítico dos ris-
cos químicos oferecidos por produtos quími-
cos no ser humano, a partir de análise biológi-
cas, principalmente no sangue, urina e fezes
dos trabalhadores expostos. A análise toxico-
lógica está relacionada com a verificação e
constatação de possíveis contaminações de tra-
balhadores expostos a produtos químicos, os
quais devem ser comparados com os limites
de tolerância. No Brasil, são poucos os limi-
tes de tolerância (LT) fixados pela NR 15, e
por isso, utiliza-se com freqüência os limites
fixados pela entidade americana ACGIH
(American Conference of Governamental
Higynists).
O instrumental clínico epidemológico re-
fere-se à boa prática da Medicina do Traba-
lho, pois, além da abordagem clínica indivi-
dual do trabalhador , as informações geradas
devem ser tratadas no coletivo, ou seja, com
uma abordagem de grupos homogêneos, em
relação aos riscos detectados na análise do
ambiente de trabalho, usando os instrumentos
da Epidomologia, como cálculo de taxas ou
coeficientes para verificar se há locais de tra-
balho, setores, atividades, funções, horários ou
grupo de trabalhadores com mais agravos à
saúde do que outros.
O PCSMO pode ser alterado a qualquer
momento, em seu todo ou em parte, sempre
que o médico detectar: mudanças em riscos
ocupacionais, decorrentes das alterações nos
processos de trabalho; novas descobertas da
ciência médica, em relação a efeitos dos ris-
cos existentes; mudança de critérios de inter-
pretação dos exames; ou ainda, reavaliações
do reconhecimento dos riscos.
O PCMSO não é um documento que deve
ser homologado ou registrado nas Delegacias
Regionais do Trabalho, ele deve ficar arqui-
vado no estabelecimento, à disposição da fis-
calização.
O médico coordenador do PCMSO deve
possuir, obrigatoriamente, especialização em
Medicina do Trabalho e fazer parte do SESMT
da empresa, quando o mesmo existir.
Para cada exame médico realizado, o mé-
dico emitirá o Atestado de Saúde Ocupacio-
nal – ASO em duas vias, sendo que uma fica-
rá arquivada no estabelecimento e a outra será
entregue ao empregado.
O PCMSO deverá obedecer a um plane-
jamento em que estejam previstas as ações de
saúde para serem executadas durante o ano,
devendo estas ser objeto de relatório anual. O
relatório anual deverá discriminar, por setores
da empresa, o número e a natureza dos exa-
mes médicos, incluindo avaliações clínicas e
exames complementares, estatísticas de resul-
tados considerados anormais, assim como o
planejamento para o próximo ano. O relatório
anual deve ser apresentado e discutido na
CIPA, quando existente na empresa.
1.4.8 NR 8 – Edificações
Essa norma dispõe sobre os requisitos mí-
nimos que devem ser observados nas edifica-
ções para garantir a segurança e o conforto aos
que nelas trabalham. Podemos destacar os
seguintes requisitos:
– altura mínima do pé-direito;
– pisos sem saliências;
– proteção de aberturas em pisos e pa-
redes;
– rampas construídas de acordo com as
normas;
Legislação e Normalização
15
– emprego de materiais ou processos an-
tiderrapantes em pisos, escadas, rampas;
– guarda corpo de proteção contra quedas.
1.4.9 NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais – PPRA
Essa norma estabelece a obrigatoriedade
da elaboração e implementação, por parte dos
empregadores, do PPRA – Programa de Pre-
venção de Riscos Ambientais, visando a pre-
servação da saúde e integridade física dos tra-
balhadores, através da antecipação, reconhe-
cimento, avaliação e conseqüente controle da
ocorrência de riscos ambientais existentes ou
que venham a existir no ambiente de trabalho.
Assim a NR 9, ao instituir o PPRA, colo-
ca-o como parte integrante de um conjunto
mais amplo de iniciativas da empresa no cam-
po da preservação da saúde dos trabalhadores,
determinando que ele (o PPRA) esteja perfei-
tamente articulado com as exigências das ou-
tras normas regulamentadoras, particularmente
com a NR 7, que trata do programa de contro-
le médico de saúde ocupacional, PCMSO.
O PPRA propõe, entre outras coisas, a
monitorização periódica das condições do
ambiente de trabalho, visando ao controle dos
aspectos pertinentes à higiene ocupacional, o
PCMSO propõe, entre outras coisas, a
monitorização biológica periódica dos traba-
lhadores. Pode-se dizer que a monitorização
biológica constitui-se, em última análise, nos
exames laboratoriais de dosagem de substân-
cias tóxicas ou de seus metabólitos em teci-
dos, secreções, excreções, ar exalado ou algu-
ma combinação destes, para a detecção preco-
ce de exposição dos trabalhadores a determi-
nados agentes de risco ou eventual início de
patologia ocupacional nestes mesmos traba-
lhadores.
O PPRA não deve ser confundido com o
mapa de risco, já que o primeiro é um progra-
ma da higiene ocupacional e o segundo um
estudo qualitativo realizado pelo próprio tra-
balhador através da CIPA. O conhecimento e
a percepção que os trabalhadores têm do pro-
cesso de trabalho e dos riscos ambientais pre-
sentes, incluindo os dados consignados no
Mapa de Riscos deverão ser considerados para
fins de planejamento e execução do PPRA em
todas as suas fases.
O documento base do PPRA deve conter
todas os dados relativos à identificação da em-
presa, desde a razão social ao grau de risco (de
acordo com a NR 4), o número de trabalhadores,
além do planejamento anual com estabeleci-
mento de metas, prioridades e cronogramas.
As metas e objetivos devem expressar o que a
empresa deseja alcançar após a implementa-
ção do PPRA. As prioridades devem estabe-
lecer o que será realizado dentro do cronogra-
ma previamente estabelecido, em relação as
ações para atingir as metas, indicando-se os
referidos prazos. O PPRA deve ser revisto e
apresentado aos trabalhadores anualmente.
O desenvolvimento do PPRA consiste no
reconhecimento, avaliação, monitoramento e
controle dos riscos ambientaisexistentes no
ambiente de trabalho. A profundidade e com-
plexidade do PPRA dependerá da identifica-
ção dos riscos ambientais na fase de antecipa-
ção ou reconhecimento. Caso não sejam iden-
tificados riscos ambientais, o PPRA se resu-
mirá na fase de antecipação dos riscos, do re-
gistro e divulgação dos dados encontrados.
Para efeito do PPRA, são considerados
apenas os agentes de riscos de natureza física,
química e biológica. O fato de não estarem
incluídos agentes de riscos de outra natureza
não significa que os mesmos devam ser des-
prezados; eles serão abordados em um con-
junto mais amplo de iniciativas da empresa no
campo da preservação da saúde e da seguran-
ça dos trabalhadores. O PPRA, ao abordar ape-
nas os agentes de riscos de natureza física,
química e biológica, é apenas uma parte do
conjunto dessas iniciativas.
1.4.10 NR 10 – Instalações e serviços em
eletricidade
Essa norma estabelece as condições míni-
mas exigíveis para garantir a segurança dos
empregados que trabalham em instalações elé-
tricas, em suas diversas etapas, incluindo a ela-
boração de projetos, execução, operação, ma-
nutenção, reforma e ampliação, assim como a
segurança de usuários e de terceiros, em qual-
quer das fases de geração, transmissão, distri-
buição e consumo de energia elétrica, obser-
vando-se para tanto, as normas técnicas oficiais
vigentes e, na falta destas, as normas técnicas
internacionais.
1.4.11 NR 11 – Transporte, movimentação,
armazenagem e manuseio de materiais
Esta norma estabelece os requisitos de
segurança a serem observados nos locais de
trabalho, no que se refere ao transporte, à mo-
vimentação, à armazenagem e ao manuseio de
16
Legislação e Normalização
materiais, tanto de forma mecânica, quanto
manual, de modo a evitar acidentes no local
de trabalho.
Esta NR foi redigida devido ao grande
número de acidentes causados pelos equipa-
mentos de içamento e transporte de matérias,
ocorridos com a crescente mecanização das
atividades.
São considerados equipamentos de iça-
mento: elevadores, guindastes, monta-cargas,
pontes-rolantes, talhas, empilhadeiras, guin-
chos, esteiras rolantes, transportadores.
Estes equipamentos devem ser projetados
de forma a possuir todos os dispositivos de
segurança necessários. Devem ser inspeciona-
dos periodicamente e passarem por manuten-
ção preventiva.
 É importante que a operação de içamento
esteja devidamente coordenada e que seja dada
especial atenção à possibilidade de queda de
materiais. Sempre implica em riscos, que de-
vem ser evitados isolando-se a área onde este-
ja ocorrendo a movimentação de cargas sus-
pensas. É importante a sinalização para movi-
mentação de carga.
O equipamento não deve operar com so-
bre carga para evitar desgaste das peças.
Os acidentes mais freqüentes na ativida-
de de içamento são: esmagamento e impacto,
lesões decorrentes da quebra ou falha das cor-
rentes ou cordas, lesões pela queda da carga.
1.4.12 NR 12 – Máquinas e equipamentos
Essa norma estabelece as medidas
prevecionistas de segurança e higiene do tra-
balho a serem adotadas na instalação, opera-
ção e manutenção de máquinas e equipamen-
tos, visando à prevenção de acidentes de tra-
balho.
A seguir, estão os principais aspectos re-
lacionados a essa norma:
– Instalações e Áreas de Trabalho: os pi-
sos dos locais de trabalho onde se ins-
talam máquinas e equipamentos devem
ser vistoriados e limpos; as áreas de
circulação e os espaços em torno de
máquinas e equipamentos devem ser
adequadas; deve haver uma distância
mínima entre máquinas e equipamen-
tos; as áreas reservadas para corredo-
res e armazenamento de materiais, de-
vidamente demarcadas com faixa nas
cores indicadas pela NR – 26;
– Normas de Segurança para Dispositi-
vos de Acionamento, Partida e Parada
de Máquinas e Equipamentos: os dis-
positivos de acionamento e parada de-
vem ser acionados ou desligados pelo
operador na sua posição de trabalho e
não devem estar localizados na zona pe-
rigosa da máquina ou do equipamento.
Também devem poder ser acionados ou
desligados em caso de emergência, por
outra pessoa que não seja o operador.
Não podem ser acionados ou desliga-
dos, involuntariamente, pelo operador,
ou de qualquer outra forma acidental;
– Proteção de Máquinas e Equipamentos:
devem possuir anteparos e aterramentos;
– Manutenção e Operação: os reparos, a
limpeza, os ajustes e a inspeção somen-
te podem ser executados com as má-
quinas paradas, salvo se o movimento
for indispensável à sua realização; a
manutenção e inspeção somente podem
ser executadas por pessoas devidamen-
te credenciadas pela empresa. Devem
ser feitas de acordo com as instruções
fornecidas pelo fabricante e/ou de acor-
do com as normas técnicas oficiais vi-
gentes no País.
1.4.13 NR 13 – Operação de Caldeiras e Vasos
de Pressão
A NR 13 será tratada na 2ª Parte desta
apostila.
1.4.14 NR 14 – Fornos
Essa norma estabelece os requisitos téc-
nico-legais pertinentes à construção, operação
e manutenção de fornos industriais.
De acordo com essa norma, a instalação dos
fornos deve atender aos seguintes requisitos:
– Possuir revestimento com material re-
fratário para evitar que o calor radiante
ultrapasse os limites estabelecidos na
NR 15;
– Evitar o acumulo de gases nocivos e
altas temperaturas em áreas vizinhas;
– Escadas e plataformas adequadas para
garantir aos trabalhadores a execução
segura das tarefas;
– Possuir sistema de proteção para evitar
explosão por falha de chama ou aciona-
mento do queimador;
– Possuir sistema de proteção para evi-
tar retrocesso de chama;
– Possuir chaminés adequadas para saí-
da dos gases de combustão.
Legislação e Normalização
17
1.4.15 NR 15 – Atividades e operações insalubres
Essa norma define os agentes insalubres, os limites de tolerância e os critérios técnicos e
legais para avaliar e caracterizar as atividades e operações insalubres assim como o adicional de
insalubridade.
A insalubridade é abordada, na NR-15, sob o título atividades e operações insalubres. Em
síntese, pode-se dizer que uma atividade ou operação é considerada insalubre, quando a sua
execução expõe, sob certas condições, o trabalhador a agentes de riscos de natureza física, quí-
mica ou biológica. Um quadro-resumo dos agentes de insalubridade é apresentado a seguir.
Níveis de ruído contínuo ou intermitente superiores aos limites de tolerância
fixados no Quadro constante do Anexo 1 e no item 6 do mesmo Anexo
Níveis de ruído de impacto superiores aos limites de tolerância fixados nos itens 2 e
3 do Anexo 2
Exposição ao calor com valores de IBUTG superiores aos limites de tolerância
fixados nos Quadros 1 e 2
Refere-se à iluminação; revogado pela Portaria 3.751, de 23/11/90
Níveis de radiações ionizantes com radioatividade superior aos limites de tolerância
fixados neste Anexo
Trabalho sob condições hiperbáricas
Radiações não ionizantes consideradas insalubres em decorrência de inspeção
realizada no local de trabalho
Vibrações consideradas insalubres, em decorrência de inspeção realizada no local
de trabalho
Frio considerado insalubre, em decorrência de inspeção realizada no local de
trabalho
Umidade considerada insalubre em decorrência de inspeção realizada no local de
trabalho
Agentes químicos cujas concentrações sejam superiores aos limites de tolerância
fixados no quadro 1
Poeiras minerais cujas concentrações sejam superiores aos limites de tolerância
fixados neste Anexo
Atividades ou operações envolvendo agentes químicos, consideradas insalubres em
decorrência de inspeção realizada no local de trabalho
Agentes biológicos
Anexo da NR-15 Atividades ou operações que exponha, o trabalhador a Adicional
A questão da insalubridade foi abordada na
legislação brasileira, pela primeira vez, em 1938,
por meio do Decreto-Lei 399, de 30-04-38.
Analisando o quadro-resumodos agentes
de insalubridade, é possível perceber que, às
vezes, basta a constatação qualitativa do agen-
te de risco ocupacional e sua correlação com a
rotina laboral do trabalhador para que seja ca-
racterizada, mediante perícia, a condição de in-
salubridade. Outras vezes, é preciso também
quantificar o agente de risco ocupacional, com-
parando o valor assim obtido com os limites
legalmente estabelecidos (limites de tolerância),
para só então decidir-se pela caracterização ou
não da insalubridade. Outra observação impor-
tante é que para a caracterização de insalubri-
dade valem somente os limites de tolerância
previstos na NR 15, ou seja, não se aplica, para
fins de insalubridade, o que se prevê na NR 9,
referente aos limites de tolerância da ACGIH.
A constatação da existência ou não da con-
dição de insalubridade é de competência ex-
clusiva do médico do trabalho ou do engenhei-
ro de segurança no trabalho, a quem cabe exe-
cutar a perícia no local de trabalho e emitir o
laudo pericial pertinente.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
20%
20%
20%
—
40%
40%
20%
20%
20%
20%
10%, 20%
ou 40%
40%
10%, 20%
ou 40%
20% ou 40%
18
Legislação e Normalização
1.4.16 NR 16 – Atividades e operações perigosas
Essa norma define os critérios técnicos e
legais para avaliar e caracterizar as atividades
e operações perigosas e o adicional de pericu-
losidade devido.
O perigo é a condição decorrente de uma
situação que tenha potencial para causar da-
nos às pessoas, ao patrimônio ou ao meio am-
biente. Periculosidade é a condição inerente
ao perigo.
Segundo essa norma, se o trabalhador, ao
executar suas atividades rotineiras, ficar ex-
posto a perigos de determinados tipos, tem
direito a receber um adicional fixo e único de
30% sobre seu salário-base (por salário-base
entende-se a remuneração do trabalhador, ex-
cluídos os acréscimos diversos tais como: gra-
tificações; prêmios de produção; participação
nos lucros; horas-extras; adicional noturno;
etc.). As primeiras referências sobre o traba-
lho em condições de periculosidade foram in-
troduzidas na legislação trabalhista em 1955.
São previstas, atualmente, quatro condi-
ções gerais de periculosidade; três delas atra-
vés da NR-16 e a quarta, através da Lei Fede-
ral 7.369/85. As três condições gerais de peri-
culosidade previstas na NR-16 são: atividades
e operações com explosivos; atividades e ope-
rações com material radioativo; atividades e
operações com inflamáveis. A quarta condi-
ção geral de periculosidade, instituída pela Lei
Federal 7.369, de 20/09/85, posteriormente
regulamentada pelo Decreto Federal 93.412,
de 14/10/86, refere-se às algumas atividades
laborativas envolvendo energia elétrica.
Segundo a NR 16, são consideradas
periculosas, além das atividades e operações
que envolvem a manipulação direta com as
substâncias em questão (produção, manuseio,
armazenamento, transporte, etc.), todas as ati-
vidades e operações que são executadas den-
tro das áreas de risco.
As áreas de risco são definidas nos ane-
xos da NR 16. Em geral, estas áreas abrangem
as imediações dos locais onde são produzidas,
manuseadas ou armazenadas substâncias ex-
plosivas, radioativas ou inflamáveis. Para o
caso das atividades envolvendo energia elétri-
ca, a especificação das áreas de risco é feita
pelo Decreto 93.412. É de responsabilidade do
empregador demarcar e informar aos empre-
gados do estabelecimento sobre as áreas de
risco segundo os critérios definidos na NR-16
e do Decreto 93.412.
Não é permitida a acumulação de adicio-
nais de insalubridade e de periculosidade. Es-
tando caracterizadas simultaneamente as duas
condições, é facultado ao trabalhador optar
pelo adicional que mais lhe convier.
1.4.17 NR 17 – Ergonomia
Essa norma visa estabelecer parâmetros
que permitam a adaptação das condições de
trabalho às condições psicofisiológicas dos tra-
balhadores, de modo a proporcionar um má-
ximo de conforto, segurança e desempenho
eficiente. A ergonomia é o estudo voltado para
o planejamento do trabalho, de forma a con-
ciliar a habilidade e os limites individuais dos
trabalhadores que o executam.
Um número crescente de trabalhos manuais
está sendo mecanizado e automatizado acar-
retando um aumento significativo do ritmo de
trabalho. Associado a isto, as atividades tor-
naram-se mais diversificadas e, algumas ve-
zes monótonas. Por outro lado, ainda existem
muitos trabalhos que são feitos manualmente,
com muito esforço físico. O biótipo dos seres
humanos não mudou muito, no entanto, as
máquinas e as rotinas de trabalho vem sendo
modificadas num ritmo inadequado aos traba-
lhadores. Isto significa que a tecnologia está
excedendo a capacidade das pessoas de se
adaptarem às mudanças tanto no aspecto físi-
co quanto psicológico.
 Algumas doenças ocupacionais resultam
de uma relação inadequada do trabalhador com
a tarefa a ser executada. Se a estrutura óssea
ou muscular do ser humano for sobrecarregada
pode resultar, por exemplo, em lesões na co-
luna, nas articulações e complicações muscu-
lares. Muitas doenças, como úlcera de estô-
mago, pressão alta e problemas de coração, são
resultado de stress. As lesões por esforços
repetitivos (DORT), reconhecida como doen-
ça ocupacional pelo INSS, tem se manifesta-
do com maior freqüência em ambientes de tra-
balho, como escritórios, bancos, etc..
Ergonomia é a ciência que estuda a adap-
tação do ser humano ao trabalho, de modo a
adaptar as condições de trabalho às caracte-
rísticas físicas e limitações individuais do ser
humano. Esse conceito data de 1948, quando
foi elaborado o projeto da cápsula espacial
norte americana, surgindo assim, o conceito
de que, o fundamental é procurar adaptar as
condições de trabalho ao ser humano.
A origem da palavra ergonomia (ergos =
trabalho; nomos = regras) significa regras para
organizar o trabalho.
Legislação e Normalização
19
A ergonomia tem cinco grandes áreas apli-
cadas ao trabalho: organização do trabalho
pesado, biomecânica aplicada ao trabalho, ade-
quação dos postos de trabalho, prevenção da
fadiga no trabalho e do erro humano.
As pessoas são diferentes em altura, es-
trutura óssea e muscular, algumas são mais
fortes para suportar o stress físico e mental.
Estes fatos básicos não podem ser alterados e
devem ser utilizados como base para planeja-
mento das condições de trabalho.
 Os estudos ergonômicos devem ter aten-
ção especial com os seguintes aspectos: posi-
ções para trabalhar em pé, posições para tra-
balhar sentado, condições visuais, trabalho
penoso, controle de ferramentas, posiciona-
mento e tipos de sinais visuais e painéis ele-
trônicos.
1.4.18 NR 18 – Condições e meio ambiente de
trabalho na indústria da construção
Essa norma estabelece diretrizes de ordem
administrativa, de planejamento e organização,
com o objetivo de implementar procedimen-
tos de aspecto preventivo relacionados às con-
dições de trabalho na construção civil.
Está diretamente relacionada à contratação
de serviços, pois as obras na área civil são reali-
zadas por empresas terceirizadas. Devem cons-
tar em contrato as exigências quanto ao cum-
primento dessa norma.
1.4.19 NR 20 – Líquidos combustíveis e
inflamáveis
Essa norma trata das definições e aspectos
de segurança envolvendo as atividades com lí-
quidos inflamáveis e combustíveis, gás liqüefei-
to de petróleo (GLP) e outros gases inflamáveis.
1.4.20 NR 23 – Proteção contra incêndios
A norma presente estabelece as medidas
de proteção contra incêndios de que devem
dispor os locais de trabalho, visando à preven-
ção da saúde e da integridade física dos traba-
lhadores.
As técnicas de prevenção de incêndios
compreendem uma série de medidas cautelares
e uma determinada distribuição dos equipa-
mentos de combate ao fogo. Inclui,também, a
disposição adequada dos estoques de merca-
dorias e matérias-primas, e visa impedir o sur-
gimento do fogo, dificultar seu desenvolvimen-
to e facilitar sua extinção, preferencialmente em
sua fase inicial.
A NR-23 prevê os exercícios de alerta
(simulados), para os quais são simuladas situa-
ções de incêndio, com as seguintes finalidades:
– fazer com que os trabalhadores gravem
o significado do sinal de alarme de in-
cêndio;
– assegurar que a evacuação do local
faça-se em boa ordem, na hipótese de
uma situação real de incêndio;
– assegurar, na medida do possível, que
o pânico geral não se instale;
– testar se o sinal de alarme de incêndio
está sendo ouvido em todas as áreas da
empresa.
1.4.21 NR 24 – Condições sanitárias e de
conforto nos locais de trabalho
Determina requisitos básicos para as ins-
talações sanitárias e de conforto, a serem ob-
servadas nos locais de trabalho, especialmen-
te no que se refere a: banheiros, vestiários, re-
feitórios, cozinhas, alojamentos e água potá-
vel. Os estabelecimentos devem dispor de ins-
talações sanitárias mantidas em bom estado de
asseio e higiene, separadas por sexo, além de
outros aspectos construtivos e de conservação
predial.
1.4.22 NR 25 – Resíduos Industriais
Estabelece as medidas preventivas a se-
rem adotadas pela empresa sobre o destino fi-
nal a ser dado aos resíduos industriais resul-
tantes dos ambientes de trabalho, objetivando
à prevenção da saúde e da integridade física
dos trabalhadores.
Um resíduo é considerado perigoso, em
função das suas propriedades físico-quimicas
ou infecto-contagiosos, podendo apresentar:
– Risco à saúde, provocando aumento da
mortalidade ou incidência de doenças;
– Risco ao Meio Ambiente, quando ma-
nuseado ou disposto de forma inade-
quada.
A norma estabelece que:
– Os resíduos gasosos deverão ser elimi-
nados dos locais de trabalho de forma
a não serem ultrapassados os limites de
tolerância estabelecidos pela NR 15;
– Os resíduos sólidos e líquidos deverão
ser tratados e/ou dispostos e/ou retira-
dos dos limites da empresa, de forma a
evitar riscos à saúde e à segurança dos
trabalhadores. A disposição desses resí-
duos deve seguir a Legislação Ambien-
tal Vigente.
20
Legislação e Normalização
1.4.23 NR 26 – Sinalização de segurança
Essa norma estabelece a padronização das
cores a serem utilizadas como sinalização de
segurança, nos ambientes de trabalho, para a
prevenção da saúde e da integridade física dos
trabalhadores.
A NR 26, sob o título “Sinalização de Se-
gurança”, regulamenta a sinalização dos am-
bientes de trabalho, com vistas à prevenção
de acidentes, principalmente através da sina-
lização de advertência. Prevê, ainda, a NR 26,
o uso de cores específicas para identificação
de certos tipos de equipamentos, para demar-
cação de áreas e para identificação de tubula-
ções industriais. Ao todo, são citadas 12 cores
na NR 26: vermelho, amarelo, branco, preto,
azul, verde, laranja, púrpura, lilás, cinza, alu-
mínio e marrom. A referida norma ressalva que
a utilização de cores será, sempre que neces-
sário, acompanhada de sinais convencionais
ou mensagens escritas.
1.4.24 NR 27 – Registro Profissional do Técnico
de Segurança do Trabalho no Ministério do
Trabalho
Essa norma estabelece os requisitos para
o registro profissional para o exercício da fun-
ção de Técnico de Segurança do Trabalho.
Os requisitos são:
– certificado de conclusão de ensino de
2º grau de Técnico de Segurança do
Trabalho, ou;
– certificado de conclusão de ensino de
2º grau e de curso de formação profis-
sionalizante pós-segundo grau de Téc-
nico de Segurança do Trabalho;
– portador de Registro de Supervisor de
Segurança do Trabalho, emitido pelo
Ministério do Trabalho;
– portador de certificado de conclusão de
curso, realizado no exterior e reconhe-
cido no Brasil, de acordo com a legis-
lação em vigor.
Referências
Noções de Segurança e Higiene no Trabalho de
autoria do Eng. Luiz Gonzaga Resende Bernardo –
Técnico da Fundação Estadual de Meio Ambiente –
FEAM e professor na Escola Ideal de Auxiliar e
de Técnico em Enfermagem (que gentilmente me
cedeu o material).
O Livro Normas Regulamentadoras Comenta-
das (segunda edição)(Juarez Benito, Giovanni
Moraes de Araújo e Carlos Roberto Coutinho de
Souza).
Anotações
Legislação e Normalização
21
2
,000000000000000000000000000
000000
NR-13 – Caldeiras
e Vasos de Pressão
13.1 Caldeiras a Vapor – Disposições
Gerais
13.1.1 Caldeiras a vapor são equipamen-
tos destinados a produzir e acumular vapor sob
pressão superior à atmosférica, utilizando qual-
quer fonte de energia, excetuando-se os refer-
vedores e equipamentos similares utilizados
em unidades de processo.
O vapor pode ser usado em diversas con-
dições tais como: baixa pressão, alta pressão,
saturado, superaquecido etc. Ele pode ser pro-
duzido também por diferentes tipos de equi-
pamentos nos quais estão incluídas as caldei-
ras (Fig. 1 e Fig. 2 Caldeiras com diversas
fontes de energia ).
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Não deverão ser entendidos como caldei-
ras os seguintes equipamentos:
1. Trocadores de calor do tipo Reboiler
(Fig.4), Kettle, Refervedores, TLE
(Fig.5), etc., cujo projeto de constru-
ção é governado por critérios referen-
tes a vasos de pressão;
Para efeito da NR-13 serão considerados
como “caldeiras” todos os equipamentos que
simultaneamente geram e acumulam, vapor
de água ou outro fluido. Unidades instaladas
em veículos, tais como: caminhões e navios
(Fig. 3) deverão respeitar esta norma regula-
mentadora nos itens que forem aplicáveis e
para os quais não exista normalização ou re-
gulamentação mais específica.
22
Legislação e Normalização
Figura 5
Figura 4
2. Equipamentos com serpentina sujeita
a chama direta ou gases aquecidos e
que geram, porém não acumulam va-
por, tais como: fornos (Fig. 6), gera-
dores de circulação forçada (Fig. 7) e
outros;
Figura 6
Figura 7
3. Serpentinas de fornos ou de vasos de
pressão que aproveitam o calor residual
para gerar ou superaquecer vapor;
4. Caldeiras que utilizam fluido térmico e
não o vaporizam (Fig. 8).
Figura 8
Legislação e Normalização
23
Foto da fábrica de sapatos Brockton (Massachusetts) antes e
após a explosão de uma caldeira (1905). O acidente levou a
maior parte dos estados americanos a adotar o código ASME.
13.1.2 Para efeito desta NR, considera-
se Profissional Habilitado aquele que tem com-
petência legal para o exercício da profissão de
engenheiro nas atividades referentes a projeto
de construção, acompanhamento de operação
e manutenção, inspeção e supervisão de ins-
peção de caldeiras e vasos de pressão, em con-
formidade com a regulamentação profissional
vigente no País.
Com relação aos itens da NR-13 em que
se faz menção ao “Profissional Habilitado”, na
data de elaboração deste documento, tem-se que:
1. Conselhos federais, tais como o Con-
selho Federal de Engenharia, Arquite-
tura e Agronomia (CONFEA) e o Con-
selho Federal de Química (CFQ) são
responsáveis pela definição, nas suas
respectivas áreas, da competência e
esclarecimento de dúvidas referentes à
regulamentação profissional.
2. A resolução nº 218 de 29/06/73 do
CONFEA, a decisão normativa nº 029/88
do CONFEA e a decisão normativa
nº 045/92 do CONFEA estabelecem
como habilitados, os profissionais da
área de Engenharia Mecânica e de En-
genharia Naval bem como os engenhei-
ros civis com atribuições do artigo 28
do decreto federal 23.569/33 que te-
nham cursado as disciplinas de “Ter-
modinâmica e suas Aplicações” e
“Transferência de Calor” ou equiva-
lentes com denominações distintas, in-
dependente do número de anos trans-
corridos desde sua formatura;
3. O registro nos conselhos regionais de
profissionais é a única comprovação
necessária a ser exigidado “Profissi-
onal Habilitado”;
4. Os comprovantes de inscrição emitidos
anteriormente para esse fim pelas DRTs /
MTb, não possuem mais validade;
5. Engenheiros de outras modalidades
não citadas anteriormente, devem re-
querer ao respectivo conselho regional,
caso haja interesse pessoal, que estu-
de suas habilidades para inspeção de
caldeiras e vasos de pressão, em fun-
ção de seu currículo escolar;
6. Laudos, Relatórios e Pareceres somen-
te terão valor legal quando assinados
por “Profissional Habilitado”.
7. Conforme estabelecido pelo CONFEA/
CREA as empresas prestadoras de ser-
viço que se propõem a executar as ati-
vidades prescritas neste subitem são
obrigadas a se registrar no respectivo
conselho regional, indicando Respon-
sável Técnico legalmente habilitado.
8. O “Profissional Habilitado” pode ser con-
sultor autônomo, empregado de empresa
prestadora de serviço ou empregado da
empresa proprietária do equipamento.
9. O artigo 188 da CLT foi escrito quan-
do os conselhos profissionais faziam
parte da estrutura do MTb. Atualmen-
te, são entidades independentes.
13.1.3 Pressão Máxima de Trabalho Per-
mitida – PMTP, ou Pressão Máxima de Traba-
lho Admissível – PMTA, é o maior valor de pres-
são compatível com o código de projeto, a resis-
tência dos materiais utilizados, as dimensões do
equipamento e seus parâmetros operacionais.
Esta NR não inclui regras para projeto e
pressupõe que os equipamentos são construí-
dos de acordo com normas e códigos de reco-
nhecimento internacional.
A PMTA é calculada ou determinada uti-
lizando-se fórmulas e tabelas disponíveis no
código de projeto da caldeira. Essas fontes
levam em consideração:
1. As dimensões e geometria de cada
parte específica da caldeira (por exem-
plo: diâmetro, espessura, etc).
24
Legislação e Normalização
Figura 9
Figura 10
Para casos onde estas premissas não fo-
rem atendidas a válvula de segurança será
considerada como inexistente.
A quantidade e o local de Instalação das
válvulas de segurança deverão atender aos
códigos ou normas técnicas aplicáveis.
O acréscimo de pressão, permitido duran-
te a descarga da válvula de segurança, deve
ser no máximo o recomendado no código de
projeto do equipamento.
No caso específico do código ASME se-
ção I , caldeiras com superfície de aquecimen-
to superior a 47m2 devem possuir duas válvu-
las de segurança. Neste caso, é permitido um
acréscimo de pressão durante a descarga, com
as duas válvulas abertas de no máximo 6% da
PMTA.
A existência de pelo menos um instrumen-
to que indique a pressão do vapor acumulado
pressupõe que este esteja corretamente espe-
cificado, instalado e mantido (Fig. 11).
2. Resistência dos materiais (valores de
tensão máxima admissível dependen-
tes da temperatura).
3. Outros fatores específicos para cada
situação.
É importante destacar que o valor da
PMTA pode alterar-se ao longo da vida da
caldeira em função da redução da resistência
mecânica dos materiais, redução de espessu-
ras dos diferentes componentes etc. A atuali-
zação dos valores da PMTA deve ser feita, em
conformidade com procedimentos escritos
existentes no prontuário da caldeira.
Quando ocorrer alteração no valor da
PMTA da caldeira deverão ser executados os
ajustes necessários nas pressões de abertura
das válvulas de segurança na placa de identi-
ficação e outros elementos de controle depen-
dente deste valor.
13.1.4 Constitui risco grave e iminente a
falta de qualquer um dos seguintes itens:
a) válvula de segurança com pressão de
abertura ajustada em valor igual ou in-
ferior a PMTA;
b) instrumento que indique a pressão do
vapor acumulado;
c) injetor ou outro meio de alimentação de
água, independente do sistema princi-
pal, em caldeiras a combustível sólido;
d) sistema de drenagem rápida de água,
em caldeiras de recuperação de álcalis;
e) sistema de indicação para controle do
nível de água ou outro sistema que evi-
te o superaquecimento por alimentação
deficiente.
As válvulas de segurança, mesmo que
ajustadas para abertura na PMTA deverão:
– Ser adequadamente projetadas.
– Ser adequadamente instaladas (Fig. 9).
– Ser adequadamente mantidas (Fig.10).
Legislação e Normalização
25
Figura 11
O mostrador do instrumento indicador de
pressão pode ser analógico ou digital e pode-
rá ser instalado na própria caldeira ou na sala
de controle (Fig.12).
Figura 12
Entende-se por sistema de indicação de
nível de água qualquer dispositivo com fun-
ção equivalente aos visores de coluna de água.
Caso a coluna de água não consiga ser lida
corretamente por problemas de vazamento ou
bloqueio, deverá ser imediatamente aciona-
do o procedimento de paralisação da caldei-
ra (Fig. 13, Fig. 14 e Fig. 15).
Figura 13
Figura 14 Figura 15
A Figura 16 mostra um exemplo de injetor
de água independente do sistema principal.
Figura 16
13.1.5 Toda caldeira deve ter afixada em
seu corpo, em local de fácil acesso e bem visí-
vel, placa de identificação indelével com, no
mínimo, as seguintes informações:
a) fabricante;
26
Legislação e Normalização
b) número de ordem dado pelo fabricante
da caldeira;
c) ano de fabricação;
d) pressão máxima de trabalho admissível;
e) pressão de teste hidrostático;
f) capacidade de produção de vapor;
g) área da superfície de aquecimento;
h) código de projeto e ano de edição.
Além das informações mencionadas no
item 13.1.5 a placa poderá conter outras in-
formações a critérios do estabelecimento.
A placa de identificação deve ser fabrica-
da de material resistente às intempéries tais
como: alumínio, bronze, aço inoxidável etc.,
possuir caracteres gravados de forma indelé-
vel, em língua portuguesa, devendo ser fixada
ao corpo da caldeira através de rebites, para-
fusos ou soldas .
A placa de identificação deverá ser afixa-
da em local de fácil acesso e visualização.
Deve-se tomar cuidado para que a placa não
seja fixada em partes que possam ser removi-
das da caldeira tais como: bocas de visita,
chapas de isolamento térmico, etc.
De acordo com o decreto lei 81.621 de 03
de maio de 1978, o Brasil é signatário do Sis-
tema Internacional de Unidades. A tabela a
seguir apresenta os fatores de conversão a
serem utilizados para conversão das unida-
des de pressão.
Tabela para Conversão de Unidades de Pressão
 bar kgf/cm2 psi mmHg mH20 kPa
(lbf/pol2) kN/m2
1 1,019716 14,503 750,062 10,19716 100
0,980665 1 14,2233 735,560 10,00 98,0665
0,068947 0,070307 1 51,715 0,70307 6,89475
1,33322 1,3595 19,368 1000 13,59 133,322
0,09806 0,1000 1,42233 73,556 1 9,80665
0,0100 0,01019 0,14503 7,50062 0,10197 1
Em conformidade com o Sistema Internacional de Unidades.
A unidade oficial para pressão no Sistema SI é o Pascal (Pa).
13.1.5.1 Além da placa de identificação de-
vem constar, em local visível, a categoria da
caldeira, conforme definida no subitem 13.1.9
desta NR, e seu número ou código de identifi-
cação.
Além da placa de identificação toda cal-
deira deverá apresentar seu número ou códi-
go de identificação e sua respectiva categoria
(Fig. 17).
Figura 17 – Exemplo de identificação de caldeiras mostrando
o código de identificação e respectiva categoria.
Essas informações poderão ser pintadas
em local de fácil visualização, com dimensões
tais que possam ser facilmente identificadas.
Opcionalmente à pintura direta, informa-
ções poderão fazer parte de uma placa com
visualização equivalente.
13.1.6 Toda Caldeira deve possuir no es-
tabelecimento onde estiver instalada, a seguin-
te documentação, devidamente atualizada:
a) Prontuário da Caldeira, contendo as
seguintes informações:
– código de projeto e ano de edição;
– especificação dos materiais;
– procedimentos utilizados na fabri-
cação, montagem, inspeção final e
determinação da PMTA;
– conjunto de desenhos e

Outros materiais